— GGRROROB!
— GRBBR! GOORGGBG!
Maldições resmungadas e imundas ecoavam pela câmara mortuária. A princesa ouviu tudo de onde estava deitada, no chão, amarrada com pedaços rasgados de suas próprias vestes. Tentou ver, mas a escuridão e o miasma aderente dificultaram as coisas.
Seu rosto estava inchado, sua visão turva com lágrimas e seu nariz e boca tão secos que queimavam.
Era natural, depois da surra que tomou, pensou distantemente. Ela devia estar com uma aparência terrível.
O pensamento fez seu nariz formigar e as lágrimas ameaçaram se reunir em seus olhos novamente. Em seguida, escorreram, junto com uma torrente de fungadas; a resolução para contê-las foi arrancada dela.
O que quer que estivesse esperando por ela em seguida, não seria melhor do que o que já havia acontecido. O pensamento a apavorou, quando pensava nas possibilidades horríveis e blasfemas, até mesmo o frio das pedras sujas em que estava deitada se desvanecia até a insignificância.
— GOROGGBGO! GROG!
— GGGOROGB!
No altar, o goblin vestindo roupas elaboradas estava gritando algo.
Sua roupa era a de um usuário de magia, que se tornou comicamente, horrivelmente, teatral. Todo o seu corpo estava coberto por tatuagens geométricas, eram “mãos”, e ele era o líder dos goblins.
A princesa se pegou tremendo com a ideia de que em breve seria espancada, estuprada e violada até a beira da morte.
— GGBGOROGOBOG!
— GOR! GBOGOGB!
Os goblins começaram a mais uma vez rir da criança lamentável. Não acharam especificamente divertido que a irmãzinha do rei tivesse sido reduzida a tal estado. Não, simplesmente gostaram do fato de que alguém mais patético do que eles estava se encolhendo e chorando.
Se os goblins soubessem quem ela era, provavelmente a tratariam ainda pior. Goblins não faziam nenhuma tentativa de esconder sua inveja ou rancores. A garota sabia muito bem que havia afundado em um buraco escuro onde a luxúria desses monstros se enfurecia sem controle.
Não haveria ajuda.
Não haveria salvação.
Estava tudo perdido, tinha sido tudo roubado dela, tudo degradado.
E, no entanto, os goblins ainda pretendiam levar até o último vestígio do que ela tinha.
Eles nunca ficarão satisfeitos. Estou certa disso.
Ela poderia se desculpar, chorar e implorar, mas não seria o suficiente para eles, mesmo se ela morresse.
A única maneira de se distraírem seria se cansassem dela, ou se esquecessem dela, ou se o interesse deles fosse atraído por alguma outra pobre vítima.
— Ooh… Ah… Ergh…
Diante desse fato, resolveu, pelo menos, não implorar por perdão. Não por desejo de resistir aos goblins, ou por orgulho. Simplesmente porque não queria afundar tanto e porque sabia que implorar não faria nenhum bem, de qualquer maneira.
Ela não tinha ilusões, os goblins também roubariam essa decisão em questão de minutos, provavelmente.
— GGBGBG!
— GRB!
O líder goblin ergueu seu cajado, era uma mão seca, o balançou, dando a seus subordinados algum tipo de ordem. Houve uma rajada de passos molhados quando os monstros sujos se aproximaram, cheios de ganância.
Os rostos de sua querida mãe e pai falecidos passaram por sua mente. Então viu seu irmão mais velho.
Ele estaria com raiva? Imaginou. Preocupado com? Só poderia imaginar.
Tudo o que queria, a única coisa, era ir para casa.
Mas nunca o faria. Não sem um milagre…
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— Tentei investigar no templo, mas a tatuagem deles é de um tipo que nunca vi.
O elevador levou os aventureiros silenciosamente para baixo. Se não fosse pela sensação de flutuação sob seus pés, nunca teriam pensado que estavam em uma caixa móvel.
Alta Elfa Arqueira franziu a testa e sacudiu as orelhas, ao que Lagarto Sacerdote a aconselhou: “Engula.” Ela fez o que ele disse e o desconforto em seus ouvidos pareceu desaparecer.
— No entanto, acredito fortemente que tenham um lançador de feitiços com eles.
— Um goblin xamã, certo? — disse Sacerdotisa.
— Não posso dizer com certeza — respondeu Matador de Goblins, fazendo Sacerdotisa empalidecer um pouco. Ela já havia passado do ponto em que poderia ficar inerte de medo, mas esse inimigo não era alguém que pudesse ser enfrentado sem ansiedade. Ela agarrou seu cajado e respirou fundo uma vez, então outra, encheu os pulmões e depois deixou todo o ar sair.
Alta Elfa Arqueira deu um tapinha em seus ombros que subiam e desciam.
— Tudo bem?
— Sim — disse Sacerdotisa, sorrindo corajosamente. — Estou bem.
Ela olhou para Matador de Goblins, que estava conversando com Anão Xamã e Lagarto Sacerdote. Planejando e calculando, sem dúvidas. Isso a ajudou a relaxar ao vê-los tratando de seus negócios como de costume.
— Acho que podemos presumir que esses são os mesmos goblins que têm causado problemas na área recentemente. Seria o chefe deles — disse Matador de Goblins.
— Se você está certo sobre isso, então… derrubar o lançador de feitiços primeiro seria o caminho óbvio a seguir — respondeu Anão Xamã com uma batida em sua barba branca.
— Não, acho que dependeria do número e do equipamento de nossos oponentes — argumentou Lagarto Sacerdote. O clérigo, um membro dos guerreiros mais renomados, os homens-lagarto, virou seu pescoço comprido de um lado para o outro, vigilante.
— De qualquer forma, se fôssemos emboscados quando essas portas se abrirem, seria uma espécie de caça ao pato.
— Projéteis, então — grunhiu Matador de Goblins. — Que problemático.
— Ei, Orelhas Compridas — disse Anão Xamã severamente. — Consegue ouvir alguma coisa abaixo?
— Só porque sou uma elfa não significa que posso ouvir tudo, sabe? — Alta Elfa Arqueira franziu a testa e fechou os olhos, as orelhas trabalhando para cima e para baixo. Todos ficaram instintivamente em silêncio. Apenas os sons suaves de suas respirações soaram pelo espaço.
Depois de alguns momentos, Alta Elfa Arqueira abriu os olhos novamente.
— Hmm… São muitos deles, eu acho — disse, mas não parecia muito certa. — Mais de dez, acho? Talvez até vinte. Ouço muitos passos. Mas não consigo descobrir o que estão vestindo.
— Notou mais alguma coisa? — perguntou Matador de Goblins. — Qualquer coisa.
— Nenhum som, mas… — Alta Elfa Arqueira torceu o nariz. — Há algum tipo de cheiro estranho. Vindo de baixo.
— Acha que é gás venenoso?
Sua pergunta foi respondida por Lagarto Sacerdote.
— Não, eu deveria pensar que estão realizando algum tipo de ritual. Queimar algum tipo de incenso seria bastante natural.
— Seja o que for, garanto que não fará nenhum bem em respirar — disse Anão Xamã. Resmungou, pensativo, em seguida, bateu palmas quando teve uma ideia. — Diga, Corta Barba, você tem aquelas… aquelas coisas que usamos uma vez? As coisas de pano e cinzas que filtram o ar nocivo.
— Aquelas foram improvisadas por necessidade. Com tempo suficiente para se preparar, seria melhor embeber um pano no antídoto. — Matador de Goblins puxou uma garrafa com um cordão enrolado em volta do gargalo de sua bolsa de itens. — Prefiro não usar uma poção agora, mas acho que é a hora para isso.
— Oh — disse Sacerdotisa, levantando a mão. — Então deixe-me…! — O grupo se virou para olhar para ela. Ela corou, não muito acostumada a ser o centro das atenções. — Er, eu só, ahem, pensei que talvez pudéssemos abrir com Luz Sagrada, como costumamos fazer… — Quanto mais falava, mais apologética parecia. — Achei que talvez fosse… a coisa mais segura a se tentar…
Matador de Goblins fez um cálculo mental rápido de seus feitiços restantes. Três e isso significaria usar um na entrada.
Se a prisioneira estivesse segura, isto é, com vida, quase certamente pediria por cura.
Isso os deixaria com um milagre sobrando. Isso seria “apenas um milagre” ou “um milagre que fará falta”?
Ele colocou a poção de volta em sua bolsa.
— Lide com isso.
— Certo!
Sua resposta foi tão simples quanto poderia ser, e Sacerdotisa assentiu vigorosamente, seu rosto se iluminando.
— Muito bom. A Senhora Sacerdotisa fará nosso lance inicial, enquanto eu devo, suponho, estar na primeira fila. — Lagarto Sacerdote fez um estranho gesto com as palmas das mãos juntas, parecendo positivamente animado. — Felizmente, consegui conservar os milagres que posso pedir aos meus antepassados. E você, mestre lançador de feitiços?
— Vejamos… Tenho mais dois feitiços, não, três, mas… — Anão Xamã vasculhou sua bolsa de catalisadores enquanto falava e então sorriu. — Que tal, Corta Barba? O que você quer?
— Uma fonte de luz — respondeu, sem nem mesmo pensar. — O resto é com você.
— Você que manda. Será comigo, então.
— E eu farei o que sempre faço — disse Alta Elfa Arqueira, remendando seu arco e sentindo quantas flechas ainda tinha. — Você mencionou projéteis, isso significa atirar. Ficarei preparada, para o caso do anão cair ou algo assim.
— Eu não vou cair — disse Anão Xamã, olhando para ela. — Contanto que nenhuma bigorna tropece em cima de mim!
Huh! Alta Elfa Arqueira ficou vermelha e respondeu na mesma moeda, e então partiram para a discussão, como de costume.
Lagarto Sacerdote, que parecia achar a visão relaxante sob as circunstâncias, revirou os olhos em sua cabeça.
— Depois disso, a chave será… flexibilidade.
— Você não quer dizer apenas agir ao acaso, não é…? — disse Sacerdotisa com um sorriso irônico.
— Não — respondeu Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Flexibilidade é algo de que os goblins são incapazes.
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— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, por favor, por sua mão reverenciada, purifique-nos de nossa corrupção!!
Assim foi Purificar.
Um vento sagrado varreu aquele lugar de sujeira e poluição; a prece de Sacerdotisa, oferecida em voz alta, rompeu as portas do elevador como um milagre.
— Acabei com o miasma!
— Perfeito!
Os aventureiros pularam para dentro da sala, agora livre da névoa sufocante. O alarme enferrujado, que antes fora uma armadilha, tocou uma vez e depois silenciou.
— GGOBOGOB?!
— GORO?! GOBOGOR?!
Tagarelice de goblin, palavras provavelmente de importância blasfema, soaram na escuridão. Anão Xamã, que podia enxergar no escuro, franziu a testa e imediatamente pegou um pouco de carvão de sua bolsa.
— Segure sua tocha, dê-nos luz, fogo-fátuo, queime na noite! Onibi, eu lhe invoco, me dê um pouco de luz!
Ele jogou o carvão no ar, onde explodiu por conta própria em uma chama branco-azulada. A coisa que invocou com Controlar Espírito brilhou intensamente no calabouço.
O espaço que se iluminou acabou sendo uma câmara mortuária no verdadeiro sentido das palavras. Um par de portas à distância devia ser o elevador para as profundezas que os ex-aventureiros haviam procurado. Havia sinais de uma batalha furiosa ao redor da sala de pedra escura, junto com aço estilhaçado, armaduras esfarrapadas e pedaços de esqueletos em roupas pretas.
Se isso tivesse sido qualquer calabouço normal, teria sido um lugar de solenidade absoluta.
Mas, agora, era habitado por goblins. O próprio coração deste calabouço estava cheio de lixo de goblin, sujeira e restos de comida.
Perto das paredes ao redor estavam aqueles que tentaram limpar o lugar sem um plano, ou talvez que perderam para os goblins…
— Isso é horrível… — disse Sacerdotisa, involuntariamente colocando a mão em sua boca com o horror da visão. Matador de Goblins grunhiu baixinho.
Vários cadáveres pendurados ali, suspensos por ganchos cravados em sua carne, como frutas estranhas e horríveis. Era muito fácil imaginar que ser enforcado pela pele era o último estágio de torturas incalculáveis.
— GOROBG!
— Ohh… Ah…
Naquele momento, entre os gritos confusos dos goblins, um grito suave e fraco pôde ser ouvido. Era a refém, a princesa, em cima do altar.
Um goblin vestido com roupas elaboradas, provavelmente seu líder, a segurou pelos cabelos e a puxou para cima.
Ela está viva!
— Um cajado. Cinco espadas, cinco porretes, duas lanças, sete arcos, sem hobgoblins, vinte ao todo!
Um dos aventureiros estava usando uma armadura de couro encardida e um capacete de aparência barata; em seu braço estava um pequeno escudo redondo e, em seu quadril, uma espada de comprimento estranho.
Matador de Goblins, que jogou a tocha de sua mão esquerda para a sala, avaliou rapidamente a situação.
— Como esperávamos. Um xamã é…
— Não! — interrompeu Sacerdotisa.
Sua alegria com a sobrevivência da princesa foi passageira; agora ambos os olhos dela estavam bem abertos. Estava olhando diretamente para o goblin com o cajado, tatuagens por todo o seu corpo.
Era medo? Experiência passada? Não. Um formigamento agudo percorreu sua nuca.
Um comunicado!
Sacerdotisa interpretou corretamente a revelação da munificente Mãe Terra e exclamou:
— Aquilo é um sacerdote!
Apóstolo dos hediondos deuses do Caos! Não Propenso à Crença aos deuses legítimos e justos!
— GBOB! GOROBGGRB! GOROBG!!
Como se fosse uma resposta à Sacerdotisa, a prece do goblin ecoou pela sala. Ele acenou com seu cajado e balbuciou em sua língua bizarra, e uma luz nebulosa e sinistra começou a se formar em torno do altar.
— Aquele filho da…!
Longe de ser feitio de Alta Elfa Arqueira deixá-lo escapar impune, disparou uma flecha no goblin, com a intenção de pegá-lo antes que tivesse tempo de reagir, mas a flecha ricocheteou com um estalo seco.
— De jeito nenhum…! Proteção?!
O cultista goblin deu a eles um sorriso vil e perceberam uma parede de luz pálida ao seu redor.
Matador de Goblins conhecia bem a força daquela luz. Ele tinha confiado nisso mais de uma vez.
Certamente não era que não tivesse pensado nessa possibilidade. Sua batalha com o goblin paladino na montanha nevada havia sido há cerca de um ano, mas ainda se lembrava vividamente.
Mas um goblin crente?
Em todo o mundo, parecia haver poucas coisas menos receptivas umas às outras do que goblins e fé.
Então ele estalou a língua para si mesmo por perceber que estava fazendo essa suposição inconscientemente.
— Então prove isso!
Não houve um momento de hesitação nas palavras ou ações de Matador de Goblins. Ele não era tolo o suficiente para jogar a vantagem da surpresa fora.
Assim que falou, lançou uma lâmina de formato cruel na escuridão.
A faca, com as lâminas dobradas como galhos quebrados, voou para o lado.
— GOBO?!
Viajou com o som de uma abelha zumbindo, até encontrar um arqueiro goblin que estava fora da barreira protetora. Sangue escuro de goblin jorrou na luz fraca; o cadáver sem cabeça cambaleou e caiu.
A cabeça, enquanto isso, rolou para um canto da câmara, para apodrecer pelos próximos cem anos.
— Já foi um! Cuidem dos arqueiros. Teremos que fazer isso no corpo a corpo!
— Ha ha ha! Entendido!
Enquanto gritava, Matador de Goblins puxou a corda que amarrou em sua faca, ao mesmo tempo, Lagarto Sacerdote entrou na briga.
O poderoso homem-lagarto era um mestre do combate desarmado.
— Ó asas em foice do velociraptor, rasgue e dilacere, voe e cace!
Mas ele não precisava ficar desarmado: seu catalisador, uma presa em sua mão, inchou e cresceu até que ele ficou segurando uma lâmina polida.
Então, Lagarto Sacerdote, respirando com dificuldade com a emoção da batalha, ficou de pé com as pernas separadas, a respiração saindo como vapor de suas mandíbulas.
— GOROBG!
— GOROOBG?!
— Eeeyah!!
De sua própria fileira de trás, os arqueiros goblins dispararam uma salva de flechas, mas Lagarto Sacerdote as varreu de lado com sua cauda e lançou um chute.
— As flechas dos goblins são como uma chuva de primavera!
Ele começou a usar suas Garrespadas, uma em cada mão, para eviscerar os goblins mais próximos.
Um, dois. Os goblins mais bravos, ou melhor, aqueles que foram empurrados para frente pelos que estavam atrás, perderam as cabeças. Quem desafiaria de bom grado uma besta tão terrível? Era muito mais fácil mirar na garotinha clériga parada perto do fundo ou na elfa ao lado dela.
— GGBGR! GOROGOBOGOR!
O maligno goblin sacerdote lançou insultos sobre seus seguidores enquanto eles recuavam, e então emitiu novas ordens para seus arqueiros.
Atenção. Atirem na fraca linha de trás.
Mas os arqueiros, tendo observado a morte de seu falecido camarada, não se mexeram. Na verdade, tentaram se espremer atrás do muro de proteção.
— GOROBG!
— GOBOGOROB?!
O goblin sacerdote, enfurecido, chutou seus arqueiros de trás da barreira, literalmente. Um instante depois, um dos monstros tolos tinha a flecha de Alta Elfa Arqueira no olho.
— Muito fácil! — Suas longas orelhas sacudiram triunfantemente enquanto procurava por seu próximo alvo.
Felizmente, havia muitos corpos e restos para ficar em pé. Não que ela estivesse ansiosa para se empoleirar em um cadáver.
Alta Elfa Arqueira deu um salto gracioso após o outro, disparando suas flechas com ponta de botão no ar em rápida sucessão. Elas caíram sobre o goblin sacerdote no altar, mas a barreira invisível se recusou a ceder.
Isso era muito resistente. Alta Elfa Arqueira franziu o cenho. Não havia como aquela besta ser tão devota quanto a garota deles.
— Limpe-os, vou te cobrir! — disse ela.
Se não pudesse eliminar o líder, mudaria o foco. Quando puxou sua próxima flecha, chutou a parede em um salto.
Em resposta, Matador de Goblins ergueu seu escudo e avançou. Deixou o uivante Lagarto Sacerdote servir de distração, enquanto se aproximava do altar onde os arqueiros estavam.
— Atualmente quatro. Restam dezesseis. Cinco deles arqueiros…!
— GGOBOGOG! GOBOROOBG!!
— GOROB!
O sacerdote, com sua visão panorâmica, não era tão cego a ponto de não perceber a abordagem de Matador de Goblins. Ele cuspiu uma ordem para seus lanceiros, que tentaram impedir o aventureiro de se aproximar.
Matador de Goblins não tinha tempo para combate armado. Ele simplesmente bateu com a faca de arremesso em uma lança inimiga.
— GOROBG?!
As lâminas quebradas se enredaram no cabo da lança, que se quebrou. O goblin sujo arregalou seus olhos de espanto.
Matador de Goblins largou sua arma e usou seu escudo.
— GOROOOGB?!
— Cinco!
A borda afiada de seu escudo dividiu o crânio do goblin. Chutou a criatura quando ela caiu para trás, abaixando a mão para agarrar a lança do chão.
— Seis!
— GOOBOGORO?!
Ele puxou o escudo do crânio do quinto goblin, usando o impulso para lançar sua lança no pescoço do sexto. Largou a arma em meio a um gêiser de sangue e desembainhou a espada.
— Restam quatorze!
— GOROBG!!
O goblin sacerdote, ao invés de culpar o fato de que sua escolha de ordens foi pífia, criticou seus subordinados por sua estupidez.
Os arqueiros estavam olhando de um lado para o outro, tentando decidir se alvejavam a elfa, o lagarto ou o humano. Um deles, hesitante, preparou uma flecha, então lembrou que na verdade havia um anão protegendo uma garota humana e apontou sua flecha naquela direção.
— GORG?!
Um instante depois, porém, algo o perfurou pelo pescoço e ele morreu sufocando com seu próprio sangue. Seus braços caíram e a flecha disparou, caindo no chão em uma direção absurda.
Era simplesmente impossível escapar da mira de um elfo. Agora eram quatro arqueiros goblin restantes.
— Ho! Nada mal para você, Orelhas Compridas!
Falando em Anão Xamã, ele estava de fato protegendo Sacerdotisa, como o goblin tinha visto. Tinha uma mão em sua bolsa de catalisadores, mesmo enquanto soltava uma rajada de golpes de machado para manter os goblins longe.
Felizmente, Corta Barba cuidou de um punhado de detentores de lanças. Goblins com porretes e espadas que poderia, de alguma forma, manejar.
— GGOROGB?!
— GOOBG?!
Um goblin, depois outro. Matador de Goblins, Lagarto Sacerdote, Alta Elfa Arqueira e Anão Xamã, cada um abatendo monstro após monstro.
— …
Mas Sacerdotisa, observando o combate por trás, não conseguia afastar a sensação de que os cabelos de sua nuca estavam se arrepiando novamente.
Me pergunto o que está causando essa sensação estranha…
Ela era a única em posição de avaliar com calma o que estava acontecendo. Seu papel era tirar vantagem disso.
Uma batalha estava acontecendo ao seu redor e ela só estava lá, segurando seu cajado. Tentou desesperadamente impedir que seu coração disparasse com o pensamento.
O goblin sacerdote acenou com a relíquia em sua mão, dando ordens para seus seguidores, se é que poderiam ser assim chamados.
Ele deu à princesa cativa um chute violento, depois outro, em retaliação pelo que estava acontecendo.
Sacerdotisa não podia imaginar que a criatura tinha coração. Não conseguia acreditar que estava realmente orando aos deuses no céu, ou qualquer coisa equivalente que tivesse.
Então, por que Proteção não desaparece?
Deveria acreditar que os deuses do mal eram tão compassivos? Não, não poderia ser.
Por um milagre… Por um feitiço… Sempre existia um preço a pagar. Dar algo em troca de torcer a própria lógica do mundo.
Poderia ser a alma raspada por uma prece; poderia ser um feitiço gravado na memória; um catalisador; a vitalidade de alguém.
…?
De repente, Sacerdotisa olhou para o sangue acumulado a seus pés. Um lampejo de percepção passou por sua mente.
Olhou para cima e gritou:
— Matador de Goblins, senhor, ela é um sacrifício vivo…!
Isso foi tudo que precisou.
O capacete de Matador de Goblins se moveu enquanto cortava a garganta do goblin à sua frente.
Linhas vermelhas corriam ao longo do chão, visíveis contra o sangue escuro dos goblins. Linhas preto-avermelhadas formando um padrão cujos canais levavam de volta ao altar.
Parecia-lhe familiar.
Ele mesmo havia ajudado na fazenda mais de uma vez.
— Ele está sangrando eles!
De fato: a fonte do sangue eram os cadáveres dos goblins e os corpos dos aventureiros pendurados na parede.
Já era ruim o suficiente que tivessem sido atormentados em vida. Agora os goblins continuariam a tirar tudo deles, mesmo depois de mortos.
O sangue gotejava dos cadáveres, fluindo em direção ao altar, de onde dava poder às divindades do mal.
— GOROGBG! GOROBOGO!!
O goblin sacerdote gargalhou violentamente. A visão de Sacerdotisa ficou vermelha e ela sentiu algo quente.
Isso é imperdoável. De onde saiu esse pensamento?
No fundo de sua mente, viu… Viu seus companheiros desde aquela primeira aventura.
Como poderia haver salvação para alguém se fossem brinquedos dos goblins mesmo depois de mortos?
— Vou fazer! — gritou, erguendo seu cajado. Todos os aventureiros olharam em sua direção e então assentiram.
— Tome conta disso! — Matador de Goblins gritou.
— Não hesite! — uivou Lagarto Sacerdote.
Um arqueiro goblin estava tentando preparar uma terceira flecha, mas antes que pudesse fazer isso, o corpo enorme de Lagarto Sacerdote foi arremessado pelo ar. Ele pousou com a cauda batendo no chão e se chocou contra o arqueiro, praticamente quebrando o monstro ao meio.
— Ha ha ha ha ha! Saiba disso, verme: você não tem escapatória!!
— GOROBOGO?!
— GBBGOR!
Os dois arqueiros restantes jogaram seus arcos e tentaram correr. Foi uma decisão incomumente sábia para goblins, ou teria sido, se não houvesse um inimigo diretamente atrás deles.
— Treze, quatorze!!
Em menos de duas respirações, os goblins encontraram suas cabeças abertas e seus cérebros esparramados na pedra.
Matador de Goblins deu um golpe casual na clava em sua mão para limpar o sangue coagulado.
— GOROBGOR?!
— GRR!
Os cinco soldados goblins sobreviventes começaram a se aproximar do centro da sala. O goblin sacerdote tagarelava atrás deles, mas não se sentiam obrigados a ouvir gente como ele. Os goblins, cada um planejando se colocar em primeiro lugar na luta que estava por vir, ergueram suas armas e avançaram contra Sacerdotisa.
Não havia nenhum pensamento de tomá-la como refém em suas mentes. Só queriam vingança, de alguma forma; queriam tomá-la e machucá-la como vingança.
— …!
Sacerdotisa, rígida, mesmo assim olhou para os inimigos que se aproximavam. Anão Xamã se inseriu entre eles e, de longe, Alta Elfa Arqueira estava mirando.
Ela também podia ver Lagarto Sacerdote e até ele, tudo de uma vez. Não havia nada a temer.
Ela encheu seu pequeno peito com uma respiração profunda, exalou e então gritou:
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, por favor, por sua mão reverenciada, purifique-nos de nossa corrupção!!
A grande e venerável Mãe Terra mais uma vez respondeu à súplica devota de sua seguidora, tocando este mundo com sua mão sagrada.
Uma onda invisível se espalhou de Sacerdotisa como uma carícia, lavando a câmara. Os canais de sangue fluindo foram transformados em rios de água pura diante de seus olhos.
Este feitiço tem como objetivo proteger, não prejudicar…!
Era por isso que Sacerdotisa tinha certeza de que a Mãe Terra permitiria esse uso.
— GGBOGO?!
O goblin sacerdote gritou em choque e sua voz embaralhou a onda de limpeza de Sacerdotisa. Água imaculada, entretanto, não era adequada para um sacrifício vivo aos deuses malignos. A barreira que o protegia desapareceu instantaneamente, e o goblin sacerdote ficou indefeso.
— GROBOGOG!
— Uhh… Ahh…
Bem, não exatamente indefeso.
O maligno sacerdote dos goblins agarrou a garota que havia levado para o sacrifício pelos cabelos, usando-a como escudo de carne.
Um aventureiro solitário caminhou corajosamente em direção a ele.
Ele usava uma armadura de couro encardida e um capacete de metal de aparência barata, com um pequeno escudo redondo em seu braço e uma clava que havia roubado de um goblin em sua mão.
— Hmph. — Matador de Goblins olhou para trás por cima do ombro.
As flechas de Alta Elfa Arqueira, as presas de Lagarto Sacerdote e o machado de Anão Xamã destruíram as forças goblinescas.
Sacerdotisa estava segura.
Matador de Goblins olhou para frente mais uma vez.
O goblin sacerdote, apavorado, segurou a princesa desesperadamente, lutando para se proteger. Um sorriso zombeteiro pairando sobre seu rosto imundo.
Matador de Goblins disse:
— Com este, vinte.
Ele chutou, tirando as pernas do goblin de debaixo dele e, onde a criatura caiu, o porrete desceu.
Então estava feito.
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Com a batalha terminada, um silêncio impressionante caiu sobre a câmara mortuária.
Os únicos sons eram da respiração irregular dos que ficaram na sala e a raspagem suave do equipamento. Alta Elfa Arqueira manteve uma flecha frouxamente encaixada em seu arco enquanto olhava ao redor, mas, então, finalmente, exalou.
— Está acabado…?
— Parece que sim… — disse Sacerdotisa, as duas companheiras compartilhando um suspiro de alívio. Então foi ao altar.
O que posso dizer a ela?
Não estava longe, mas essa pergunta fez a viagem parecer imensa.
Sacerdotisa deveria estar feliz pela segurança da garota, indicando que pelo menos continuava com vida?
Deveria estar com raiva da garota por ter roubado sua cota de malha?
Nenhuma das opções parecia correta, e ela alcançou a garota sem ter chegado a uma conclusão.
— Oh…
Sacerdotisa podia ver sua própria expressão confusa nos olhos que a encaravam vagamente.
A garota dificilmente poderia ser chamada de afortunada. E, ainda assim, era porque foi escolhida como um sacrifício vivo que ainda estava ali. Ferida e com o coração partido, suas roupas rasgadas, mas não cobertas de sujeira.
Mesmo naquele momento, Sacerdotisa ainda não conseguia encontrar as palavras. Olhou de um lado para o outro como se procurasse por elas.
Então viu algo.
Um pouco da pilhagem que os goblins roubaram de um aventureiro e jogaram de lado. Estava quase ao acaso em uma pilha de lixo: alguma cota de malha barata, do tipo que pode ser comprada em qualquer lugar.
Havia sido consertada várias vezes, tanto que talvez fosse melhor simplesmente comprar um novo conjunto. Ela a teria reconhecido em qualquer lugar: esta cota de malha era a sua.
— …!
Sacerdotisa a agarrou e puxou para perto, então também envolveu o corpo esguio da princesa em um abraço.
— Ainda bem… — sussurrou, sua voz escapando.
Ficou feliz em recuperar a cota de malha ou a criança? Mesmo ela não tinha certeza, mas duvidou que fosse apenas uma ou outra. Se tivesse recuperado a cota de malha, mas a princesa estivesse morta, ou se a garota estivesse viva e a cota de malha perdida, não conseguiria deixar de pensar que isso teria deixado uma dor em seu coração.
Foi por isso que abraçou as duas.
Não sabia como colocar em palavras, mas não havia dúvidas.
— Ooh, ah… ah…! — Isso era tudo que a princesa podia suportar. Ela se agarrou a Sacerdotisa e chorou abertamente.
— Está tudo bem — assegurou-lhe Sacerdotisa. Esfregando as costas da princesa enquanto a menina repetia, sem parar:
— Estava com tanto medo. Sinto muito.
Matador de Goblins viu isso com um olhar de soslaio e depois soltou um suspiro.
— Oh ho — disse Lagarto Sacerdote, revirando os olhos quando detectou o som. — Está aliviado?
— … — Matador de Goblins pensou por um momento, então acenou com a cabeça lentamente. — Sim, porque ela parecia um pouco instável. Digo, ela.
— Bem, se ela está se sentindo melhor agora, não precisa perguntar por quê, suponho.
— Mas se alguém perguntasse, poderia sugerir isso. — O pescoço comprido de Lagarto Sacerdote se virou e ele arranhou o padrão esculpido no chão.
— O que acha disso?
— Eu deveria me aventurar a adivinhar que este lugar deve ter sido planejado para ressuscitar algum deus das trevas.
Os canais criavam padrões geométricos estranhos e complicados e eram claramente uma variedade de magia. Mas, bem, se esta câmara mortuária era o coração deste calabouço, talvez tivessem a intenção de convocar algum seguidor.
— Então o trabalho é este, certo? — disse Alta Elfa Arqueira, suas orelhas caídas de cansaço. — Podemos sair daqui? — Olhou na direção de Sacerdotisa.
Mas Matador de Goblins balançou a cabeça.
— Não, ainda há goblins acima de nós. Devemos matar todos eles.
— Ugh — disse Alta Elfa Arqueira, parecendo profundamente enojada, mas Lagarto Sacerdote riu.
— Uma estrada terrível para casa.
— Nada a fazer, além do que precisa ser feito — acrescentou Anão Xamã, tomando um gole de vinho. Sacerdotisa ainda estava segurando a princesa, que finalmente se acalmou.
Portanto, o que aconteceu não foi por falta de vigilância de ninguém.
Chame de lançar dos dados, se necessário.
É apenas a maneira como as coisas acontecem às vezes.
— G…
O goblin sacerdote agarrou-se à vida, apesar de seu crânio esmagado. Seu cérebro girou com pensamentos ainda mais sombrios e terríveis do que antes e ele estendeu a mão para sua relíquia, seu item mágico.
— GOR… B…
O sacerdote tinha uma ideia egoísta em mente: depois de tudo que fiz, não podem deixar de me salvar.
Sim, era egocêntrico. Não era fé. Certo ou errado, não era uma prece oferecida aos deuses.
Portanto, só poderia haver uma resposta.
— GOROBOG?!
Aquilo explodiu.
Como uma semente na primavera. Como um broto que atravessa a terra.
As costas do goblin incharam e explodiram enquanto aquilo tentava chegar neste mundo.
Salpicada com o sangue e as tripas do goblin, espalhando-se como uma flor horrível, estava uma mão grotesca com cinco dedos.
— Hrm…
— O qu…?!
Os aventureiros ficaram sem palavras por uma visão tão profana, tiveram que verificar se ainda estavam sãos.
Matador de Goblins estava instantaneamente pronto para lutar e Anão Xamã alcançando sua bolsa. Em um piscar de olhos, Alta Elfa Arqueira pegou um punhado de suas poucas flechas restantes.
Mas Lagarto Sacerdote e Sacerdotisa, ambos entenderam o que era.
Os membros trêmulos do goblin se esticaram sobre o altar, raspando a sujeira.
Era um braço pálido.
Um braço maior, mais largo e mais maciço do que uma árvore.
Um braço que apareceu do nada, apenas um membro pulsante com garras retorcidas e ganaciosas.
Os dedos, manchados com sangue de goblin, se estenderam como serpentes em busca de sua presa.
Espantoso? Aterrorizante? Era impossível dizer.
Mas Sacerdotisa não os deixaria mais ameaçar a garota que segurava contra o peito.
Segurou a princesa rapidamente enquanto seus lábios trêmulos formavam as palavras.
— A mão de um Demônio Superior…!
Então surgiu uma imensa explosão cortante e a jovem sacerdotisa gritou com uma dor insuportável.
Tradução: Nero
Revisão: ZhX
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