Deixamos o Reino Shirone e viajamos muito, muito para o oeste. Nosso destino era o Reino Asura. A estrada que levava a essa região era cheia de planícies, e o tempo quente era o suficiente para deixar todos sonolentos. Em ambos os lados da estrada havia campos de grama até onde a vista alcançava, e diretamente à frente estava o contorno tênue das Montanhas Wyrm Vermelho. Acima delas, era possível ver sombras circulando lentamente. Estava sendo bem tranquilo.
De vez em quando, bandidos que não conseguiam ler a situação direito se aproximavam e exigiam que largássemos nossas coisas e partíssemos. Eris gentilmente realizava os desejos de todos, largando seu punho de ferro na cara deles e fazendo-os correr para longe. Ruijerd quis abater todos que apareceram, mas quando descobrimos que estavam fazendo isso graças à fome, ele decidiu deixar que fugissem. Mas só desta vez.
Embora este fosse o Continente Central, a estrada em torno dessas partes não era particularmente segura. Gostaria que aprendessem com o povo do Continente Demônio. Por lá nunca aparecia nenhum bandido, mas, em troca, os monstros apareciam com uma frequência assustadora.
O fato de as pessoas poderem fazer o que quisessem pelas redondezas, por si só, era uma prova de quão pacífica era esta região. Se viajássemos um pouco mais para o norte, entraríamos em uma tremenda confusão criada por países guerreando. Na verdade, esse conflito era provavelmente a causa para o número crescente de bandidos locais.
Então, deixe-me explicar um pouco as características geográficas das redondezas. As Montanhas Wyrm Vermelho eram uma enorme cadeia de montanhas que se estendia pelo Continente Central, dividindo-se em três partes, com os Wyrms Vermelhos residindo nelas. Era dito que eles eram os monstros mais fortes do Continente Central. A força deles em um mano a mano era avassaladora, e normalmente formavam hordas que chegavam à casa das centenas.
E sua habilidade de detecção era digna de elogios. Eles nunca deixavam nada que invadisse seu território passar despercebido, mesmo se fossem animais tão pequenos quanto cachorros. E não importava o quão feroz o oponente fosse – os Wyrms se juntariam e o devorariam, com ossos e tudo. Se alguém invadisse o território deles, estaria morto. Isso era de conhecimento comum neste mundo.
E também existiam várias espécies de dragões diferentes. Cada uma delas era classificada como rank A ou até mesmo superior. Entre eles, o Wyrm Vermelho era o mais feroz e perigoso. Só um deles já seria de rank S, mas sempre vagavam em grupos e dominavam territórios vastos. E como a cordilheira era o lugar que essas criaturas chamavam de lar, passou a ser conhecida como Montanhas Wyrm Vermelho: Uma cordilheira intransitável que se tornou um símbolo de morte.
Os Wyrms Vermelhos eram bestas perigosas, mas ainda tinham uma fraqueza. Possuíam excelentes habilidades de combate, mas voavam muito mal e não conseguiam alçar voo de forma decente. Para voar, precisavam pular de penhascos altos ou descer por enormes declives. Embora o Continente Central tivesse montanhas altas, a terra era ocupada principalmente por planícies enormes ou florestas. Portanto, era raro aqueles que viviam nas planícies serem atacados por um Wyrm Vermelho.
Certo, às vezes havia algum monstro idiota que era levado por uma corrente de vento e acabava indo parar em alguma planície. O rei supremo que cai dos céus perde seu poder… ou assim diziam, mas esses caras não perdiam seu poder. Aqueles que iam parar perto dos vilarejos humanos propagavam o caos e destruíam tudo o que encontravam. Quando isso acontecia, os aldeões chamavam soldados ou aventureiros para lidar com a perturbação. Mesmo se os pedidos de extermínio fossem classificados como de rank S, grupos com cerca de dez pessoas eram formados para atrair a criatura para uma armadilha, tornando-os relativamente fáceis de caçar. E, também, a carne e os ossos de dragão eram materiais de alta qualidade, usados para fazer armaduras, e seu couro era extremamente valorizado, assim como uma obra de arte. Claro, não eram apenas essas partes que tinham valor. Todo o corpo de um Wyrm poderia ser usado para uma ou outra coisa.
Embora o prêmio para a derrubada de uma criatura dessas fosse dividida entre dez pessoas de uma mesma equipe, ainda era dinheiro o suficiente para que vivessem muito bem durante um ano inteiro. Para ser mais preciso, um dragão valia cerca de cem peças de ouro. Mesmo se não pudessem aceitar a missão diretamente, pelo visto havia muitos novatos de rank C que impulsivamente aceitavam o desafio apenas pelo lucro que poderiam tirar do corpo de um Wyrm. Claro, a maioria deles era grelhada viva e depois devorada.
Havia dois pontos de passagem por essas montanhas, onde um grande número de Wyrm Vermelhos morava. Eram desfiladeiros localizados entre dois precipícios, conhecidos respectivamente como Mandíbula Inferior do Wyrm Vermelho e Mandíbula Superior do Wyrm Vermelho. Essas ravinas existiam desde a época da Segunda Guerra Humano-Demônio e eram os únicos caminhos que, na época, eram grandes o bastante para que soldados suficientes passassem. Percebendo isso, Laplace aproveitou a oportunidade para lançar os Wyrm Vermelhos sobre os exércitos que tentaram avançar. Ruijerd confirmou essa história, então não havia dúvidas sobre sua veracidade.
Nossa carruagem estava se movendo em direção à Mandíbula Inferior do Wyrm Vermelho, que conectava as regiões sul e oeste do Continente Central. Assim que passássemos por lá, estaríamos no Reino Asura. No entanto, íamos fazer um contorno para dar a volta nas montanhas, e havia entre nós uma jovem senhorita que detestava os caminhos indiretos.
— Não precisamos desviar dessa coisa. Temos Ruijerd conosco; poderíamos cortar direto por aquelas montanhas! — disse Eris, sendo completamente irracional enquanto olhava para os Wyrm Vermelhos voando calmamente em círculos, acima da cordilheira.
— Não seja ridícula — respondeu Ruijerd com uma risada amarga.
Pensei que poderíamos cruzar as montanhas com ele em nosso grupo, mas até o Superd achava essa ideia impossível. Nesse caso, não tive opções. Afinal, não conseguiria derrotar Ruijerd.
— Mas Rudeus definitivamente poderia fazer isso! — Eris bufou.
— Não, sem chances. Do que você está falando?
— Ghislaine disse que já matou um Wyrm Vermelho retardatário uma vez!
— Ela matou? — Eu nunca tinha ouvido essa história. Talvez não fosse uma daquelas de sua época como aventureira. Se fosse, Paul certamente teria se gabado disso.
— Pelo que eu ouvi, ela lutou contra um antes de se tornar uma Santa da Espada!
— Eh? Sozinha?
— Uh, bem, pelo que ela disse, estava com mais uns cinco espadachins de nível Avançado.
— E quantos deles morreram? — pressionei.
— Dois — respondeu Eris.
Sua idiota, pensei. Isso significa que 40% do grupo pereceu. O que no mundo a fez pensar que eu poderia derrotar uma daquelas criaturas?
— Além disso — falei —, há uma diferença de força entre os retardatários e os que estão aqui nestas montanhas. Afinal, esses aqui estão no ar, sabe?
O voo dava aos Wyrms uma grande vantagem contra os humanos. Este não era um videogame em que uma característica de voo poderia ser facilmente contra atacada com arcos e flechas. Além disso, eles se moviam em grupos. Uma coisa era enfrentar os Rei Dragões, cujos grupos consistiam em apenas alguns Wyrms, ou os Wyrms Negros, que não formavam grupos. Com a forma como os Wyrms Vermelhos se moviam em grupos de centenas, não havia nenhuma maneira de alguém ter esperanças de abatê-los um a um.
— Estou certo, Senhor Ruijerd?
— Sim. Qualquer um que enfrentar uma horda de Wyrm Vermelhos não terá esperanças. Se houvesse alguém que pudesse, seria o campeão mais poderoso entre os Sete Grandes Poderes. Até o Deus do Norte e o Deus da Espada provavelmente voltariam no meio do caminho.
— Você realmente acha isso? — Uau. Achei que os Sete Grandes Poderes poderiam facilmente acabar com dragões, mas parecia que me enganei.
— Sim, a resistência deles provavelmente se esgotaria no meio do caminho. E não é como se alguém pudesse descansar enquanto estiver rodeado por dragões.
Isso fazia sentido. Seriam várias centenas deles atacando sem parar, mesmo durante a noite. Deixando a força de combate de lado, seus números esmagadores fariam a diferença.
— Dito isso, Laplace subjugou o Rei dos Wyrm Vermelhos, então aqueles que estão no topo dentre os Sete Grandes Poderes provavelmente poderiam passar sem problemas. Mas se estivéssemos falando dos antigos Sete Grandes Poderes, então até mesmo o Deus do último lugar poderia passar por esse território sem ser perturbado, tenho certeza.
— Mas eu ainda gostaria de caçar um deles algum dia… — Mais uma vez, Eris estava expressando suas ideias perigosas de sempre. Eu tinha certeza de que seria recrutado para ajudá-la quando aquele “algum dia” chegasse.
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Outro dia tranquilo. Dentro de apenas mais alguns já estaríamos na Mandíbula Inferior do Wyrm Vermelho.
Eu estava pensando no Deus Homem enquanto preparava uma refeição para o grupo. Pensando, mais especificamente, no que havia acontecido no Reino Shirone. Para ser totalmente honesto, na minha opinião, parecia que as coisas estavam indo um pouco bem demais. Talvez o Deus Homem, além de sua premonição, também tivesse o poder de mudar o futuro.
Não. Mesmo se eu não estivesse carregando aquela estatueta comigo, tinha a sensação de que Ginger teria atraído Zanoba para me conhecer, de uma forma ou de outra. E ele ainda estaria com sua estatueta de Roxy, ainda teria dito as mesmas coisas, e eu ainda teria apontado para a pinta que fora apagada.
E o que aconteceria se tivesse contado meu nome real para Aisha? Sozinha em uma pousada com seu irmão pervertido… Se eu fosse ela, teria temido por minha castidade. Aisha era uma garota inteligente. Ela estava tentando enviar uma carta, então poderia muito bem roubar meu dinheiro e fugir.
Eu tinha certeza de que, se isso acontecesse, eu sairia a sua procura. Assim que descobrisse que ela estava desaparecida, perderia toda a compostura e, sem pensar nas consequências, sairia lançando magias para todos os lados, tentando chamar a atenção de Ruijerd. Eu diria que tinha encontrado minha irmã, mas que ela fugiu, e então o Superd me ajudaria a procurá-la. Ele era bom com as crianças. Eu tinha certeza de que ela confiaria nele.
Quanto mais considerava isso, mais começava a pensar que o conselho do Deus Homem foi só para garantir que as coisas aconteceriam mais ou menos da mesma maneira, não importa o que eu fizesse. Isso era provavelmente o que estava acontecendo. Mesmo se não tivéssemos decidido aceitar a ajuda de Ruijerd, ele de alguma forma teria acabado viajando conosco. Não importa qual olho eu escolhesse do arsenal de Kishirika quando a conheci, ainda teria sido capturado pela tribo Doldia na Grande Floresta.
O Deus Homem estava levando muita coisa em consideração ao me dar conselhos. Talvez eu pudesse confiar nele. No entanto, assim como antes, não conseguia entender seus motivos. Se pudesse descobrir o que ele queria, poderíamos nos dar bem.
Enquanto eu refletia sobre as minhas conversas com o Deus Homem, Eris e Ruijerd estavam treinando juntos, assim como de costume. Ultimamente, Eris tinha ficado tão forte que se tornou uma verdadeira surpresa. Há apenas um ano, eu poderia facilmente derrotá-la ao usar meu olho demoníaco. Mas, agora, isso era impossível. Eu provavelmente ainda poderia sair ganhando, mas só se usasse meu olho demoníaco e toda a minha mana, e, ainda assim, seria por pouco. Se começássemos a batalha enquanto mantivéssemos alguma distância, eu certamente venceria, mas uma batalha de longa distância me privaria de todo o contato físico que poderia ser criado, então não poderia chamar isso de vitória verdadeira.
De volta à conversa sobre talento. Pensei que tinha trabalhado duro, mas Eris foi bem mais além. A qualidade e a quantidade de seu trabalho duro eram suficiente para transformar o meu em nada. Meu corpo simplesmente não conseguia acompanhar. Minha resistência, para os padrões japoneses, era só mediana, mas para os padrões deste mundo, era medíocre.
Enquanto ficava preocupado com esses pensamentos, o treino do dia chegou ao fim.
— Terminamos.
— Haa, haa… sim…
Nos últimos tempos, Ruijerd tinha parado de perguntar para Eris se eles treinariam ou não. Isso não precisava mais ser mencionado. Eris estava naturalmente absorvendo tudo.
— Eris — disse repentinamente Ruijerd, quando ela foi até onde eu estava.
— O quê? — Ela pegou o pano molhado que eu tinha torcido e estava oferecendo. Então o passou por dentro das roupas, enxugando seu suor. A garota costumava simplesmente tirar o sutiã e se limpar, mas eu ficava muito excitado com isso, então passou a manter suas roupas, mesmo sendo provavelmente nojento manter todo aquele suor grudado em seu corpo.
Foi mal, pedi desculpas comigo mesmo.
— A partir deste dia, você pode se chamar de guerreira — disse Ruijerd enquanto se sentava.
Uma guerreira, hein? Não uma espadachim, mas sim uma guerreira? Por que…? Ah. Finalmente entendi o que ele queria dizer.
Eris deslizou a mão sob a axila para enxugar o suor, depois parou.
— Isso quer dizer que…?
— Agora você é uma adulta — disse Ruijerd calmamente.
Eris estava meio trêmula quando jogou o pano de volta para mim. Usei magia de água para enxaguá-lo, depois o torci com força e balancei no ar para secar. Ela se sentou ao meu lado. Eu já tinha visto essa expressão em seu rosto. Era a que fazia quando ficava muito feliz, era quando um enorme sorriso ameaçava aparecer em seu rosto, mas a garota tentava contê-lo, pensando que precisava agir de forma reservada.
— M-mas, Ruijerd, eu ainda não te derrotei!
— Não faz mal. Você já tem força suficiente como guerreira. — Talvez essa fosse sua maneira de dar sua aprovação a Eris. Assim como Ghislaine fizera quando permitiu que a garota usasse o título de espadachim Avançada, Ruijerd agora estava fazendo o mesmo, dizendo que ela poderia se chamar de guerreira.
— Parabéns, Eris — falei.
Seus olhos viraram surpresos na minha direção.
— R-Rudeus, isso não é um sonho, é? Pode me beliscar?
— Você não vai me dar um soco se eu fizer isso?
— Não vou te socar.
Já que eu tinha sua palavra, estendi a mão e belisquei seu mamilo com meus dedos. Bem suavemente, é claro. Ou será que sensualmente seria uma palavra mais adequada?
O punho de Eris, por outro lado, não foi gentil.
— Onde diabos pensa que está beliscando?!
— Desculpa… mas não é um sonho. Se fosse, não doeria tanto — falei, ficando pálido enquanto passava a mão no queixo. Em contrapartida, o rosto de Eris ficou brilhante de tão vermelho enquanto ela cobria os peitos com os braços.
— Isso mesmo, uma guerreira… — Ela olhou para a palma da mão como se pudesse finalmente sentir o poder que estava ali.
— Mas não fique cheia de si. Isso significa que não vou mais te tratar como uma criança. Entendido? — Ruijerd parecia até um pai educando a sua criança.
— Tá! — Eris mantinha um olhar manso enquanto respondia, embora suas bochechas estivessem tremendo, ameaçando revelar um sorriso.
Nossa refeição pareceu ainda mais deliciosa do que o normal.
Naquela noite, quando Eris estava se acomodando para dormir, algo começou a me incomodar. Chamei Ruijerd, que estava de vigia enquanto mantinha os olhos fechados.
— Por que você disse aquilo para Eris?
Ele entreabriu os olhos e me encarou.
— Porque não importa quanto tempo passe, você continua tratando-a como se ela fosse uma criança.
Certo, vamos pensar nisso... Eris era criança ou não? Ela era vinte e dois anos mais nova do que eu quando morri na minha vida anterior. E também fui seu tutor incrivelmente paciente desde que ela era pequena, mesmo quando a garota me usou como seu saco de pancadas pessoal. O que havia de errado em vê-la como uma criança?
Claro, Eris tinha começado a ficar mais e mais madura, e isso não era apenas em relação ao seu corpo em desenvolvimento. Aos poucos, mas sem parar, começou a aprender o que era certo ou errado. Ela raramente ficava furiosa sem pensar direito nas consequências. Seus instintos selvagens não tinham desaparecido por completo, mas a frequência de suas explosões caiu. Seria possível dizer até mesmo que estava evoluindo de uma criança para uma adulta. Ou era o que eu gostava de pensar, como se fosse melhor do que ela, e não era como se alguém pudesse me chamar de adulto exemplar ou brilhante, mesmo da forma mais lisonjeira de todas.
— Hmm…
Ruijerd fechou os olhos, em silêncio.
— Ah, bom, tudo bem se você não entender.
Por alguma razão, tive um mau pressentimento quanto a isso. Isso parecia muito com os tipos de palavras finais que os personagens da TV soltavam antes de serem mortos.
— Senhor Ruijerd.
— O quê?
— Por favor, coloque esta moeda de ouro no bolso em seu peito — falei, tirando uma moeda do meu próprio bolso para jogar em sua direção.
O homem parecia confuso. Afinal, não tinha nenhum bolso em seu colete. Ainda assim, conseguiu encaixá-la perfeitamente em um ponto da costura próximo ao seu peito.
— Certo, e para que isso?
— Um amuleto de boa sorte.
Satisfeito, fui dormir.
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Poucos dias depois, finalmente chegamos à entrada do Reino Asura: A Mandíbula Inferior do Wyrm Vermelho. Quatro meses se passaram desde que deixamos o Reino Shirone.
Quando as coisas aconteceram, aconteceram rápido demais. Para ser mais específico, coisas ruins aconteciam quando menos se esperava. Na minha antiga vida, meus pais morreram de repente. Meus irmãos indo atrás de mim também foi algo repentino. Paul me mandou para ser um tutor sem qualquer aviso prévio. Ser transportado para o Continente Demônio também foi repentino.
Havia algo mais que eu ainda não tinha percebido, e era o quão duro este mundo realmente era. Quão facilmente as pessoas morriam. Não importa quem fosse, a morte poderia chegar em um instante. Não existiam exceções.
Levaria muito tempo, mas, eventualmente, chegaria a entender a morte como um fenômeno que aparecia do nada para roubar as pessoas que me eram importantes. Se, naquela época, eu já soubesse disso, agora não precisaria me lamentar tanto. Se ao menos tivesse falado mais sério quanto a ficar mais forte – forte o bastante para não ser derrotado por ninguém.
Depois do que aconteceu, não pude deixar de ser consumido por arrependimentos, desejando ter trilhado um caminho um pouco diferente.
No entanto, havia uma coisa que eu poderia dizer:
Eris nunca deixou de me impressionar.
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