A mão do demônio superior estava murcha e faminta.
A carne e a alma de um goblin, quanta nutrição poderia haver nessas coisas?
Aventureiros.
Tinha que matar os aventureiros, os Jogantes.
Os pobres tolos deviam estar se preparando para morrer. Suas vidas. Suas almas. Seu desespero.
A mão acariciou suavemente o ar, procurando essas coisas.
Ali.
Os sentidos de um demônio superior, os pensamentos de tal monstro, estavam tão distantes dos aventureiros que eles não tinham esperança de compreendê-los. No final, era simplesmente impossível imaginar o que ele (ou ela?) poderia estar pensando.
Mas lá estava o anão, abrindo caminho lentamente com o homem-lagarto, a elfa e o sacrifício humano. A maneira como os músculos se contraíram quando o monstro reconheceu que o anão tinha que ser inspirado por algo que poderíamos chamar de alegria, ou pelo menos ganância.
Os músculos da mão do demônio superior se contraíram e incharam, a coisa toda pulsando.
Então saltou, momento exato em que uma pedra surgiu voando de um lado.
A mão parou como se tivesse levado um tapa, o pulso girando para um lado e para outro.
— Bem… aqui!
Era apenas uma pedra. Com funda ou sem funda, o corpo esguio da garota não seria o suficiente para causar qualquer dano.
Mas lá estava ela, uma garota parada ali, lutando contra o medo e o frio.
Quando a avistou, os movimentos da mão do demônio superior tornaram-se chocantemente rápidos. Retorceu-se na direção dela, seus dedos hediondos deslizando pelo chão como aranhas.
— Eek…?! — exclamou Sacerdotisa, aterorrizada. Aquilo estava se movendo rápido, provavelmente rápido demais para ela lidar. Iria pegá-la, agarrá-la, torcê-la e quebrá-la, apertá-la e sufocá-la. Sua carne e ossos seriam reduzidos a mingau, suas entranhas a uma sopa sangrenta; ela seria totalmente destruída antes mesmo de morrer.
— Como se eu fosse deixar…!
— …?!
Sacerdotisa nunca fechou os olhos enquanto a mão se fechava sobre ela. E então, um instante antes de agarrá-la, o braço foi jogado para o lado.
Foi por causa do chão gelado? Não. Magia, então? Não.
— Alguns chamam de Óleo de Medeia. Outros, petróleo. É gasolina.
Havia um aventureiro com um capacete de metal de aparência barata, armadura de couro encardida, um escudo redondo amarrado ao braço e uma espada de comprimento estranho no quadril. Até um iniciante teria um equipamento melhor do que este homem, que agora jogou uma pequena garrafa no chão.
Uma substância negra e viscosa correu pelo chão.
— …!
O monstro não conseguia se manter em pé (ou seria em mão?), escorregando e se debatendo.
— Matador de Goblins, senhor, fogo…!
— Não podemos, está muito frio — disse ele bruscamente. — Recue e vá!
— Sim senhor!
Sacerdotisa correu o mais cautelosamente que pôde, tomando cuidado para não escorregar no gelo enquanto se dirigia para um canto do lugar. Matador de Goblins se moveu para cobrir sua retirada, alcançando sua bolsa de itens.
— “Nunca saia de casa sem isso“, hein? — Ele sussurrou as palavras que Sacerdotisa falava com tanta frequência e puxou um gancho.
Mandou-o voando em direção à mão que arranhou o gelo e o óleo. Sentiu que se firmava com uma mordida; certamente não o suficiente para causar dor, mas…
— Hrm…!
Quando puxou com força, o braço gigantesco escorregou na gasolina, deslizando. Isso ajudaria a compensar de alguma forma o grande abismo em sua força e peso. Não era o suficiente para virar a batalha a favor de Matador de Goblins, obviamente, então ele tinha que ser cuidadoso com o que fazia.
— Venha…! — Ele deu um puxão na corda, como se conduzisse uma vaca que se recusava a ouvi-lo. Enrolou a corda em volta da mão várias vezes enquanto ela continuava a lutar com a gasolina.
Deixar o chão escorregadio era bom e funcional, mas seria inútil se ele fosse pego em sua própria armadilha. Ele deslizou os pés para manter o equilíbrio. Baixou os quadris e pôs força nas pernas. Se sobrevivesse, teria que colocar cravos nas botas, ou talvez cobri-las com pele.
— …!
O inimigo, entretanto, não estava disposto a simplesmente deixar Matador de Goblins fazer o que queria. A mão do demônio superior torceu seu pulso com força, como se golpeasse uma mosca especialmente irritante.
— Hrah…?! — Matador de Goblins foi erguido no ar.
Um momento depois, bateu na parede da câmara como um brinquedo em uma corda sendo empunhada por uma criança descuidada.
— Hrgh?!
Ele ouviu sua armadura estalar, mas não largou a corda.
Caiu no chão, batendo pouco antes do impacto para suavizar a queda. Ele estava bem. Nada doeu o suficiente para ser quebrado.
— Matador de Goblins, senhor! Matador de Goblins!! — Sacerdotisa, entrando mais profundamente no lugar, se virou e soltou um grito como se fosse explodir.
— Não tem… problema…!
Com um clique de sua língua, Matador de Goblins se levantou.
Sim, posso continuar. É perigoso, mas possível.
Ele ainda estava em melhores condições do que depois da surra que o que quer que fosse lhe dera sob as ruínas. Talvez fosse um monstro de nível superior ao que havia pensado.
Mas, bem, era sempre possível que seu próprio nível tivesse aumentado.
Que seja. A questão é que a diferença entre o poder dele e o meu não é absoluta.
Ele bufou, achando seu próprio pensamento cômico, então se apoiou instavelmente.
— Como estão as coisas por aí?
— B-Bem! — disse Sacerdotisa, voltando-se rapidamente para seu próprio objetivo. — Estou… quase lá!
Quando Sacerdotisa alcançou as portas duplas descansando no outro lado da câmara mortuária, puxou um item.
A Fita Azul. A coisa que Donzela da Espada tinha dado a ele, e ele tinha dado a ela neste momento.
Sacerdotisa amarrou a fita em uma das mãos e empurrou a porta.
Quando fez isso, veja só, uma luz azul começou a brilhar ao lado da porta e uma fileira de símbolos se gravou no ar.
Era uma luz misteriosa, uma vez perdida. Sacerdotisa mordeu o lábio quando esta brilhou sobre ela.
Eu sabia, pensou Sacerdotisa, lembrando-se das palavras de Donzela de Espada. Ela colocou a mão em seu pequeno peito. Essa é a chave deste lugar…!
Sacerdotisa rapidamente correu seus dedos finos sobre o teclado. Foi tudo bem. Conseguiria fazer isso.
— Agora!
— Entendido…! — Matador de Goblins puxou a corda com toda a força que lhe restava.
Houve uma resistência em resposta! Quando a mão agarrou o chão, lutando para não se mover.
Por um instante, foi um cabo de guerra.
— Hã…?!
Inesperadamente, a mão ficou mole e Matador de Goblins caiu. A mão do demônio superior, que havia desistido de resistir, moveu seus dedos ao mesmo tempo em que deslizava em sua direção.
— Eek?! — Sacerdotisa soltou um grito involuntário. Ela sentiu como se a câmara mortuária ficasse de repente vários graus mais fria.
A energia mágica girou em torno da palma do demônio superior, o ar rangendo.
Outra nevasca…?!
As batalhas anteriores de Sacerdotisa passaram por sua mente como uma inspiração.
O ogro gigante.
O braço erguido.
O redemoinho mágico, conflagração.
E ele, de costas para ela.
Antes, ela havia usado tudo, não era capaz de se mover.
Mas agora.
Agora…
— Matador de Goblins, senhor!
— Orcbolg!!
Qualquer habilidade suficientemente avançada é indistinguível da magia.
Como o tiro com arco de Alta Elfa Arqueira.
Ela levantou uma perna para apoiar seu arco, para a esquerda, puxando a corda com os dentes. Era bizarro e, ainda assim, lindo. E quanto à flecha que preparou…
— Ó falciformes asas de Velociraptor, rasgue e dilacere, voe e cace! — Lagarto Sacerdote usou o mínimo de força que havia recuperado para invocar a Garrespada. — O que é essa sua grande destruição? Se deseja tomar nossos cadáveres, traga a pedra flamejante caída do céu e faça-o assim!
A chama de sua força vital, uma vez gotejando, começou a queimar um pouco mais intensamente. A ajuda para este último vestígio de sua consciência, que de outra forma não poderia ter mantido, não veio de seus ancestrais.
Porque, claro, ele não estava sozinho.
— Chama dançante, fama da salamandra. Conceda-nos uma parte do mesmo!
Foi graças a Anão Xamã, que usou um pouco de carvão como catalisador para lançar Arder.
Com a renomada resistência de seu povo, Anão Xamã os levou até a frente do elevador. Então sorriu com conhecimento de causa e tomou um gole de vinho de fogo.
— Faça isso, Orelhas Compridas!
— Hhhh… rahhh!!
Um berro muito diferente daquele esperado de uma elfa encheu a sala e houve um clarão de luz.
As presas do dragão, as presas de seu companheiro, se chocaram contra a mão do demônio superior.
— …?!
É claro que não foi o suficiente para causar sérias dores. Eram apenas os tiros de uma elfa moribunda (não importa o quão excelente arqueira pudesse ser) contra um demônio de alto nível (mesmo que fosse apenas sua mão). Seria o suficiente se perfurassem a pele. E, sim, foi o bastante.
As presas dos temíveis nagas eram poderosas o suficiente para impedir a mão de invocar sua magia. Aquilo cambaleou com o impacto, o vórtice de energia mágica desaparecendo como água espirrando na borda de um copo. A torção do ar voltou ao lugar e, naquele momento:
— Yaaah…!
Matador de Goblins não perderia a oportunidade. O gancho, que puxou com força total, junto com o óleo no chão, fez com que a mão do demônio superior escorregasse.
— …!
Agora.
Com a ameaça deslizando diretamente em sua direção, Sacerdotisa não hesitou: começou a tocar no teclado do elevador.
As portas se abriram sem fazer barulho. A mão do demônio superior deslizou para dentro, literalmente.
— …!
Além das portas, não havia nada além de um buraco que levava a uma queda muito longa. Nenhuma criatura viva poderia sobreviver à queda, mas a mão do demônio superior não iria cair tão facilmente.
Mesmo quando escorregou e deslizou na gasolina, abriu os dedos, tentando se prender à parede ou rastejar. Parecia algum tipo de aranha bizarra, uma criatura sobrenatural e assustadora. Poderia não escapar da queda, mas estava decidida a pelo menos levar a garota consigo.
Se o demônio superior ainda tivesse alguma consciência pessoal, esse era provavelmente o seu pensamento.
Mais uma razão para…
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fracos!
Mais uma razão para fazer sua parte, neste exato momento.
Sua oração, uma prece que levou parte de sua própria alma, alcançou o céu e lhe rendeu um milagre da misericordiosa Mãe Terra.
A barreira invisível de Proteção espalhou-se para os dois lados, como uma tampa, para proteger sua devota seguidora.
— Hrgh…!
A mão do demônio superior, rejeitada, bateu com raiva contra a barreira, fazendo com que Sacerdotisa estremecesse a cada vez, como se ela mesma estivesse recebendo os golpes.
Mas isso não era tudo.
Não muito depois, a mão começou a escorregar e, embora cravasse as unhas nas paredes, relutante em desistir da luta, foi puxada inexoravelmente de volta para o poço, até cair na escuridão.
Houve um longo momento de silêncio. Finalmente, as orelhas de Alta Elfa Arqueira se contraíram e ela soltou um suspiro.
— Nós… conseguimos?
Ela mesma não parecia ter certeza.
Sacerdotisa, entretanto, não respondeu. Na verdade, não conseguia responder. O formigamento em seu pescoço ainda não tinha sumido.
Isso não acabou…!
— …!
Houve um baque profundo e uma fratura fina correu ao longo da barreira de Proteção como vidro prestes a se estilhaçar.
— Ah, ahhh…?!
A mão do demônio superior havia flexionado todos os músculos que tinha para saltar para cima e lançar seu punho contra a barreira. Sacerdotisa gritou de dor, como se ela própria tivesse sido golpeada, e caiu de joelhos.
Baque! Um segundo acerto.
— Ugh… Hrgh…?!
A visão de Sacerdotisa turvou quando uma onda de choque passou por seu plexo solar. Ela não conseguia respirar. Caiu prostrada e gemeu.
— Hrrr… Ahh…
Um terceiro golpe. Parecia que estava rasgando suas entranhas; ela foi arremessada de joelhos.
Mas… não posso…!
Ela forçou de volta os fluidos amargos que ameaçavam subir, olhando fixamente para frente.
Não posso ceder… Isso não acabou… Não está… acabado!
Não que ela tivesse alguma garantia especial. Simplesmente acreditava.
Acreditava que não devia ser derrotada ali.
Os goblins. A cota de malha roubada. A garota resgatada. Seu eu resgatado. Donzela da Espada. Seus amigos.
Os pensamentos giraram em sua mente. Era isso que significava a vida de uma pessoa passar diante de seus olhos? Não, não. Não era hora de se perder em memórias.
Matador… de… Goblins… senhor…!
— Está vindo!
As palavras dele soaram como uma bênção para ela. Ela se agarrou a isso, apoiou-se nisso, ficou com isso.
A mão do demônio superior enrijeceu. Foi empurrada por baixo, empurrada contra a parede sagrada.
Por quê… como?
De alguma forma, Sacerdotisa sentiu que podia entender a confusão da mão. Isso levou um sorriso a seu rosto atormentado pela dor.
— Isto é… um elevador — disse ela. — E você está subindo…!
Foi a “caixa”, surgindo de baixo, que teve o efeito crítico. A mão do demônio superior ficou presa entre a estrutura de metal subindo rapidamente em direção à superfície e a barreira de proteção…
— …! …! ! !! !!!! !
Sobreviveu por vários longos segundos antes de, com um barulho nojento, ser reduzida a pedaços de carne.
Com a conexão amaldiçoada perdida, o corpo do goblin que o demônio superior estava usando praticamente derreteu. Ele escorreu, passando pelo elevador, em riachos negros hediondos e fedorentos.
Um momento depois, a proteção desapareceu, seu trabalho feito, e o ding! incongruentemente alegre do elevador soou na câmara mortuária. As portas se abriram sem fazer barulho. Eram a entrada para um poço sem fundo, para o próprio abismo.
Todo mundo estava respirando com dificuldade, suspiros irregulares e, por um tempo, ninguém falou.
— Um martelo e… uma bigorna… — Sacerdotisa finalmente conseguiu. Quase tropeçou, usando seu cajado para se sustentar. Ela colocou a mão livre contra o estômago latejante.
Esse era o limite absoluto. Estavam sem preces depois de lutar por todo esse caminho desde o momento em que entraram na cidade fortificada.
Enquanto o corpo esguio e elegante de Sacerdotisa se inclinava para frente, ela se sentiu sustentada por uma mão áspera e enluvada que casualmente a segurou e puxou para perto.
— Isso mesmo — disse Matador de Goblins. — Você fez bem em lembrar.
— Porque você… — Sacerdotisa sorriu, seu rosto suado. — Porque você… me ensinou.
— É mesmo…?
— Sim.
Matador de Goblins ficou em silêncio, apoiando o ombro dela enquanto caminhavam. Um passo, depois outro. Trabalharam ao longo de um chão coberto com óleo, gelo, sangue e carne, um passo de cada vez, sempre para frente.
Na frente do elevador, tão perto, mas tão longe, ela encontrou seus companheiros apoiando uns aos outros enquanto esperavam por ela, como sabia que estariam.
Exatamente o oposto de outra época que posso imaginar, pensou Sacerdotisa de repente e sorriu.
Ninguém agiu como se estivesse com pena dela, mas ela apreciou o ritmo de caminhada suave que mantiveram. Então, de repente, notou algo… Algo que podia ter sido menor, trivial.
Ele nunca… me apoiou enquanto caminhávamos.
Sacerdotisa pensou que podia sentir o calor subindo em suas bochechas e olhou para baixo. Viu as botas dele e seus próprios pés logo ao lado.
Porém, nem toda primeira vez era ruim.
Essa foi sua pequena compreensão, ali no coração daquele calabouço.
Tradução: Sahad
Revisão: Guilherme
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