Matador de Goblins – Vol. 09 – Cap. 04.1 – Interlúdio – De Como Goblins São Impróprios Para Comandos

— Blargh! Vocês ainda não os encontraram?! — Furioso, o ogro chutou a pilha de entulho que estava usando de banco.

No meio de uma multidão de goblins, que mantinham diligentemente distância na esperança de não serem arrastados pela raiva de seu líder, alguém se prostrava enquanto fazia seu relatório. O ogro não gostava dessas demonstrações de servidão, mas sim de saber que seus subordinados estavam completamente subjugados por ele. Afinal, Goblin era praticamente sinônimo de traidor. Por mais ignorantes e estúpidos que fossem, pensavam que eram as maiores coisas do mundo, e que todos os outros não passavam de incômodos.

Eles são úteis, mas só se você souber como usá-los.

Seres descartáveis, era para isso que serviam. Essa capacidade, pelo menos, o ogro teve que reconhecer. Eles eram inúmeros, ideais para irem contra um inimigo usando de violência indiscriminada. E se eles pensassem sobre se rebelarem, não havia um goblin vivo que pudesse matar um ogro. Nada disso teria sido possível com os elfos negros.

Elfos negros …

Esse era mais um item da lista de coisas que incomodavam o ogro.

O honrado Lorde Demônio reconhece um de seus comandantes.

Em uma palavra, a batalha foi um desastre completo. A assassina humana que se autodenominava “a heroína”, estava matando um general após o outro, seu plano morrendo com eles. A batalha na qual os exércitos da Ordem e do Caos se enfrentaram para se resolverem também foi perdida, e o Lorde Demônio foi destruído. O ogro, destituído de suas forças, deixou as montanhas com gritos de ‘Isso não é uma derrota!’, mas…

—Na realidade, o uivo de um cão.

Essas foram as palavras do elfo negro que apareceu perante a ele, um homem que se escondeu em uma cortesia superficial mascarando um desprezo abundante.

A resposta padrão do ogro a tal tratamento teria sido rasgar a pessoa membro por membro enquanto ainda estava viva, e então se deleitar com suas entranhas. Mas agora, com sua armadura quebrada e sem flechas, essa ameaça teria parecido cômica.

Em vez disso, o ogro perguntou que negócios o elfo negro tinha com ele, e então a boca do elfo, vermelha como se manchada de sangue, se retorceu em um sorriso, dizendo, —Eu ouvi uma história de um companheiro meu, trazida a ele por um aventureiro Rhea ao seu serviço.

O aventureiro que assassinou seu irmão tão brutalmente, dissera ao ogro, morava em algum lugar na fronteira oeste…

Ele soube então que havia mordido a isca. Que ele havia se tornado o peão do elfo negro. Ele sabia que não seria nada mais do que uma isca que servia de distração para tudo que o elfo negro estava planejando. Mas e daí? O ogro tinha equipamentos, tropas – mesmo que apenas goblins – e eventualmente se vingaria por seu irmão.

Se ele pudesse conseguir isso, então não importava para ele o que mais poderia estar acontecendo.

Então, por que…?

O fôlego raivoso do ogro saiu de sua boca. A neve continuava caindo, o ar ainda estava gelado e a moral dos goblins estava mais baixa do que nunca. Na verdade, moral nem mesmo era a palavra certa. Eles simplesmente não queriam fazer nada.

— Cansado de atormentar os prisioneiros? Eh?

Ele deu uma boa encarada a um goblin gaguejante e chorão, fazendo a criatura fugir desordenadamente. Os goblins agiam duramente, claro – quando estavam ocupados abusando de alguém mais fraco do que eles. Argh, não havia nada a ser feito com eles.

Sem dúvida que suas cabeças estavam cheias de ressentimento por terem seguido o ogro até aqui. ‘Se eu derrubasse aquele grande idiota e me tornasse o chefe, haveria comida quente e mulheres de sobra’, era o que cada um deles pensava. Idiotice. Idiotice era o que martelava no interior daquelas cabeças minúsculas.

Não consigo perguntar o que eles pensam.

Ele lançou seu olhar sobre a aldeia desolada, cercada por neve cinzenta, quando à distância, ouvia outro grito. Parecia um porco prestes a morrer – mas ele sabia que era o grito agonizante de uma mulher à beira da morte.

Esses goblins são uns malditos…!

Talvez ele devesse matar alguns como exemplo. E quase o fez, mas então balançou a cabeça, pensando melhor.

— Ah, sim, isso mesmo. — Sim, havia outro plano. Goblins, sendo goblins, viam as coisas de um… ângulo inferior ao dele. — Um exemplo pode ser exatamente o que eles precisam.