Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 09 – Cap. 07 – Um dia na Universidade de Magia

 

Fazia um ano desde que me matriculei na Universidade de Magia de Ranoa e tinha recém completado dezesseis anos. Neste mundo, as pessoas realmente comemoravam apenas seu quinto, décimo e décimo quinto aniversário, então eu meio que já tinha esquecido tudo a respeito desse momento. Poderia relembrar a minha idade conferindo no meu cartão de aventureiro durante todas as manhãs, mas não era algo que eu tinha olhado com muita frequência nos últimos dias.

E eu, de qualquer forma, não me importava muito. Idade é só um número, certo?

Depois de conhecer Nanahoshi, minha rotina normal mudou um pouco.

Começava os meus dias acordando bem cedo, me vestindo e saindo para treinar. Era a mesma coisa de sempre, mas Badigadi às vezes aparecia quando eu estava iniciando a minha prática com espada. Mas ele não participava e nem dava conselhos. Na maior parte do tempo só observava em silêncio com todos os braços cruzados ou descansando em seus quadris, às vezes balançando a cabeça pensativamente. Eu não fazia ideia de quais conclusões ele estava chegando, já que nunca as compartilhava comigo. E também não tentei iniciar nenhuma conversa. Se ele abrisse a boca, provavelmente começaria a gargalhar alto o suficiente para acordar toda a vizinhança.

Honestamente, eu não tinha certeza de como deveria interagir com Badigadi. Ele parecia ser um cara legal, mas eu nunca conseguia entender em que estava pensando. E ele era um Rei Demônio de verdade, então queria evitar de acabar o irritando.

Uma manhã, porém, ele falou comigo pela primeira vez.

— Hm. Acho o seu treinamento fascinante, garoto, mas tenho que perguntar… há algum sentido nisso?

Ai. Essa é uma maneira bem desanimadora de se começar uma conversa.

— Uh, bem… Não acho que ficar em forma seja inútil, mas…

— Você tem uma quantidade absurda de mana — interrompeu Badigadi. — Não entendo por que treinaria sem se cobrir com aura de batalha.

E mais uma vez a aura de batalha. Eu já tinha ouvido essas palavras várias vezes, mas todo mundo era sempre muito vago sobre como deveria me “cobrir” com isso. Essa me parecia uma oportunidade de ouro. Perguntar não machucaria, certo?

— Afinal de contas, exatamente o que é a aura de batalha?

— É mana! Nada mais, nada menos.

Pelo modo como Badigadi explicou, era basicamente uma técnica que usava a mana dentro de si mesmo para melhorar drasticamente as capacidades físicas do corpo, fortalecendo-se a extremos antinaturais. Isso estava meio que dentro do que eu já esperava ouvir.

— E como é que se faz isso?

— Só espalhe um campo de mana sobre cada parte do seu corpo e o pressione firmemente contra você!

— Ooh.

Bem, isso soou como um conselho útil. A Universidade com certeza precisava substituir os seus professores por um bando de Reis Demônios. Depois de dominar isso, talvez poderia ganhar alguns níveis de poder.

Tentei na mesma hora, fazendo as minhas melhores imitações dos vários Super Saiyans e usuários de Nen. Mas não importa o quanto eu manipulava a mana, não havia nenhuma mudança real em minhas capacidades físicas. Às vezes parecia que estava ficando mais forte, mas devia ser só o efeito placebo da ação.

— Bem, isso é estranho. Você não tem talento para isso, garoto!

Badigadi continuou apontando os motivos para o meu fracasso sem quaisquer rodeios. Normalmente, a aura de batalha era algo que as pessoas começavam a gerar automaticamente após passar algum tempo fazendo treinamento físico. Por outro lado, coloquei um bom esforço nisso, mas ainda não conseguia me cobrir com a aura, nem quando tentava. Isso significava que eu só não levava jeito para a coisa.

Esse tipo de coisa às vezes acontecia. Algumas pessoas poderiam nunca gerar qualquer aura de batalha, não importa quão intenso fosse o seu regime de treinamento.

— Bwahahaha! Mas não é como se você precisasse disso, é claro! Laplace também nunca se cobriu com aura de batalha, mas era verdadeiramente poderoso!

Quando falava sobre as minhas habilidades, Badigadi costumava usar o Deus Demônio Laplace como um ponto de comparação. Presumi que era porque ele também tinha uma enorme reserva de mana.

— Você realmente conheceu Laplace, Sir Badi?

— Claro que sim! Ele aniquilou quase todo o meu corpo em um único ataque. Depois daquilo precisei de algum tempo para me recompor! Por um momento pensei até que ele tinha me matado mesmo! Bwahahahaha!

Existe algum motivo para você parecer tão orgulhoso disso…?

Bem, ele lutou contra um oponente poderoso e sobreviveu para contar a história. Talvez valesse a pena se gabar disso, independentemente dos detalhes. De acordo com Badigadi, Laplace era um sujeito extremamente sombrio, mas também era um mestre no uso da sua mana.

— Se eu aprendesse a lutar como Laplace, ficaria mais forte?

— Não recomendo isso. Se você tentar usar a sua mana da mesma forma que ele, explodirá seu próprio corpo em um instante. Sabe, para começo de conversa, é bizarro que um humano tenha tanta mana!

Canalizar muita mana de uma só vez parecia poder destruir um mago de dentro para fora. Em um nível intuitivo, isso até que fez sentido para mim. Infundir a si mesmo com magia era meio que como esticar o braço até não conseguir mais. Se continuasse forçando além desse limite, provavelmente acabaria com o equivalente a um ou dois ossos quebrados.

Laplace, por outro lado, não só possuía um suprimento gigantesco de mana, como o seu corpo também era robusto e possuía a habilidade técnica para usá-lo. Em comparação, eu era uma coisinha frágil e desajeitada. Não importa o quão duro eu treinasse, nunca alcançaria o nível dele.

— Mas por que você quer ficar ainda mais forte, garoto?

— Por que? Bem, uh… Digo… — Alguém quase me matou há não muito tempo. Eu queria ficar forte o suficiente para que aquilo não voltasse a acontecer. Isso me parecia razoável…

— Conheci muitos homens que buscavam excessiva fama e força, e isso nunca acabou bem. Veja o meu sobrinho, por exemplo. Orgulhoso demais! Ficou um pouco mais calmo depois de quase morrer, mas até aquilo estava obcecado pela ideia de se tornar o homem mais forte do mundo. Existem coisas mais importantes na vida do que isso, sabe?

— Tipo o que?

— Tipo mulheres! — disse Badigadi com um sorriso satisfeito. — Assim que você conseguir uma, vai entender! Bwahahahaha!

Para ser justo, as pessoas que queriam o poder pelo poder em geral eram vilões. Ao menos era assim que as coisas funcionavam nos mangás que eu li na minha vida anterior. Mas não planejava dedicar a minha vida à busca pelo poder nem nada assim. Ser forte permitia ficar mais confiante, mas não tornava a pessoa melhor ou mais feliz só por isso. Eu poderia entender por que alguém priorizaria algo divertido como brincar com mulheres acima disso. Graças à minha condição, porém, essa não era exatamente uma opção.

— Isso me lembra, vossa Majestade…

— Sim? O que é?

— Por acaso você não saberia de uma cura para a impotência?

— Não…

Acho que nem mesmo os Reis Demônios sabem tudo.

Após terminar o treinamento, tomei um café da manhã rápido e fui para a aula.

Minhas manhãs começavam com a magia de Desintoxicação Intermediária. Mesmo no nível Iniciante, a Desintoxicação permitia que a pessoa curasse uma enorme gama de doenças comuns e purificasse o corpo da maioria dos venenos. Mas ao se tratar de doenças raras, ou de um veneno usado por monstros de rank elevado, precisava conhecer feitiços mais avançados, aqueles com encantamentos específicos, que exigiam o uso de muita mana. As aulas de Desintoxicação Intermediária e além eram principalmente acerca desses feitiços ultra-direcionados.

Os encantamentos eram tão longos que davam até sono. Mesmo no nível Intermediário, teria que entoar uma frase várias vezes mais longa do que a usada para qualquer feitiço ofensivo. Os encantamentos modernos eram considerados versões abreviadas de frases mais antigas e menos refinadas… mas quando se entrava nos níveis mais avançados de certas disciplinas, parecia que nunca haviam sido encurtados.

E também existiam muitos deles para aprender. Para a Desintoxicação Intermediária, precisava memorizar mais de cinquenta encantamentos diferentes. Alguns dos venenos na verdade eram criados, para a minha surpresa; talvez possuíssem algum uso médico em determinados casos.

No nível Avançado, precisaria aprender mais de cem feitiços. Depois de alcançar esse nível, precisaria de algumas habilidades de memorização bem desenvolvidas.

No nível Santo, era suposto que existia a necessidade de memorizar ainda mais coisas, mas a quantidade de mana necessária para lançar um único feitiço aumentava dramaticamente. E quanto aos feitiços de nível Rei e acima… era como olhar para coisas pesquisadas e planejadas por uma nação inteira, e na maioria dos casos guardadas como segredo de estado. Alguns criariam venenos incuráveis no lugar de qualquer outra coisa, e isso servia como uma ameaça aos outros países. Outros criavam antídotos específicos para esses mesmos venenos. Era basicamente uma espécie de corrida armamentista.

A propósito, o único feitiço de Desintoxicação de nível Divino do qual ouvi falar era aquele que curava uma doença estranha e terrível chamada de Síndrome da Petrificação. Se isso não fosse tratado, iria lentamente transformando a mana contida no corpo do indivíduo em uma pedra mágica. Apenas uma pessoa foi capaz de usar o feitiço em questão. E isso era cuidadosamente guardado na Grande Catedral de Millishion.

Só um adendo… conforme passava da Desintoxicação Intermediária para a Avançada e continuava seguindo em frente, os encantamentos ficavam cada vez mais longos. Com base no que vi, um feitiço de nível Rei poderia exigir que um livro inteiro fosse recitado em voz alta.

Meu novo cérebro não era nada ruim em lembrar das coisas, mas isso ainda me parecia um trabalho bem difícil. Para ser honesto, monges e sacerdotes pareciam nunca conseguir um tempo. Não importa em que mundo estivessem, sempre tinham cânticos tediosos para memorizar. Eu, pessoalmente, planejava só carregar um livro com os encantamentos gravados.

Meu principal objetivo nesta aula era ver se poderia encontrar algum feitiço que poderia curar a minha condição. Mas, pelo que o professor me disse, não havia nada que pudesse me deixar mais animado no nível Intermediário.

Nada surpreendente, sério.

Depois que a minha primeira aula acabou, chegou a hora do almoço.

Fazia meses que eu comia do lado de fora, mas estava começando a esfriar, então decidi criar um pequeno abrigo para uso particular. Usei magia da Terra para cercar uma das mesas externas com quatro paredes e um teto, então abri um buraco no meio da mesa e acendi uma fogueira dentro dela. Depois de adicionar um buraco para a saída da fumaça no teto, a minha cabaninha aconchegante estava pronta. Sentar ao lado daquela mesa era mesmo muito bom, já que o fogo aquecia a pedra toda.

Infelizmente, o Vice-Diretor Jenius logo apareceu e me deu uma bronca. Em vez de fazer o meu próprio ambiente do lado de fora, fui incentivado a usar o prédio que já estava construído. Decidi começar a comer no primeiro andar do refeitório. Já esperava pelos protestos de Zanoba, mas ele aceitou na mesma hora.

— Julie, de qualquer forma, não seria capaz de se sentar conosco no terceiro andar. — Pelo visto, existia uma regra informal por lá que ditava que os escravos não podiam usar as cadeiras. Isso não se aplicava a outros lugares, é claro.

Zanoba não tratava Julie como uma escrava, mesmo com ela tecnicamente sendo. Ele a considerava uma jovem aprendiz na arte de fazer estatuetas, nada mais, nada menos. Dito isso, ela continuava sendo a sua subordinada, então não era raro ver ele dando alguma ordem. O tratamento dado aos escravos variava muito neste mundo, dependendo de onde estava e de quem era o dono. Eu não tinha certeza se o tratamento de Zanoba era bom ou ruim. Ele ao menos não agia como se ela estivesse abaixo dos humanos.

— Merda, aquele é o Rudeus…

— O que há com aquele cara, afinal? Como diabos ele tomou o controle da classe especial em um único ano?

— Eu estava lá quando ele acabou com o Rei Demônio, cara… ele usou só um feitiço

Quando entrei no refeitório, a multidão se separou na minha frente e ouvi murmúrios de todos os lados. Não me lembrava de “tomar o controle” da classe especial, e meu único golpe em Badigadi foi retribuído com três socos… mas tanto faz. Não era uma sensação ruim, embora eu tivesse que me assegurar de que isso não subiria à minha cabeça. Orsted me ensinou uma lição muito dolorosa sobre os perigos de ficar confiante demais. Se meu ego ficasse grande demais, eu acabaria voltando a sofrer.

Segui o caminho aberto pela multidão e me vi conduzido diretamente a uma mesa no fundo do refeitório.

— Bwahahahaha! Vejo que finalmente ficou frio demais para você comer lá fora, garoto!

Badigadi estava sentado lá. Por alguma razão, estava tomando canecas enormes de uma bebida que definitivamente não era servida no local. Julgando pelo tom avermelhado da sua pele negra, provavelmente já devia estar até um pouco bêbado.

Os outros estudantes, parados a uma distância segura, olharam para mim com expectativas. Seus olhos imploravam para que me sentasse com Badigadi. Pelo visto, fui designado para uma certa mesa devido a um consenso grupal.

A propósito, Cliff e Elinalise comiam no segundo andar. Testemunhei os dois fazendo uma refeição juntos em certa ocasião, e foi o suficiente para me fazer perder o apetite. Os dois passavam o tempo todo alimentando um ao outro e trocando beijos apaixonados, ignorando todo e qualquer olhar. Assistir aquilo me deixou com uma sensação de vazio interno, então decidi manter certa distância deles durante as refeições.

— Mestre, o que o Rei Demônio está bebendo? — perguntou Julie, puxando a manga de Zanoba. — Isso parece muito bom.

— Bwahahaha! Você é uma anã, com certeza! De fato, esta cerveja é da mais alta qualidade. Isso estava no esconderijo secreto daquele homem com uma bola de pelo na cabeça!

Eu tinha ouvido falar que anões gostavam de beber, sim, mas… Julie já tinha gosto por álcool? Senti que ela ainda era jovem demais para isso, mas, pelo visto, eu era o único pensando assim.

— Hm. Sir Badi, se importaria se ela provasse um pouco?

— De forma alguma! Beber sozinho não tem graça, sabe? Bebam tanto quanto quiserem! Bwahahahaha!

Julie pegou uma caneca que Badi havia enchido até a borda com a cerveja e começou a beber cada vez mais. Será que isso era mesmo uma boa ideia? Ela ainda devia ser um pouco jovem demais para isso, não? Digo, é claro que sempre poderíamos usar magia de desintoxicação no caso de ela ficar muito bêbada, mas, mesmo assim…

Então, mais uma vez, aos meus sete anos de idade eu já dava umas bebericadas. Ser contra isso talvez fosse hipocrisia da minha parte.

— Hmm. Então eu talvez também queira uma caneca — disse Zanoba.

— Você tem aulas hoje — lembrei. — Isso provavelmente não é uma boa ideia.

— Ah. Se você diz isso, Mestre. Minhas desculpas, Sir Badi.

— Bwahahahaha! Vocês não podem nem beber quando sentem vontade? A vida de um estudante deve ser infeliz!

 

 

 

Escutando essa conversa barulhenta, comi meu almoço e parti para a minha próxima aula. Desta vez era um curso de Cura Avançada, localizado em uma sala de aula do quinto ano.

Fiquei surpreso ao descobrir que Pursena também estava assistindo essa aula. A parte mais surpreendente, para ser específico, é que era apenas a Pursena. Linia estava vendo alguma aula diferente. Pursena não costumava levar nada a sério. Mas, para o seu crédito, prestava bastante atenção às palestras… enquanto mastigava pedaços de carne seca, é claro.

Ainda assim, a maioria dos outros alunos tinha medo dela, graças à sua reputação de delinquente, então ela costumava passar quase o tempo todo sozinha. A garota tinha até problemas para conseguir alguém para formar um par consigo nas sessões de habilidades práticas. Graças a isso tudo, parecia genuinamente grata pela minha companhia. Nesta tarde, chegou até a dizer: “Você é o melhor, Chefe. Aqui, pode ficar com o meu bem mais precioso.”

O presente que recebi foi um pedaço de carne seca que já estava meio comido. Pelos padrões dela, devia ser um gesto muito especial. Aceitando com um aceno de cabeça, fui em frente e lambi a carne toda, saboreando o gosto da garota-cadela. Pursena me encarou com puro desgosto.

Ei, foi você quem me deu…

Quanto a Linia, ultimamente estava me enchendo de perguntas sobre feitiços elementais. Parecia que estava sofrendo para conseguir usar magias combinadas.

Este aparentava ser um enorme obstáculo para muitas pessoas que concentravam os seus estudos em magia ofensiva. No passado, Sylphie aprendeu com relativa facilidade, mas talvez fosse uma daquelas coisas que ficava mais difícil conforme ia envelhecendo.

Neste dia, tirei algum tempo para tentar falar um pouco sobre a combinação de magia de fogo e água para Linia. Para ser honesto, isso me despertou alguns sentimentos de nostalgia. Comecei tentando explicar o ciclo de evaporação, condensação e precipitação, mas o conceito parecia só a confundir.

— Mew? Mas se todo o oceano se transformasse em chuva, não iria simplesmente desaparecer depois de algum tempo?

— Digo, a chuva volta para o oceano depois de cair, então não existe perda líquida.

— Isso não é verdade, mew! — disse Linia, seu rosto brilhando de triunfo. — Na Grande Floresta, a água penetra direto no solo!

— Claro, mas essa água ou é puxada de volta pelas plantas ou começa a fluir no subsolo. Então, eventualmente…

Tentei dar o meu melhor para guiá-la e dar um passo de cada vez, mas eu não parecia estar conseguindo convencê-la. Tudo o que eu mais queria era que ela conseguisse entender que a água do oceano evaporava, formava nuvens de chuva e depois voltava. Depois de ter um bom entendimento intuitivo sobre isso, poderia começar a colocar os princípios envolvidos em uso prático… mas, claro, ainda não estávamos nesse ponto.

Ainda assim, Linia não era tão sem futuro quanto Ghislaine ao se tratar de pensar nas coisas, então em algum momento deveria acabar entendendo.

Pensando bem, porém… não havia nenhuma garantia real de que o ciclo da chuva realmente funcionasse da mesma maneira neste mundo, já que poderia invocar água com magia.

Enquanto ainda no tópico de magia elemental, devo mencionar que a algum tempo aprendi o meu primeiro feitiço de magia de Terra de nível Santo, a Tempestade de Areia.

Isso era basicamente uma versão mais poderosa do feitiço de nível Avançado chamado Tempestade de Poeira. Isso podia até não parecer tão impressionante à primeira vista, mas quando fiz um teste, uma torrente incrivelmente feroz de areia e vento cobriu uma enorme área ao meu redor. Qualquer pessoa ao alcance devia ficar cega; até respirar era um sofrimento. E mesmo quando o feitiço finalmente passava, todo o campo de batalha ficaria coberto por enormes pilhas de areia instáveis e desmoronantes. Enquanto o feitiço de Água, Cumulonimbus, envolvia uma manipulação cuidadosa das nuvens de chuva e correntes de ar, a Tempestade de Areia exigia que soprasse uma enorme quantidade de partículas minúsculas. Parecia que a maioria dos feitiços neste nível envolviam mudanças dramáticas no clima.

O professor que me ensinou o feitiço me advertiu várias vezes para não o usar dentro de uma vila ou cidade, a menos que fosse absolutamente necessário, visto que isso causaria sérios danos a qualquer plantação na área. Esse devia ser um aviso padrão que se esperava repetir ao ensinar algum feitiço elemental de nível Santo a alguém.

Em qualquer caso, me tornei oficialmente qualificado como um mago de Terra de nível Santo. Eu tinha um breve interesse de chegar a esse nível também com os outros dois elementos, mas isso no caso de ter tempo para encontrar professores dispostos a me ensinar.

Aliás, o cara que me ensinou Tempestade de Areia ficou surpreso ao saber que eu ainda não estava familiarizado com isso. Neste ponto, minha magia não verbal já estava no nível Rei, então acho que ele assumiu que eu já tinha dominado todos os feitiços abaixo do nível Santo.

Badigadi chegou a me dizer que o Canhão de Pedra que disparei contra ele estava na verdade no nível Imperial, se levado em conta apenas o puro poder destrutivo. Isso significava que eu poderia me considerar um mago de nível Imperador?

Quando perguntei isso ao professor, ele disse que eu poderia me chamar de qualquer coisa que desse na telha. Sentindo um pequeno deslocamento nessa observação, decidi não fazer isso. De qualquer forma, era difícil imaginar que me apareceria algum bem ao me autoproclamar um mago mestre.

No início da tarde, costumava ir ao laboratório de Nanahoshi. A universidade a havia dado bastante espaço para trabalhar. Mas, desde que encheu a primeira sala com um monte de lixo, na verdade parecia um pouco apertado assim que entrasse.

Logo após essa área de armazenamento primária ficava a câmara experimental, com paredes feitas de tijolos resistentes à magia. E a sala além disso era o quarto de Nanahoshi. Ela parecia estar mantendo um considerável estoque de comida em um canto, e isso meio que me preocupou. Por que estava dormindo bem ao lado da comida? E se isso atraísse ratos ou baratas?

Logo ficou óbvio para mim que a garota tinha as qualidades de uma reclusa de primeira classe. E, isso vindo de mim, realmente era alguma coisa. Eu também era estritamente proibido de colocar os pés no seu quarto.

Quanto à natureza das minhas visitas… na maior parte do tempo só ficava ajudando com os seus experimentos com magia de Invocação. Meu papel era simples: canalizava mana para os círculos mágicos que ela havia desenhado. Bastante simples, mas havia uma tonelada deles. Ela estava testando todos os tipos de coisas, até mesmo padrões que esperava que falhassem, em uma abordagem de tentativa e erro. Nanahoshi tinha muito dinheiro para gastar, mas isso não significava que poderia garantir um número infinito de cristais mágicos para desperdiçar com esses experimentos. O estoque disponível era sempre limitado, e se tentasse comprar todos eles, logo atrairia um monte de inimigos. Assim sendo, ela anteriormente hesitava em seguir em frente com todos esses testes.

Tudo o que eu fazia era canalizar minha mana para um círculo mágico atrás do outro, sem parar. Normalmente, não havia nenhum resultado. A tinta mágica desapareceria, deixando apenas as linhas que esboçou por baixo. No entanto, às vezes, algum deles sugava uma enorme quantidade da minha mana, e algo estranho aparecia do nada – normalmente era algo como a asa suja de um pássaro preto ou a perna de algum inseto.

Quando perguntei a Nanahoshi se havíamos obtido sucesso, ela respondeu:

— Claro que não.

A ideia era fazer dezenas de experimentos, tudo em busca de um sucesso ao acaso ou pistas de princípios gerais a partir dos quais ela poderia trabalhar. Mas isso com certeza parecia que ia levar um tempinho.

— Qual é o exato objetivo desses experimentos?

— Eu quero aprender como convocar um ser humano do nosso velho mundo. No momento, estamos testando as bases… para as bases dos fundamentos… de uma teoria que pode nos levar até lá.

Uma vez que ela pudesse fazer um círculo mágico capaz de convocar pessoas de um mundo diferente, poderia fazer um que também poderia enviá-la de volta para casa. Possivelmente. Em teoria. De qualquer forma, teríamos que passar por muitos estágios preliminares antes de chegarmos perto disso. Este com certeza não era um projeto de curto prazo.

— Certo, eu entendo o plano geral. Mas, se convocarmos alguém da mesma forma que você foi convocada aqui, não vamos só acabar causando mais um enorme desastre?

— Acredite em mim, não tenho intenção de criar um segundo Incidente de Deslocamento. Mas se eu puder avançar alguns estágios na minha pesquisa, devo ser capaz de formular uma teoria sobre o motivo pelo qual aquilo aconteceu.

— Certo. Sei que em experimento as coisas falham o tempo todo. Só toma cuidado, entendeu? Muita gente morreu por causa daquela confusão toda.

— Não são apenas experimentos, Rudeus. As coisas sempre dão errado, não importa o que façamos. Estou muito ciente dos riscos, certo? É por isso que estou fazendo tudo com tanta cautela.

Eu não poderia dizer que concordava cegamente, mas entendi que ela estava seguindo com algo lento e metódico. Se eu aprendesse ao menos o básico, talvez fosse melhor.

— Sabe, eu gostaria de aprender um pouco de magia de Invocação…

— Invocação é a minha área. Não posso sair por aí distribuindo o meu conhecimento.

— Mas você não tinha dito que me ensinaria o que eu quisesse saber?

Nanahoshi estalou a língua, irritada.

— Certo, tá bom. Assim que terminarmos este experimento, responderei uma pergunta sua.

— Uma resposta para tudo isso? Você paga muito mal, Nanahoshi.

— Assim que realmente terminarmos e eu voltar para casa, você poderá ficar com todos os recursos, conhecimento e conexões que eu deixar para trás — retrucou ela. — Então, por enquanto, tente ser um pouco paciente.

Alguém parecia estar nervosinha. Em defesa dela, entretanto, acho que não foi legal da minha parte começar a implorar por recompensas enquanto ainda não tínhamos conseguido nada.

Antes de continuarmos, no entanto, Nanahoshi me entregou um livro com o título Invocação de Sig.

— Se está interessado, então estude você mesmo.

Senti como se eu já tivesse visto o livro em algum lugar, mas não me lembrava de ter lido. O aceitei com gratidão.

E assim seguiram os meus experimentos com ela.

A essa altura, parei de passar várias horas na biblioteca. Mas o Mestre Fitz às vezes aparecia para se juntar a mim enquanto eu visitava Nanahoshi. Enquanto o observava tentar ajudar em um dia, percebi que esses experimentos eram, na verdade, um trabalho muito cansativo. Ele ficou sem mana alguma depois de trabalhar com apenas uns vinte pergaminhos.

— Isso é loucura, Rudeus. Ativar uma dessas coisas consome tanta mana quanto lançar um feitiço de nível Avançado…

Fitz era um especialista em magia não verbal assim como eu, mas estava evidente que sua capacidade de mana era bem menor. E, pelo visto, ele tinha mais mana do que a maioria das pessoas. É só que a minha reserva parecia assustadoramente grande. Eu meio que gostaria que alguém pudesse de alguma forma converter isso em números.

De qualquer forma, Fitz era um mago proficiente e sofreu com essa tarefa. Isso era algo particular aos círculos mágicos de Nanahoshi? Ou era só que a magia de Invocação consumia mana demais? Ao contrário dos feitiços ofensivos, provavelmente ninguém usaria uma dúzia de feitiços de Invocação diferentes em uma única batalha ou coisa assim, então parecia razoável que pudessem ter um custo de mana bem maior. Mas os pergaminhos não produzirem nenhum efeito e ainda drenarem tanto poder de Fitz era um absurdo. Talvez tivesse algo a ver com o fato de que estávamos tentando invocar coisas de um mundo diferente.

— Sinto muito, Rudeus. Tenho que proteger a Princesa Ariel, então não acho que posso ajudar com isso… Preciso manter um pouco de mana para o caso de…

— Sim, é claro. Isso faz todo o sentido.

Por alguma razão, ultimamente Fitz parecia um pouco abatido. Talvez estivesse se sentindo mal com isso tudo. Afinal, parecia ter alguma confiança em seus talentos como mago. Todo mundo tinha o seu orgulho. Isso não era algo em que eu prestava atenção, mas para um jovem como ele, podia parecer a coisa mais importante do mundo.

E Nanahoshi nem conversou muito com o Mestre Fitz quando ele apareceu. Então, mais uma vez, tive a impressão de que Fitz também não era um grande fã de Nanahoshi.

— Eu não sou… muito útil aqui, sou?

A voz de Fitz soou francamente abatida. Na mesma hora balancei a minha cabeça.

— Isso não é verdade.

— Não é?

— Claro que não. Ter você por perto é reconfortante.

No passado, Fitz me ajudou de várias maneiras. Ele talvez não pudesse ajudar muito nessa tarefa em particular, mas eu não queria mandá-lo embora só porque não estava sendo útil para mim. Se ele tivesse algo mais urgente para lidar, eu não o forçaria a ficar… mas se estivesse pensando em ir embora porque não podia ajudar, o encorajaria a reconsiderar.

— Por favor, continue vindo aqui comigo quando tiver tempo, Mestre Fitz. Estamos procurando por respostas há meses, sabe? Vamos seguir juntos em busca da verdade.

— Claro… Obrigado, Rudeus — disse Fitz com um sorriso tímido.

Seu sorriso era realmente poderoso. Fitz devia ter só uns treze anos no momento, mas alguns anos depois, deveria se tornar um verdadeiro arrasador de corações. Para ser honesto… ele era tão fofo que, ultimamente, era difícil para mim não responder a ele por instinto, assim como fazia com as garotas.

Havia algo de errado com os meus olhos ou o quê? Será que eu estava despertando para um interesse latente por homens?

Quando o sol se pôs, voltei para o meu dormitório com Fitz. Iríamos nos separar um pouco antes do dormitório feminino, assim como de costume.

— Ah, claro. Rudeus?

— Sim?

— Acho que a partir de agora, se quiser, pode pegar essa estrada.

Fitz indicou o caminho à sua frente. Ele levava ao lugar onde fui acusado de roubar roupas íntimas logo após me matricular na universidade. Desde aquele dia, tive o cuidado de não vagar pelas proximidades.

— Vamos lá, Mestre Fitz. Você está tentando me fazer ser atacado por uma horda de garotas furiosas de novo?

— Hehe. Não sei se é isso que aconteceria desta vez. Você ficou meio popular pelo dormitório feminino, sabe?

— Hã? Espera, sério? Agora sou como o príncipe do clube de tênis?

— Tênis…?

Fitz parecia totalmente perplexo. Compreensível.

— Uh, bem — continuou ele —, as pessoas estão dizendo que você é na verdade um cavalheiro. Você bate nos caras ruins, mas nunca machuca os alunos normais, certo? Digo, você é forte o suficiente para derrubar o Rei Demônio, e ele venceu todos aqueles guerreiros do povo-fera sem nenhuma dificuldade, mas quando as garotas o cercaram e começaram a te ameaçar, você não fez nada com elas.

Ele só podia estar inventando isso, certo? Eu tinha ouvido a maneira como as pessoas cochichavam sobre mim no refeitório. E com certeza não existia nenhum fã-clube meu.

— Hehe. No começo ficaram todas com medo de você, é claro. Mas Linia e Pursena andaram falando: Nosso chefe é um cara legal, mew! Ele nunca surra os fracos!

Enquanto imitava a voz de Linia, Fitz usou as mãos erguidas para fingir que eram orelhas de gato. Como posso dizer? Isso era fofo. Injustamente fofo. Algo assustador e misterioso estava acontecendo ao redor da minha virilha.

— Depois disso, a opinião delas sobre você melhorou muito rápido. Digo, a sua roupa é um pouco velha, mas o seu rosto é meio bonito, e algumas garotas gostam dessa sua aparência sombria. Ah, e você não é um idiota insistente, mesmo sendo muito poderoso.

Hmm. Aquelas duas deviam ter feito um trabalho muito bom. Da maneira como Fitz descreveu, também não mencionaram toda aquela coisa de “impotência”. Em breve devo dar um bom bife para Pursena. Mas, e quanto à Linia? Não sei nem o que ela quer. Status? Honra? Dinheiro?

— É claro, algumas garotas ainda sentem medo de você. Tipo a Goliade, por exemplo.

— Ah, é mesmo. Isso faz sentido. Afinal, ela que estava comandando aquele grupo no meu primeiro dia. E esses dias eu meio que a intimidei.

— Sério? Bem, Linia e Pursena também a importunam por causa disso sempre que a vêem.

Hm. Isso podia explicar a reação dela quando eu tentei dizer olá.

— Você não intervém nem nada, Mestre Fitz?

— Não. Digo, bem, a culpa é dela. Foi ela quem decidiu que você era um cara ruim, e nem tinha motivos para isso. Ela talvez aprenda algo com isso.

Uau. Fitz podia ser duro quando queria. Eu podia entender o ponto dele, mas a intimidação não era a resposta certa.

— Não acho que ela fez aquilo por mal. Tente não a incomodar muito, certo? Eu agradeceria se também passasse essa mensagem para Linia e Pursena.

Minha voz saiu mais severa do que eu pretendia. Fitz ergueu as mãos em um gesto apaziguador, parecendo um pouco confuso.

— Ninguém está a incomodando, Rudeus! É mais como se às vezes a provocassem. Não acho que ela esteja com medo ou coisa assim, só um pouco exasperada.

Era meio difícil imaginar alguém tão fisicamente intimidante quanto Goliade sendo a garota com quem todo mundo mexia… mas, em qualquer caso, uma piada corrente como essa poderia facilmente se transformar em bullying real, então ainda tínhamos que tomar cuidado.

— Certo. Contanto que seja tudo diversão saudável, tudo bem. Mas, para que fique registrado, não estou guardando rancor nem nada. Poderia ficar de olho nas coisas e assegurar que isso não vá longe demais?

— Você é mesmo um cara legal, Rudeus. Claro. Também vou avisar a Goliade.

Essa última parte pode não ser necessária. A última coisa que eu precisava era que ela me enviasse uma calcinha como um símbolo da sua gratidão.

— Hehehe… — Com outro sorriso tímido, Fitz começou a andar pela estrada enquanto eu continuava na encruzilhada.

Entretanto, depois de mais uns três passos, ele se virou para olhar para mim.

— Uhm… como eu disse, está mesmo tudo bem se você quiser começar a passar por aqui. Se você quiser.

— Está tudo bem — falei, adotando a minha melhor expressão de cara legal. — Se consegui ganhar uma reputação decente por aqui, é melhor não a arruinar me exibindo pela estrada como se fosse o dono do lugar.

— Hã? Uh, c-certo. Claro. Acho que isso faz o seu estilo… — Tropeçando um pouco nas palavras, Fitz cobriu a boca com uma das mãos. Ele estava tentando não rir? Talvez o rosto de cara legal ainda precisasse de algum trabalho. As pessoas sempre me diziam que meus sorrisos eram meio perturbadores, mas eu vinha tentando o meu melhor para melhorá-los. — Então tá, Rudeus. Nos vemos depois.

— Certo. Nos vemos.

Com isso, nós dois seguimos caminhos diferentes. Por alguma razão, porém, Fitz parecia um pouco triste enquanto se afastava.

Depois de jantar, dei a Julie sua lição diária de magia no quarto de Zanoba.

Ela era uma criança estudiosa e inteligente que absorvia as informações novas como se fosse uma esponja. Ela também era bastante hábil, e podia usar seus dedos para fazer trabalhos precisos quando a sua magia falhava. Não quero ser grosseiro nem nada, mas Zanoba tinha conseguido uma verdadeira pechincha quando a pegou.

Ainda assim, este era apenas o seu primeiro ano de treinamento. Sua capacidade de mana era muito baixa para um trabalho contínuo, e sua precisão também não era das melhores. Embora fosse hábil com as mãos, só tinha começado a praticar com ferramentas de escultura, então elas ainda lhe eram estranhas. Ensiná-la a moldar seria um projeto a longo prazo.

Enquanto dava conselhos e explicações a Julie, também trabalhei nas minhas próprias estatuetas. Ultimamente, comecei a fazer uma em escala de 1/8 do Mestre Fitz. Mas como ele sempre usava camadas de roupa e uma capa volumosa, era um pouco difícil imaginar a forma exata do seu corpo. A maioria dos elfos que conheci eram muito magros, com quase nada em termos de gordura corporal… Poderia trabalhar partindo dessa suposição. O maior problema, porém, era como lidar com as suas partes íntimas. Eu estava em um verdadeiro conflito. Não queria colocar nada entre as suas pernas, mas ele poderia ficar com raiva de mim no caso de eu retratá-lo como uma garota. E eu realmente queria mostrar a estatueta para ele depois que ficasse pronta.

— Se você quiser, Mestre, eu poderia me esgueirar sobre ele quando ele menos esperar e arrancar as roupas para você — ofereceu Zanoba generosamente.

— Obrigado, mas não.

Incidentalmente, Zanoba estava trabalhando em uma estatueta de Wyrm Vermelho com a minha orientação e conselho. As partes componentes desta estatueta eram todas bem grandes, então era um bom projeto para ele. Ainda assim, ele não era o melhor com as mãos, então o progresso era lento. Teríamos que fazer isso passo a passo.

Antes de dormir, parei um pouco para ler.

Eu estava trabalhando no Invocação de Sig, o livro que peguei emprestado de Nanahoshi. Era a história de uma bruxa chamada Sig, que invocou muitos Diabos temíveis por vários motivos. No final, usou uma oferenda enorme e uma grande quantidade de mana para invocar uma criatura que era mais forte do que ela, que a matou e devorou na mesma hora. Seu aluno, lamentando amargamente por essa tragédia, jurou nunca invocar nada além da sua capacidade de controle. Havia uma moral na história e tudo mais. Parecia um conto de fadas.

Se alguém como eu, que tinha mais mana do que precisava, invocasse a criatura mais forte que pudesse, havia uma boa chance de que algo muito poderoso e perigoso para se lidar aparecesse. Essa era ao menos uma lição importante. Teria que começar bem devagar com essas coisas e ter certeza de entender os riscos antes de fazer algo dramático demais.

Ainda assim, o livro não tinha nenhum detalhe concreto sobre como os Diabos foram invocados, ou a natureza dos círculos mágicos que a bruxa usava. Bem, na verdade não havia muito o que estudar nele…

E assim, mais um dia típico na Universidade de Magia chegou ao fim. Eu ainda não tinha encontrado nenhum meio de curar a minha condição. Parecia quase que eu tinha perdido a minha chance e passei para a próxima parte da história na mesma hora que conheci Nanahoshi. A profecia do Deus Homem talvez tivesse me deixado animado demais. Eu talvez devesse ter procurado pela resposta com mais urgência e ter tentado todos os tipos de coisas…

Mas, por acaso, minhas preocupações se mostraram infundadas. Pouco depois deste dia, as coisas avançaram rapidamente para uma resolução inesperada.

 


 

Tradução: Pimpolho

Revisão: PcWolf

 

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