A novidade se espalhou pelos países próximos à Universidade de Magia de Ranoa com notável velocidade: Um Rei Demônio apareceu.
Normalmente, a notícia sobre um Rei Demônio chegaria muito antes dele. Mas este em particular se moveu tão rápido que só descobriram no momento em que ele já estava cruzando os territórios. Os governantes dessas nações entraram em um estado de confusão e pânico.
Isso era compreensível. Como regra básica, os Reis Demônios nunca se aventuraram além do Continente Demônio. Há muito tempo houveram dentre eles aqueles guerreiros e agressivos, é claro, mas, durante a Guerra de Laplace, séculos atrás, foram todos praticamente exterminados. Os sobrevivente que agora governavam o Continente Demônio eram pacíficos ou cautelosos por natureza e desinteressados em conflitos.
hmmm, calma, deixa eu ver esse trecho aí do Fitz Entretanto, independentemente de suas personalidades, esses reis ainda eram poderosos o suficiente para assumir o controle de um pedaço de terra no terrível Continente Demônio. Se um deles decidisse atacar o território humano, o dano seria incalculável. Ranoa, Neris e Basherant mobilizaram uma reação instantânea à chegada de Badigadi, despachando todos os cavaleiros disponíveis para interceptá-lo; eles também pediram pela assistência da Guilda dos Aventureiros. Mas as suas forças ainda estavam a alguma distância da Universidade de Magia.
Como um paliativo emergencial, as pequenas unidades de soldados das Nações Mágicas já guarnecidas na cidade de Sharia se juntaram a todos os aventureiros locais e membros da Guilda Mágica e cercaram o campus. Se o pior acontecesse, receberam ordens de atrasar o Rei Demônio até que as forças principais pudessem chegar.
Entretanto, o propósito do Rei Demônio ao ir até o local seguia sendo um completo mistério. E não era difícil identificar quem era ele. Existia apenas um Rei Demônio com pele negra e seis braços: Badigadi, o Imortal. Ele era um dos reis ancestrais que viviam desde antes da Guerra de Laplace. Seu poder mais notável, como seu nome sugeria, era a literal indestrutibilidade. Graças à sua natureza pacífica, pouco se sabia sobre suas capacidades de combate, mas alguns historiadores acreditavam que ele já havia lutado até mesmo contra o próprio Laplace. Isso significava que mesmo o temível Deus Demônio falhou em destruí-lo por completo.
Por que, do nada, essa pessoa apareceu na Universidade de Magia de Ranoa? E por que vagou pelo campus, nocauteando tanto os alunos inocentes quanto visitantes do povo-fera enquanto caminhava?
Demoraria um pouco até que alguém soubesse as respostas para essas perguntas.
Ponto de vista do Rudeus
Eu, no momento, estava parado no centro do Campo de Treinamento Mágico Avançado da Universidade… que era o nome que davam para um pátio vazio. Diante de mim estava o Rei Demônio Badigadi. Mantive minha cabeça erguida e cruzei os braços, tentando projetar um pouco de confiança, mas, para ser bem honesto, eu estava meio que pirando. Mas alguém poderia me culpar por isso? Quanta calma poderia manter ao ser encarado dessa forma por um gigantesco demônio de seis braços?
Certo, tudo bem. Recentemente, passei a sentir que eu era muito poderoso. Preciso admitir. Mas estávamos falando sobre um Rei Demônio. Isso estava um par de níveis acima do que alguém muito poderoso poderia lidar. Parecia que o universo estava me punindo por ficar presunçoso. Eu queria fugir correndo para a colina, sério.
Olhei para trás e vi que atraímos uma enorme multidão de curiosos. Parecia uma mistura equilibrada de alunos homens e mulheres, e também um bom número de professores. Se eu der meia-volta e correr, o que vão pensar de mim?
Refletindo, eu na verdade não dava a mínima para isso. Mas já parecia ter perdido a minha chance de fugir.
Alguém de repente rompeu a multidão de espectadores e trotou em minha direção enquanto corria. Era um velho que usava uma peruca ligeiramente chamativa. Mas ela servia para ele.
— O Jenius me contou sobre a situação. Sinto muito, mas poderia nos dar algum tempo? Estamos reunindo as nossas forças o mais rápido possível.
Com isso dito, ele se virou e voltou para a multidão.
Afinal, quem deveria ser esse cara? Senti como se já tivesse o visto em algum lugar. Bem, não estava lembrando onde, mas ao menos entendi o que ele estava tentando me dizer. O vice-diretor Jenius estava ciente da situação e iria me tirar dessa bagunça se eu conseguisse enrolar por tempo suficiente. Às vezes era bom ter contatos com pessoas influentes.
— Hrm — disse Badigadi, olhando-me com todos os braços cruzados. — O garoto com certeza está demorando…
— Acho que não vai demorar muito — respondi.
No exato momento, Fitz estava procurando meu querido cajado, Aqua Heartia. A meu pedido, Badigadi concordou em esperar até que eu o tivesse em mãos. Eu não esperava que Fitz fosse demorar tanto. O meu dormitório não ficava muito longe da biblioteca, e eu tinha deixado o cajado de pé ao lado da minha cama, com um pano sobre ele. Deveria ser fácil de encontrar.
— Mm. Corri para cá porque sei que vocês, humanos, estão sempre com pressa, mas você parece estar bem tranquilo, garoto. Não esperaria menos de alguém que intrigou a minha noiva.
— Sua noiva… com isso você quer dizer, uh… Imperatriz Kishirika, sim?
— De fato — concordou Badigadi.
Claro, eu não tinha me esquecido da Imperatriz Demônio Kishirika Kishirisu. Foi ela quem me deu o meu Olho Demoníaco. No começo não acreditei que ela fosse a coisa verdadeira, e sua partida foi tão abrupta que fiquei chocado demais para entender o que tinha acontecido…
Ainda assim, por que diabos o noivo dela estava aparecendo para lutar comigo neste momento, depois de tanto tempo? Com certeza não estava procurando se casar com Linia ou Pursena.
— Sabe, sua Majestade, só tive uma breve conversa com a imperatriz. Mesmo ela tendo me dado este Olho Demoníaco.
— Bem, ela está sempre falando sobre como você é impressionante, garoto! Já faz muito tempo desde que ouvi ela falar de alguém com uma voz tão entusiasmada. Sou um homem muito tolerante, claro, mas admito que fiquei com um pouco de ciúme!
Ciúmes? Sério? Não era como se eu tivesse feito nada com ela, certo? Por que ele estaria com raiva de mim? Foi por causa daquela piada que fiz sobre querer fazer com ela? Mas aquilo não tinha significado nenhum. E ela até me recusou porque tinha um noivo… que seria esse cara. Certo.
— N-não há nada de especial em mim, isso te garanto — falei com a voz mais calma que pude usar. — Sou só um projeto triste e lamentável de homem, sério. Não posso imaginar por que um Rei Demônio como você sentiria ciúmes de mim… a Imperatriz Demônio deve ter exagerado um pouco.
Badigadi respondeu explodindo em gargalhadas, como se eu tivesse contado uma piada verdadeiramente hilária.
— Bwahahahaha! Não precisa ser modesto, garoto! Já ouvi tudo sobre você e esse surpreendente reservatório de mana que possui.
Surpreendente parecia uma palavra forte. Sim, estava ficando óbvio que eu tinha muito mais mana do que a maioria das pessoas. Mas com certeza não era nada impressionante o suficiente para deixar um verdadeiro Rei Demônio com ciúmes… certo?
Pensando bem, entretanto, Kishirika também fez alguns comentários a respeito disso. Quais foram as suas palavras exatas? Tudo que eu conseguia me lembrar era dela gargalhando sem qualquer motivo aparente…
— Uh… bem, sim. Parece que tenho um pouco mais de mana do que a maioria das pessoas.
— Ahahahaha! “Um pouco mais”, eh? Sim, de fato! — Badigadi começou a gargalhar por algum tempo. Depois, abruptamente ficou em silêncio e caiu no chão com um baque forte. — Sente-se, garoto.
Sentei na mesma hora. Badigadi continuava enorme, até mesmo sentado. Parecia que eu estava conversando com uma montanha de músculos. Era uma pena que não fui abençoado com aquele tipo de físico.
— Parece que você não entende o que significa ser chamado de “surpreendente” pela Imperatriz Demônio Kishirika Kishirisu.
— Bem, então acho que não…
— Ela me disse que você tinha uma quantidade incrível de mana. Até mesmo mais do que Laplace. E é a primeira vez que ela diz isso sobre alguém.
Laplace? Tipo… o Laplace?
Pelo visto, eu tinha mais mana do que um Deus Demônio. Sério, isso não me parecia verdade. Fazia muito tempo que eu não ficava sem mana, é verdade, mas não era como se meu corpo estivesse transbordando poder ou algo assim.
— O Deus Demônio Laplace tinha uma das maiores reservas de mana da história. Em outras palavras, a sua também é uma das maiores de todos os tempos.
— Ah, vamos lá. Isso não pode ser verdade.
Apesar dos meus modestos protestos, meu coração ainda pulou de excitação. Afinal, eu estava conversando com um Rei Demônio, alguém com séculos de experiência em batalha. Meio que parecia que era um atleta profissional me dizendo que eu tinha “potencial” ou coisa do tipo.
— Eu mesmo não sei a verdade sobre isso. Afinal, Kishirika tende a de vez em quando ser um pouco desleixada. Existe a chance de ela ter te julgado mal.
Enquanto dizia essas palavras, a expressão de Badigadi ficou ligeiramente azeda. Será que estava lembrando de algum erro grave que sua noiva cometeu no passado? Para ser honesto, ela parecia ser o tipo de pessoa que cometia alguns erros descuidados.
— Bem, admito que fiz um esforço para aumentar minha reserva de mana ao longo dos anos. Mas não sei nada sobre isso de ter mais mana do que qualquer outra pessoa da história. Isso não significa que, se treinasse como eu, qualquer um poderia quebrar o recorde?
— Não. Normalmente, isso seria impossível.
Então talvez tivesse algo a ver com o fato de eu ter reencarnado de outro mundo? Ou o Deus-Homem talvez tivesse “trapaceado” para mim sem que eu percebesse…
— Há uma coisa que eu gostaria de lhe perguntar, sua Majestade. Caso não se importe.
— O que é? Sinta-se à vontade para fazer qualquer pergunta.
— Uh, só para deixar claro, eu não sou um lacaio da pessoa que estou prestes a nomear. Então apreciaria muito se você não me atacasse do nada.
— Já concordei em esperar, garoto. Um Rei Demônio nunca quebra uma promessa.
Sério? Bem, é bom ao menos perguntar. Vou acreditar na sua palavra, viu? Sem violência, por favor…
— O nome Deus-Homem significa alguma coisa para você?
— Onde você ouviu esse nome, garoto…?
— Ele é alguém que às vezes aparece em meus sonhos.
Cruzando os braços, Badigadi começou a acariciar o queixo, pensativo.
— Hmm, entendo. Seus sonhos, eh?
— Você sabe algo sobre ele, sua Majestade?
Badigadi parou por um momento, aparentemente imerso em pensamentos, então balançou a cabeça.
— Não sei! Acho que já ouvi esse nome, mas não lembro onde! Já devem ter passado ao menos alguns séculos desde que alguém falou dele para mim.
— É mesmo? De qualquer modo, muito obrigado. — Alguns séculos… isso é meio vago. Acho que ele não tem a melhor das memórias…
— Sem problemas! Se eu me lembrar, te aviso! Bwahahahahaha!
— Aprecio isso.
— Você é tão chato, garoto. Ria comigo ao menos uma vez! Bwahahahaha!
Badigadi com certeza parecia um homem que gostava da vida. Eu não disse nada especialmente engraçado em toda a conversa, mas ele nunca parou de rir.
Me peguei lembrando da noite em que conheci Ruijerd. Nossa primeira conexão em um nível mais pessoal foi ao compartilhar uma risada, não é? O riso talvez estivesse funcionando como um tipo de linguagem comum. Se a pessoa com quem eu estava falando estava rindo, provavelmente foi rude não reagir da mesma maneira.
Tudo bem então, vamos fazer isso.
— Bwaaahahahahahaha!
— Bom! É assim mesmo, garoto! É como Kishirika sempre diz: ria primeiro, pense depois! Pensando bem, ela estava rindo da última vez que morreu, não estava?! Bwahahahaha!
Badigadi riu mais uma vez. Apesar de sua aparência assustadora, ele não parecia um cara tão mau.
Enquanto ríamos, o grupo de espectadores atrás de nós começou a ficar um pouco turbulento. Me virei para ver o que estava acontecendo. Parecia haver algum tipo de comoção no meio da multidão. Eu mal conseguia distinguir os sons das vozes gritantes.
— Deixe-me ir! Preciso entregar o cajado dele!
— Já chega! Se você entregar, ele terá que começar o duelo!
— Mas e se o duelo começar de qualquer forma? Você vai só ficar aqui e deixá-lo morrer?!
— N-não é isso que eu…
— Deixe comigo!
— Ah! Zanoba!
— Zanoba Shirone?! Solte-me! Solte… Ai! Ai, ai, ai!
Mestre Fitz de repente se libertou da multidão e correu em minha direção com uma velocidade feroz. Esse cara tinha os pés muito rápidos. Ele devia se mover umas três vezes mais rápido do que eu. Talvez devêssemos pintá-lo de vermelho e colocar um chifre na sua cabeça…
— Hah… hah… Desculpa, Ru… Rudeus. Os professores tentaram me impedir… — Ofegante, Fitz parou na minha frente. Estava abraçando o meu cajado.
— Você é, uh… um corredor e tanto, Fitz.
— Hein…? Hah… Não. É só que meus calçados são itens mágicos…
Olhei para as botas que Fitz parecia estar sempre usando. Nem tinha percebido que elas eram de natureza mágica. Sua capa também devia ser encantada, não? Ele nunca a tirava, mesmo quando estava bem quente.
— Sério mesmo? Esses óculos de sol também são mágicos?
— Hah… hah… Ah, eles. Sim, são… uh, espera. Foi mal, isso é segredo… — Fitz riu baixinho e sorriu embaraçado.
Afinal, por que esse cara tinha que parecer tão fofo enquanto ria? Ele estava fazendo algo de estranho com meus batimentos cardíacos.
— Hah… Enfim, aqui está. Boa sorte, Rudeus… só não se force, tá? Se perceber que não pode vencer, peça desculpas e fuja. Você vai enfrentar um Rei Demônio. Ninguém vai te culpar. A sua vida é mais importante do que o seu orgulho.
Balançando a cabeça, peguei o Aqua Heartia de Fitz. Já fazia um tempo desde que travei uma batalha real com essa coisa em minhas mãos. Vamos fazer o que pudermos, parceiro. Se conseguirmos sair dessa inteiros, vou direto para casa e me casar com minha amada Salada de Abacaxi…
Usando uma bandeira de morte qualquer só por fazer, puxei o pano de Aqua Heartia. Fitz soltou um suspiro de surpresa. Um pensamento malicioso surgiu na minha cabeça e me vi incapaz de resistir.
— Fitz, dê uma olhada na pedra mágica no meu cajado… O que acha?
— E-ela é bem grande…
Ah, nossa. Acho que algo lá embaixo deu um beliscão. O que será?
Bem, chega de brincar.
Badigadi já havia se levantado e estava alegremente flexionando todos os seis ombros. Consegui ganhar tempo suficiente? Parecia improvável. Mas eu não fazia ideia de como deveria conversar com ele por tempo suficiente para que todos os soldados da cidade fossem reunidos, sério.
Fitz trotou de volta para a multidão, parecendo um pouco relutante em me deixar. Pessoalmente, não me importaria se ele ficasse por perto. Algum substituto poderia ser bom nesse momento. Sério. Ajuda? Por favor?
— Está pronto, garoto?
— Para ser sincero, eu preferia passar mais algum tempo jogando conversa fora…
— Bwahahahaha! Sobra tempo para fazer isso depois!
Isso significava que ele não iria me matar? Não, fazer suposições não seria seguro. Esse cara parecia ser descuidado o suficiente para acidentalmente destruir a minha cabeça, assumindo que qualquer um com muita mana poderia levar um ou dois golpes.
Eu considerei dizer algo. Pedir um duelo não letal machucaria…?
Badigadi ficou ali casualmente, com as mãos na cintura. Pelo jeito das coisas, não começaria me atacando. Talvez estivesse esperando que eu sinalizasse o início da luta. Apenas por precaução, ativei o meu Olho da Previsão.
— Hein…?
Para a minha surpresa, isso me mostrou… nada. Não havia literalmente nada parado onde eu sabia que Badigadi estava.
— Por que você está tão surpreso, garoto? Ah, entendi. Você já está testando o Olho Demoníaco que a Kishirika te deu, certo? Foi mal, mas essas coisas não funcionam comigo. — Badigadi deixou um suspiro de orgulho escapar ao anunciar isso sem qualquer cerimônia.
Espera aí, é sério? O Olho Demoníaco é completamente inútil contra ele? Acho que deveria ter esperado ao menos isso de um Rei Demônio… Isso com certeza era um problema. Minhas chances de evitar um golpe fatal haviam diminuído drasticamente. Eu não era nada de especial, fisicamente falando; se ele me batesse no lugar errado, isso poderia ser o meu fim.
— Sua Majestade…
— Badi já está bom. Permito que aqueles que riem quando eu peço que me chamem por esse nome.
— Rei Badi, então. Tenho um pedido a fazer.
— Que tipo de pedido?
— Gostaria de pedir que poupe a minha vida, mesmo se eu perder este duelo.
Badigadi voltou a cair na gargalhada.
— Bwahahahaha! Implorando por sua vida antes mesmo de começarmos? Você nunca para de me divertir!
— Bem, uma vida é uma coisa trágica de se perder, não acha? — falei.
— Ah, sim. Vocês, humanos, morrem com um espirro! Ouvi que muitos de vocês sentem isso aí! — O Rei Demônio respondeu com uma gargalhada. — Mas por que você tem tanta certeza de que vai perder? Alguém poderia pensar que uma grande reserva de mana daria a um homem ao menos alguma confiança.
— Há não muito tempo quase fui morto por alguém chamado Deus Dragão. Provavelmente deve ser esse o motivo.
A risada de Badigadi parou abruptamente.
— O Deus Dragão? Você quer dizer Orsted? Você lutou com ele e sobreviveu?
— Foi por um fio. Se ele não tivesse me poupado por algum capricho, eu não estaria aqui.
O rosto do Rei Demônio de repente ficou muito sério. Isso parecia menos do que ideal. Acabei baixando a minha guarda quando ele não reagiu ao nome do Deus-Homem. E se fosse Orsted que eu não devesse mencionar? Mas que descuido…
— Diga-me, garoto. Você foi capaz de ferir o Deus dragão na luta, mesmo que pouco?
— Hã? Sim, eu acho. Consegui arrancar um pouco de pele da palma da sua mão. Mas isso foi tudo.
Badigadi fechou a boca com força e olhou para mim com ferocidade. O efeito foi ligeiramente intimidante.
Ah qual é, por que não começamos a rir de novo? Bwahahaha…
— Nesse caso, eu gostaria de fazer uma proposta.
— A-ah, sério? — falei com o máximo de humildade, observando a expressão de Badigadi. — E qual seria?
— Você tem um golpe.
— …
— Acerte-me com a sua magia mais forte. Vou te dar uma chance, nenhuma outra. Pode usar o feitiço que feriu o Deus Dragão. Se conseguir perfurar minha aura de batalha e me prejudicar, você vence. Se não me ferir, eu ganho. O que acha disso?
Ooh. Isso me parece bom! Eu não podia desejar uma oferta melhor, sério. Tipo, eu não precisaria levar nenhum soco no rosto?
— Uh, certo, mas isso não é meio unilateral?
— Unilateral? Unilateral, você diz? Hm, verdade! Muito bem. Se você não puder me prejudicar com a sua magia, então vou te acertar com um contra-ataque. Vai ser só um golpe, nada mais!
Droga. Acabei cavando a minha própria cova.
Um ataque desse monstro provavelmente seria o suficiente para pulverizar o meu coração. Eu provavelmente deveria parar de tocar no assunto antes que isso ficasse pior.
— Entendi. Então vamos seguir com esses termos.
— Muito bem!
Por fim, segurei o Aqua Heartia na minha frente e comecei a me concentrar.
— Whooo…
Respirei longa e profundamente, depois comecei a reunir tanto poder mágico quanto era possível no meu cajado. Iria lançar um Canhão de Pedra, um dos feitiços que mais estava familiarizado. Mas me certifiquei de que o projétil fosse muito mais duro do que o que lancei em Orsted. Aquele feitiço eu lancei bem rápido, por puro desespero. E eu não estava usando o meu cajado, só as mãos. Desta vez, não precisava de pressa. Depois de juntar mana suficiente, devo ser capaz de deixar o meu feitiço várias vezes mais poderoso.
Projétil: Sólido e incrivelmente duro.
Criar a “bala” não era fundamentalmente diferente de como fazia uma estatueta. Mas me concentrei completamente na dureza, ignorando propriedades como resistência e resiliência. Moldei como um parafuso, com uma ponta fina e estreita, e adicionei um padrão de entalhes.
Modificações: Rotação rápida.
Quanto mais rápido girasse, melhor. Me concentrei até que minha bala parecesse apenas um borrão.
Não fazia ideia de quantas rotações por segundo eu estava buscando.
Velocidade: Máxima.
Essa era a parte mais crítica, então dediquei o máximo de mana que pude a ela. Nunca antes usei tanta mana em um único Canhão de Pedra. Dado o tempo que levou para a preparação, esta versão do feitiço não seria muito útil em um combate real… e para a maioria dos monstros, provavelmente seria exagero. Mas este homem era um Rei Demônio. Poderia muito bem só dar de ombros para isso. Eu esperava, no mínimo, arranhá-lo. Realmente não queria que aqueles braços enormes acertassem o meu rosto.
— Então tá bom. Lá vai.
— Excelente! Me acerte!
Então disparei o feitiço.
Minha bala rasgou o ar com um som agudo. Não houve nenhum coice; por algum motivo, isso nunca acontecia com magia. Mas a falta disso não tornava o poder menos real.
A pedra bateu em Badigadi fazendo um estrondo enorme. Toda a parte superior do seu corpo foi destruída; seus seis braços se desintegraram na mesma hora. Sua metade inferior, ainda intacta, disparou dezenas de metros para trás e caiu frouxa no chão.
— Hein…?
O que sobrou de Badigadi nem mesmo tremia. Eu estava esperando que meu ataque apenas… ricocheteasse nele com um “toink” ou algo assim. O que foi isso?
Lentamente, com medo, fui até o corpo de Badigadi e olhei para ele. A parte intacta de seu corpo, por algum motivo, não sangrava. Era assim que as coisas funcionavam com um Rei Demônio? Levando em conta o quanto ele ria, percebi que não era muito chegado em lágrimas… Mas talvez não houvesse qualquer líquido no seu corpo.
— Hein…? — Espera, isso é sério? Isso não está acontecendo… Ele morreu?
Eu ainda não tinha entendido o que aconteceu. Quando me virei, encontrei a multidão de espectadores olhando para mim em absoluto silêncio. Seus olhares me fizeram estremecer. Ninguém estava sequer se movendo.
Engoli por reflexo. O som que minha garganta fez pareceu estranhamente alto. Eu o matei mesmo?
Isso não pode ser verdade. Digo, vamos lá. Ele parecia tão confiante.
Hã? Ele disse que era imortal, não disse? Ele disse que eu podia acertar o meu melhor golpe!
E não parecia nada preocupado! Mas o que diabos?!
Eu precisava me acalmar. E me certificar de que entendia exatamente o que fiz.
Devagar, com medo, me virei para mais uma vez olhar Badigadi.
— Bwahahahaha! Eu REVIVI!
Quase disparei outro Canhão de Pedra na mesma hora.
Badigadi estava bem na minha frente, mais uma vez vivo… e com metade do tamanho de antes. Ele estava agora mais ou menos com a minha altura, mas sua cabeça não tinha ficado menor. O efeito era um pouco bizarro. Entretanto, isso não era tão importante no momento.
— Ah. Você está vivo…
Isso com certeza era um alívio. Eu tinha me convencido de que matei um homem, mesmo sendo sem querer. Que bom que não foi uma luta contra um ser humano normal.
— Bwahahaha! Eu pensei que estava acabado, garoto! De qualquer forma, agora tudo faz sentido. Foi sensato da sua parte evitar uma batalha real. Se tivéssemos lutado seriamente, toda esta área teria sido reduzida a um deserto árido! — Badigadi deixou uma longa gargalhada escapar. Acho que ele considerou a ideia divertida.
Nos próximos momentos, todos os seis braços apareceram rastejando na terra em sua direção e juntaram-se ao seu corpo. Ele estava ficando cada vez maior, embora ainda não tivesse voltado ao normal.
— Você com certeza me fez voar por uma grande distância, garoto. Parece que vai demorar algum tempo até eu voltar a ser o que era! — Badigadi parecia inexplicavelmente animado com isso. — Desta vez você ganhou, Rudeus! — continuou ele alegremente. — Sinta-se à vontade para se chamar de herói!
— Não acho que vou fazer isso, mas, de qualquer forma, obrigado.
— Então ao menos dê um grito de vitória para a multidão! Bwahahaha!
Badigadi agarrou a minha mão direita, que ainda segurava o cajado, e puxou-a para o ar, igual um juiz anunciando o vencedor de uma partida de boxe.
— Uh…
Bem, tanto faz. Se ele diz que eu ganhei, então devo ter ganhado.
— Eu ganheeeeeei!
Os espectadores responderam ao meu grito com silêncio total. Por algum motivo, ninguém fez barulho.
Depois de um longo período, Badigadi acenou para si mesmo com a cabeça.
— Eles não são muito divertidos, são? Bem, então tá bom. É hora de você levar o meu soco.
— O quê?! — O acordo não era esse!
Antes que eu pudesse protestar, ele me deu um tapa na cara. Com três punhos ao mesmo tempo.
Ainda estava segurando o meu braço, é claro, então não tive chance de me defender. O golpe me deixou inconsciente.
Seu… mentiroso…
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Depois disso, Badigadi aparentemente saiu para algum lugar com aquele cara da peruca, um homem bonito de meia-idade com armadura e um velho com um robe. Parecia que os chefões tinham algumas coisas para discutir em particular.
Quanto a mim, fiquei algum tempo na enfermaria até recobrar a consciência. Assim que acordei, o Vice-Diretor Jenius me levou a uma sala no Prédio dos Professores e me ofereceu um chá e lanches enquanto eu me recuperava.
Ele não tinha muito a me dizer. Parecia que não tinha certeza nem do que estava acontecendo. O Rei Demônio apareceu do nada, vagou por aí nocauteando alguns alunos e homens-fera, me desafiou para um duelo, permitiu que eu reivindicasse a vitória e depois me nocauteou. Isso era tudo o que tínhamos, e não era o bastante para dar sentido à situação. Ainda assim, parecia que ninguém que Badigadi nocauteou tinha realmente morrido devido aos ferimentos. Era suposto que ele era um cara pacífico por natureza, então isso talvez fazia sentido.
Várias pessoas muito importantes estavam tentando descobrir seus objetivos enquanto conversávamos. O cara da peruca era, na verdade, o diretor desta escola. Levei um minuto para lembrar que seu nome era Georg, um mago do Vento de nível Rei. Eu já tinha o visto antes, na cerimônia de entrada. Juntando-se a ele em suas conversas com Badigadi estavam o líder da Guilda de Magia e o capitão dos cavaleiros da Nação Mágica posicionados nesta cidade.
— Mas devo dizer, Rudeus, que foi um esforço verdadeiramente notável. Você derrubou um Rei Demônio com um único ataque preventivo, e ele até o reconheceu como o vencedor! O diretor acreditava que um aventureiro solitário como você só poderia nos dar um pouco de tempo… mas ninguém poderia esperar isso! Ora, você fez meu coração disparar pela primeira vez em anos!
Havia entusiasmo genuíno na voz do vice-diretor. Parecia que a multidão não tinha ouvido minha discussão com Badigadi antes do começo do duelo. Nada disso era tão impressionante quando se considerava que ele me deixou dar o primeiro golpe, e eu nunca estive em real perigo.
Jenius me bajulou por mais um tempo antes de finalmente me deixar seguir o meu caminho. Ele disse para eu ficar no meu dormitório até que estivesse tudo bem resolvido.
Assim que deixei o Prédio dos Professores, Zanoba apareceu correndo ao meu encontro.
— Ah, aí está você, Mestre! Eu vi cada segundo do seu duelo. Foi realmente impressionante! Mas suponho que deveria ter esperado que você triunfasse.
Balancei a minha cabeça.
— Ele só deixou que eu treinasse com ele, isso foi tudo. — Meu feitiço havia quebrado sua aura, é verdade. Mas ele nem mesmo tentou fugir ou se defender. E dado o fato de que poderia se regenerar completamente quando derrotado, eu não poderia derrotá-lo em uma batalha real.
— Você é de longe muito modesto! — disse Zanoba com uma risada. — Lutar de frente com um Rei Demônio já é impressionante o suficiente, eu asseguro.
Quando olhei para Julie, ela parecia ainda mais assustada do que o normal. Acho que foi um espetáculo horrível, mesmo de longe. Com esperanças, eu não teria a traumatizado para o resto da vida.
No caminho de volta para meu dormitório, encontrei Cliff e uma Elinalise muito satisfeita.
— Olá, Rudeus. Que comoção toda foi essa que aconteceu?
— Uhm, o que vocês dois estavam fazendo pelas últimas horas?
— Ah, você sabe… isso e aquilo. Hehehehe.
Cliff ficou vermelho enquanto Elinalise ria.
— Você não precisa contar isso!
Parecia que os dois tinham se dado ao luxo de se divertir como adultos durante todo o ataque do Rei Demônio à Universidade. Bom para eles, eu acho.
— O Rei Demônio Badigadi apareceu do nada e me desafiou para um duelo. Eu consegui vencer.
— Hein? — disse Elinalise, parecendo um pouco surpresa. — Ele já chegou?
Já…? O que diabos você quer dizer com isso?
— Você sabia que ele estava vindo, Elinalise?
— Sim, sabia. Mas ele estava ficando com a tribo Ogro… e disse que ficaria lá por algum tempo, então eu deveria vir sozinha. Demônios como ele tendem a não prestar muita atenção na passagem do tempo, sabe? Achei que ele ficaria lá por pelo menos mais uma década, e só passaram dois anos desde que nos separamos…
Qualquer um deveria ficar bem descuidado com o tempo depois de viver alguns milhares de anos, não é? Sei que os anos passaram mais rápido depois que passei dos 30 na minha outra vida… embora isso não fosse exatamente digno de comparação.
— Em qualquer caso, ele não é um cara mau, é?
Balancei a cabeça.
— Ele parece um cara decente, aham. — Ele devia ser, no mínimo, melhor que a maior parte da realeza. A sua personalidade alegre também era meio cativante. Ele quebrou a promessa que fez, mas contra-atacar depois de ter a cabeça explodida me parecia justo.
— Uh, do que você está falando?
— Minha nossa. Você está com ciúmes, Cliff, querido? Não se preocupe! Agora eu pertenço a você, de corpo e alma.
— Não é esse o p… Gah, pare de me agarrar. O Rudeus está vendo…
— Então vamos mostrar uma ou duas coisinhas para ele…
Os dois começaram a se beijar, então dei de ombros e fui embora. Quando fiz uma curva, ouvi Cliff protestar:
— Mas um Rei Demônio não iria aparecer aqui do nada!
Exato. Também penso assim, parceiro.
O Mestre Fitz estava me esperando na entrada do meu dormitório.
Quando ele me viu, assumiu uma expressão difícil de se decifrar. Será que isso era excitação? Suas bochechas estavam um pouco coradas e suas mãos fechadas em punhos. Parecia quase como se ele estivesse animado demais para expressar seus pensamentos em palavras.
— Você é… Você é muito forte, Rudeus!
Uau. Hoje não está tão eloquente, hein?
— Nunca pensei que você o derrubaria com um único disparo!
— Bem, nós concordamos comigo dando o primeiro ataque, e o poder disso determinaria o vencedor. Então resolvi usar o meu feitiço mais forte.
— O feitiço mais forte? Mas foi o mesmo que você usou contra mim no teste, não? Era uma versão melhorada?
— Aham, foi um Canhão de Pedra. Mas esse foi o mais poderoso de todos.
— Então, mesmo um feitiço de nível Intermediário pode ter tanto poder assim, desde que seja um verdadeiro mestre, hein…? — Com um zumbido de admiração, Fitz virou-se para o lado e conjurou a sua própria bala de pedra giratória. Depois de um momento, a disparou; aquilo cortou o ar e penetrou no chão depois de alguma distância.
— Bem, não tenho certeza se me consideraria um verdadeiro mestre ou algo assim.
— Você não usa principalmente magia da Terra?
— Sim, eu acho. Por algum tempo, confiei mais nos feitiços de Água, mas há alguns anos comecei a usar quase exclusivamente os de Terra.
— Eu sabia! Você definitivamente fica melhor na escola conforme a usa, certo?
Isso era verdade mesmo? Acho que parecia plausível. Para começar, eu sentia que estava ficando cada vez melhor com as estatuetas.
— Aham, imagino que sim… Acho que estou ficando ao menos um pouco mais preciso.
— Você também pode usar mais mana enquanto faz isso!
— Claro, com certeza. Fazer aquelas estatuetas realmente exige muito poder, sabe?
Fitz parecia estar realmente gostando dessa conversa. Pensando bem, não tínhamos discutido magia assim com muita frequência, não é?
— Ah, sinto muito por isso. Você deve estar cansado, certo? Eu não queria te atrapalhar. Vá descansar um pouco.
— Uh, certo. Obrigado.
Com isso dito, Fitz se afastou e trotou em direção aos prédios da escola. Eu meio que queria manter a conversa, mas ele provavelmente estava ocupado. Após esse incidente, o conselho estudantil devia ter muito com que lidar.
Por fim, estava de volta ao meu quarto. Encostei meu cajado na parede. Este foi um dia bem longo, com um Rei Demônio e tudo mais. A fadiga física e mental tomou conta de mim no mesmo momento em que olhei para a minha cama.
Me deitei e relaxei.
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O mês seguinte passou sem intercorrências. Após algumas negociações cuidadosas, os três membros das Nações Mágicas decidiram reconhecer Badigadi como um convidado oficial do estado pela duração de sua estadia em seus países. Badigadi, por sua vez, se desculpou pelo aborrecimento que causou ao oferecer um de seus braços à Guilda de Magia para que pudessem estudar a sua imortalidade. E também concordou em trabalhar como professor substituto de artes marciais para os cavaleiros alocados em Sharia.
Mas isso não era tudo…
Em nossa próxima sessão de estudos, minhas duas subordinadas peludas estavam mais uma vez em seus assentos. Badigadi havia lidado com todos os seus pretendentes, então era aparentemente seguro para elas se aventurarem a sair para a aula de novo.
— Você é o cara, Chefe! Obrigada de novo, mew. Em breve te daremos algo pelo trabalho todo!
— Mas eu não esperava que um Rei Demônio fosse aparecer. Somos sexy demais para resistir, hein? Muito bem por nos proteger. Vou te dar permissão para apertar os seios da Linia.
— Agradeço. — Como recebi autorização, fui em frente.
— Myaaaaa! — Linia respondeu arranhando o meu rosto.
O que aconteceu com a minha permissão, hein? O que aconteceu com aquela coisa de me dar algo pelos meus problemas? Purrfeitamente atroz.
— Você é sempre tão… destemido com as mulheres, Mestre — disse Zanoba, pensativo. — Entretanto, você nunca parece fazer isso levando as coisas a sério…
— Ei! — sibilou Cliff. — Pare com isso, Zanoba! Você se lembra da condição dele, não lembra?
— Ah, sim, é claro… Minhas desculpas.
Ultimamente, Cliff estava sentado perto de nós. Parecia que Elinalise estava contando isso e aquilo sobre mim a ele. Eu não sabia exatamente o que ela estava dizendo, mas não devia ser tão ruim, já que Cliff agora estava muito mais amigável.
Aliás, todo mundo parecia estar assumindo que Eris tinha me largado por causa da minha condição. Não que isso importasse, claro. Eu já tinha esquecido tudo sobre ela. Sério!
E também, Cliff e Elinalise não estavam mais se agarrando em público o tempo todo. E não parecia que tinham terminado. A cada par de dias, eu notava Cliff tropeçando pelo caminho, igual um zumbi. Elinalise com certeza estava mantendo as noites dele ocupadas. Provavelmente tinham acabado de chegar a um acordo para reduzir as demonstrações públicas de afeto.
Ainda assim, toda essa diversão não iria causar problemas para os estudos de Cliff? Eu não iria me intrometer, é claro. A vida era dele, e ele poderia viver como quisesse. Na verdade, eu estava com inveja. Só um pouquinho.
— Grão-mestre, não tenho mana suficiente para endurecer esta parte… Pode fazer isso por mim?
Julie trabalhava com dedicação em suas estatuetas, dia e noite. Comecei a dar algumas dicas de como fazê-las à mão, ao mesmo tempo que dava as aulas sobre o método mágico. Essa não era a minha especialidade, então estávamos recebendo a ajuda de um anão do mesmo ano que Zanoba.
Quanto ao Rei Demônio Badigadi… Eu ainda tinha apenas um esboço muito vago da situação. Ele disse que tinha vindo porque estava com ciúmes de mim. Isso significava que eu seria parcialmente responsável por todos os danos causados? Eu queria pensar que Jenius não decidiria isso. Afinal, foi ele quem me recrutou.
Minha linha de pensamento foi cortada pelo som da porta da sala de aula sendo aberta. Com exceção do Silencioso, todos os alunos especiais já estavam em seus assentos. E era cedo demais para o professor chegar. O Silencioso já tinha mesmo aparecido alguma vez?
— Bwahahahahaha!
Uma gargalhada estrondosa ecoou pela sala de aula. Um instante depois, ele entrou.
Sem um momento de hesitação, marchou até o pódio e olhou para nós como um imperador inspecionando o seu domínio.
— Observem! Sou eu, Badigadi; o Rei Demônio imortal!
Isso está mesmo acontecendo? Ele está falando sério… vestindo um uniforme escolar?!
O Rei Demônio Badigadi havia se matriculado formalmente na Universidade de Magia de Ranoa para uma espécie de golpe publicitário. Ele não estudava muito, é claro, mas tinha o hábito de assistir às aulas e falar com os alunos que chamavam a sua atenção… o que geralmente resultava em uma fuga desesperada por ajuda. Aqueles que eram corajosos o suficiente para permanecer por perto foram supostamente recompensados com petiscos de seu vasto estoque de conhecimento, mas eram poucos e distantes entre si.
De uma forma ou de outra, porém, as coisas chegaram a uma conclusão relativamente pacífica.
Tradução: Pimpolho
Revisão: PcWolf
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Primeiro, Cliff apressou-se para os leitos dos enfermos. — Observar a condição do paciente…
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