Eu já estava com doze anos.
Só percebi isso quando olhei para o meu cartão de Aventureiro e, de repente, vi o número doze na coluna de idade. Quando foi que meu aniversário passou que nem percebi? Uma viagem dessas acabou distorcendo meu senso de tempo.
Mesmo assim, passaram dois anos desde que fomos teletransportados, hein? Só precisamos de dois anos para viajar pelo Continente Demônio e pelo Continente Millis. Ou, se olhasse de outra forma, já tinham passado dois anos inteiros.
De qualquer forma, o Reino Asura estava quase diante de nós. Depois do que aconteceu no Continente Millis, parecia improvável que passaríamos por muitas dificuldades desse ponto em diante. Tínhamos dinheiro e meios para viajar. A única coisa com que me preocupava era não saber o paradeiro do resto da minha família: Zenith, Lilia, Aisha e também Sylphie. Apesar dos esforços de Paul, elas ainda não haviam sido encontradas.
Eu acreditava que ainda estavam vivas, mas não importava o quão ansioso estivesse para procurá-las, não seria fácil encontrar nenhuma delas. Tudo o que poderia fazer era tomar o tempo necessário para fazer um trabalho bem feito.
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Estávamos atualmente na extremidade leste do Reino do Rei Dragão, na cidade portuária de Porto Leste. Assim como em Porto Oeste, a cidade tinha um número considerável de pescadores e contrabandistas.
Reservamos uma pousada e começamos nossa reunião de estratégia. Como de costume, nós três nos reunimos em torno de um mapa, mantendo nossos rostos próximos.
— Tudo bem, vamos conversar sobre o que faremos daqui em diante.
Os outros dois olharam para o mapa com expressões sérias em seus rostos. Tínhamos feito isso vezes o suficiente para que eu esperasse que ficassem cansados disso, mas mesmo Eris – alguém sem paciência para conversas complexas – estava ouvindo com um olhar solene em seu rosto.
— Existem três rotas daqui para o Reino Asura — expliquei, apontando para o mapa que acabara de comprar. Era um mapa simples com contornos aproximadamente realistas de florestas e localizações de aldeias. A fabricação e venda de mapas detalhados era estritamente proibida neste país, tudo para impedir que outros países possivelmente conhecessem todas suas características. Bem, não importava, desde que soubéssemos a configuração básica do terreno. — A primeira é uma rodovia usada principalmente como rota comercial. — Usei meu dedo para traçar o caminho, que desviava para o leste ao redor das Montanhas Rei Dragão. — Esta é a rota mais segura. Com base em nossa velocidade de viagem, chegaríamos em dez meses.
— Por que temos que usar essa rota? — perguntou Eris, compreensivelmente confusa.
Apontei para o flanco oeste das montanhas.
— Porque se desviarmos para o oeste, vamos entrar em uma grande floresta. Essa é a segunda rota possível.
Uma vasta e densa floresta se espalhava pelas terras a oeste das Montanhas Rei Dragão, tornando impossível viajar de carruagem. Se estivesse familiarizado com o caminho, poderia economizar meses de jornada tomando esse caminho, mas isso exigiria uma viagem à cavalo. Eris e eu não aguentaríamos isso. Ruijerd provavelmente poderia montar um cavalo, mas não importa o quão pequeno eu fosse, não havia como três de nós seguirmos em um único animal. Se fôssemos seguir esse caminho, teríamos que percorrê-lo a pé.
Eu não tinha como descobrir quantos dias isso tomaria, mas sabia que basicamente todos escolhiam a rota segura do leste no lugar das outras alternativas. Tomar os outros caminhos não economizaria tanto tempo, então a rota do leste era, por si só, a mais rápida. Devagar se chega mais longe, costumam dizer. Ou ao menos foi assim que resumi a minha explicação.
— Certo, então podemos descartar o caminho do oeste — concordou Eris.
— Quanto à terceira rota possível… — Isso envolveria pegar um navio para o Continente Begaritt e depois fazer uma caminhada por terra até o Reino Asura. Eu não fazia ideia de quanto tempo essa rota tomaria. — Vou tirar isso da nossa lista de opções.
— Como assim?!
— Porque é perigoso — falei. A mana era ainda mais espessa no Continente Begaritt do que no Continente Demônio. A força média das bestas do lugar estava em pé de igualdade com as do Continente Demônio, e havia inúmeros labirintos subterrâneos que possuíam padrões climáticos bizarros.
O clima do lugar seria facilmente descrito com uma única palavra: Desértico. O continente não passava de um enorme deserto. Havia escorpiões gigantes do tamanho de uma grande tartaruga e inúmeros vermes enormes que atacavam principalmente os referidos escorpiões. Os dias eram extremamente quentes e as noites frias como o Ártico. Não havia quase nenhum oásis, então não havia onde parar para descansar. Conforme se aproximava do Reino Asura, a areia dava lugar a um terreno coberto de neve com temperaturas congelantes, e haveria cada vez menos monstros para caçar em busca de comida.
— Portanto, vamos seguir a rota leste.
— Como sempre, você é um covarde — reclamou Eris.
— Só tenho o coração fraco.
— Acho que eu poderia fazer isso sem problemas. — Parecia que Eris queria conhecer o Continente Begaritt. Seus olhos estavam brilhando. No entanto, a distância entre o Continente Central e o Continente Millis não era nada comparada com a distância entre onde estávamos e o Continente Begaritt.
— Precisaríamos passar um longo tempo em um navio caso escolhêssemos essa rota. Tem certeza de que ficaria bem com isso, Eris?
— Não iremos para Begaritt…
E foi assim que decidimos tomar a rota leste.
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Antes de perceber o que estava acontecendo, fui parar em um espaço totalmente em branco. E emoções começaram a brotar das profundezas de meu corpo. Era uma sensação tão familiar que eu já poderia descrevê-la com facilidade.
Nojento pra caralho.
— Já está recorrendo a essa linguagem chula? Continua tão grosseiro como sempre, pelo que vejo.
Diante de mim estava um mosaico indistinto em forma de pessoa: O Deus Homem.
Tch, agindo como se me conhecesse. Não posso acreditar que resolveu aparecer de novo, bem quando eu finalmente comecei a me esquecer de você.
— Sim, já faz um ano inteiro.
Sim, um ano inteiro. Faz muito tempo. Diz aí, você só aparece uma vez por ano? Se for o caso, vou ficar bem mais à vontade.
— Não, esse não é o caso.
Já tinha imaginado. Depois da primeira vez que você apareceu, resolveu dar as caras de novo após uma única semana.
— Deixando isso de lado, você continua tão frio quanto sempre quando fala comigo. E é graças a mim que você tem esse seu olho demoníaco, sabe.
Sim, bem, sou grato por isso… mas se tivesse me contado mais, eu não teria acabado naquela cela, e não teria perdido as informações importantes que resultaram na minha briga com Paul. Ah, droga, aposto que você achou isso tudo realmente divertido: Paul e eu batendo cabeça porque eu não sabia que minha família estava desaparecida, eu ficando deprimido depois e Eris me animando… e até minha reconciliação com o Paul.
— Bem, sim, aquilo foi divertido. Mas tem certeza disso?
Certeza do quê?
— Tem certeza de que é tudo minha culpa?
Tch… Droga. Esse lugar aqui me leva de volta para o passado. Para quando costumava culpar os outros por tudo. Já refleti sobre os meus erros. Refleti… Argh, droga, não lembro que tipo de reflexão eu fiz. Por que não consigo… Droga, droga!
— Bem, isso é parte do seu charme. Mas só um pouco de reflexão não será o suficiente para você seguir em frente.
Tanto faz. Só não estou conseguindo lembrar. Mas quando acordar vou lembrar de tudo. Sou capaz de reconhecer os meus erros. Então, vamos reiniciar nossa conversa. Decidi te escutar.
— Escutar? Hmm, isso sim é uma novidade. Vai mesmo ouvir o que eu tenho a dizer?
Sim, isso aí. Mas quero que me diga uma coisa.
— Que coisa? Não me importo de responder se for algo que eu saiba.
Quero saber onde a minha família está.
— Mas sua família não está em outro mundo?
Não tira com a minha cara. Zenith, Lilia e Aisha. Se possível, Sylphie, Ghislaine, Philip e Sauros também.
— Hmm.
Então? Perguntei direitinho.
— Não sei se devia te contar…
Você é só um voyeur que gosta de espiar a vida dos outros! Só vai me dizer o que te é conveniente? Conseguiu providenciar meu encontro com o Grande Imperador do Mundo Demônio, mas não consegue me falar onde minha família está?
— Tá, tá, foi mal. Acho que me exaltei um pouco.
Bom, ainda bem que você sabe o que fez.
— Mas tem certeza? Desta vez posso acabar mentindo para você.
Quê! Mentir?! Então, você finalmente admitiu! Isso aí, você é um mentiroso, não é?
— Estou perguntando se você será capaz de acreditar no que eu direi.
Não, eu não posso confiar em você. Esta é uma emergência, então farei o que você disser, mas se descobrir que mentiu para mim, nunca mais escutarei os seus conselhos. Entendeu?
— Quero que prometa uma coisa.
Prometer o quê?
— Se meu conselho permitir que você se reúna com sua família, quero que comece a confiar em mim.
Está pedindo para eu virar sua marionete? Que abane a cabeça para cada uma de suas ordens?
— Não, não estou pedindo que você vá tão longe. Mas vai ser bem cansativo se você for hostil desse jeito sempre que conversarmos, sabe?
Vai ser exaustivo mesmo se eu não for. Entende ao menos isso? Consegue imaginar como é ser assombrado por um passado que quer esquecer? Sabe como é sentir que todas suas memórias e seu crescimento foram jogados no lixo? E tudo só para ficar sendo oprimido por uma autodepreciação até acordar?
— Entendi. Fui meio injusto com você. Tudo bem, então por que não decidimos algumas regras? Que tal se eu começar a avisar com antecedência quando é que vou aparecer para dar alguns conselhos?
Sim, essa é uma ideia maravilhosa! Que tal só aparecer na minha frente de novo daqui a uns cem anos?
— Mas aí você já vai ter morrido, não?
Estou dizendo para você nunca mais me mostrar sua cara.
— Ah… Bem, já tinha imaginado que você diria isso. Tem certeza de que não quer nenhum conselho meu desta vez?
Não… Espera aí. Foi mal. Vou me comprometer. Se você puder me dar um conselho que vai me reunir com alguém da minha família, então deixarei de ser tão hostil quando conversarmos.
— E vai confiar em mim?
Não, não estou disposto a ir tão longe. Mas pelo menos vou parar de ter essas discussões sem sentido sobre te ouvir ou não.
— Bem, já é um começo.
Então, você também deve se comprometer. Pare de aparecer do nada igual sempre faz. Me avise com antecedência. Ou apareça nos sonhos de outra pessoa e use-as para passar a mensagem para mim.
— Isso seria difícil. Na verdade, há uma condição que deve ser cumprida para que eu seja capaz de aparecer nos sonhos de alguém.
Uma condição? Então isso significa que você não pode dar as caras sempre que quiser?
— Exatamente. Além disso, só posso aparecer nos sonhos de alguém que está na mesma sintonia que eu. Não tem muita gente capaz de receber meus conselhos em momentos tão fortuitos. Você é bem sortudo.
Eu poderia chorar de alegria. Enfim, há uma condição, hein? E qual é?
— E quem é que sabe? Nem eu tenho certeza disso. Tudo que sei é que de repente “aha!” sei que “é esse cara, e a hora é agora.” E é aí que consigo me conectar.
Ah, é? Então, isso significa que você também não pode controlar isso direito. Então esquece o papo sobre o aviso prévio. Vamos ver… Eu gostaria que você fosse mais detalhista em seus conselhos. Se tudo que você diz é “vá ali” ou “vá lá”, fico confuso quanto ao que devo fazer. Faz eu sentir que você só está brincando comigo.
— Tudo bem, mais detalhes. Entendi.
Certo. Então, vá em frente.
— Ahem. Bem, este é o meu conselho desta vez.
De repente, uma visão surgiu em meu olho demoníaco.
Um beco em algum país em algum lugar. Há uma garota sozinha e alguém que agarra sua mão violentamente. A pessoa que a agarrou é um soldado. E ali estão dois soldados. O outro está rasgando um pedaço de papel que tomou dela em pedaços. A garota o observa, gritando algo.
E a visão de repente terminou.
— Rudeus. Ouça-me com atenção. O nome dela é Aisha Greyrat. E atualmente está detida no Reino Shirone. Quando os eventos de sua visão acontecerem, você estará lá, a encontrará e a salvará. Mas não pode deixar que descubram seu nome. Chame a si mesmo de Mestre do Canil do Fim da Linha e pergunte os detalhes da situação para ela. Em seguida, envie uma carta a um conhecido no Palácio Real de Shirone. Se fizer isso, Lilia e Aisha serão resgatadas daquele lugar.
Hein? Espera, o quê? Não – espera, por quê? Conhecido? Uma carta?
— Isso foi detalhado demais? Mas se eu te contar muito, vai acabar com a minha diversão, então isso tem que servir. Bem, agora, me pergunto com qual você vai se dar melhor…
O quê? Lilia e Aisha estão no Reino Shirone? Por quê? Se estão lá, já deviam ter sido encontradas. E o que você quer dizer com isso de com qual eu vou me dar melhor? Significa que vou entrar em confronto com alguém?
— Boa sorte, Rudeus.
Sorte… sorte… sorte…
Enquanto a palavra ecoava em minha mente, minha consciência se desvaneceu.
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Acordei assustado.
— Ugh!
Minha cabeça estava latejando. A tontura estava insuportável e eu me sentia nauseado. Saí da cama e meio que corri direto para o banheiro, onde comecei a vomitar no vaso sanitário.
Estava com uma dor de cabeça terrível e meus pés não ficavam firmes. Quando saí do banheiro, a viagem de volta para o meu quarto pareceu muito mais longa do que quando saí correndo dele. Pressionei minha mão contra a parede e lentamente caí no chão. Na escuridão da pousada, pude ouvir alguém ofegando. Assustado, olhei em volta para encontrar a fonte, apenas para perceber que era o som da minha própria respiração.
— Algo de errado? Você está bem?
Um rosto branco flutuava na escuridão do corredor. Era Ruijerd. Ele estava me olhando com uma expressão preocupada no rosto.
— Aham… estou bem.
— O que você comeu? Consegue usar alguma magia de desintoxicação? — Ele puxou um pano do bolso e enxugou a área ao redor da minha boca.
Ao sentir o cheiro do meu próprio vômito, a náusea voltou a surgir. Mas consegui segurar o vômito, mesmo sentindo um enjoo enorme.
— Estou bem. — De alguma forma, consegui forçar algumas palavras para fora da boca.
— Tem certeza? — Ele ainda parecia preocupado.
Acenei com a cabeça. Já estava familiarizado com essa dor de cabeça. Já havia sentido isso antes, quando estávamos em Porto Vento.
— Sim, eu estava meio adormecido e não consegui controlar meu Olho da Previsão. Foi isso que aconteceu.
Quando havia usado o Olho da Previsão para olhar vários segundos do futuro, ganhei uma dor de cabeça parecida. E já tinha uma boa noção quanto ao motivo para isso ter acontecido. O sonho, aquele conselho e a visão que ele me fez ter – o Deus Homem me mostrou o futuro. E provavelmente fez isso usando meu Olho da Previsão.
— Então foi isso… — murmurei comigo mesmo. Ruijerd me lançou um olhar perplexo.
Lembrei-me de como me encontrei com a Grande Imperador Demônio na cidade portuária e obtive meu olho demoníaco. Lembrei-me de como foi repentino e como, por algum motivo, escolhi esse olho específico. Encontrei Gallus logo depois daquilo, mas o olho não contribuiu em nada durante nossa jornada marítima.
Claro, acabei derrotando o contrabandista graças ao olho, mas senti que poderia ter feito aquilo mesmo sem o usar. Para mim, não havia nenhum significado maior por trás da aquisição do olho demoníaco, mas talvez houvesse para o Deus Homem. Talvez a razão pela qual arranjou para eu encontrar a Grande Imperador Demônio foi para que pudesse usar o olho para me mostrar o futuro. Com certeza parecia que estava fazendo preparativos bem cuidadosos para alguma coisa.
Minha ansiedade apareceu e, pela primeira vez, temi o Deus Homem. Tive a impressão de que aquele ser, aquela criatura com forma indefinida e incrível poder, estava tentando me usar para alguma coisa. Isso fez um arrepio correr meu corpo.
— Rudeus, você está pálido. Tem certeza de que está bem? — Ruijerd voltou a perguntar, parecendo preocupado.
Quase deixei minha ansiedade transparecer. A verdade é que desde que te conheci, o Deus Homem esteve me monitorando. Segui seus conselhos e fiz tudo que ele me disse.
Mas naquele momento, percebi algo. Desde que te conheci. Era isso. A primeira vez que entramos em contato foi pouco antes de eu conhecer Ruijerd. Naquela época, o deus também me aconselhou a ajudar o Superd.
Bem, isso era estranho. Por que não tinha me contatado antes?
Por que só entrou em contato logo após o incidente de Deslocamento?
Por que me aconselhar a ajudar Ruijerd em vez de apenas confiar nele?
Senti que essas coisas estavam de alguma forma conectadas. Não tinha nenhuma prova, mas, apesar disso, pensei em algo. Talvez o Deus Homem planeja usar Ruijerd para fazer algo.
Ele disse que só poderia aparecer em meus sonhos se uma determinada condição fosse atendida. O Superd talvez estivesse vinculado a essa condição, e por isso o deus não podia o manipular pessoalmente. Então, acionou o Incidente de Deslocamento para me transportar – alguém que se encaixava nesses critérios – para o Continente Demônio – e me guiou até Ruijerd, fazendo com que ele nos acompanhasse até o Continente Central.
Mas se fosse esse o caso, por que me ajudar a adquirir o olho demoníaco ou me dar conselhos sobre como salvar Aisha? Eu não sabia. Não sabia no que ele estava pensando. Eu não sabia se deveria dizer algo a Ruijerd.
Queria confiar em alguém, mas não achava que seria correto colocar ainda mais peso nos ombros do Superd. Talvez contar tudo satisfizesse as condições desconhecidas do Deus Homem, e ele então seria capaz de se comunicar diretamente com Ruijerd. Honestamente, ele seria facilmente enganado por qualquer coisa que o Deus Homem dissesse. Eu nem estava totalmente convencido de que o ser estava me dizendo a verdade, mas minha hostilidade ao menos dificultava para que não conseguisse me enganar. Queria acreditar que, enquanto continuasse assim, nada muito terrível aconteceria.
— Senhor Ruijerd, se você se encontrar em uma situação difícil e alguém sussurrar palavras doces em seu ouvido, nunca acredite no que dizem. Pessoas enganadoras te visam estrategicamente quando você é o mais vulnerável.
No final, não falei nada sobre o Deus Homem.
— Não tenho ideia do que você está falando, mas entendo.
Meus sentimentos estavam confusos enquanto o via me olhar tão seriamente e acenar a cabeça. Ruijerd confiava em mim, mas eu estava escondendo coisas dele. Na maior parte, era porque decidi que manter esses segredos ocultos seria o melhor curso de ação, mas isso não aliviou minha culpa.
Minha dor de cabeça e náusea desapareceram sem que eu percebesse. E então meus pensamentos começaram a pesar por um motivo diferente. Voltei para o meu quarto, mas mesmo depois de voltar para a cama não senti vontade de dormir. Meus olhos estavam bem abertos e ideias se agitavam na minha cabeça. Quando fechei os olhos, elas flutuaram na minha frente, uma após o outra.
— O que é isso…
Ouvi alguém falando enquanto dormia. Eris estava debruçada na cama ao lado, roncando. Suas pernas estavam bem abertas. Suas pernas torneadas emergiam de um par de shorts, e sua blusa estava subindo, expondo seu adorável umbigo. Mesmo se olhasse só de canto de olho para ela, poderia ver as curvas de seu peito. Eris não usava sutiã para dormir, então, se apertasse os olhos com força suficiente, poderia ver as pequenas pontas de seus seios. E também podia ver a baba escorrendo pelo seu queixo enquanto sorria em seu sono.
— Mmph.
Sorri ironicamente com suas conversas durante o sono e me levantei da cama. Puxei sua blusa de volta para baixo e reajustei o cobertor sobre seu corpo.
— Rudeus… é um pervertido…
A expressão em seu rosto era bem suja. E aqui estava eu, doente de preocupação, e ela ainda me chamava de pervertido.
Fiquei tentado a tocar seus seios, para que minhas ações pelo menos justificassem essa acusação, mas uma onda de sonolência tomou conta de mim. Bocejei e desabei de volta na minha cama.
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