Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 08 – Cap. 00 – Prólogo – Atoleiro, O Aventureiro

 

 

Passaram cinco anos desde a calamidade comumente conhecida como Incidente de Deslocamento da Região de Fittoa. O lorde suserano de Fittoa, Sauros Boreas Greyrat, estava morto, assim como seu filho Philip Boreas Greyrat, o prefeito da Cidadela de Roa, e a esposa de Philip. Pouco depois, foi relatado que a filha de Philip, Eris Boreas Greyrat, também morrera. Como resultado, o ministro de alto escalão Darius Silva Ganius cortou o financiamento dos esforços da região de Fittoa para rastrear seus cidadãos desaparecidos. Enquanto alguns indivíduos continuaram a busca por conta própria, o Esquadrão de Busca e Resgate foi oficialmente dissolvido. O campo de refugiados mudou o foco da busca por sobreviventes para a recuperação de seus meios de subsistência.

No que diz respeito ao Reino Asura, o Incidente de Deslocamento acabou. Aqueles que o experimentaram em primeira mão, no entanto, estavam longe de satisfeitos.

 

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Ano Quatrocentos e Vinte e Dois do Dragão Blindado.

O Ducado de Basherant, um país proeminente no noroeste do Continente Central, uma das três Grandes Nações Mágicas. Sua terceira maior cidade era Pipin, e nessa cidade vivia um aventureiro que se tornara o assunto local. Ele era conhecido nas ruas como Atoleiro.

O homem em questão foi teletransportado para bem longe durante o Incidente de Deslocamento e passou vários anos tentando retornar à Região de Fittoa. Ao retornar, ele – como muitos outros – se desesperou com as consequências do desastre. Viajou para a parte norte do Continente Central, também conhecido como Territórios Nortenhos, em busca de um membro da família que ainda estava desaparecido, e vasculhou cada país enquanto trabalhava como aventureiro.

As manhãs do Atoleiro começavam bem cedo. Como um homem profundamente religioso, se levantava antes do amanhecer para oferecer uma oração silenciosa diante de sua relíquia divina, que estava guardada em uma pequena caixa. Mas este não era um sacramento da crença Millis. Na verdade, aqueles da crença Millis provavelmente levantariam uma sobrancelha ao objeto de sua adoração. Apesar de tudo, ele parecia a imagem da piedade com a cabeça inclinada em oração.

Depois de suas orações matinais, Atoleiro vestia um traje atlético e corria pela cidade. Como dizia ele: “Posso ser um mago, mas antes disso sou um aventureiro. E um aventureiro tem que ser capaz de se mover quando necessário.” Após cerca de uma hora de corrida, iniciaria um ritual de treinamento especial de sua terra natal, um como nunca havia sido visto no Ducado de Basherant. Ficava deitado de bruços com a barriga no chão e se levantava pelos braços, e fazia isso cem vezes. Então se deitava de costas e levantava a parte superior do corpo em direção aos joelhos por mais cem vezes. Assim que terminava, se agachava e ficava de pé mais cem vezes. E seguia essa rotina diariamente, sem falhas.

— Meus músculos ficam com ciúmes. Se eu não prestar atenção neles todos os dias, eles ficam irritados comigo. Igual a uma mulher. Embora, ao contrário de uma mulher, não vão simplesmente sumir e desaparecer de repente. Os músculos não te traem. Não é mesmo, Hulk, Hércules?

Atoleiro, um homem que nomeou suas próprias partes do corpo, diria isso com uma risada – uma que parecia um pouco solitária.

Terminando seu treino matinal na hora em que o resto da cidade estava acordando, ia para o refeitório no primeiro andar de sua pousada para tomar o café da manhã. Era dito que os aventureiros comem o dobro ou o triplo das porções de uma pessoa comum. E, dito isso, a comida na Região Norte era cara, então muitos comiam com moderação – mas não era o caso do Atoleiro. Ele devorava tigelas cheias de arroz cozido e pratos de feijão.

Depois do café da manhã, se dirigia para a Guilda dos Aventureiros – um local no meio da cidade onde outras pessoas rudes se reuniam. Os olhos de todos se voltavam para ele quando entrava. Atoleiro não tinha um grupo próprio, preferindo se aliar a outros, caso a caso, para enfrentar missões difíceis. Havia alta demanda por um mago tão excepcional quanto ele.

Como de costume, o líder de um grupo de rank S o atacou naquele dia.

— Yo, Atoleiro, ficou sabendo? Há um Wyrm Vermelho errante ao norte!

Era Soldat Heckler, um aventureiro de rank S. Ele era um homem com características profundamente esculpidas, características daqueles que viviam no norte, que possuía habilidades de nível Avançado no estilo Deus da Espada e habilidades de nível Intermediário no estilo Deus da Água, e que era um aventureiro famoso por essas partes. Ele liderava um grupo conhecido como Líder Escalonado, um dos muitos grupos controlados pelo clã Raio, que trabalhava por todas as terras de Basherant.

Seu grupo tinha seis membros: dois espadachins, um guerreiro, dois magos de cura e um mago ofensivo. Em determinado momento tiveram sete membros, mas um mago deu o fora. Como resultado, estavam com pouco poder de fogo e Soldat ocasionalmente solicitava que o Atoleiro se juntasse a eles.

— Ei, Atoleiro. Não está na hora de você se tornar um de nós? Você se sente confortável trabalhando conosco, certo?

No entanto, o Atoleiro simplesmente balançava a cabeça.

— Não. Agora que fiquei famoso por aqui, estarei indo para o próximo país em breve.

Ele estava procurando por sua mãe. O Atoleiro sabia muito bem que encontrar uma única pessoa em um mundo tão vasto, cinco anos após o Incidente de Deslocamento, seria um desafio difícil. Então escolheu fazer um nome para si mesmo em todos os lugares que fosse, meticulosamente vasculhando seus arredores enquanto trabalhava de um país para outro, na esperança de que, se ficasse famoso o suficiente, poderia ser sua mãe quem o encontraria.

— Ah, mas eu irei com você para eliminar o Wyrm Vermelho. — Atoleiro aceitou o pedido de Soldat. O sucesso de acabar com um dragão aumentaria sua fama; isso estava alinhado com seus objetivos. Ele prontamente se dirigiu ao balcão para se registrar no grupo. — Mas não podemos ir só nós, certo??

— Depois vamos encontrar mais algumas pessoas. Será nosso primeiro grande trabalho em muito tempo. Todo mundo está ansioso para participar.

As missões de matar dragões sempre foram realizadas por vários grupos – se um grupo tentasse fazer isso sozinho, seria como uma tentativa de suicídio. Desta vez, cinco grupos anunciaram sua intenção de participar da incursão. Eram eles:

Líder Escalonado, grupo de rank S.

Cavaleiros Tirante, grupo de rank A.

Corporação Conjunto de Ferro, grupo de rank A.

Cave A Mond, grupo de rank A.

Bêbados Sem Noção, grupo de rank A.

Um total de vinte e cinco aventureiros, um pouco menos que os sete grupos e quarenta pessoas recomendados como mínimo para matar um dragão. Soldat estava ficando frustrado. Nesse ritmo, a missão iria escapar por entre seus dedos.

— Ei, ei, estamos falando de um Wyrm Vermelho! Vocês vão conseguir um monte de ouro de uma só vez em uma missão como essa, então por que não há mais gente?! E vocês não são todos de rank A?! Onde diabos estão os outros grupos de rank S?!

— Ouvi dizer que recentemente descobriram um labirinto ao leste — disse alguém voluntariamente. — Devem ter ido todos verificar.

Outro homem gemeu.

— Nós vamos desistir. Não tem como isso dar certo.

Os quatro membros do Cave A Mond retiraram-se, deixando-os com vinte e uma pessoas. Parecia inevitável que o resto seguisse o exemplo, mas assim que todos se preparavam para debandar, Soldat falou:

— Tudo bem, vinte e uma pessoas! — declarou autoritariamente. — Isso significa apenas que cada um de nós ficará com uma fatia maior!

Os aventureiros reunidos pareciam nervosos, mas nenhum deles ousou se opor às suas palavras.

Todos os vinte e um deles caminharam pela terra árida e coberta de neve da Região Norte. As árvores tinham perdido suas folhas e seus galhos estavam salpicados de branco. Em breve, o longo inverno começaria.

— Atoleiro, cuide da patrulha.

— Certo.

Seguindo as ordens de Soldat, o Atoleiro conjurou um pilar para impulsioná-lo no ar. Examinando os arredores de sua posição elevada, retransmitiu o que viu. O Wyrm Vermelho era enorme. Contanto que examinassem a área periodicamente, não havia como o perder de vista.

— Hm. — Parecia que o Atoleiro havia encontrado algo. — Ursos Esplendorosos se aproximando às duas horas. Há um monte deles. Estão levantando uma enorme nuvem de neve!

— Quantos?

— Oito… não, dez deles! Eles nos perceberam! Estão vindo direto na nossa direção, e rápido!

Eles não estavam ali para matar ursos. Seu alvo era um Wyrm Vermelho, e como havia tão poucos deles, não podiam desperdiçar sua energia lutando contra outros monstros. Ainda assim, quando as roupas de alguém pegavam fogo, não tinha escolhas a não ser parar, se jogar no chão e rolar.

— Todos, espalhem-se! Atoleiro, volte para baixo. Nos cubra!

— Certo!

Por ordem de Soldat, os quatro grupos se espalharam, planejando emboscar o rebanho de ursos monstruosos enquanto eles avançavam.

— Atoleiro!

— Tá!

Sob o comando de Soldat, ele instantaneamente conjurou uma piscina incrivelmente pegajosa de lama logo adiante. Assim como seu apelido indicava, ele era hábil em lançar o feitiço Atoleiro. A manada de ursos mergulhou no pântano inesperado e seus movimentos ficaram mais lentos.

— Agora!

Os aventureiros atacaram de uma só vez. Como era de se esperar de guerreiros de alta classificação, derrubaram uma besta após a outra. Não foi mostrada qualquer misericórdia.

Entretanto, quando sobraram apenas alguns ursos, se escutou um grito.

— Ei, o Wyrm Vermelho! Está vindo!

— É disso que os ursos estavam fugindo! Argh!

— Ei, Atoleiro! Que droga é essa?! Você não estava relaxando, estava?!

— Não consegui ver através da nuvem de neve!

O plano deles era localizar o wyrm de longe e lançar um ataque surpresa. Em vez disso, foram pegos desprevenidos por um ataque surpresa. Não tiveram chances. Os Wyrms Vermelhos normalmente eram criaturas voadoras, mas seus membros fortes os tornavam mais leves do que se possa imaginar, e eram inimigos poderosos mesmo no solo.

— Merda! Retirada! Retirada!

Em meio ao caos, o Atoleiro entrou em ação.

— Vou lançar uma cortina de fumaça! Todos, separem-se e corram! Névoa Profunda!

Ele estava calmo. Usou magia de fogo com facilidade, derretendo a neve para criar uma parede de vapor d’água – uma cortina de fumaça improvisada usando os recursos naturais ao seu redor. O wyrm, entretanto, era astuto. Era sábio o suficiente para identificar a ameaça primária e eliminá-la primeiro, o que significava que o Atoleiro se tornara seu alvo.

— Gah…!

Ele correu na direção oposta de seus companheiros. Se o inimigo estava focado nele, então era seu dever usar isso para dar tempo a seus camaradas para fugirem.

Atoleiro era ágil, de pés leves, conduzindo o Wyrm Vermelho a ficar correndo em círculos. Seu treinamento diário estava se provando útil. O fogo se acendeu na boca do wyrm enquanto ele perdia a paciência, e as chamas se espalharam, banhando seus arredores em fogo em um piscar de olhos. Esta era uma das habilidades únicas da criatura: sopro de fogo. Uma criatura viva apanhada na trajetória seria frita até ficar crocante.

Então, isso significa que o Atoleiro já estava morto?

Não – ele continuava vivo. Logo conjurou uma enorme parede de água para se proteger e ainda continuou se movendo, cortando a cortina de vapor d’água que se erguia no ar. Ignorando as brasas subindo nas pontas de seu robe, criou um Canhão de Pedra e lançou seu projétil em alta velocidade.

Aquilo perfurou as escamas do wyrm.

— Graaaah! — gritou a criatura.

Atoleiro disparou contra a criatura, uma vez após a outra. O Wyrm Vermelho evitou vários projéteis, mas eram fortes e rápidos, e eventualmente, o monstro deu meia-volta e fugiu. Era uma besta inteligente. Logo entendeu que havia um grande poder escondido dentro do pequeno recipiente que era aquele mago.

Mas o Atoleiro não o perseguiu. Iria realmente deixar uma presa tão boa escapar? Por um momento, até pareceu ser o caso, mas…

— Gu… graaah! — rugiu a besta.

Correra direto para aquela poça pegajosa, afundando completamente na lama gosmenta. O Atoleiro canalizou mais mana para a água pantanosa e, enquanto o wyrm lutava para se libertar, a gosma se agarrou a ele com ainda mais firmeza do que antes.

— Eeh, ele ficou preso lá — murmurou o Atoleiro, parecendo surpreso ao finalizar o dragão com um enorme Canhão de Pedra.

Os outros aventureiros, que se espalharam quando o caos começou, voltaram um por um.

— Droga, Atoleiro, você é realmente forte.

— Parece que não foi só conversa fiada quando você disse que viajou pelo Continente Demônio.

— Sempre pensei que você fosse forte, mas não posso acreditar que realmente derrotou aquela coisa!

Atoleiro, que sabia que a arrogância gerava discórdia, não deixou os elogios subirem à sua cabeça.

— Bem, ele já estava machucado. De qualquer forma, ajudem-me a desmantelar a coisa e dividir os despojos. Peguem todos tudo o que puderem.

— Tem certeza? Você basicamente matou ele sozinho, sabe?

— Não seja tolo… Além disso, não posso carregar tudo sozinho e, se deixarmos aqui, atrairá outros monstros. Peguem o que puderem e vamos queimar o resto. Não queremos que ele se transforme em um dragão zumbi.

Com isso, a missão que deveria ter sido uma viagem de ida e volta de sete dias foi concluída em um único dia. A parte do Atoleiro no saque – escamas, ossos e até carne do Wyrm Vermelho – foi vendida por uma pequena fortuna. Ele voltou para a pousada com uma bolsa cheia de moedas, comeu uma refeição mais modesta do que normalmente fazia no café da manhã e então se retirou para seu quarto, onde o homem fiel deu graças a seu Deus por ter sobrevivido com segurança durante o dia. Esse ritual pareceria peculiar aos não iniciados, mas era importante para ele.

E assim, o dia do Atoleiro chegou ao fim. No dia seguinte, retomaria, mais uma vez, a busca por sua família.

 

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Ponto de Vista do Rudeus

Aconteceu em uma noite enquanto eu jantava no pub. Sozinho, é claro. Comer era um assunto individual. Eu estava sozinho e endinheirado. Mas não solitário, tá, de forma alguma! Digo, eu odiava multidões.

— Foi então! Foi então que o Wyrm Vermelho apareceu!

Três trovadores se apresentavam no palco do pub. Um ficava na frente e contava a história em um tom claro como o de um sino, enquanto os outros dois combinavam sua música com seu ritmo, colocando efeitos sonoros aqui e ali.

Trovador: uma carreira em que alguém subia no palco, cantava e tocava música para obter trocados. Em cidades maiores, assinavam contratos exclusivos com teatros. Muitos eram aventureiros que transformaram suas experiências em canções ou compuseram épicos a partir de contos interessantes que ouviram de outras pessoas. O conceito de copyright não tinha chegado a este mundo, então os trovadores regularmente reorganizavam as músicas uns dos outros e até colaboravam uns com os outros em algum material conjunto. Alguns chegavam a se associar a quem tocava instrumentos diferentes e formavam uma banda para viajar pelo mundo juntos – claro, aqueles que o faziam também tinham alguma habilidade marcial. Aventureiros que sabiam cantar, dançar e lutar – era isso que as pessoas deste mundo chamavam de trovadores.

Eu já tinha visto aqueles três antes, no palco da Guilda dos Aventureiros. Eles eram um grupo de rank C chamado Orquestra dos Caras Grandes; um nome maravilhoso que falava de seu desejo por popularidade. Infelizmente, suas habilidades eram um pouco deficientes. Apesar disso, continuaram produzindo novos materiais, e até me questionaram extensivamente sobre a missão de matar o dragão que completei há vários dias. A música que estavam cantando era baseada naquela história. Quase como um YouTuber com um título previsivelmente intitulado como “Fiz ____ e olha no que deu!” Espera, não é bem assim.

Música nunca foi minha praia, mesmo na minha vida anterior. Uma vez tentei criar uma música no Vocaloid, mas falhei miseravelmente. Desde então, disse às pessoas que o único instrumento que eu poderia tocar era o tambor de bunda. E, por isso, quero dizer dar tapas na minha bunda com ambas as mãos. O que esses trovadores estavam fazendo – criando algo novo com base no que eu havia dito a eles, e apresentando isso – era algo que eu nunca poderia fazer. Suas habilidades podiam precisar de um pouco de polimento, mas tive que reconhecer a criatividade.

Infelizmente, o tom seco e narrativo da música não estava caindo tão bem para o resto do público. Alguém zombou, chamando aquilo de chato e exigindo que tocassem outra coisa.

Cara, que frio. Especialmente quando o protagonista da música está sentado tão perto.

Bam!

A porta do pub foi aberta. O ar gelado entrou aos sopros. Todos viraram os olhares. Meu corpo tremeu.

— Finalmente te encontrei, Rudeus, o Atoleiro!

A recém-chegada era uma elfa de cabelo comprido emaranhado em tranças grossas. Ela tinha a aparência de uma aventureira, com uma mochila, uma espada e um escudo no quadril, mas usava o que parecia ser um vestido. Seu rosto era, em uma palavra, lindo. Ela tinha olhos grandes e entreabertos, orelhas pontudas e cabelo loiro radiante. Também era incrivelmente magra, com o peito plano – e eu mencionei as orelhas? Era realmente a perfeita imagem de uma elfa.

E estava apontando para mim. Todos voltaram seus olhares para mim.

— Gah! No final das contas você estava aqui, Atoleiro… — O cara que tinha zombado dos trovadores parecia não estar gostando da bagunça, mas o ignorei. Afinal, eu era generoso.

— Então você finalmente me encontrou, hein… — falei despreocupadamente para a elfa, embora não fizesse ideia de quem diabos ela fosse. Nos últimos anos eu não tinha feito nada que pudesse dar qualquer motivo para alguém guardar rancor de mim. Ajudei as pessoas, evitei brigas e tomei cuidado para não atrair o tipo errado de atenção. Foi a primeira vez que uma mulher bonita me procurou, será que eu tinha feito suficiente bem em geral para que as pessoas começassem a me procurar para agradecer?

De alguma forma, achei que não fosse isso.

— Você se sobressai como um polegar dolorido, igualzinho me falaram. Te encontrei na mesma hora!

— Espera, você disse “finalmente” há apenas um segundo, não disse?

— Pensei que você estava mais ao leste — disse ela, com seus lindos olhos fixos em mim. Por alguma razão, havia baba escorrendo de sua boca. Ela a lambeu.

O quê, ela se apaixonou por mim à primeira vista? Estava com água na boca ao ver o físico atlético que construí nos últimos tempos? Hehehe, bem, eu estava ficando em forma. Além disso, estava bem no meio da puberdade e começando a ganhar massa muscular.

— Qual é o problema?

— Ah, não, nadinha! — A elfa pigarreou e se sentou ao meu lado.

O pub explodiu em oohs e aahs. Ouvi as pessoas sussurrarem:

— E pensar que o Atoleiro tinha uma mulher durante esse tempo todo!

Eu também não podia acreditar. Foi um choque grande o suficiente para levar lágrimas aos meus olhos.

— Uff. — Ela largou a mochila e puxou a cadeira ruidosamente na minha direção. Estava tão próxima. Digo, muito próxima mesmo. Próxima o suficiente para que, se eu fosse virgem, pudesse ter pensado erroneamente que ela gostava de mim. Isso é perigoso, Senhorita. Se você se apaixonar por mim, vai acabar se queimando.

— Meu nome é Elinalise, Elinalise Dragonroad. Fazia parte do grupo de seu pai…

— Ah. — Então era isso. Ela provavelmente tinha algum tipo de mensagem.

— E também sou amiga da Roxy.

— O quê! Minha professora! Onde ela está? — Inclinei-me para a frente em meu assento, animado por ouvir outra pessoa dizer o nome de Roxy pela primeira vez em muito tempo. Rezar para ela era a única coisa que me fez continuar durante os últimos anos.

— Mais importante! — Em vez de responder à pergunta número um em minha mente, Elinalise se aproximou o suficiente para me beijar e colocou os lábios em meu ouvido. — Ouvi dizer que você matou um Wyrm Vermelho sozinho, é verdade?

— S-sim, bem, meio que só o deixei às portas da morte, de qualquer maneira.

— Agora entendo por que a Roxy era tão orgulhosa de você.

— Fico feliz em saber que minha professora está se gabando de mim por aí… Não, isso faz cócegas. O que você está fazendo?

— Tocando seu peito. Você é muito forte. — Elinalise estava tocando meus braços e peito. Seu dedo roçou o pingente que Lilia me deu. — Ora, ora, que exótico. Quem te deu isso?

— Nossa empregada.

— Empregada? Ela é uma elfa?

— Hã? Não, não é. Ora, ora, por que está perguntando sobre isso? — falei. Oops. Comecei até a falar como ela.

— Isso não importa. — Elinalise não pareceu incomodada com meu deslize. Ela me mostrou a bainha que estava pendurada em seu quadril. Possuía um pingente preso a ela com o mesmo formato do meu, embora feito de forma muito mais elaborada. Uma amadora fez o meu, enquanto o dela foi claramente feito por alguém habilidoso. — Estamos combinando — disse ela, aconchegando-se contra mim.

Ela se tornou extremamente próxima desde que apareceu.

— O que está acontecendo aqui? Você gosta de mim?

— Sim, você é um bom homem. Mais do que eu esperava. Estou surpresa. Achei que você fosse mais infantil… você é tão musculoso, tão maravilhosooo.

Ela provavelmente estava apenas brincando comigo, mas isso meio que fez meu coração disparar.

— Uhhhm… heh, você também é muito bonita, senhorita.

Eu não ficaria todo nervoso, feito um virgem. Deslizei meu dedo sob seu queixo e o inclinei para cima. Quando fiz isso, ela fechou os olhos suavemente, como se esperasse por um beijo. Assim que comecei a me perguntar que tipo de piada era essa, sua mão escorregou pela minha nuca.

Sério? Eu definitivamente estava sentindo algumas vibrações sexuais ali, mas, uh? Estava tudo bem? Eu estava realmente livre para dar a ela um grande beijo molhado?

No momento em que pensei isso, seus olhos se abriram.

— Ah não, eu não posso. Que vergonha.

— Por favor, não me provoque assim — reclamei.

— Eu não provoco os homens. Mas também não tenho intenção de me tornar filha de Paul e quero continuar sendo amiga da Roxy.

Bem, tanto faz, não importava; eu não tinha intenção de sair com ninguém, de novo, tão cedo assim.

— Então, Senhorita Elinalise, você tem algum negócio comigo?

— Sim. Trouxe boas notícias.

— Boas notícias?

Elinalise sorriu para mim.

Foi nesse dia que soube que o paradeiro de Zenith havia sido confirmado.

 


 

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Bravo

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