Dragão.
O que pode ser dito sobre as criaturas que levam esse nome que ainda não tenha sido dito? O rugido que abala terra e céus, escamas carmesins brilhantes, o bafo quente com odor de miasma sulfuroso, as garras, presas e cauda incrivelmente afiadas. Criaturas com tesouro suficiente para financiar uma nação inteira, inteligência que supera a dos maiores sábios e vida eterna.
E um deles, uma das formas de vida mais poderosas do Mundo de Quatro Cantos, estava agora diante dos aventureiros.
— GROOGB! GOORGGBBB!!! — E, em suas costas, estava um goblin que se regozijava e cacarejava.
— …Isso parece uma piada de mau gosto — disse Matador de Goblins, quase a despeito de si mesmo, mas quem poderia culpá-lo?!
Em seguida, o dragão carmesim, ofendido, atacou com seu pescoço longo e espiralado, atingindo os pilares ao redor do grupo com o golpe. Os aventureiros haviam pulado para trás quase antes do dragão se mover, de modo que não foram feridos, mas os escombros e as moedas de ouro voaram como projéteis.
— GGOOGRGGBB!!!
Ao ver os aventureiros levantarem seus escudos ou se agacharem para evitar os destroços voadores, o cavaleiro goblin resmungou irritado. Puxou as rédeas em todas as direções e, a cada vez que fazia isso, o dragão se contorcia com uma raiva evidente.
Alta Elfa Arqueira, que havia pulado para outro pilar, soou estranhamente amarga para uma elfa superior ao exclamar: — Como um dragão se deixa dominar por um goblin?!
— Ah, acho que aquele goblin só acredita que está no controle — respondeu Lagarto Sacerdote enquanto batia no chão com a cauda muito mais à vontade, talvez até animado, do que a situação parecia justificar. — Na minha opinião, o dragão não está lhe dando atenção.
— Você acha que Comunicação pode nos tirar dessa, Escamoso?!
— Ha-ha-ha, esse pobre animal acabou de acordar e não tem interesse em conversar com ninguém. Minha humilde oração dificilmente faria diferença.
— Mas não podemos lutar contra um dragão…! — As palavras escaparam de Sacerdotisa sem que ela realmente quisesse. Independentemente disso, não era uma expressão de derrotismo, mas um simples reconhecimento da realidade da situação.
Dragon Slayer! Dragon Buster! Dragon Valor! Esses eram nomes dados apenas aos maiores heróis das lendas. Muitos aventureiros desafiaram esses monstros, mas apenas alguns saíram vitoriosos. Era um teste extenuante. O grupo tinha acabado de terminar uma aventura inteira nessa terra desértica. Em seu estado de exaustão, seria suicídio desafiar essa fera. As aventuras sempre implicam em algum grau de perigo, mas não havia apelo à insensatez ou à imprudência.
— Ataques meia-boca não vão nos levar a lugar algum! — disse Matador de Goblins ao avaliar rapidamente a situação, na esperança de tomar a iniciativa. — Acredito que um ataque rápido é nossa única opção. O que você acha?
— Concordo plenamente! — respondeu imediatamente Lagarto Sacerdote. — As batalhas têm sido bem constantes para nós… Estamos muito desgastados.
— E não nos restam muitos recursos do ponto de vista mágico. Acho que precisamos dar um jeito de fazer isso de primeira, ou não fazemos nada, embora eu não goste disso.
Anão Xamã estava franzindo a testa; tinha um catalisador de sua bolsa na mão e estava reunindo as últimas forças.
— Explosão de Pedras não vai nem arranhá-lo.
— Nesse caso…
Relâmpago. Sacerdotisa disse a palavra sem pronunciá-la. O rosto de Comerciante Feminina se transformou em uma máscara de ansiedade, terror e determinação, mas assentiu.
— V-Vou… dar o meu melhor!
Não tiveram muito tempo para essa pequena sessão de estratégia com o inimigo bem à frente deles, e agora, os aventureiros entraram em ação de forma decisiva.
— A-Aaaaahhh! — Comerciante Feminina gritou. Mais uma vez, a aventura é sempre perigosa, mas a simples tolice ou imprudência não é aventura; no entanto, quando Comerciante Feminina reuniu toda a sua coragem e se lançou à frente, ninguém poderia negar sua coragem. Quantos teriam tido a coragem de fazer o que ela fez quando confrontada por um dragão?
— Eu lhe darei cobertura! — Alta Elfa Arqueira gritou e começou a pular pelas ruínas disparando uma série de flechas para chamar a atenção do inimigo. Não é preciso dizer que, embora a contenção possa ter sido seu único objetivo, sua meta era clara: atingir o dragão no olho e acertar um tiro no cavaleiro goblin; mas o nível de armadura dessas escamas era muito alto.
Ao mesmo tempo, Comerciante Feminina entrelaçou os dedos, concentrando-se na imagem de um relâmpago. Mordeu o lábio, focando-se o máximo que podia em seu feitiço, encarando o dragão, embora estivesse pálida de medo.
Ou estava olhando para o goblin nas costas do dragão?
— Tonitrus… oriens… iacta! Erga-se e caia, trovão! — Ela formou o sigilo do feitiço e empurrou as mãos para a frente; um raio branco de eletricidade saiu uivando.
Houve um instante, entre o momento em que a serpente crepitante deixou seus dedos e o momento em que chegou ao dragão. Matador de Goblins não perdeu a oportunidade.
— Hraaah…! — Ele girou a espada em sua mão em um aperto reverso, então deu um passo, depois dois, três… e a arremessou o mais forte que pôde. Quase invisível contra o grande clarão branco, a arma foi lançada pelo ar em direção ao goblin…
Todavia, o raio ricocheteou. Talvez o poder mágico nas escamas do dragão, ou em seus olhos, fosse simplesmente demais. A criatura bateu as asas preguiçosamente, como se estivesse espantando uma mosca, então a espada de Matador de Goblins foi golpeada e quebrada.
— O quê…?!
— Eek?!
O dragão carmesim rugiu.
O estrondo do rugido eliminou o estalo do trovão de um momento antes; sacudindo o ar ao redor deles. Se alguém tocasse um instrumento de cordas usando luvas grossas de couro, talvez pudesse captar o mais fraco eco desse som.
A pressão da onda sonora tirou facilmente o equilíbrio de Comerciante Feminina, fazendo-a cair no chão.
— Hrm…! — Matador de Goblins, por sua vez, já estava se movendo. Talvez fosse a coragem de um aventureiro de nível Prata em ação, ou talvez estivesse apenas colocando em prática o antigo conselho de seu mestre: “Independente de qualquer coisa, continue se movendo!”
Seja qual for o caso, ele chegou a tempo. Pegou Comerciante Feminina enquanto ela ainda estava chiando e tremendo, mergulhando nas sombras de uma pilha de itens.
— Eep?! — Comerciante Feminina exclamou, mas ele a ignorou, a colocando à sua frente e protegendo-a da corrente de vento com as costas. Quando o dragão inspirou profundamente, houve um redemoinho que parecia usar todo o ar ao redor; sua garganta e peito se expandindo dramaticamente.
— …?! — Até mesmo Sacerdotisa sabia o que isso significava. Ela segurou seu cajado, quase tropeçando para frente ao lembrar das palavras de sua oração, mas…
Não vou conseguir…!
Essa era a realidade: Uma pequena garota humana teria muita dificuldade em tomar a iniciativa.
As mandíbulas do dragão se abriram. Podia até ver a luz ofuscante pairando por trás de suas presas. A luz que significaria a própria morte, se não conseguisse evitá-la. Por mais que procurasse, não encontraria nada em nenhum dos quatro cantos do mundo que pudesse detê-la. Queimaria a armadura de um herói e escureceria as paredes brancas de um castelo; isso se não as derretesse por completo.
O suor se acumulou na testa de Sacerdotisa. Suas mãos tremiam. Mesmo aqui, na frente de um dragão, tentou tecer as palavras de uma oração:
— Ó Dilofossauro, embora seja falso, conceda à minha respiração o miasma que sai de seus órgãos!
Antes que pudesse dizer as palavras, porém, uma forma maciça saltou à sua frente com agilidade bestial. Lagarto Sacerdote aspirou o maior sopro de ar que conseguiu e depois o soltou com toda a força.
— Kaaaaaahhh!
O bafo do dragão colidiu com a exalação ardente de Lagarto Sacerdote.
A nuvem ofuscante e abrasadora se expandiu pelas ruínas mais rápido do que o Vento da Morte Escarlate. Lagarto Sacerdote o enfrentou de frente, mas até ele estava em desvantagem. Foi empurrado lentamente, muito lentamente, para trás, com as escamas derretendo e caindo com o veneno.
— Nrrrgh…!
— Não, pare…! — Dessa vez, Sacerdotisa não chegou tarde demais. Correu em direção ao calor dilacerante, colocou a mão nas costas de Lagarto Sacerdote, ignorando a forma como queimava a carne de sua palma e orou. — Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, coloque tua venerável mão sobre as feridas desta criança!
Que as bênçãos da Mãe Terra estejam sobre ele!
Usar Proteção poderia muito bem ter lhe custado a vida. Estava pensando em parte da performance da dançarina. Que poder seria mais adequado do que o da Mãe Terra para resistir ao veneno de um dragão que está contaminando a terra?! Em resposta à oração desta fiel discípula, um milagre divino protegeu e curou o enorme corpo do homem-lagarto. A pele que parecia estar prestes a derreter até os ossos recuperou sua força, e imediatamente Lagarto Sacerdote se firmou no chão.
— Ha-ha! Comparado com a Fusão Explosiva de meus antepassados, isso não é nada!
Quando a fumaça do sopro do dragão se dissipou, Lagarto Sacerdote ainda estava de pé, orgulhoso, pronto para mais. A garota que havia lutado tanto para salvar sua vida e todos os seus outros companheiros estavam em sua retaguarda. Derrota — a morte que não gera vida — era a vergonha de um homem-lagarto. Tampouco era adequado usar armas e equipamentos contra um inimigo tão poderoso quanto este. Lagarto Sacerdote brandiu suas garras, presas e cauda, enquanto se preparava para enfrentar o dragão, uivando:
— Ó orgulhoso e estranho brontossauro, conceda-me a força de dez mil!
Em seguida, voou para o inimigo com um grito; seus membros se lançando para fora ao colidir com as garras do dragão carmesim.
Mas mesmo isso só poderia durar um tempo. A força de seus antepassados não duraria para sempre. A criatura à frente deles podia ser jovem, mas ainda era um dragão. Nem mesmo um homem-lagarto poderia resistir a ela.
Sacerdotisa, determinada a não desperdiçar o tempo que ele comprou, tentou respirar uniformemente enquanto se afastava. Talvez aquele último milagre tenha exigido muito dela, ou talvez tenha algo a ver com o sopro do dragão, mas sua visão parecia fraca; tudo ao redor parecia tão escuro… Parecia não conseguir respirar com seus pulmões. Seus braços e pernas estavam dormentes, tropeçando nos últimos passos.
— GOOROOGGBBB!!! — A maneira como o goblin cacarejava, embora provavelmente mal entendesse o que estava acontecendo, a irritava imensamente. Segurando seu cajado, com os olhos cheios de lágrimas, Sacerdotisa ainda conseguiu encarar o monstro com um olhar. Ela não estava chorando de medo; era simplesmente a maneira como seu corpo reagia enquanto lutava contra a dor.
Como poderia ser por medo? Não tenho medo!
— Você está bem?! — Alta Elfa Arqueira gritou para Sacerdotisa, pulando de um dos pilares e correndo até Matador de Goblins e Comerciante Feminina. Ela continuou atirando para dar-lhes tempo de se levantar e ajudar no suporte ao Lagarto Sacerdote, contudo, as flechas ponta de broto ricocheteavam nas escamas do dragão e o raro tiro que atingiu certamente não causou nenhum dano ao monstro. Ela poderia tentar mirar no goblin, mas cada vez que o dragão batia suas asas poderosas, suas flechas saíam em espiral. O goblin estava convencido de que era o seu puxão nas rédeas que estava causando isso e parecia bastante satisfeito consigo mesmo…
Alta Elfa Arqueira rangeu seus dentes perfeitos e se voltou para Anão Xamã.
— Você não tem algum tipo de magia anã que possa fazer algo a respeito dessa coisa?
— Estupor, Sono… É grande demais para o que eu tenho! — respondeu Anão Xamã de forma desanimadoramente racional. Ele tinha uma das mãos em sua bolsa de catalisadores, mas não soltou a Pedra Explosiva, apenas examinou friamente a cena da batalha. Entendeu que, se Relâmpago não conseguiu deter aquela coisa, seus feitiços provavelmente não conseguiriam romper suas defesas.
O modo como escolheria usar seus poucos feitiços restantes poderia determinar o destino do grupo. Aquele que simplesmente entoasse o que viesse à mente sem considerar as consequências não sobreviveria por muito tempo.
— Pode ser que o goblin adormeça, mas quando o dragão se mover, ele acordará de novo. Receio que não vá nocautear os dois.
— Consegue fazer só o dragão, então?!
— Então o goblin daria uma pancada no dragão e o acordaria!
O que fazer, então?
Matador de Goblins gemeu com a queimadura em suas costas, mas se levantou lentamente. O dragão pode ter acabado de acordar, mas aparentava não estar chateado o suficiente para incinerar seu próprio tesouro. Matador de Goblins não parecia ter nenhum ferimento em seus membros; a dor significava que a pessoa estava viva, que podia se mover. Não havia nenhum problema.
— Você está bem?
— E-eu sinto muito… — disse Comerciante Feminina em uma voz baixa e trêmula. Ainda estava encolhida abraçando os joelhos, com o corpo tenso. Seu cabelo cortado curto, suas roupas excelentes e a espada em seu quadril não mostravam nenhum sinal de queimadura. Seu mestre havia lhe dito que ter algo entre ele e uma explosão, ou fogo, fazia muito bem ao corpo humano e parecia que estava certo. Agradecendo em particular ao seu mestre do fundo do coração, Matador de Goblins pegou o braço da Comerciante Feminina e a puxou para se levantar.
Estavam lutando contra um dragão e ainda não tinham sofrido nenhuma perda. Pensava estar sendo um ótimo trabalho para alguém tão estúpido quanto ele. É claro que ele não tinha feito tudo sozinho.
— Mas não há espaço para erros… — Balançou a cabeça com o capacete, forçando-se a se concentrar, então fez uma análise da situação. Lagarto Sacerdote tinha o dragão carmesim sob controle, mas a próxima rodada de seu sopro provavelmente seria demais para ele. Matador de Goblins suspeitava que a única razão pela qual alguns deles ainda estavam vivos era porque o dragão ainda estava se livrando do sono.
O dragão não está protegendo aquele goblin, concluiu. Nenhum dragão poderia ser controlado por alguém como um goblin. Pelo menos não enquanto não houvesse goblins com sangue de dragão em suas veias, mas uma coisa tão ridícula não poderia existir. Isso deixa uma explicação. Ele está tentando derrubar o goblin.
Sim, era isso. O dragão acordou de mau humor quando um goblin pulou em suas costas, mas isso não significava que pudessem deixar as coisas como estavam ou tentar simplesmente fugir. Assim que o dragão se recompusesse, esmagaria o goblin, mataria todos os aventureiros, daria um de seus grandes rugidos e a próxima refeição que encontraria, seriam as mulheres que haviam sido salvas do criadouro de goblins.
Em outras palavras, como sempre, os goblins são a raiz de todos os meus problemas.
— Se derrotarmos o goblin, consegue fazer o dragão voltar a dormir?
— Posso pelo menos tentar! — Anão Xamã bateu em seu peito.
— É o suficiente.
Matador de Goblins assentiu com a cabeça. Suas resistências estavam bem reduzidas, restavam poucos feitiços, tinha perdido sua arma, estava com seus companheiros, ex-prisioneiras estavam atrás dele e seu inimigo era um goblin. A situação era sombria.
Mas e daí?!
Quase pensou ouvir o som de dados rolando nos céus. Grunhiu baixinho. Não se importava com eles.
Agora é só uma questão de fazer ou não fazer.
Ele tirou uma poção de resistência da bolsa em seu quadril, abriu a rolha e a derramou através de seu visor num só gole. Era melhor do que não ter nenhum alívio. Jogou a garrafa de lado e, em seguida, tirou a bolsa do cinto.
— Sabe como usar isso, não é?
— Hã? Ah…!
Ele jogou a bolsa para Sacerdotisa, que se mexeu surpresa, mas conseguiu pegá-la.
Seu equipamento: Estava confiando a ela, que descobriu que isso lhe dava força.
— …Sim, senhor!
— Cuide disso.
Sacerdotisa assentiu energicamente. Matador de Goblins simplesmente colocou uma mão áspera e enluvada firmemente no ombro de Comerciante Feminina, que se enrijeceu com a surpresa. A jovem parecia preocupada, seria por causa da ansiedade? Medo, talvez? Seus olhos pareciam estar vacilantes, mas Matador de Goblins olhou diretamente para eles de dentro de seu capacete.
— Vou matar todos os goblins. Isso não mudou.
Comerciante Feminina engoliu. Cerrou o punho para acalmar o tremor de suas mãos e em seguida, assentiu com a cabeça.
— Certo. Entendi.
— Bom.
Tudo estava bem, então o que precisava fazer em seguida estava claro. Mataria o goblin! Tudo o que tinha que fazer era se concentrar nisso. Matador de Goblins olhou para Lagarto Sacerdote lutando contra o dragão e depois para o resto de seu grupo.
— Estou indo. Me deem cobertura.
— Contra um dragão?! Muito bem, isso acabou de ficar interessante!
Matador de Goblins e Alta Elfa Arqueira começaram a se mover quase no mesmo instante, chutando moedas de ouro do chão à medida que avançavam. A elfa superior rapidamente ultrapassou o humano, pulando de um pilar para o outro, encontrando sua mira.
Retirou três flechas de sua aljava e as disparou em uma chuva de flechas. Voaram mais rápido do que a velocidade do som. Disparou em direção ao olho do dragão, sua garganta e o goblin em suas costas; contudo, nenhuma delas conseguiu penetrar nas defesas do dragão. Para um dragão carmesim, as flechas insignificantes e o goblin detestável eram tão incômodos quanto moscas. A criatura se mexeu com irritação e as flechas ricochetearam em suas escamas com um clack-clack-clack seco.
O que não daria por uma lança de vento forjada por anões e algumas flechas negras agora…! Alta Elfa Arqueira pensou, uma coisa muito frustrante para um elfo ter que pensar. Ela compensou gritando: — O que você está fazendo aí embaixo, anão?!
— Não se preocupe, tenho minha própria maneira de lidar com as coisas! — Anão Xamã respondeu de forma bem familiar, mas o suor estava se acumulando em sua testa e sua concentração estava esgotada.
Tentaria lançar um feitiço em um dragão. Era uma aposta de tudo ou nada. Se não usasse tudo o que tinha nesse momento, quando o faria? Não tinham nada de sobra. Bem, os aventureiros não tinham. O mesmo não poderia ser dito sobre o dragão…
Whoosh. Partículas de areia saltaram do chão à medida que o ar passava correndo e as orelhas de Alta Elfa Arqueira se mexeram.
— Hnrr… rrrgh… ghhh! — O milagre Dragão Parcial ainda estava em vigor, mas o sangue estava jorrando do corpo de Lagarto Sacerdote. Mesmo assim ele gargalhava como se estivesse realmente gostando disso, da loucura. Enfrentou seu adversário, mas não poderia durar muito tempo. O dragão carmesim abriu bem as mandíbulas sugando o ar para os pulmões mais uma vez.
Sopro de dragão!
Se fossem atingidos por outra daquelas baforadas monstruosas, nem Lagarto Sacerdote, nem nenhum deles sairia ileso. A carne apodreceria em seus ossos com o calor e o veneno. Morreriam onde estavam. Nesse aspecto, a elfa superior — descendente dos fae que viviam por praticamente toda a eternidade — não era diferente de nenhum deles. Ela sentia o medo da morte que se aproximava, assim como eles; no entanto, não correu, mas colocou outra flecha em seu arco e puxou a corda para trás. Ela tinha que mirar. Mire no…
— Nas mandíbulas! — Lagarto Sacerdote uivou. — Nós mordemos com muita força, mas os músculos que mantêm nossas mandíbulas abertas são muito mais fracos!
— É isso aí! É tudo… ou… nada! — Alta Elfa Arqueira olhou para os céus e soltou a flecha com toda a força que tinha.
No instante em que a flecha se afastou, começou a voar, voando contra o vento, em direção à luz ofuscante nas mandíbulas do dragão que estava indo logo abaixo dela. Mesmo quando deslizou e se contorceu, a próxima flecha já estava em sua mão.
— Toma essa! — gritou ela, disparando o projétil diretamente para cima. Como havia planejado, se alojou na mandíbula inferior do dragão.
De repente, a ponta da flecha não era mais um broto, mas uma flor e depois uma semente. No mesmo instante, a flecha que havia disparado para cima desceu como estrelas cadentes, batendo na mandíbula superior do dragão.
As mandíbulas se encontraram com um baque e uma explosão começou dentro da boca da criatura.
— GOORGBB?! — guinchou o goblin nas costas do dragão ao ser lambido pelas chamas que saíam da boca da criatura. O goblin puxou as rédeas com força.
Quanto ao dragão, não poderia de forma alguma ser morto por suas próprias chamas; nem mesmo os venenos em sua respiração seriam fatais, no entanto, para o goblin nas costas do dragão (estava tão confiante de que ninguém poderia tocá-lo?), era um caso diferente.
— GOROGBB?! GOOROOGBB?!?!
Matador de Goblins viu tudo isso enquanto corria em direção ao monstro. Ficou abaixado, esquivando-se dos detritos e tesouros voadores que o dragão agitado lançava. De repente, se viu lembrando da história de um rei lendário que sua irmã lhe havia contado uma vez.
Seu capacete o estava sufocando, seu escudo era muito pesado… não era isso?
Aquele rei havia desafiado, não um dragão, mas um deus transformado. Matador de Goblins desejava ter nem que fosse um décimo milésimo dessa coragem.
Ele agarrou seu escudo e, sem hesitar, jogou-o para o lado. O que precisava era de velocidade e mobilidade, porém, não tirou o capacete. Por mais que isso pudesse restringir sua visão, não podia correr o risco de ser atingido nos olhos em um momento como este.
Tinha um único objetivo: matar o goblin. Como ele poderia fazer isso? Em sua famosa bolsa, tinha tudo o que precisava.
Matador de Goblins pegou uma espada da pilha de itens, uma lâmina encantada cujo nome não sabia. Respondendo ao guerreiro que a pegou depois de muitos anos de sono, a lâmina brilhou com uma cor dourada.
— Agora…!
As meninas entraram em ação. Estavam observando a batalha aguardando seu momento, e o que lhes faltava em velocidade, compensavam com precisão.
Comerciante Feminina saltou para a frente do dragão transformando suas mãos em um sigilo. Há muito, muito tempo, grandes bravos usaram esse feitiço para derrotar feiticeiros malignos e mandar os demônios de volta para o inferno de onde vieram. Tinha que funcionar em um dragão, disse para si mesma, concentrando-se em seu inimigo em meio a uma névoa de medo e visão embaçada pelas lágrimas.
— Juntas agora! — gritou quando Sacerdotisa chegou ao seu lado. A bolsa estava em suas mãos. O equipamento que havia recebido do mestre que tanto respeitava. Ela sabia o que tinha que fazer para sair dessa. A mesma coisa que já havia salvado suas próprias vidas.
— Certo! — Sacerdotisa assentiu com firmeza. Então contaram, um, dois…!
— Tonitrus! Oriens! Iacta!
— Yaaaaahhh!!!
Quando a eletricidade roxa saiu das mãos de Comerciante Feminina, Sacerdotisa atirou a garrafa. Os raios caíram por toda parte. A garrafa se chocou contra o rosto do dragão e se quebrou, liberando um líquido escuro e viscoso. O dragão rugiu. Assim que atingiu, se incendiou. O material era conhecido por vários nomes: Óleo de Medea, petróleo, fogo do Irã. Em resumo…
— Água ardente!
Mesmo um grande dragão carmesim não suportaria ter fogo em seus olhos e ser atingido diretamente por um raio. Com um rugido semelhante ao de um enlouquecido dedilhar num instrumento de cordas, sacudiu seu enorme pescoço. Não estava, é claro, prestando atenção ao que poderia estar em suas costas.
Matador de Goblins não perdeu a chance.
— Hrrrah!
Ele havia praticado isso. Seu pé estava firme. Seu objetivo era certo. Podia sentir o peso da espada em sua mão. Agora, tudo o que precisava fazer era arremessar.
O aventureiro chamado Matador de Goblins pegou a lâmina encantada e sem nome e a arremessou com toda a força que pôde. Não podemos saber quem forjou essa arma, mas certamente teriam ficado satisfeitos em saber de seu destino. Depois de desperdiçar tanto tempo no tesouro de um dragão, finalmente conheceria a batalha novamente, deixando de lado qualquer insatisfação persistente com sua existência.
Seja ela empunhada contra um dragão carmesim, ou um simples goblin, servir fielmente ao seu mestre é o orgulho de uma arma.
Houve um clarão dourado como o nascer do dia, como se o sol estivesse nascendo aqui e agora. A lâmina encantada se transformou em um único raio de luz, perfurando o pescoço do goblin, e como uma presa faminta, rasgou sua garganta. Mesmo no último instante, o cavaleiro goblin não percebeu que estava morto.
Sua cabeça decapitada ainda balançava enquanto caía da lâmina que havia se alojado em um dos pilares de pedra.
— Uma morte terrivelmente grandiosa para um goblin — cuspiu Matador de Goblins, enquanto o resto do cadáver do cavaleiro deslizava das costas do dragão. O que aconteceria em seguida não estava mais nas mãos de Matador de Goblins, mas ele tinha fé.
— Sandman, Sandman, respiração rouca, parente do sono interminável da morte. Oferecemos uma canção, então pegue sua areia e os faça cair num sono forte.
Estava confiante de que o lançador de feitiços mais capaz que conhecia não cometeria nenhum deslize em um momento como este.
Quando Anão Xamã rasgou um pedaço de papel e o espalhou, a areia ao redor deles começou a se agitar mais uma vez. Formou um gigantesco saca-rolhas e, surpreendentemente, engoliu imediatamente o dragão carmesim. O corpo maciço da criatura se inclinou para um lado.
As garras não o arranharam, as flechas não o perfuraram, os raios não o feriram, o fogo quase não o queimou, mas agora, estava balançando como uma grande árvore numa tempestade e depois caiu, quase como se estivesse sendo sugado de volta para o buraco de onde havia saído. Houve um estrondo vindo das profundezas do subsolo. Um verdadeiro terremoto, como se para provar que ele havia desaparecido.
O dragão carmesim foi derrotado. Os aventureiros foram levados ao limite de sua resistência e, finalmente, conseguiram fazer a criatura adormecer.
***
— ……
Estavam quase debruçados e com a respiração difícil. Ainda tentando entender a situação. Não conseguiam mais ver o dragão e ouviam o barulho suave de seu ronco, mas, de alguma forma, ainda não parecia real.
Mesmo reconhecendo o fato de sua conquista, ainda não sentiam triunfo ou alegria. Todos estavam manchados de fuligem e fumaça escura. O fedor de enxofre e miasma se impregnou neles; suas cabeças doíam. Suas peles estavam secas de forma sobrenatural devido à exposição ao grande calor. Seus olhos e garganta ardiam. Alguns deles não queriam nada mais do que pular em um rio neste exato momento. Outros teriam dado tudo por um gole de vinho.
Quanto a Matador de Goblins, este só queria ir para casa. Ir para casa, comer um ensopado e dormir.
Talvez estivesse sonhando agora. Mal podia acreditar que tal coisa havia realmente acontecido com ele. Era como a imaginação boba de uma criança.
— Ah…
Foi então que lembrou. Ele havia se sentido perdido antes dessa batalha, um sentimento que desapareceu completamente durante a luta. Pegou uma única escama vermelha que havia sido arrancada durante a batalha, mas quando se moveu para colocá-la no quadril, lembrou-se de que não estava com sua bolsa.
— …Aqui está. — Sacerdotisa correu até ele e lhe entregou a bolsa com um sorriso exausto.
— Obrigado — agradeceu Matador de Goblins, que cuidadosamente guardou a escama dentro dela.
— O que vai fazer com isso?
— Um presente — respondeu.
Ele não tinha interesse em pegar nenhum dos tesouros do dragão. Dizia-se que se pegasse uma única moeda de ouro do tesouro de um dragão, ele o perseguiria até o túmulo para recuperá-la. Havia até mesmo a história de uma terra onde os vassalos de um certo conselheiro haviam roubado uma taça e sido queimados por um dragão, que o rei idoso havia destruído sozinho.
Além disso, Matador de Goblins não tinha nenhum desejo de obter tesouros. Já estava satisfeito. Sabia por experiência própria que dar dinheiro a ela só a deixava irritada.
— Ela tinha um pedido específico, mas para qualquer coisa além disso, eu não saberia o que fazer.
Isso era tudo. Essas palavras cortaram a tensão entre o grupo e, de repente, todos relaxaram. A primeira a soltar um suspiro agudo e se jogar para trás na areia foi Alta Elfa Arqueira.
— Estamos vivos? Estamos vivos, não estamos? Eu meio que não consigo acreditar.
— Sim, estamos vivos. “Por um triz”, acredito que seja a expressão. — Lagarto Sacerdote parecia estar bem mais crível ao fazer um aceno de cabeça com verdadeira satisfação. A força de seus antepassados já havia fugido de seu corpo e o sangue parecia estar saindo dele, mas aparentava estar quase satisfeito com isso, fazendo um estranho gesto de agradecimento aos seus antepassados. — Não imaginava que alguém tão pequeno e fraco como eu pudesse ser abençoado com a chance de enfrentar um dragão! — Ainda sorrindo, começou a entoar orações de cura.
Alta Elfa Arqueira comentou: — Ah, sim, ele tinha um milagre sobrando, não tinha?
— Você acha que isso nos torna matadores de dragões? — perguntou depois de um momento.
— Estamos mais para ninadores de dragão — disse Anão Xamã, sentando-se pesadamente. — Não é tão, uh, legal. — Ele parecia nitidamente amargurado com isso. — Como se pudéssemos derrotar um dragão lutando dessa forma — cuspiu, virando o odre de cabeça para baixo sobre a boca e lambendo as últimas gotas de vinho. — Sem falar que, quando chegarmos em casa, terei que compor uma música sobre essa aventura. Deuses, isso faz minha cabeça doer…
Ele continuou reclamando: Por isso que odiava confiar no Sandman.
— Quer ajuda? — Alta Elfa Arqueira ofereceu, mas ele só bufou: “Não preciso”.
Em um piscar de olhos, passaram de uma simples discordância para uma clássica e completa discussão. Sacerdotisa, achando a confusão familiar estranhamente indutora de sono, soltou um pequeno bocejo.
— Estou… exausta — disse Comerciante Feminina, sentando-se como se suas pernas tivessem falhado. Provavelmente não tinha forças para se levantar. Exaustão parecia ser a melhor descrição para o que estavam sentindo. Sacerdotisa, sentindo-se muito solidária com Comerciante Feminina, sentou-se ao lado dela. Soltou outro bocejo enquanto sentia que seu corpo inteiro estava pesado.
— Eu também.
— Vamos ficar pelo menos um dia na cidade — sugeriu Comerciante Feminina, depois de murmurar para si mesma. — Sim, essa é uma boa ideia. Podemos tomar um banho. Vou tomar um banho.
Sacerdotisa riu e acenou com a cabeça para ela. Quando se sentaram lado a lado, suas cabeças se chocaram. Sequer conseguiam mais se sentar direito. Encostaram-se uma na outra para se apoiar e o calor de Comerciante Feminina deixou Sacerdotisa ainda mais sonolenta.
Talvez o Sandman ainda esteja… por aqui…
Um terceiro bocejo acompanhou o pensamento. Enquanto esfregava os olhos, ouviu a risada de Lagarto Sacerdote. — Depois de goblins, um dragão. Quem quer que tenha sido o comandante inimigo, escolheu uma maneira ruim de fazer as coisas.
— …? — Sacerdotisa, sem entender, abriu a boca em um esforço para perguntar o que ele queria dizer.
— É um aviso da Era dos Deuses. — A resposta veio de Matador de Goblins, ocupado em esvaziar o conteúdo de um cantil em seu visor. — Meu mestre mencionou isso para mim uma vez.
Diz-se que não se deve jogar os “peões” bons atrás dos ruins.
— Isso significa que, quando for derrotado, não se deve ser tão determinado a usar seu trunfo.
Isso faz sentido. Sacerdotisa acenou com a cabeça. Não entendeu completamente, mas fazia um certo tipo de sentido. Sua mente não parecia muito estável; pensamentos sem contexto surgiam e depois desapareciam.
Algum dia, um dragão.
Lembrou-se da maga de cabelos ruivos dizendo algo assim. Não a elfa. Alguém mais familiar, apenas uma vez.
O garoto com uma espada. A garota de cabelos pretos. Nem todos tiveram tempo para se conhecerem, mas mesmo assim as palavras foram ditas. Era uma espécie de promessa, um tipo de desejo, algo como uma esperança.
— Alertas? Eu também tenho um.
Algum dia. Algum dia, certamente. Mas, por enquanto…
— Nunca se envolva com um dragão.
Por enquanto, era um pouco cedo demais para matar dragões.
Tradução: NERO_SL
Revisão: Akira C-137
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