Além da voz do jovem, um silêncio terrível reinou na sala de reuniões desde o momento em que ele começou a falar até o momento em que terminou. O filho do mercador de vinhos empilhava uma palavra sobre a outra, como para mostrar que não estava inventando nada. Mesmo sem o milagre Sentir Mentira, Sacerdotisa sentiu que suas palavras tinham um tom de verdade.
Há, de fato, várias maneiras de derrotar Sentir Mentira, uma parte desagradável dela sussurrou em seu coração, e doeu-lhe admitir que isso estava lá.
— Entendo; então foi esse o movimento deles. — A voz desapaixonada de Matador de Goblins alcançou os ouvidos de Sacerdotisa enquanto ela agonizava.
O que…? Ela olhou para o capacete, mas não houve resposta para ela, apenas mais palavras.
— Você tentou na Guilda?
— Sim, fiz um pedido oficial — disse o jovem. — Embora ninguém o aceitaria, pelo menos não na Cidade da Água. — Dando de ombros de forma autodepreciativa, continuou: — Não por se tratar de uma caça aos goblins, mas porque sou filho de um homem que estava trabalhando com as Forças do Caos.
— Isso é… — Sacerdotisa começou, mas percebendo que não sabia como terminar essa frase, fechou a boca novamente.
Isso é natural? Isso é o que você ganha? Não não não. Não, essa não era ela. Ela não queria falar essas palavras em voz alta. Suas mãos apertadas tremiam tanto que seu cajado tiniu.
— Mas me parece que você não foi atacado no dia seguinte.
— Meu servo disse que se conseguíssemos que alguns homens com armas montassem guarda, isso evitaria que os goblins se aproximassem demais.
— Hmm — grunhiu Matador de Goblins, pensando consigo mesmo enquanto continuava desapaixonadamente a conversa. Seu distanciamento imperturbável fez com que Sacerdotisa ouvisse tão atentamente quanto podia.
— Não é como se já não tivéssemos proteção… Embora depois de todo o alvoroço, a maioria deles desistiu. — Mas a casa ainda tinha equipamentos, junto com vários criados e soldados. Eles foram colocados em guarda, mudando de posição todas as noites, e um espantalho usando armadura foi erguido nos vinhedos.
Matador de Goblins descartou esse esforço débil com algumas palavras.
— Isso só vai atrasar o inevitável. Não é ruim, mas duvido que você tenha muito tempo.
— Sim… É por isso que fui ao Templo da Lei. Não estava tentando esconder a vergonha do que aconteceu.
Mas agora que os planos do Caos vieram à tona, eles tinham de ser combatidos, e rápido. O Templo do Deus Supremo já havia iniciado planos para apoiar o Templo da Mãe Terra, despachando pessoas para esse fim, mas dificilmente poderiam despender forças para uma simples caça aos goblins. Especialmente uma que parecia ser merecida, uma que um traidor e seu filho tinham atraído para si mesmos.
— Mas… fiquei amigo de uma mulher no templo, filha de uma casa nobre proeminente que trabalha como comerciante independente agora. — O rosto do jovem finalmente se suavizou, como se visse a salvação à vista. — Ela teve a gentileza de marcar uma reunião… e a arcebispa ouviu o que eu tinha a dizer.
— E é assim que estou envolvido?
— Isso mesmo. Ela disse que havia um aventureiro na cidade fronteiriça a oeste que matava goblins…
Sacerdotisa praticamente conseguia visualizar a cena. A outrora Nobre Esgrimista, agora Comerciante Feminina, e Donzela da Espada, no momento em que ouviram a palavra goblins. A confusão de pensamentos e sentimentos tornou-se muito complicada, e Sacerdotisa sentiu um formigamento no peito.
— Vou tentar.
Portanto, as palavras eram exatamente o que ela esperava, afiadas e terrivelmente dolorosas.
— Você está aceitando a missão dele?! — Sacerdotisa achou sua voz muito mais áspera e crítica do que pretendia. Ela se encolheu e colocou as mãos sobre a boca, mas não conseguiu retirar as palavras.
— Não há razão para recusá-lo.
— Mas…!
Mas o quê? Ela pretendia argumentar que eles não deveriam aceitar o trabalho?
Suas próprias palavras em seu coração eram tão sombrias e cruéis que ela queria tapar as orelhas com as mãos e se enrolar em uma bola. No entanto, ela não podia escapar delas, nem mesmo se arrancasse seus olhos, orelhas e língua.
Ainda assim, as palavras ditas por Matador de Goblins a ela enquanto estava sentada lá, pálida e trêmula, eram contundentes.
— Quem quer que sejam e como quer que aconteça, não acho bom que alguém seja morto por goblins.
— Ah… — Sacerdotisa olhou de forma indistinta, vaga, para o capacete de metal de aparência barata. Seu rosto e olhos estavam envoltos por uma sombra em algum lugar atrás do visor, mas ela sentia como se ele pudesse ver diretamente em seu coração e ela olhou para o chão.
Sim.
Ele estava totalmente certo.
Só porque o pai de alguém tinha feito algo errado, só porque ela não gostou, não significava que não fazia diferença o que aconteceu com ele.
Isso seria o mesmo que rir de alguém porque você pensou que era filha de um goblin.
Seria, de fato, agir como um goblin.
— Você tem um mapa da sua casa e do terreno ao redor dela? Quero ter uma ideia antes de ver por mim mesmo.
— S-sim, eu tenho…! — O filho do mercador de vinhos assentiu, parecendo não acreditar no que estava ouvindo. Ele assentiu de novo e de novo, desesperadamente. Dominado pela emoção, até apertou a mão áspera de Matador de Goblins vigorosamente. — Você realmente vai fazer isso…?
— Farei o que puder.
— Obrigado, você me salvou…! Qualquer coisa que você precisar, me diga; qualquer coisa que esteja ao meu alcance, vou preparar para você! Farei o que puder para ajudar!
Finalmente, a conversa ficou mais simples, pensou Matador de Goblins. Ao contrário do coração de Sacerdotisa, o seu era como um mar calmo. Ele poderia até ter dito que isso parecia de alguma forma inevitável. Os goblins viriam, ele estaria lá esperando por eles e os mataria. Cada um deles.
Não era nada de especial. Era a mesma coisa de sempre. Mesmo que houvesse muito em que pensar, não havia necessidade de se preocupar. Era fácil.
As aventuras são divertidas, mas…
Doía-lhe ter que sentar e esperar para ver o que aconteceria, sem saber se o plano que havia colocado em ação funcionaria. Em sua cabeça, o ideal era tomar uma situação nas próprias mãos, mudar as coisas por conta própria, saber o que estava acontecendo. Nada disso deve ser cedido a outros.
…Não se deve fazer o que não está acostumado, pensou Matador de Goblins, e debaixo de seu capacete, seus lábios se curvaram levemente para cima.
Talvez fosse simplesmente porque tinha feito uma coisa por tanto tempo que se acostumou com ela. Isso é bom…
Esse sim é o meu forte. Não aventuras na cidade.
— …Ah, sim — disse Matador de Goblins. Ele estava esfregando a mão finalmente libertada quando algo lhe ocorreu. — Acho que já sabe, mas há uma fazenda nos arredores da cidade.
— Er, sim. Sim, acho que já vi. Acredito que meu pai estava tentando comprar o lugar. — A conversa tinha tomado um rumo novo, e embora o filho do comerciante de vinhos estivesse confuso, intuitivamente entendeu que era algo importante e assentiu seriamente.
— O que você pensou disso?
— O que eu pensei? — Bem, agora… O jovem cruzou os braços e olhou para o teto e ponderou. Os animais pareciam saudáveis e bem cuidados; o lugar como um todo parecia próspero. As pastagens eram ricas, verdes e extensas, excelentes para pastoreio. Tinha uma cerca e um muro de pedra para combinar com seu tamanho, cada um obviamente bem conservado. Havia uma conclusão natural:
— Uma excelente fazenda, eu acho.
— Entendo —, Matador de Goblins disse e assentiu. — Eu também acho.
Para ele, isso era o suficiente. Isso deixou apenas uma outra coisa para se confirmar. Quando começou a planejar mentalmente o que faria, Matador de Goblins virou a cabeça. Sacerdotisa ainda estava olhando para o chão, mas talvez o sentisse se virando para ela, porque ela estremeceu.
— Você não precisa vir se não quiser.
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— E você realmente aceitou o trabalho?
— …Sim.
— Nossa, você, de fato, não tem esperanças.
— …Por favor, não me imite.
— Desculpe, desculpe — ofereceu Alta Elfa Arqueira com uma risada bem-humorada e um aceno com a mão.
Eles estavam bem em frente ao portão do Templo da Mãe Terra, e estava cheio de aventureiros. Ou mais precisamente, havia muitos outros aventureiros na estrada como Matador de Goblins e Sacerdotisa enquanto se dirigiam para o templo. Claro, embora cada um deles tivesse aceitado um trabalho, não estavam lá apenas para cooperar com esse homem estranho. Os aventureiros se moviam por apenas uma razão: aventura. Por um lado, a pessoa que oferecia essa missão em particular era a arcebispa do Templo da Lei na Cidade da Água, a própria Donzela da Espada.
O lugar que estavam protegendo era o Templo da Mãe Terra. E além disso, estariam lutando contra as forças do Caos. A história e a recompensa eram convincentes. Todo mundo gostava de uma boa desculpa para causar um pouco de confusão. E assim os aventureiros pressionaram …Eu também, eu também! – na esperança de conseguir um pedaço da fatia.
Usavam todo tipo de equipamento imaginável e conversavam incessantemente uns com os outros. Os olhos dos adeptos do templo brilhavam com a cena enquanto corriam de um lado para o outro a fim de cuidar de todos…
Pergunto-me se deveríamos ter feito isso para começar? Sacerdotisa pensou, imaginando a época em que tudo o que sabia sobre aventureiros vinha de livros de histórias e do punhado que se infiltrava no templo em busca de cura. Se tivessem feito isso, ela tinha certeza que as coisas seriam muito diferentes agora.
Ela desviou o olhar de Matador de Goblins, que estava mergulhado numa conversa com Anão Xamã e Lagarto Sacerdote. Ela estava agindo cautelosamente, sentiu, mas ainda não era o suficiente. Ela não tinha conseguido nada. Não tinha nada a mostrar pelo seu trabalho. Talvez ganhasse melhores resultados simplesmente deixando os outros cuidarem de tudo. E se, em vez de lidar com todas aquelas emoções difíceis, ela só entregasse para outra pessoa, talvez alguém importante?
— Acho que não teria dado certo.
— O quê…?
Sacerdotisa encontrou seus pensamentos sombrios conduzidos pela voz de Alta Elfa Arqueira, clara como um sino. Será que ela acidentalmente falou em voz alta? Sem querer, ela olhou para o rosto da elfa e a encontrou desenhando um círculo no ar com o dedo indicador.
— Você só precisa fazer o que você é capaz de fazer. Se está fazendo isso, é porque você pode. E está tudo bem. Certo?
— Você… você acha?
O humor de Sacerdotisa ainda não havia melhorado, seu rosto permanecia nublado. Ela questionava se poderia realmente fazer um trabalho impecável quando não era uma daquelas que se sentam à mesa estrelada nos céus.
— Escuta.
— Siiim…?! — De repente, ela encontrou Alta Elfa Arqueira batendo suavemente em seu nariz, como uma irmã mais velha repreendendo a mais nova.
— Você pediu que fizéssemos trabalho de guarda-costas. E nenhum inimigo apareceu. Brilhante, eu acho. Ou você está chateada com isso?
— Não estou chateada — respondeu Sacerdotisa, pressionando as mãos no nariz. — Mas você realmente acha que está tudo bem?
— Quando faz o que deveria fazer e ninguém acaba infeliz, é claro que está tudo bem.
Para criaturas com expectativa de vida tão curta, os humanos ficam presos em coisas pequenas e perdem o que está bem na frente de seus olhos. Alta Elfa Arqueira deu de ombros elaboradamente e balançou a cabeça. Mesmo esse gesto dramático e cômico, quando realizado por um Alto Elfo, torna-se surpreendentemente elegante. Então seus olhos se estreitaram como os de um gato travesso.
— Contudo, concordo que foi uma aventura chata. Então a próxima coisa que temos que fazer é uma caça aos goblins!
Vou ter que me certificar de que Orcbolg nos pague por isso. Entretanto, as palavras de Alta Elfa Arqueira foram, na verdade, bem alegres.
— Isso é verdade — concordou Sacerdotisa com um aceno rápido e então lançou seus olhos sobre os aventureiros.
Foi, como explicamos, um trabalho muito bom, mas, de certa forma, um trabalho bem simples. A maioria dos aventureiros que se reuniram eram novatos que tinham alguma experiência nos esgotos ou em caça aos goblins na melhor das hipóteses. Não havia ranqueados mais altos, nenhum Bronze ou Prata à vista; todos ali pareciam, de alguma forma, ainda jovens e ingênuos.
— Espada, confere! Clava, confere! Capacete e armadura peitoral, confere! Tocha… bem, talvez não precisemos?
— Não vai doer ter uma. Além disso, há ainda as poções e outras coisas… Certifique-se de não deixá-las cair.
— Elas devem estar bem, fiz questão de amarrá-las bem. Vamos, dê uma volta. Vou verificar você.
Guerreiro Novato e Clériga Apren… não, uma pequena hesitação em usar esses nomes para eles, também estavam lá. Desde sua aventura na montanha nevada, os dois… bem, na verdade, eles não tinham entrado em cena de repente como aventureiros experientes e de pleno direito. Em vez disso, continuaram a fazer o que já vinham fazendo, progredindo constantemente, dando um passo de cada vez. Mas talvez o avanço deles tenha sido um pouco mais rápido do que antes.
— Olá, olá, então vocês todos vieram para o mesmo trabalho, não é? — O comentário veio da razão do crescimento acelerado do grupo, seu mais novo membro, Caçadora Coelho, com seus passos saltitantes de sempre. Suas orelhas compridas balançavam de um lado para o outro e seus pés longos batiam inquietos, revelando um bom humor. — Ufa, mal consigo distinguir um rosto do outro ainda. Grande alívio estar com vocês. — Então, com um “Ahem, com licença”, ela puxou algumas frutas da bolsa e as enfiou nas bochechas. Os homens-lebre podiam continuar se movendo enquanto tivessem comida, mas sem provisões, morriam de fome muito rapidamente, ou assim ela alegava.
E aqui estava outra coisa surpreendente e maravilhosa: ver Caçadora Coelho mastigando alegremente era sentir o próprio coração em paz. E aqui estava outra ainda: cada vez que coçava o pelo, o que fazia com bastante frequência, pedaços de penugem se soltavam e flutuavam no ar, ajudando Sacerdotisa a esquecer sua melancolia.
— Uau, esse pelo é ótimo…
— Sim, se você mora nas montanhas. Aqui embaixo está tão quente que isso é um fardo. Estou tentando descartá-lo, e você não acreditaria como coça.
E, de fato, eles podiam ver que o pelo branco da jovem estava mudando em manchas para marrom.
Entendi… logo será verão.
Sacerdotisa percebeu então que ela estava negando a si até mesmo o tempo para pensar essas bobeiras, então olhou para o céu. O grande e vasto azul estava cheio de luz do sol brilhante, brilhando tão intensamente que ela teve de apertar os olhos para olhar para cima.
Alta Elfa Arqueira fungou triunfantemente e estufou seu modesto peito quando viu Sacerdotisa assim.
— Nós estamos indo em uma grande aventura agora — disse, então sorriu fracamente logo após. — Mesmo que seja uma caça aos goblins.
— Oh, sério? Agora? Que vergonha a minha. Bem, nos veremos de novo em algum momento, eu acho. — Era difícil dizer quão sério era o pronunciamento um tanto escarpado da jovem. Sacerdotisa, porém, suspeitou que a garota coelho estava sendo genuína e sentiu seu coração ligeiramente mais leve.
Pode me chamar de inocente, mas…
Ela se sentiu um pouco exasperada consigo mesma sobre o assunto.
— Ei, você, venha aqui! Vamos ter certeza de que está pronta para ir! — Guerreiro Novato chamou.
— Entendido! — Caçadora Coelho sorriu e gritou de volta. Ela obedientemente saiu pulando, mas então parou e girou de volta. — Ah, certo, a boa irmã estava perguntando por você.
— O que…? — Sacerdotisa não conseguiu responder imediatamente. A verdade era que ela deveria ter ido ver Irmã Uva imediatamente. Caçadora Coelho mal pareceu notar sua consternação quando acenou e exclamou:
— Adeus, então!
Alta Elfa Arqueira suspirou incisivamente, então preparou sua melhor voz de irmã mais velha, suas orelhas se mexendo para cima e para baixo.
— Pode ir; vá vê-la. Tenho outras coisas para fazer, sabe. Ela deu um empurrão em Sacerdotisa, a garota cambaleou instável antes de passar por outros aventureiros.
Ali estava um aventureiro com um machado no ombro, usava uma etiqueta de classificação Esmeralda, a sexta classificação, que trouxe consigo todo o seu grupo. Atrás dele vinha um feiticeiro com um sobretudo e um monge com roupas surradas. O bruxo estava irritado folheando as páginas de um livro de feitiços, repetindo algo em um murmúrio. Provavelmente lutando para lembrar o encantamento do feitiço escolhido do dia. O feiticeiro deu um estalo da língua ao barulho da azáfama* (NT: grande atividade e confusão; atropelo, atrapalhação) ao redor.
O portador do machado, que parecia ser o líder do grupo, não prestou atenção ao feiticeiro; na verdade, ele quase abafou o som de aborrecimento quando gritou: — Ei ! Era o seu grupo que estava cuidando disso? Vai continuar com a missão?
— Nós não. — Alta Elfa Arqueira disse, sorrindo orgulhosamente. — Vamos em uma aventura agora.
— Isso nos tornaria o grupo de rank mais alto por perto, então… — O portador do machado suspirou alto como se para indicar o peso que caíra em seus ombros, mas não pareceu demorar muito para se sentir melhor.
— Ótimo — disse Alta Elfa Arqueira —, vamos deixar para você ficar de olho nas coisas aqui.
— Pode contar conosco. Embora não tenha certeza de que você precise contar conosco para um trabalho como este…
Sacerdotisa se afastou da conversa e entrou no templo com o qual estava tão familiarizada. Se curvou para conhecidos – outras clérigas, outros aventureiros – enquanto passavam. Tentou não se apressar, não se preocupar. E, no entanto, ainda desejava que o tempo até chegar lá fosse algo entre um instante ou uma eternidade – qualquer um serviria. Do jeito que estava, o tempo era muito longo para não pensar em nada, mas muito curto para ela realmente entender como estava se sentindo. Pensamentos, desconectados um do outro, correram por sua cabeça, até que se afastaram um do outro e flutuaram.
Muitas pessoas diferentes disseram muitas coisas diferentes para ela. Muitas pessoas diferentes estavam fazendo muitas coisas diferentes.
Então o que estou fazendo?
O mundo era incalculavelmente vasto e complexo e cheio de lugares que ela não podia ver. A maioria daqueles lugares que nunca iria, jamais conheceria, mas se o palco chamado mundo era tão grande, quão maior deveriam ser os bastidores, dos quais estavam separados apenas por uma fina cortina. Ou se esse “palco” fosse apenas para ela, quando na verdade eram…
…os bastidores.
Ela pensou que tinha entendido isso completamente.
Tinha acreditado que poderia fazer alguma coisa? Apenas uma garotinha que tinha ouvido um sussurro dos deuses.
Quantos clérigos havia no mundo que poderiam realizar milagres?
Ela tinha ajudado a resolver mais do que algumas aventuras. Muito bem, e daí?
Havia crescido um pouco. E o que mais?
Era um degrau tão pequeno que não cobria nem um único quadrado deste tabuleiro.
Você realmente pensou que você… você! …poderia fazer alguma coisa?
Sacerdotisa, que estava se sentindo mais leve e clara, gradualmente começou a ficar mais pesada e mais lenta novamente.
— Meu Deus, estou prestes a chorar — percebeu distante. Ela mordeu o lábio e se forçou a olhar para frente. Mas então…
— Ei. Poxa, qual é o problema? Você parece terrível.
— Oh…
A freira, que a procurava por toda parte, sorriu como o sol surgindo no céu. Ela estendeu uma mão escura e colocou-a suavemente na bochecha de Sacerdotisa, quase acariciando-a.
— Eieeeeei?! — Sacerdotisa gritou quando a outra mulher beliscou seu rosto e deu uma sacudida firme. A fonte de suas lágrimas mudou completamente e Sacerdotisa deu um gemido alto e agudo, percebendo o quão boba e embaraçosa parecia.
Em seguida, a freira puxou o rosto de Sacerdotisa para cima e para baixo, rindo, “Heh-heh-heh, hee-hee-hee!” como ela costumava fazer. Irmã Uva finalmente a soltou quando ficou evidente que Sacerdotisa estava tremendo de raiva, mas então ela deu de ombros.
— Sorria, garota, sorria. Há apenas um momento em que um clérigo poderoso deve andar por aí parecendo que o mundo está acabando, e é quando o mundo está realmente acabando.
— C-como eu deveria sorrir quando você está me machucando…?!
— Pelo menos você não está mais presa nos seus próprios pensamentos, não é? — Irmã Uva disse, sorrindo, e Sacerdotisa não teve uma resposta.
Por chorar em voz alta.
Ela estava lutando para descobrir o que dizer quando viu Irmã Uva, mas tudo em que havia pensado tinha voado para fora de sua cabeça, junto com suas preocupações. No final, o que finalmente saiu foi uma pergunta honesta.
— …Como você pode ser tão brilhante e alegre? — Mesmo que a pergunta tenha sido feita com um beicinho e o lábio inferior para fora.
— Esta é uma boa pergunta. Eu também me pergunto… — Irmã Uva realmente parecia não saber, embora fosse dela mesma que estavam falando.
Talvez fosse dia de lavar roupas: Irmã Uva sentou-se (um tanto desajeitadamente) em um barril ao lado de uma cesta na qual muitas vestimentas haviam sido jogadas. Chutando as pernas, ela olhou ao redor do terreno do templo, então olhou para o céu azul.
— Provavelmente… porque eu sei.
— Sabe o que…?
Irmã Uva sorriu e deu a sua “irmãzinha” uma piscadela proficiente.
— Que eu não sou filha de nenhum goblin. — Ela sorriu.
“Então deixe que os outros se façam de idiotas tagarelando se quiserem! Eles não sabem de nada, apenas falam, falam e falam. E isso é tudo.
“Tem mais uma coisa, também. Você pode se preocupar, se enfurecer, ou pode chorar, mas ainda vai ficar com fome depois de um tempo, e se alguém lhe fizer cócegas, você ainda vai rir. Portanto, é melhor apenas se divertir, e é a maneira moral também.”
— …
Sacerdotisa não entendeu. Não entendia, mas parecia algo muito, muito simples de alguma forma. Pois vinha se acumulando e se acumulando, desde que ela conseguia se lembrar.
Irmã Uva se inclinou sobre seu barril para olhar o rosto de Sacerdotisa. A jovem piscou e se viu confrontada com olhos que poderiam tê-la sugado. Ela respirou fundo.
— Você se lembra dos ensinamentos de nossa deusa. Relembre para mim o mais importante?
— Sim, senhora. — Sacerdotisa assentiu. Não houve um pingo de hesitação. — Proteja, cure, salve.
— Muito bom. — Irmã Uva sorriu. Seu sorriso era tão bonito e despreocupado quanto um céu claro; brotou de um coração sinceramente feliz. — Se você se sentir perdida, apenas siga esse ensinamento. Quem se importa com o que os outros dizem? Temos a deusa do nosso lado!
— …Sim, senhora. — Sacerdotisa assentiu novamente. — Sim, senhora! — Ela assentiu com mais firmeza.
— Então siga o caminho correto e verdadeiro!
— Sim, senhora! Eu vou! Estou indo para a minha aventura agora. — Ela assentiu novamente, ainda mais enfaticamente, e então saiu correndo. Seu cajado estava tilintando quando se virou, segurando a boina na cabeça, e se curvou.
— Hmm! — Ela não tinha certeza do que dizer, mas — Obrigada, de verdade!
— Está virada para o lado errado. — Essa deve ser a minha linha.
Sacerdotisa curvou-se mais uma vez para sua divertida irmã mais velha e então partiu.
Ela tinha se preocupado. Hesitou. Mas não se importava mais com eles. O que tinha que fazer e como fazer: Aprendeu essas coisas há muito, muito tempo e chegou até aqui colocando-as em uso. Talvez fosse algo com o qual ela simplesmente se acostumou, mas agora tinha certeza.
Esse caminho que percorreu deve ser o que as pessoas chamavam de fé.
Tradução: Nero
Revisão: Flash
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