— Então, por favor, conte-nos sobre o deserto!
— S-sim, senhor, por favor…
Caramba, por falar das suas emboscadas…, Lanceiro pensou, coçando a cabeça. Ele tinha acabado de voltar para a Guilda de uma aventura. Retornando um olhar fulminante de “o que estão olhando?” aos olhares de outros aventureiros, Lanceiro avaliou a situação.
De pé na frente dele, inclinando a cabeça, estava a sacerdotisa da equipe daquele esquisito. Ao lado dela, também se curvando (ele notou seu excelente domínio de boas maneiras) estava uma garota que não reconheceu, mas supôs ser uma nobre ou algo parecido.
— Heh, heh, — Bruxa riu ao lado dele, claramente se divertindo. Esta era a pior situação possível.
A única opção é aceitar, então.
Por um lado, não havia nada mais vergonhoso do que tentar inventar desculpas para fugir quando algumas garotas pedem sua ajuda. E ainda assim… Bem.
— Por que você não pergunta, sabe, pra ele? — Essa pergunta incomodou Lanceiro. Na verdade, meio que se sentiu compelido a questionar. Ele não seria o único a arriscar sua vida aqui, então não era apropriado para ele dar conselhos imprudentes para o grupo de outra pessoa.
— Bem, sabe… — Sacerdotisa coçou a bochecha com vergonha, incapaz de pensar nas palavras. — Ele disse que deveríamos perguntar aos dois… que tinham mais experiência em outros países do que ele.
Lanceiro engoliu em seco. Ele disse isso? Agora as costas de Lanceiro realmente estavam contra a parede. Aquele filho da... Mas Lanceiro moderou sua irritação. Ele dificilmente poderia chamar a si próprio de nível Prata se não estivesse pronto para pelo menos tentar parecer bom para um aventureiro menos experiente, especialmente uma garota. Humildade era muito bom, mas um homem sem confiança era um homem em quem não se podia confiar. A aparência externa e o caráter interno, a confiança e a capacidade genuína; eram dois lados da mesma moeda. Lanceiro odiaria ficar sem nenhuma delas. Ele estava bem longe de ser chamado de grande herói, mas tinha que ser capaz de responder apropriadamente a isso.
E assim, depois de olhar para Garota da Guilda e ter certeza de que o objeto de sua afeição estava observando, ele assentiu. — Vamos encontrar um lugar para sentar. Não seria bom para minha imagem fazer duas jovens ficarem de pé.
Fingir que era para seu próprio benefício deu a Lanceiro uma boa desculpa para levá-las para o banco na área de espera. Bruxa o seguiu, sorrindo como se soubesse de tudo, mas era tarde demais para se preocupar com ela. Já era tarde demais no momento em que ele engoliu seu orgulho e pediu a ela que o ajudasse a ler, escrever e a lidar com feitiços mágicos. Ela provavelmente o descobriu naquele momento.
Não significa que posso parecer preguiçoso na frente dela. A esse respeito, Lanceiro sentiu que seu pensamento era diferente do esquisito ou mesmo do Guerreiro de Armadura Pesada. Ou talvez eles agissem de maneira diferente com alguns novatos por perto.
Ele descartou essa linha de pensamento infrutífera. Pessoalmente, nunca esperou ter um pupilo ou discípulo, ou introduzir um aventureiro novato em seu grupo a fim de educá-los. Ensinar a próxima geração era algo que ele poderia pensar daqui a décadas quando se aposentar das aventuras ativas. Nada mais, nada menos.
— Então… o deserto… é… sobre isso que você queria… perguntar? — Com Lanceiro absorto em seus próprios pensamentos, foi Bruxa quem iniciou a conversa. Ela pegou seu cachimbo com um movimento suave e elegante, então bateu na ponta com um dedo, acendendo-o. A fumaça violeta que exalava, lenta e luxuosa, envolvia seu corpo voluptuoso como se ela tivesse domesticado uma brisa. Em contraste, as duas garotas enrijeceram e apertaram as mãos nos joelhos.
Durante os questionamentos de Lanceiro, a garota sacerdotisa disse que estava passando das categorias de novatos para as intermediárias, mas…
Eh, acho que é assim mesmo. Lanceiro reprimiu um sorriso. Se você sempre estiver um pouco preocupado enquanto avança, significa que está indo no ritmo certo.
— Sim, senhora, — Sacerdotisa respondeu à pergunta de Bruxa. — Mas… bem, nós realmente não sabemos nada, então não sabemos o que perguntar primeiro…
— Ouvi dizer que é tão quente que é recomendável trazer algo para bloquear a luz do sol — disse Comerciante Feminina.
— Com certeza, seria uma viagem difícil sem algo assim. Mesmo com isso, um deus da insolação ainda pode colocar as mãos em você e matá-la. — Lanceiro disse isso com a intenção de assustá-las um pouco e recebeu um gratificante “Hã?” das meninas, que se entreolharam.
— Hmm… — Sacerdotisa disse hesitante. — Eles têm isso lá, mesmo que não haja passagens nas montanhas?
Acreditava-se plenamente que os deuses da insolação eram uma espécie de demônio que vivia em altas passagens nas montanhas. Eles se agarravam nas costas daqueles que trabalhavam no calor e era impossível se desvencilhar deles. Sugavam o espírito e a vitalidade do corpo até que a vítima desmaiasse e, finalmente, morresse. Não havia consenso sobre o que eram: os espíritos daqueles que morreram de fome, fantasmas malignos das profundezas da terra ou talvez algo totalmente diferente.
Lanceiro encontrou essas criaturas uma ou duas vezes na época em que adquiriu sua primeira armadura de metal e a vestiu sem pensar muito — quando era menos experiente do que agora. Quando lembrou disso, recordou-se dos velhos mercenários na taverna em sua cidade natal contando com risadas quantas vezes os cavaleiros, mesmo no exército, simplesmente caíam de seus cavalos e morriam.
— Se me perguntar, diria que eles provavelmente são algum tipo de espírito de doença — disse Lanceiro, fazendo um movimento com a mão como se para descartar todo o assunto. Os deuses da insolação não eram grande coisa se você soubesse como lidar com eles. Coma algumas provisões, beba um pouco de água e descanse um pouco à sombra; era só isso. Claro, não havia sombra no deserto, então você tinha que ter um cuidado especial. — De qualquer forma, o deserto é mais do que só quente — acrescentou. — Fica muito frio à noite.
— Frio? — perguntou Comerciante Feminina, piscando. Ela parecia um pouco pálida. — Você quer dizer… tão frio quanto a montanha nevada?
— Sim… — Bruxa assentiu. — Sobre aquele frio, eu diria…. — Lanceiro foi o único que notou o arrepio de Comerciante Feminina com isso? Uma memória ruim, talvez. Os dedos dela roçaram num ponto na parte de trás de seu pescoço. — E… então, — Bruxa continuou com um olhar amoroso na direção de Comerciante Feminina, — você pega um tecido fino… leve, entende? E se cubra. Da cabeça aos pés.
— Não expor nenhuma parte da pele: essa é a jogada inteligente — explicou Lanceiro. — Se nada fica exposto, nada se queima. — Olhou para os rostos bonitos das meninas. Seria uma grande pena para uma pele tão pálida e fina inchasse e ficasse vermelha com sol ou geada.
Tesouros preciosos devem ser protegidos. Lanceiro repetiu para enfatizar: — Lembrem-se, de cima a baixo, mandem fazer uma bela e fina vestimenta. Algo solto, feito de cânhamo.
— O que você quer dizer com “por baixo”? — Sacerdotisa perguntou, confusa.
— É para proteção — respondeu Lanceiro.
Até que vissem como o sol refletia na areia por si mesmas, nunca entenderiam.
Sacerdotisa, porém, colocou um dedo nos lábios e disse:
— Entendo. É realmente como ir para a montanha nevada…
Ah, sim… acho que ela já esteve naquela montanha algumas vezes. Lanceiro lembrou que ela havia se juntado àquele guerreiro e sua amiga clériga como parte de seu grupo em uma viagem à montanha nevada. Bom! Lanceiro sentiu-se sorrir um pouco. Ela realmente estava ganhando alguma experiência.
Lutar contra monstros não era a única forma de acumular pontos de experiência. O crescimento pessoal significava mais do que apenas capacidades aprimoradas ou novas habilidades. As pessoas que não entendiam isso tinham a tendência de correr na frente e acabar mortas. No entanto, ele viu que essa garota estava seguindo o verdadeiro caminho e fazendo um bom trabalho.
Mesmo que ela mesma não veja. E quem poderia culpá-la, cercada por Pratas como ela está…
— Mais alguma coisa? — Lanceiro foi puxado de volta à realidade pela pergunta direta e sem rodeios. Ele percebeu que Comerciante Feminina estava olhando para ele com olhos claros como vidro. Como se o florete em seu quadril não fosse evidência suficiente, esse olhar era a prova de que ela não era uma criança imatura. Ela, não menos que Sacerdotisa, havia adquirido alguma experiência real.
— Ah, desculpe, — Lanceiro murmurou. Havia muito a ensinar. — Primeiro, areia movediça. A única coisa rápida sobre isso é o quão rápido ele vai te arrastar para baixo…
Então tinha que avisá-las sobre o vento. Os monstros que viviam no deserto. Como viajar. Como descansar. As cidades do deserto. Quaisquer perguntas que Lanceiro não pudesse responder ou sempre que ele esquecesse alguma coisa, Bruxa entraria em ação com seu próprio conselho. Foi todo o conhecimento que adquiriram indo a lugares que não conheciam e não entendiam e simplesmente falhando uma vez após a outra.
Ele não tinha intenção de transmitir tudo isso sem uma recompensa. Quem esperava que ele o fizesse, não entendia o verdadeiro valor desse conhecimento. Porém, ajudar alguém tentando ir mais longe nesse caminho era diferente. Pelo menos Lanceiro pensava assim.
Comerciante Feminina assentiu com a cabeça, séria. Ela escrevia em um caderno com um lápis, fornecendo um ruído de fundo constante para a conversa. Ao lado dela, Sacerdotisa repetia baixinho tudo que Lanceiro dizia, memorizando. As únicas coisas que realmente tinham em comum eram seus olhos cor de mel e seus cabelos dourados, mas, para Lanceiro, elas pareciam irmãs. Ele as imaginou voltando em segurança de sua aventura…
Sim, eu gosto dessa imagem.
O interesse de Bruxa pareceu ser despertado de repente. Ela deu um movimento de seu cachimbo e exalou um pouco de fumaça. — Diga. Você, você… não precisa… escrever nada?
— Oh, não, senhora. — Sacerdotisa respondeu suavemente. — Eu não gostaria da informação caindo nas mãos de qualquer outra pessoa. Isso pode significar problemas.
Lanceiro ergueu os olhos sem dizer uma palavra. Tudo o que ele viu foi o teto.
— Algo de errado?
Ele não se preocupou com quem havia feito a pergunta. Talvez Comerciante Feminina, talvez Sacerdotisa. Talvez ambas.
— …Nah, não importa.
Bem, para ele importava, mas… não, tudo bem. Ele simplesmente deixaria passar. Não era responsabilidade dele.
— Gygax! — Lanceiro xingou baixinho e voltou a contar às meninas o que sabia. Bruxa riu baixinho ao lado dele e isso soou para ele como o riso de algum deus.
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Ele está trabalhando até tarde hoje, ela pensou, parando a mão que estava mexendo o ensopado e esticando suavemente o braço. Olhou além do canário em sua gaiola, pela janela. Na penumbra da noite, ela podia ver apenas uma luz laranja saindo do galpão.
Ele estava lá. Apenas saber disso trouxe um pequeno sorriso ao seu rosto.
Não era incomum que chegasse tarde em casa. Afinal, ele costumava sair em aventuras. Mesmo em seus dias de folga, se é que podiam ser chamados assim, ele tendia a sair, ou pelo menos ajudar nas tarefas da fazenda. Seu pensamento sobre “hoje” em específico, era simplesmente porque ele estava enfiado no galpão.
Esteve lá a tarde toda, desde que voltou para casa e anunciou que tinha algo para investigar. Ele se enfiou lá com uma seleção dos muitos livros que recebeu há alguns anos atrás. A maioria deles foi doado para a Guilda dos Aventureiros; ela até ajudou a levá-los, mas agora…
Livros, hein?
Estava realmente impressionada por ele saber ler. Ela mesma aprendeu a escrever cartas através de imitação desajeitada. Também, poderia lidar com algumas contas de matemática. Era útil na fazenda. Ler um livro de verdade, no entanto, era difícil. Estudar era difícil. Certamente se poderia sobreviver sem aprender coisas, mas para viver melhor, ela suspeitava que aprender era crucial. Tome a reunião que seu tio estava participando hoje à noite como exemplo. Era preciso entender de comércio.
Deve ser difícil para ele, pensou, então sorriu para si mesma por agir como se não tivesse nada a ver com ela. No momento, realmente não tinha, mas por quanto tempo isso duraria?
Seu tio estava envelhecendo. Ela tendia a enxergá-lo como como o mesmo homem de sua juventude, mas quando dava um olhar honesto para ele agora…
Bem, foram muitos desafios.
Ela soltou um suspiro e deu um tapa nas bochechas. Hora de recuperar sua perspectiva.
— Tudo bem!
Com um propósito determinado, era melhor partir diretamente para a ação. Preocupar-se e arrastar os pés acabaria por deixá-la paralisada. Sempre foi assim.
Ela acenou com a cabeça para si mesma com convicção, então vasculhou as prateleiras até encontrar o forno de acampamento; um pequeno objeto de ferro fundido. Era literalmente um utensílio de cozinha portátil feito para ser usado em acampamentos. Colocou um pouco do ensopado da panela grande em uma menor e fechou com a tampa, depois pegou duas fatias de pão. Fez questão de pegar uma colher, uma jarra de vinho e um copo e então, com a panela de ensopado pendurada na outra mão, saiu.
Agora, isso sim é um céu de verão. Ela olhou para onde as luas gêmeas flutuavam em um mar de estrelas. A respiração que exalava não dava indícios de embaçamento, mas juntava-se à brisa fresca que soprava no ar úmido. O suave murmúrio da fazenda estava ao seu redor. Ao longe, podia ouvir o mugido de algumas vacas inquietas. Se forçasse os olhos para olhar a estrada, poderia ver as luzes da cidade à distância.
Ela se deleitou com a cena familiar por um momento. Finalmente, caminhou até o galpão. Estreitando os olhos contra a luz que emanava de dentro, ela empurrou a porta suavemente para um rangido silencioso de dobradiças.
— …Ei, eu fiz o jantar, ok?
— Tudo bem.
Essa foi toda a sua resposta. No entanto, pela primeira vez, sua voz não soou confusa.
As prateleiras estavam cheias de itens que ela não conseguia identificar, e ele estava sentado na extremidade do pequeno galpão; revirando as páginas de algum tipo de livro à luz de uma lâmpada.
Ele não estava usando sua armadura ou capacete. A visão dele em silêncio, mas intensamente focado, fez seu coração bater mais forte. Não querendo perturbá-lo, ela entrou e fechou a porta atrás de si o mais silenciosamente que pôde.
— O que você está lendo?
— Estou pesquisando sobre o deserto.
O deserto? Levou um segundo para ela entender a palavra, então olhou para ele com perplexidade. O deserto. Dar certo. Arenas. Decretos. Ahh… o deserto.
Ela chegou ao fim dessa cadeia de associações e ao significado adequado da palavra. Nunca esperou que ele estivesse pesquisando qualquer coisa além de goblins. Embora quando eram pequenos, é claro, ele importunava sua irmã mais velha com perguntas sobre todos os tipos de coisas.
— Encontrei um livro que parece incluir histórias daquele país, mas estão misturadas com histórias de vários outros lugares — disse ele, balançando a cabeça enquanto virava as páginas. Lâmpadas mágicas e espíritos, uma garota no borralho. — É como um velho conhecido meu me disse uma vez… você nunca saberá até que vá e veja as coisas com seus próprios olhos.
— Você quer dizer que vai para a região deserta?
— Eu espero que sim.
— Huh…
Pergunto-me que tipo de lugar é.
Ela se lembrava de ter ouvido há muito tempo atrás que o deserto fazia parte do país logo depois da fronteira leste e que lá eles montavam burros com caroços nas costas ou algo assim…
Quando murmurou isso em voz alta, ele murmurou de volta: — Parece que é verdade.
Eu tinha certeza que era apenas uma história…
Uma coisa que um deserto certamente teria era muita areia. Ela franziu a testa, tentando imaginar a areia até onde a vista alcançava. Nunca havia encontrado nada do tipo e a imagem em sua mente não era muito mais detalhada do que os rabiscos de uma criança. Finalmente, ela abandonou a visão meio formada e se sentou pesadamente, apoiando-se nas costas dele. Ela o sentiu, firme e quente atrás dela. — Seu jantar vai esfriar.
— Eu sei — disse ele e acrescentou um segundo depois: — Vou comer em um momento.
Ela pensou nisso por um segundo, então riu; não havia nada que ela pudesse fazer. Eles se conheciam há muito tempo, mesmo que faltassem cinco anos no meio. Soube imediatamente que ele estava pensando intensamente em algo.
— É um lugar difícil, este deserto?
— Não sei — disse ele. — Eu nunca estive lá.
— Oh, é mesmo… — Ela respondeu com um aceno de cabeça e ele afirmou.
— É um outro país. Sua primeira vez em outro país. Isso é incrível. — Ela bateu palmas, uma demonstração de prazer inocente. Ela mesma nunca tinha estado em outro país. Era realmente um evento importante.
Ele já me levou para ver a vila dos elfos.
Ela não achava que era exatamente o mesmo que um país estrangeiro. Lugares maravilhosos que algumas pessoas talvez nunca vejam em toda sua vida. Seria uma lembrança querida, certamente. Ir para outra nação para fazer o que iriam fazer… o que seria isso senão uma aventura?
— Você também nunca esteve lá também. — Suas palavras foram curtas. Quase soaram como um grunhido, como se estivesse as espremendo. — Achei que seria melhor perguntar… se você se importa ou não.
— Ah…
Entendi. Então era isso que ele queria dizer. Anos atrás, ela tinha ido para uma cidade que nunca tinha estado. Aquilo acabou virando uma briga e a última vez que ela o viu por um longo tempo.
Agora suas posições estavam invertidas. E era por isso que ele parecia um pouco nervoso. Ela sorriu enquanto ligava os pontos. Se virou e antes que ele pudesse grunhir, ela tinha os braços ao redor de sua cabeça.
— …O quê? — Ele parecia perturbado. De alguma forma, ela achou terrivelmente divertido e bagunçou o cabelo dele com entusiasmo. Ficou surpresa ao descobrir que ele não resistiu a ela, mas aceitou a bagunça como um cachorrinho dócil.
— Ei. Você quer ser um aventureiro, não é?
— …
Não houve resposta, mas ela realmente nem precisava perguntar.
— Então você tem que se aventurar.
Ela puxou sua cabeça para perto e sussurrou as palavras em seu ouvido. Mais uma vez, não houve uma resposta imediata; ela não esperava por uma.
Depois de um longo momento, ele perguntou: — É mesmo…?
— Claro que é — respondeu. Em seguida, balançando a cabeça, acrescentou: — Definitivamente. — Para dar ênfase. — E para ajudá-lo em sua aventura, acho que você deveria comer a comida que fiz com tanto carinho para você e depois ter uma boa noite de sono antes de partir.
— Hrm… — Ele resmungou, mas mais uma vez não resistiu. Ela puxou a panela para eles, abriu a tampa e dividiu o pão e o ensopado com ele. O ensopado esfriou um pouco, mas mesmo assim foi feito com amor.
Sempre seria.
Tradução: NERO_SL
Revisão: B.Lotus
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