Zanoba Shirone, o terceiro príncipe do Reino Shirone. Uma Criança Abençoada que possuía um poder sobrenatural desde o momento em que nasceu. E um pervertido. Um pervertido inconfundível. Poderiam dizer que era um otaku louco por estatuetas que levava as coisas longe demais. Quando ele percebeu, já estava olhando para elas todos os dias, e quando alguma sensação o atingia, as acariciava suavemente com a mão.
Quando ficava excitado, perdia o controle de seu poder monstruoso, mas nunca lidaria com suas estatuetas bruscamente. Pode ter sido seu amor por elas que garantia a segurança das mesmas.
Amor. Sim, ele amava estatuetas. Era muito parcial com elas. Havia, por exemplo, uma estátua de bronze de uma mulher nua em seu quarto. Uma estátua de uma silhueta esguia e ligeiramente lustrosa de uma mulher que chegou a comprar por impulso quando a viu no mercado. Quando visitei o quarto de Zanoba pela primeira vez, foi apenas para vê-lo também totalmente nu, com os braços em volta da estátua – a culpa foi minha por não ter batido. Ele correu para vestir as roupas e se curvou para mim, se desculpando por me mostrar algo tão feio.
Não havia necessidade de ele explicar o que estava fazendo. Seu amor era anormal. A neve ainda caía periodicamente nos Territórios Nortenhos e se alguém saísse sentiria frio, então não era preciso ser um gênio para descobrir o quão gelada uma estátua feita de metal deveria estar. Ele estava se arriscando a congelar por causa de seu desejo. Ninguém poderia fingir tanta dedicação.
Ainda assim, eu poderia realmente entender como ele era. Afinal, fiz coisas semelhantes na minha vida anterior. Dito isso, eu nunca o perdoaria se tentasse algo com a estátua de Deus (a estatueta da Roxy).
Pensando bem, não a vi no quarto dele. Me perguntei se tinha a deixado para trás, em Shirone.
Ou assim pensei, até os acontecimentos daquele dia.
Me deparei com Zanoba de repente se prostrando na minha frente.
— Mestre, por favor, me ensine como criar estatuetas!
Estava de noite e eu tinha nas mãos o esboço de uma nova estatueta. No último mês, falei várias vezes para que Zanoba esperasse um pouco mais. Ele esperou como um cachorro obediente, mas parecia que sua paciência estava chegando ao limite.
— Você não me prometeu?! Por que ainda se recusa a me instruir?!
Zanoba parecia um pouco zangado. Eu não tinha motivos para o rejeitar, é claro. Eu tinha prometido a ele, e estava refrescando as minhas habilidades para esse propósito. A razão de ainda não ter começado era em parte porque as coisas ainda não tinham se acalmado, e em parte porque não tinha encontrado a oportunidade, já que isso não estava relacionado ao meu objetivo de principal.
— Zanoba, meu pupilo, esteja avisado que meus métodos de treinamento são rígidos! — Eu propositalmente adicionei um toque dramático ao meu discurso. O rosto de Zanoba ficou sério e ele balançou a cabeça com severidade.
— Claro. Mestre, peço que por favor não subestime a minha resolução. Mesmo se eu começar a cuspir sangue, ainda juro aprender as técnicas secretas de sua criação de estatuetas.
— Bom, esse é o espírito.
E foi assim que comecei a ensinar Zanoba a fazer estatuetas. Usava meu tempo à noite, antes de dormir, e o ensinava por cerca de uma ou duas horas por dia.
Eu também tinha um motivo oculto. O amor desse homem por estatuetas era genuíno e, por acaso, ele também era da realeza, o que significava que era rico. Embora eu já tivesse desistido da ideia, sua ajuda poderia me permitir adicionar cor às minhas estatuetas e começar a produzi-las em massa. Este mundo tinha a tecnologia para criar estátuas de bronze e de estilo ocidental. Se reapropriássemos essa tecnologia, seríamos capazes de produzir estatuetas em grande escala, mesmo com a qualidade podendo ser diferente das originais.
Eu começaria com a produção massiva da estatueta de Roxy. Depois disso, trabalharia na estatueta de Ruijerd. Escreveria um livro glorificando a Tribo Superd por sua lealdade, contando a história do abismo entre um herói que o mundo inteiro reconheceu e um homem que não foi reconhecido. Retrataria as lutas e conflitos que ele enfrentou enquanto trabalhava duro, embora as pessoas não o aceitassem. Então colocaria a estatueta como um item bônus de venda. Seria um conjunto, um livro com uma estatueta grátis. No caso de dar certo, poderia lançar outro livro glorificando os feitos de Roxy.
Sim, isso poderia funcionar! Podia ser algo impossível para se fazer sozinho, mas apesar de suas falhas, Zanoba ainda era parte da família real. Ele era cheio da grana e também de paixão. Era o parceiro de negócios ideal. Havia aquele ditado de não contar com os ovos enquanto ainda estivessem dentro da galinha, mas eu já estava fazendo exatamente isso.
— Tudo bem, então vou começar a transmitir minhas técnicas especiais para você!
— Sim, Mestre!
Nossa criação de estatueta havia apenas começado.
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Vamos pular para a conclusão. Ele não conseguia. Zanoba era incapaz de usar magia da terra não verbal para criar estatuetas.
Havia dois motivos para isso. Um era que não podia usar magia não verbal, e o outro era que sua capacidade total de mana não chegava nem perto da necessária.
Para ser sincero, havia muito pouca gente neste mundo que poderia usar magia não verbal. Os únicos que conheci foram Orsted, Fitz e Sylphie. Houve outro exemplo nesta escola, um professor que podia usar magia do vento sem encantamentos, mas ele tinha morrido no ano anterior.
Eu não tinha percebido, já que fazia isso desde a infância, mas a magia não verbal era uma técnica de alto nível. Parando para pensar, nem Eris nem Ghislaine foram capazes de usá-la com sucesso. Fazia sentido que alguém como Zanoba, que tinha acabado de começar a aprender magia, não pudesse fazer isso.
O outro problema era sua capacidade de mana. Para mim, criar estatuetas era uma maneira eficaz de usar minha reserva infinitamente crescente de mana. Mas, realmente, isso indicava que criar uma estatueta exigia uma quantidade imensa de poder mágico. Foi então que percebi pela primeira vez que eu tinha uma reserva de mana consideravelmente maior do que a maioria das pessoas.
Eu achava que minha reserva de mana fosse um pouco maior do que a da maioria, mas nunca pensei que a diferença fosse tanta. Como um aventureiro, vendo outros magos usarem todo o seu poder mágico, achei que fosse só porque desperdiçavam muita mana na forma como a usavam. Para demonstrar a diferença nos números, eu costumava pensar que se um aventureiro normal tivesse um reservatório máximo de 100, então eu provavelmente teria cerca de 500 se comparado. Na realidade eu, pelo visto, tinha muito, muito mais.
De qualquer forma, eu à parte – nunca sonhei que Zanoba não fosse capaz de formar uma única peça para uma estatueta. Ele tentou muito. Acordava pela manhã, exauria sua mana até desmaiar, então acordava e a usava toda ela de novo até voltar a desmaiar. Suas bochechas ficaram tão fundas que seu rosto parecia uma caveira cheia de lágrimas e muco escorrendo por ela. O que ele mais queria fazer era algo para o que não tinha talento. Esse fato estava claro.
O que fiz com ele? Refleti sobre minhas ações e pedi desculpas.
— Sinto muito.
Zanoba balançou a cabeça e respondeu, cansado:
— Não, se eu fosse mais habilidoso… — Sua aparência era a de um homem abatido pelo sofrimento. O olhar de um homem tão derrotado que se afogava na tristeza.
Entretanto, ainda não podíamos desistir.
— Então tá bom, vamos tentar algo diferente — falei.
— Existe outra maneira?! — Zanoba, que momentos antes estava sofrendo, de repente se recuperou e sentou-se na minha frente.
— Sim, vamos fazer o melhor que pudermos e usar uma maneira que não use magia — falei, conjurando um pedaço de terra; argila, para ser mais específico. — Criei isso com magia, mas você também deve ser capaz de encontrar na natureza pelo mundo. — Eu tinha ouvido histórias de um famoso oleiro que se escondeu nas montanhas, mas as montanhas e florestas deste mundo estavam infestadas de perigos. Será que existiam bestas feitas com algo semelhante a argila?
— O que você vai fazer com isso?
— Cinzele isso.
Cinzelamento. Esse era o método mais primitivo, mais confiável, mas também o mais difícil. Precisaria cinzelar a argila para formar cada parte. Isso tornaria a criação de estatuetas possível até mesmo para alguém sem mana. O único problema era que não tínhamos ferramentas de cinzelamento, mas deveríamos ser capazes de encontrá-las procurando por itens mágicos no mercado. Eu já tinha até visto, em algum lugar, uma faca que poderia cortar pedras como se fossem feitas de manteiga.
— Agora eu entendo, Mestre. Com este método, até eu seria capaz de criar estatuetas! — Zanoba ergueu a voz em empolgação. Seu rosto estava cheio de esperança.
Essa esperança, no entanto, foi facilmente destruída dentro de uma hora.
Ele não era muito hábil com as pontas de seus dedos. Isso era graças ao poder com o qual nasceu – sua força sobrenatural. Isso mesmo – sua “bênção” estava atrapalhando. Ele poderia se conter o suficiente para não quebrar as coisas, mas essa era a extensão do seu controle. Fazer um trabalho delicado, como cinzelar cada parte com uma precisão cuidadosa, era difícil para ele.
Zanoba trabalhava duro, dia após dia, com seus olhos ficando até mesmo vermelho-brilhantes enquanto o fazia. Sua paixão era genuína. Ele era tão dedicado a criar estatuetas que não dormiu e trabalhou até a beira da morte. Nada saiu conforme o planejado e teve que refazer seu trabalho inúmeras vezes. Cada vez que isso acontecia, chorava, gritava e emitia outros ruídos estranhos.
Finalmente, terminou – uma estatueta que ele mesmo criou, do zero. Com certeza não era uma obra de arte. Era amadora e aqueles de meu mundo teriam rolado de tanto rir ou feito memes dela. Mas eu sabia que isso era uma representação de sua paixão, então definitivamente não iria rir. No entanto, mesmo sem meu escárnio, o próprio Zanoba sabia que estava malfeita.
— Mestre, eu não posso fazer isso. Eu… Eu não posso fazer estatuetas como você! — soluçou ele.
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— E foi isso que aconteceu.
Decidi pedir ajuda ao Mestre Fitz. Foi realmente lamentável para mim, como mestre de Zanoba, revelar suas falhas e pedir o conselho de um estranho, mas eu queria pedir a sabedoria de outra pessoa. Senti muita pena do meu pupilo.
— Você está criando… estatuetas? Com magia? — Fitz não foi capaz de compreender. Estávamos sentados com nossas cadeiras lado a lado, e ele inclinou a cabeça enquanto ouvia minha história.
— Sim, assim. — Usei magia da terra para rapidamente produzir uma simples forma humana. O mais discretamente possível, é claro, já que magia era proibida na biblioteca. A estatueta simples que criei instantaneamente parecia um sarubobo pelado (um amuleto vermelho em forma de humano intimamente associado a Takayama, na Prefeitura de Gifu, uma cidade do meu mundo anterior).
— Uau. Olha isso, que incrível!
O olhar do Mestre Fitz ficou paralisado enquanto examinava de perto a estatueta que eu havia criado. Então, como se para testar se ele poderia fazer o mesmo, canalizou mana na ponta dos dedos e conjurou um monte de lama cuja forma retorcida parecia um slime.
Achei o fato dele tentar imitar o que viu na mesma hora incrível. Sua magia, entretanto, não tinha assumido a forma esperada. No final, ele soltou um suspiro cansado e desistiu.
— Não consigo fazer isso — disse.
Bem, minha técnica para criar estatuetas era algo em que trabalhei diligentemente por um longo período de tempo. Ficaria aos prantos se ele pudesse copiar após ver uma só vez. Ainda assim, ele parecia ser capaz de fazer o mesmo no caso de praticar. Afinal, podia usar magia não verbal.
— Esta não é uma técnica que uma pessoa normal pode imitar — concluiu Mestre Fitz.
— Verdade. Como método alternativo, pensei que seria possível tentar cinzelar um monte de argila, mas…
— Mas seus dedos não são hábeis o suficiente para fazer isso — concluiu Mestre Fitz. Ele cantarolou e colocou a mão no queixo enquanto pensava. Ele tinha o hábito de fazer isso quando estava pensando em alguma coisa. Os óculos de sol o faziam parecer excepcionalmente elegante naquela pose.
Em uma nota semelhante, sempre que estava envergonhado ou incomodado por algo, coçava a parte de trás da orelha. Esse seu comportamento era adequado para sua idade e só me tornava cada vez mais encantado por ele. Certo, ouvi que elfos têm vidas longas, então não tinham necessariamente a idade que pareciam ter.
— Hmm… ah é! Não tenho certeza se vai ajudar, mas havia alguém com um caso semelhante ao de Zanoba na capital de Asura.
— Alguém com um caso semelhante, você disse?
— Sim, aquela pessoa tinha algo que queria fazer sozinha, mas não tinha as habilidades ou técnicas necessárias — comentou Mestre Fitz.
— Então o que fez?
Quando perguntei, ele hesitou em responder, coçando a parte de trás da orelha.
— Uh, bem, fez um escravo fazer as coisas.
— Aha.
De acordo com a história do Mestre Fitz, a pessoa na capital tinha o conhecimento necessário, mas não as habilidades, então comprou um escravo, mandou alguém ensiná-lo a fazer as coisas e então aquele escravo criou o que ela queria.
— Com base no que você disse, uh, Zanoba gosta das estatuetas que você faz e gostaria de ter mais delas, então disse que quer fazê-las por si mesmo, certo? — esclareceu Fitz.
— Huh…? Foi isso que eu disse?
— Um, não era isso que quis dizer?
Era mesmo esse o caso? Bem, embora um simples entusiasta por estatuetas pudesse as pintar ou remodelar, não pensaria em tentar fazer uma do zero. O máximo que fiz na minha vida anterior foi me divertir um pouco com remodelação nua.
— Tenho certeza de que Zanoba gostaria que você se tornasse seu criador pessoal de estatuetas, mas ele sabe que isso é impossível, então provavelmente é por isso que está pedindo para ensiná-lo.
— Na verdade, não acho que isso seja impossível — acrescentei. Eu poderia morar no Palácio Real Shirone, empregado por Zanoba, fazendo estatuetas todos os dias. Essa não seria uma maneira ruim de viver a vida. Trabalhar em um palácio real também me garantiria uma boa renda. Pensando nisso, quanto será que o Mestre Fitz recebia da Princesa Ariel? Achei que seria rude perguntar. — Bem, vou tentar sugerir essa opção para o Zanoba. Obrigado pelo conselho.
— Sim, de nada.
Abaixei a cabeça e Mestre Fitz me deu um sorriso cheio de dentes.
Por que me senti tão abalado quando vi aquele sorriso? Isso era um mistério. Um mistério do já misterioso homem conhecido como Fitz.
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Compre um escravo, ensine-lhe a técnica e peça-lhe que crie uma estatueta. Quando mencionei esse plano para Zanoba, ele logo se animou e começou a planejar com alegria a compra de seu escravo. Por mais que isso tenha me surpreendido, a proposta de Fitz de ter um escravo voltado para isso era um método amplamente aceito neste mundo.
Ainda assim, como estávamos em uma relação mestre-pupilo, Zanoba disse que achava que seria rude pedir que eu ensinasse a um escravo no lugar dele. Afinal, este era o homem que jurou desde o início que aprenderia a fazer sozinho, mesmo que cuspisse sangue. E foi por isso que nunca propôs o método, mas ficou aliviado quando o sugeri.
— E então decidimos ir ao mercado de escravos durante as férias do próximo mês. — Eu estava mais uma vez agradecendo ao Mestre Fitz pela sua ajuda. Fiquei muito grato por ter alguém de quem pudesse pedir conselhos quando precisasse.
— Isso é bom. Espero que encontre um adequado. — A conversa parecia ter acabado, mas o Mestre Fitz parecia um pouco inquieto. — Ah é, também vou estar livre nas férias do próximo mês — disse ele.
— Ah, sério?
— Sim, então, um, já que não tenho nada para fazer, estava pensando em ir na cidade, mas realmente não tenho nenhum lugar em particular para ir, ou quaisquer amigos, então acabaria sozinho…
Ele estava desesperadamente insinuando algo com suas palavras. Seria boa ideia um guarda-costas como ele ir para a cidade? Não precisava estar ao lado da princesa para o caso de algo acontecer? Bem, não é da minha conta. Luke provavelmente encontraria uma maneira de fazer tudo dar certo.
— Uh, você gostaria de ir conosco durante as férias do próximo mês? — perguntei.
— Você não se importa? Não vou atrapalhar?
— De forma alguma. E, como forma de agradecer pelo seu conselho, vou te pagar uma refeição.
— Sério? Então ficarei feliz em aceitar essa oferta — disse Mestre Fitz, me mostrando aquele sorriso cheio de dentes enquanto ria.
Foi assim que nós três acabamos indo para o mercado de escravos. No próximo episódio: Uma flor em cada mão?! Uma aventura às compras de tirar o fôlego com o elfo sorridente e o príncipe com força sobrenatural!
Brincadeira.
Tradução: Taipan
Revisão: PcWolf
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