A noite não parecia pertencer à primavera, verão ou outono, mas poderia fazer parte de qualquer um deles ou de nenhum deles ao mesmo. Excepcionalmente, não havia sopro de vento, o ar pairava pesado sobre a terra. A luz das estrelas era fraca e a lua vermelha brilhava fracamente; apenas a lua verde brilhava intensamente.
Matador de Goblins não era astrólogo. Não podia adivinhar o funcionamento do destino e do acaso no movimento das estrelas. Então não prestou mais atenção aos céus, mas olhou para baixo e seguiu seu caminho.
Ele não gostou.
Não gostou nada disso.
Mesmo que estivesse andando por um caminho de terra empoeirado, seus pés pareciam tão pesados como se os estivesse arrastando pela lama. A cada passo, ele tinha que arrancar a bota da terra e a trazer de volta para baixo como se estivesse chutando o chão embaixo dele.
Se ele tivesse olhado para cima, poderia ter visto as luzes da casa da fazenda à distância agora, mas ele nunca olhou para cima; não para as luzes e não para as estrelas, mas apenas para a lama.
Foi, de fato, um longo caminho. Ele parecia se lembrar que aquelas eram as palavras de uma música que seu mestre às vezes cantarolava.
Ele não conseguia se livrar da sensação de que a estrada continuaria sem um final e que ele nunca voltaria para casa. Sentia-se abandonado na escuridão entre a agitação da cidade, as luzes da casa para a qual tentava voltar e os campos espalhados ao redor. Até sentiu que podia sentir o fedor debaixo do chão naquela noite, dragado das profundezas de sua memória.
Ele não disse nada, apenas rangeu os dentes. Isso era tudo em sua mente. As coisas na frente dele neste momento, isso era tudo que ele precisava prestar atenção. Todo o resto já estava feito.
— ……
Finalmente olhou para cima quando ouviu o som. Ele sabia, de tanto viajar nessa estrada, que esse som não pertencia aqui à noite.
Era o barulho descuidado das rodas e o baque dos cascos dos cavalos. Uma luz tremulante vinha da direção da fazenda em direção a ele, aproximando-se rapidamente.
Uma carruagem? Mesmo quando colocou a mão em sua espada, Matador de Goblins deu um passo para o lado para abrir a estrada. Dois cavalos passaram correndo por ele; pareciam não ver nenhum valor em dar uma olhada no aventureiro sujo. Eles foram seguidos por uma carruagem tão ornamentada que o luxo era evidente mesmo velado na escuridão, apesar da fraca luz das estrelas e luas. O cocheiro estava bem equipado, empunhando as rédeas com pretensão mesmo enquanto segurava o chapéu na cabeça.
Matador de Goblins observou-os ir na direção da cidade até que eles desapareceram como se cobertos com tinta preta e então ele balançou a cabeça.
Na verdade, ele não gostou nada disso.
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— …Ahh, você está de volta? — A voz calma e tranquila o cumprimentou quando ele chegou ao portão da fazenda algum tempo depois.
Virou o capacete até descobrir o proprietário da fazenda encostado a um poste do portão. — Qual é o problema?
— Só fui checar as vacas. — Parecia uma desculpa. Então o proprietário o encarou com um olhar, sua boca abrindo e fechando algumas vezes. Após um momento de hesitação, ele pareceu simplesmente desistir; disse impassível: — Um pouco tarde esta noite, não é?
— Não — disse Matador de Goblins a ele, mas então pensou por um segundo antes de acrescentar lentamente, escolhendo suas palavras: — Parece que uma carruagem estava aqui.
— Estava — respondeu o proprietário, com um aceno de desgosto de sua cabeça. — Um comerciante de vinhos, da Cidade da Água. E não era um peixe pequeno, também.
— Comerciante de vinhos?
— Queria saber se eu estava interessado em focar no trabalho de campo, transformando todo esse lugar em campos de cevada. Parece que ele quer fazer sua própria cerveja.
— … — Houve um grunhido de dentro do capacete. Ele não sabia se aquela era uma boa proposta de negócios ou não. E não cabia ao ignorante fazer comentários. Isso era um assunto para o proprietário e ela. Ele estava bem ciente de que não era seu lugar para dar opiniões. Ele pretendia se comportar assim.
— …Recusei-o, sim.
Por isso, ele estava bem ciente da forma como a respiração involuntariamente saiu de sua boca quando o proprietário disse isso. Ele não sabia bem por que, mas sentiu como se algo imensamente quieto dentro de seu coração tivesse sido satisfeito.
— Não é sobre se seria inteligente fazer algo novo ou melhor continuar fazendo algo antigo… — O proprietário cruzou os braços e olhou para as estrelas como se não tivesse certeza de como concluir. Ele imitou o gesto, olhando para o céu. As estrelas e as luas brilhavam tanto que quase doía. Ele apertou os olhos por trás de sua viseira. O proprietário olhou para ele e, depois de um momento, disse baixinho: — …Mas acontece que gosto da minha vida do jeito que ela é.
— …Sim. — Ele assentiu lentamente. Nesse ponto, ele tinha certeza. Era uma das poucas coisas que podia declarar com confiança. — Acho que você tem uma boa fazenda.
— É assim que você vê…? — O proprietário disse sucintamente, depois repetiu sem tom: — É assim que você vê… — Por fim, disse: — A garota está esperando por você com o jantar.
— Sim, senhor.
— Coma e durma um pouco. — O proprietário lentamente se afastou dele, indo em direção às vacas que ele supostamente estava verificando momentos antes. —Acabou de terminar um trabalho, eu presumo… e você está se esforçando bastante, não é?
— …Sim senhor.
— Certifique-se de descansar, então.
— Sim, senhor —, ele repetiu enquanto observava o proprietário ir embora. Então seu nariz se contraiu e ele sentiu o aroma de leite fervendo de algum lugar. O capacete virou novamente e ele começou a caminhar lentamente em direção à porta da casa.
Seus pés ainda pareciam pesados.
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Ela não fez nenhuma pergunta, apenas o observou silenciosamente comer seu ensopado. Se sentou em frente a ele, com as mãos nas bochechas, mas sua expressão era diferente do habitual. Normalmente, ela sorriria feliz, mas hoje, estranhamente, seu sorriso estava em lugar nenhum.
Depois de tomar algumas colheradas de ensopado, sugando-as pela viseira do capacete, ele resmungou baixinho.
Ouviu-se o silvo do pavio queimando. O canário cantou sonolento. Ao longe, as vacas mugiram em desagrado. Houve uma rajada de vento e de alguma forma a noite parecia mais profunda. Ocorreu-lhe olhar pela janela, onde descobriu que as estrelas e luas estavam escondidas pelas nuvens.
Com um estalo, ele colocou a colher na mesa, considerou, e então abriu a boca. — Há algum… problema?
— Você tirou as palavras da minha boca. — Isto foi seguido por um humph irritado. Ela soltou um suspiro como se, apenas como se, ele pensou, ela estivesse exasperada. Dentro do capacete, ele fechou os olhos. Ela não conseguia adivinhar nenhum significado de sua máscara ou sua viseira. Às vezes elas atrapalhavam, às vezes perfuravam seu coração, mas…
É isso que está acontecendo?
Porque ela sempre foi assim, na verdade era um pouco gratificante. Sabendo que ela tinha visto através dele, ele se sentiu tolo por tentar fingir. Quem poderia culpá-la por estar exasperada?
— Não é o trabalho, é? — Ela perguntou. — Então o que é? Aconteceu alguma coisa com outra pessoa?
Ele abriu a boca, fechou-a novamente, então respirou fundo e soltou o ar. Além das frestas de sua viseira, podia ver os olhos dela, olhando para ele. Direto para ele, como se ela pudesse ver tudo, mas ainda assim ela esperou que ele falasse.
Finalmente ele se preparou e colocou as coisas, ainda que brevemente, em suas próprias palavras.
— Estou perdido.
— Incomum para você.
— Sim.
O que seu mestre diria, se ele ouvisse isso? Na verdade, ele provavelmente não diria nada, apenas riria e bateria nele. Aja! Esse foi o ensinamento de seu mestre. No momento em que você decidiu fazer algo e seguiu em frente, a vitória era sua. Se você não fizer nada, nada acontece. Se pode ou não fazer isso é algo completamente diferente, mas se vai ou não fazer isso depende inteiramente de você.
Claro, se falhar, as pessoas vão rir de você…
Quantas vezes ele deixou claro esse ponto para mim?
Sobre o que ele se sentia tão incerto? Ele olhou para a tigela de sopa meio vazia para que não precisasse mais encontrar seu olhar.
— Tem uma coisa que eu quero ajudar.
— Sim…?
— Mas não sei como fazer isso.
Falar as palavras em voz alta trouxe isso para ele. Foi bom atuar. Então, qual deveria ser a ação?
Como era simples matar goblins. Cortar e perfurar. Isso é tudo o que havia para isso. Ele sabia o que tinha que fazer para realizá-lo. Estava sempre pensando nisso. Contudo…
Isso não vai me ajudar desta vez.
Perdido como estava, de repente lhe ocorreu: a razão pela qual os goblins só roubavam alguma coisa. Tudo o que eles precisavam para evitar recorrer ao roubo era fazer coisas próprias, mas como? Quebrando a cabeça para encontrar uma solução, isso era terrivelmente difícil.
E goblin matando sozinho, na pior das hipóteses, reivindicaria apenas sua própria vida. Ao atuar como líder de um grupo, a vida de seus amigos (outro grunhido suave acompanhava esse pensamento) estavam tomando conta dele, mas sozinho, era diferente.
Neste caso, porém, tudo era diferente. Isso não era sobre ele. Não era sobre goblins. Se errasse, não seria ele quem arcaria com as consequências.
Ele nunca teve a ilusão de que se tornaria um mestre de todos os ofícios. Havia muitas coisas que ele não podia fazer, mas perceber quão poucas cartas ele realmente tinha, era desagradável.
Ele registrou tudo isso, mas ainda era apenas um homem solteiro e impotente. Nada diferente de quando ele estava escondido sob as tábuas do assoalho…
— Mn, eu me pergunto. — As palavras dela penetraram em seu coração.
— … — Ele ergueu os olhos da tigela de sopa, olhando para ela como se não pudesse acreditar no que estava vendo.
Sua cabeça estava inclinada para um lado em preocupação e ela parecia estar pensando profundamente, mas estava sorrindo.
— Eu realmente não entendo, mas isso parece difícil.
— …eu suponho.
— Nesse caso… — Sua voz parecia traçar uma linha, alegre e clara. — Basta ser o seu eu habitual.
— Meu eu habitual.
— Sim, cada pedacinho de você.
Ele estava sem palavras. Ela apenas sorriu; parecia tão simples.
Talvez… talvez fosse algo tão banal assim. Era assim que ele sempre agia, do ponto de vista dela? Ele voltou sua atenção para o menino debaixo do chão há dez anos e assentiu lentamente.
— …É assim mesmo?
— Claro que é.
— Sim, suponho que seja…
Ele pegou sua colher novamente.
O que seu mestre diria, se ele ouvisse isso? Na verdade, ele provavelmente não diria nada, apenas riria e bateria nele.
Ele tinha sido um discípulo pobre, lento para aprender lições. Atrás de seu capacete, seus lábios se suavizaram quase em um sorriso.
Quase como se ela tivesse compreendido tudo, ela sorriu ainda mais e silenciosamente se levantou de seu assento. — Você quer repetir?
— Sim, por favor.
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— Até logo!
— Sim —, foi a única resposta de Matador de Goblins quando ele deixou a fazenda.
Talvez a chuva tivesse caído durante a noite, ou talvez fosse apenas neblina matinal. A grama brilhava ao sol e o céu estava azul o suficiente para machucar os olhos. Matador de Goblins olhou através de seu visor para o sol e as nuvens brancas, então partiu lentamente.
Hoje, estranhamente, ela não se ofereceu para ir com ele. — É melhor assim, certo? — Ela disse e ele não soube como responder. Ela provavelmente sabia melhor do que ele. Então ele simplesmente fez o que ela disse. Sempre, parecia que os outros entendiam melhor do que ele.
Ele seguiu o caminho ao longo da cerca, balançando a cabeça quando viu o proprietário ao longe com as vacas. Ele não viu se houve uma reação. Estava determinado a não checar.
Prosseguiu silenciosamente pela estrada, úmida, mas secando rapidamente ao sol. Logo ele se viu na estrada, seguindo em direção à cidade fronteiriça, cada parte do caminho trazendo mais e mais pessoas.
Quando criança, ansiava por trilhar esse caminho desde a primeira vez que desejou poder se tornar um aventureiro. Agora, desde que se registrou na Guilda, ele andava praticamente todos os dias. Hoje ele caminhava perdido em pensamentos, capaz de seguir a estrada pela memória. Passou por uma pessoa após a outra, indo direto para a Guilda. Antes de abrir caminho pela porta de vaivém, ele parou e olhou para o prédio.
Alguma vez ele realmente parou para observá-lo antes?
Já se passaram quase sete anos, e ainda…
— …Não vai entrar?
Matador de Goblins virou-se lentamente para a fonte da voz atrás dele. Era Garota da Guilda, de pé e rindo quase em uma sombra. Em seus braços, ela segurava protetoramente um tinteiro novinho em folha e uma caneta de pena, entre outros pequenos itens.
— Prometo que não estou atrasada para o trabalho — disse ela quando o viu olhando para ela. — Estava em uma missão especial. Acho que a tampa não ficou bem no meu tinteiro e toda a tinta secou.
Matador de Goblins parecia procurar no ar algo para dizer antes de grunhir baixinho. — Não —, ele disse, mas não ficou claro o que ele estava negando. — Estava apenas observando.
— Ah, tudo bem, mas você não vê isso todos os dias…?
— Sim.
Hum. Garota da Guilda segurou suas compras pensativamente em seu peito bem torneado. Olhou para Matador de Goblins, parecendo ver através do visor.
— Conheço a sensação, mesmo que você a veja todos os dias, às vezes você só quer dar uma boa e longa olhada.
— É esse o caso?
— Eu deveria dizer isso. — Garota da Guilda assentiu e sorriu, embora Matador de Goblins não tivesse certeza do que era tão engraçado.
— Entendo — disse Matador de Goblins, olhando primeiro para Garota da Guilda e depois para a Guilda. Nada no prédio havia mudado. Ou melhor, ele não conseguia se lembrar como se parecia na primeira vez que esteve aqui. Ele simplesmente não conseguia imaginar isso mudando.
Depois de outro momento olhando para o prédio, ele balançou a cabeça e voltou para Garota da Guilda. — Provavelmente —, ele disse, então refletiu sobre suas palavras por um segundo, — hoje e amanhã, não poderei ir caçar goblins.
— Meu Deus — disse Garota da Guilda, incisivamente arregalando os olhos um pouco e agindo surpresa. — Você está de férias?
— Não estou, mas…
— …Hee-hee, entendo como é. Em que situação estou… Que incrível. Garota da Guilda colou um sorriso no rosto, brincando com a ponta de sua trança como se não tivesse certeza de alguma coisa.
Matador de Goblins achou que deveria dizer alguma coisa e abriu a boca, mas não saiu nada. Por fim, ele conseguiu espremer simplesmente: — Entendo…
Não significava nada, mas Garota da Guilda deu uma risadinha mesmo assim. — Está tudo bem. — (Dentro de seu capacete, Matador de Goblins piscou com a resposta dela.) Não há necessidade de preocupação! Com isso, Garota da Guilda estufou o peito e acrescentou: — Não se preocupe conosco!
— Entendo — disse Matador de Goblins, soltando um suspiro. — Vou terminar o mais rápido que puder.
— Isso é bom. Podemos nos virar sem você, mas certamente é bom ter sua ajuda. — Garota da Guilda corou levemente ao dizer isso, então saiu correndo com toda a energia de um cachorrinho feliz. Pouco antes de empurrar a porta de vaivém, ela diminuiu a velocidade. Sua trança tripla balançou quando ela se virou para ele. — O que quer que você esteja fazendo, boa sorte! Estarei torcendo por você!
— Sim — respondeu Matador de Goblins, curto, quieto e desapaixonado.
Garota da Guilda realmente dançou pela porta do prédio. Ele a observou ir, então observou a porta balançar por um momento, e então lentamente começou a andar para frente. Seu habitual passo ousado, indiferente, quase violento.
— É isso que estou dizendo! Carregar, esfaquear primeiro e fazer perguntas depois, também é um tipo de aventura!
Essa exclamação foi a primeira coisa que ele ouviu ao passar pela porta.
Era o Lanceiro. Ele estava em um canto da área de espera onde aventureiros de todos os tipos descansavam e relaxavam. Em um banco na frente dele estavam Garoto Batedor e Garota Druida, junto com Guerreiro Novato, Clériga Aprendiz e Caçadora Coelho.
Pensando nisso, Matador de Goblins pensou com um aceno de cabeça, talvez eles não sejam mais novatos nem aprendizes.
Os jovens estavam cercados por aventureiros de longa data.
— Ninguém vai pensar em você como um aventureiro de primeira classe se ficar sentado esperando que as missões cheguem até você — disse Lanceiro, soando como um professor dando uma palestra.
Ao lado dele, a bruxa voluptuosa com quem ele estava sempre, também sentada no banco, abriu a boca. — Isso é verdade — disse ela. Ela estava virtualmente sussurrando, mas de alguma forma, as palavras chegaram até os ouvidos de Matador de Goblins. — Como exatamente… uma aventura começa? Isso é algo que só… os deuses sabem… não?
Hum. Os cinco jovens aventureiros no banco já haviam acumulado uma boa quantidade de experiência, mas isso não parecia fazer sentido para eles.
Garoto Batedor deu-lhes um olhar vazio. — Você tem certeza sobre isso?
Cavaleira cruzou os braços na frente de seu peito blindado e assentiu sabiamente. — Acho que ela está certa. Ninguém sabe onde você encontrará a semente da aventura que pode salvar o mundo. Sejam presságios do renascimento dos Deuses das Trevas, portões para outros planos ou a própria Boca do Inferno, você não pode sobreviver se não souber ver o que está ao seu redor.
— Ouçam ela. — Guerreiro de Armadura Pesada descansou o queixo nas mãos com um olhar irritado, mas não mostrou nenhum sinal de resposta. Provavelmente, ele sentiu que, de alguma forma, ela estava falando a verdade. — Deixem-me esclarecer — disse ele, vendo que os meninos e meninas não conseguiam imaginar uma aventura que pudesse salvar o mundo. — Digamos que você está em uma missão de caça a monstros e, no fundo da caverna, você descobre ruínas que vão ainda mais fundo. Você daria uma olhada nelas, certo?
— Claro, claro que sim — disse Garota Druida, batendo palmas e assentindo. Isso, ela entendeu. — Pode ser de onde os monstros estão vindo e, de qualquer maneira, ruínas desconhecidas podem estar repletas de tesouros valiosos.
— Sim, mas… — Guerreiro Meio-Elfo entrou na conversa com um gesto elegante. — Seria necessária alguma preparação. Entrar correndo sem pensar duas vezes seria convidar a morte.
— Sim, tem que ter cuidado.— Cavaleira estufou as bochechas em aborrecimento e Guerreiro de Armadura Pesada conseguiu manter-se apenas com um sorriso.
— O que é uma longa maneira de dizer, acho melhor irmos para a Cidade da Água. Eles têm aquele templo lá, e esta senhora é uma seguidora do Deus Supremo. — Guerreiro Pesado deixou uma pequena risada escapar de sua boca enquanto dava à Cavaleira emburrada um tapinha amigável na cabeça. — Temos uma espécie de conexão lateral com o Templo da Mãe Terra também. Temos que usar essas conexões se quisermos descobrir o que está acontecendo com esses rumores.
— Hmm… Gostaria de saber o que devo fazer… — Lanceiro franziu a testa, acrescentando algo baixinho sobre ser ruim em “aventuras da cidade”. Pensando nisso, ele deveria ter prestado mais atenção ao aventureiro Bronze que conheceu em seu primeiro ano. Os truques para lidar com aquele Devorador de Pedras definitivamente seriam úteis.
— Conheço um cara que está na Cidade da Água agora, um aventureiro. Acho que posso pelo menos ir com você até lá.
Bruxa respondeu a este murmúrio pensativo de Lanceiro com um — Isso é verdade —, e um adorável aceno de cabeça. — Isso… parece, como… algo que… poderia se tornar… grande. — Ela tirou um cachimbo de seu amplo seio, iluminando a ponta dele com um feitiço. Uma pequena chuva de faíscas mágicas foi seguida pela Bruxa inalando uma baforada preguiçosa de fumaça aromática. —Nunca… dói ter… mais opções.
— Sim mas…
— Ei…
Guerreiro Novato e Clériga Aprendiz, que estavam ouvindo em silêncio, olharam um para o outro e assentiram.
— Lembro-me do ano retrasado, quando aquela fazenda foi atacada, você disse que não ajudaria se não fosse uma missão.
— Hufh — disse Caçadora Coelho, suas bochechas cheias de mingau de cevada. — Não sei sobre esses rumores ou o que quer que sejam, mas… — Ela torceu as orelhas e engoliu. — …O quê quer que estejam dizendo, ele é um cara legal, afinal.
— Ah, não me encha! É apenas o dever de um homem ajudar uma linda mulher em perigo! — Lanceiro foi muito veemente, mas os meninos e meninas já estavam rindo e tagarelando juntos. Guerreiro de Armadura Pesada, Cavaleira e Guerreiro Meio-Elfo os observaram divertidos por um momento antes de intervir para detê-los. E então Bruxa, com uma risadinha, virou-se para ele.
— … — Matador de Goblins não podia dizer nada; apenas ficou no mesmo lugar e assistiu. Não foi hesitação ou mesmo desengajamento. Ele mesmo não tinha certeza do que deveria dizer.
— Heh heh! — A risada era adorável de se ouvir, como o canto de um pássaro. Lá estava ela, sentada no banco normalmente ocupado pelo próprio Matador de Goblins. — Isso são aventureiros para você. — Alta Elfa Arqueira torceu as orelhas incisivamente e sorriu para ele. Ao lado dela estava Anão Xamã, queixo nas mãos, com uma expressão que dizia que ele não tinha escolha. Lagarto Sacerdote estava de pé junto à parede com um olhar conhecedor em seu rosto.
E então havia Sacerdotisa, cercada por eles, parecendo um pouco sobrecarregada, mas então ela olhou para cima e o viu. Seu rosto floresceu em um sorriso. — Matador de Goblins, senhor, hum…!
Ele balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro. Atrás de sua viseira, eles detectaram um leve amolecimento de seus lábios.
Sempre foi assim. Assim como seu mestre havia dito, ele não era muito brilhante. Como sempre, outras pessoas pareciam entender o que estava acontecendo melhor do que ele. Era assim mesmo.
— Sim — disse ele. — Estou indo agora.
E então Matador de Goblins começou a caminhar em direção a seus amigos e companheiros. Comparado com aquele longo caminho para casa, seus passos pareciam fáceis e leves.
Tradução: Nero
Revisão: Sonny
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