Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 08 – Cap. 07.2 – O Pulso do Nascimento

 

— Parando para pensar nisso, esta é sua primeira exploração de calabouço?

— Sim, e é o Calabouço dos Mortos…

Realmente tenho a pior sorte com as primeiras vezes.

Sacerdotisa poderia ter chorado.

Matador de Goblins segurava uma tocha na mão esquerda para afastar a escuridão, avançando para o espaço vazio e insondável.

Estavam em um corredor de pedra. A arquitetura era precisa e medida, como se construída com malícia e premeditação.

Sacerdotisa tinha estado em inúmeras cavernas, algumas ruínas, esgotos e uma fortaleza, mas um calabouço era diferente de tudo. A pouca iluminação da tocha poderia mostrar a eles apenas uma curta distância à frente, depois da qual a escuridão reinava.

Este não era um lugar para morar, ou mesmo para travar uma batalha. Existia apenas para prender e matar aqueles que entravam.

— Bem, suponho que se você conseguir sair daqui, não encontrará outro calabouço que lhe causará qualquer… problema.

— Esta também é a nossa primeira experiência com tal coisa. Estamos no mesmo, ahem, barco, como você diz…

 

 

 

Brincando, mas nunca baixando a guarda, o grupo continuou silenciosamente pelos corredores.

Sim, silenciosamente.

Embora os goblins certamente estivessem se escondendo em algum lugar, não havia nada da rouquidão de uma caverna cheia deles. E, no entanto, não havia como confundir a sensação de que se os aventureiros deixassem sua atenção vagar por um instante, um goblin poderia aparecer de repente na frente deles. Definitivamente não conseguiam relaxar e isso deixava claro por que descansar em um calabouço serviria de pouco para restaurar suas energias.

Não é de se surpreender que as competições de exploração de calabouços tenham desaparecido entre os aventureiros que queriam competir uns com os outros. Mesmo com o Lorde dos Demônios fora do lugar, não parecia um local que as pessoas deveriam visitar, muito menos passar muito tempo.

— Como devemos proceder? — perguntou Matador de Goblins, ao que Lagarto Sacerdote respondeu pegando o mapa.

— Minha preferência pessoal seria investigar e limpar cada andar individualmente, mas…

Sem chance. Alta Elfa Arqueira estava olhando para Lagarto Sacerdote; ele a ignorou.

— Há um elevador aqui que nos proporcionará acesso direto ao quarto nível, e acho que essa pode ser a decisão mais sensata.

— Vou deixar você nos dizer aonde ir, então.

— Muito bem. Primeiro, para o norte.

O grupo começou o “vai”, avançando com cuidado e segurança. Este era um calabouço, um do qual os monstros já haviam sido eliminados. Apesar do cheiro indelével e persistente de morte daqueles aventureiros e demônios que estiveram uma vez ali, nada permanecia nos primeiros andares.

Ou, ao menos… nada deveria estar aqui.

— Hmm…

— …

A um movimento das orelhas de Alta Elfa Arqueira, Matador de Goblins parou.

Isso foi tudo de que precisou. A tensão correu entre os aventureiros; todos se entreolharam e acenaram com a cabeça.

As paredes do calabouço eram de pedra sólida. Por mais sombrio que fosse, os esconderijos em potencial eram limitados às salas secretas ou aos cantos do labirinto.

Era uma questão simples, então, prever o que os goblins iriam pensar.

— GROBGB!!

— GBB! GBBOROGGBGR!!

Um ataque pela frente.

Era a melhor maneira de usarem sua maior força, seus números. Chegaram dobrando a curva à frente.

Os goblins tinham uma grande variedade de armas em suas mãos e sua pele estava marcada com o estranho emblema.

Apareceram em ondas sem formação evidente, confiando apenas na convicção egoísta de que seriam seus inimigos, e não eles, que seriam atacados.

— Ha ha ha, venham, venham! Darei a cada um de vocês sua recompensa eterna.

— Eh, acho que vamos precisar de feitiços antes que isso acabe.

— Hmph, acho que agora uma adaga seria realmente mais útil do que flechas…

Três pessoas, três opiniões. O corajoso, o analítico e uma pouco exasperada.

Lagarto Sacerdote e Anão Xamã saíram na frente, protegendo Alta Elfa Arqueira e Sacerdotisa atrás deles. O corredor do calabouço era largo o suficiente para três aventureiros se movendo lado a lado. Três na frente e dois atrás.

Matador de Goblins olhou para seus amigos, ainda demorou um momento para pensar neles dessa forma, e disse:

— Vamos.

— Certo! — Sacerdotisa, prestando muita atenção aos passos se aproximando, franziu a testa, mas ainda assim assentiu com firmeza. Os aventureiros se tornaram como um navio cortando o mar de peles verdes que os atacavam.

— GBBRB?!

— GOORBGB!!

— Entrando!

— Aqui!

Pedras e flechas, munições improvisadas de todos os tipos começaram a chover, mas Matador de Goblins as bloqueou com seu escudo.

Lagarto Sacerdote, protegido por suas escamas, uivou e desviou tudo que passou por Matador de Goblins.

— Ergh! Sabia que deveria ter pego aquele elmo do meu tio! — exclamou Anão Xamã, balançando seu machado de um lado para o outro. — Distância em cinco pés… quatro… três… Escamoso!

— Hrah, eis a lâmina dos homens-lagarto!! — Lagarto Sacerdote uivou e pulou nos atacantes. Suas garras, presas e cauda, ​​as armas tradicionais de seu povo, açoitaram os goblins.

— GOBORG?!

— GOORB?!

Gêiseres de sangue, vísceras, pedaços de carne e gritos de morte de repente estavam por toda parte. Dois goblins foram despedaçados como trapos velhos. O poder de Lagarto Sacerdote parecia além do que deveria ser possível em um combate desarmado, mas independentemente disso, este não era de forma alguma o fim.

— GOROBG?!

— Três… quatro! — Matador de Goblins balançou sua arma com precisão absoluta, rechaçando ataques da direita e da esquerda. Recebendo um golpe com seu escudo, esfaqueado com sua espada. Ele cortou a garganta e chutou o corpo contra os inimigos atrás dele para bloquear seus movimentos.

Ele levou o ímpeto do movimento diretamente para a garganta com sua espada, em seguida, quebrou um crânio, mais dois goblins mortos.

Matador de Goblins avançou, agarrando uma clava deixada por um dos monstros mortos.

— Eu odeio! Atirar! De! Tão! Perto!!

Um monstro que passou por Matador de Goblins estava se aproximando de Alta Elfa Arqueira, onde foi recebido por uma chuva de flechas. A elfa e a garota humana atrás pareciam presas fáceis para ele, e avançou com um sorriso no rosto. Aquele sorriso foi atravessado por uma flecha; o goblin caiu para trás com o projétil alojado em sua caixa craniana.

Alta Elfa Arqueira chutou o corpo para longe com suas pernas longas e finas; preparou outra flecha e soltou-a no próximo inimigo.

Ela deu um tiro élfico à queima-roupa, o impacto por si só foi suficiente para jogar o goblin para trás.

— Não vou ter flechas suficientes! Onde estamos indo?!

— Vamos além desta curva, então através de uma porta. As outras passagens levam às câmaras mortuárias, que podemos ignorar. Assim que passarmos pela porta, viraremos à esquerda! — Assim que gritou as instruções, Lagarto Sacerdote enfiou suas presas no ombro de um goblin e o sacudiu.

— Eeeeeeyaaaaaaahhhhh!!

— GOOROGBG?!

O monstro foi jogado contra as paredes, usado para empurrar seus companheiros para trás e, finalmente, arremessado contra o chão. Sangue jorrou do corpo do goblin despedaçado; Sacerdotisa involuntariamente desviou o olhar.

Esta não foi a primeira vez, entretanto, que experimentou a carnificina da batalha. Ela segurou seu cajado com força com as duas mãos, olhando fixamente para a passagem enquanto dizia com uma voz firme:

— Vamos ficar de olho atrás! Goblins podem sair das câmaras mortuárias…!

— Soa bem! Mas não enlouqueça aí atrás! — gritou Anão Xamã, ajustando o controle de sua arma.

Exatamente como esperávamos.

Os guardas neste calabouço nunca tinham saído. No exército do Lorde Demônio, aqueles que guardavam os lugares importantes e aqueles que patrulhavam os corredores eram separados. Agora, porém, os únicos que permaneceram foram goblins tolos.

— GGOROGOB!

— GOB! GOBOGORROBG!!

Chegaram saltando para fora das salas laterais, quebrando as portas com gritos horríveis.

Isso, entretanto, era algo que ela sabia desde sua primeira aventura.

— Ehh… yah!

Sacerdotisa balançou seu cajado tão forte quanto podia, parando os goblins que se aproximavam. Ela não era forte o suficiente para fazer mais do que bloqueá-los por um momento, algo que sabia bem. Derrotar goblins não era seu papel. Apenas tinha que fazer o que pudesse para apoiar a estratégia.

— Toma essa!!

— GORRO?!

Um goblin fez uma pausa quando recebeu uma pancada do cajado de Sacerdotisa no nariz, então morreu quando recebeu uma pancada do machado de Anão Xamã no crânio. Seu cérebro se espalhou pelo chão, sua cabeça se abriu como uma fruta madura demais.

— Não há necessidade de você correr mais riscos do que deveria!

— Certo! Obrigada…! — Sacerdotisa lutou para fazer tudo o que podia, o suor escorrendo pelo rosto.

Matador de Goblins enviaria os goblins em uma direção e Lagarto Sacerdote iria separá-los, ou Alta Elfa Arqueira iria atirar neles. Aqueles que chegavam pelos lados ou por trás eram encurralados por Sacerdotisa e depois eliminados por Anão Xamã.

O grupo voou pela porta e se viu em uma encruzilhada. Formaram um círculo e avançaram.

Agora em formação, embora se recusando a usar feitiços, os ataques dos aventureiros se tornaram ainda mais opressores, mas os goblins se sentiram ameaçados? Céus, não.

Eram criaturas simples, estavam ganhando pela força dos números. Eles, cada goblin pensava individualmente, não morreriam. E assim ganhariam. Podiam ter olhado de soslaio para a morte de seus companheiros, mas pisaram em seus corpos da mesma forma para continuar o ataque.

Atacaram com toda a força de sua luxúria, seu desejo de dilacerar os aventureiros, membro por membro, e fazer o que quisessem com as garotas.

— GOBOG!!

O foco dos goblins mudou da primeira fila para a parte de trás, talvez vendo que estava mais vulnerável. As lâminas de lanças e adagas brilharam na fosforescência do calabouço, atacando a cada abertura. As pontas estavam manchadas com um líquido preto; Sacerdotisa ficou rígida quando viu.

— Eek?!

— Cuidado!

Anão Xamã agarrou seu ombro e puxou-a bem a tempo, em seguida, avançou para trocar golpes.

Ele lançou um golpe corporal no goblin com toda a força de seu pequeno corpo denso. O monstro gritou e cambaleou para trás e então chegou o machado.

Anão Xamã lutou como se estivesse derrubando árvores; carecia do refinamento de um guerreiro especializado, mas tinha todo o poder de um anão.

— D-Desculpe…! — Sacerdotisa balançou a cabeça e gritou. — Eles estão usando veneno!

— Não importa se não me arranharem! — gritou Anão Xamã de volta. — Mas, deuses, Corta Barba! Eles não têm fim!

— Sim. — Matador de Goblins esmagou a cabeça de um goblin com um porrete, em seguida, saltou sobre o monstro morto e enfiou a tocha na face de outro.

— GGOROGB?!

Um grito abafado e uma contração muscular. Contudo a criatura não estava morta, Matador de Goblins a golpeou com a clava.

Ele abriu caminho através da horda com sua clava e sua tocha, ritmicamente, como se batesse um tambor. Quando a clava finalmente quebrou depois de esmagar os crânios de sabe-se lá quantos goblins, jogou-a de lado e disse brevemente:

— Onze. Você disse à esquerda, correto?

— De fato! — Lagarto Sacerdote uivou — Vá para a porta interna!

— Assuma a liderança…

— O que você está planejando fazer desta vez?! — disparou Alta Elfa Arqueira, estalando a língua quando viu que lhe restavam poucas flechas. Matador de Goblins puxou uma pequena garrafa de sua bolsa de itens.

— Não será água, veneno ou explosão.

Assim que falou, lançou a tocha e a garrafa em um goblin na frente deles.

— GGBOROOGOBOG?!?!

Encharcada com gasolina, seguida imediatamente por uma fonte de fogo, a criatura pegou fogo; Matador de Goblins a chutou impiedosamente.

— Doze… Agora, vá!

— Como quiser!

Os aventureiros se moveram rapidamente. Lagarto Sacerdote saltou sobre as chamas, através da abertura que Matador de Goblins havia feito e seguiu em frente.

Com os goblins atrás deles, a uma distância segura, Anão Xamã apareceu correndo.

— Incêndio?! Precisamos ir por ali! — Se virou para Sacerdotisa. — Você consegue pular?!

— Vou fazer isso… bem… agora!

Sacerdotisa abraçou seu cajado e fechou os olhos, em seguida, atirou-se por cima das chamas.

Alta Elfa Arqueira prendeu seu arco nas costas e saltou agilmente, chutando a parede e se acomodando no chão.

A porta está bem à nossa frente.

— Estamos todos aqui, Orcbolg!!

— Certo.

Alta Elfa Arqueira forneceu cobertura do fogo enquanto Matador de Goblins vasculhava sua bolsa novamente. Desta vez, apareceu com um pergaminho.

— GBOR!!

— GOBOGGOBOG!!

— Matador de Goblins, senhor! Rápido…! — Atrás de Matador de Goblins, que enfrentava uma onda de goblins, Sacerdotisa mal conseguia falar.

Ele acenou com a cabeça em reconhecimento, empurrando os monstros com o pergaminho enquanto recuava.

— Arrombem a porta!

— Você quem manda! — gritou Anão Xamã, seguido por um estrondo ao bater na porta com o ombro.

Matador de Goblins saltou para trás, sobre os cadáveres de goblins em chamas; ao fazer isso, notou uma velha placa pendurada de um lado. Parecia haver algum tipo de aviso escrito nela. Agora dificilmente estaria legível, mas…

Ignorando o “Oh!” de Alta Elfa Arqueira atrás dele, Matador de Goblins desamarrou o pergaminho.

— GGBGROB?

— GOR! GOOGB!!

A princípio mal fez sentido para os goblins.

Um vento começou a soprar na masmorra.

Só vento? O quê? Ele está tentando nos assustar?

Os goblins se divertiram bastante; até que se viram flutuando no ar.

— Eek…?!

— Passem pela porta, rápido, ou vocês serão sugados! — disse Matador de Goblins rispidamente para Sacerdotisa, que estava tentando segurar sua mitra na cabeça.

Um instante depois, um vento forte soprou.

O pergaminho que ele jogou produziu um vazio chamuscado por chamas sobrenaturais.

— GOOROGGB?!

— GOBG!! GOOROGOBG?!

O redemoinho, soprando para longe o fétido ar subterrâneo, uivou como uma besta.

Um goblin, depois dois. Tentaram desesperadamente se manter firmes, cravando os dedos dos pés e das mãos nas paredes e no chão, mas não adiantou. Os goblins à frente tentaram recuar, mas encontraram seus camaradas empurrando-os por trás.

— GOBG?!

— GBBOOROGOBG?!

Por fim, os goblins foram dominados pelos espíritos do vento loucamente dançantes e arrastados para o vazio.

Os aventureiros seguiram em frente com o acompanhamento dos gritos dos goblins, até que Matador de Goblins fechou a porta.

Apenas o som da porta fechando parecia mais alto do que o rugido do vento.

 

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— O-O que foi isso…?! — exigiu saber Alta Elfa Arqueira, ofegante,  enquanto corriam pela escuridão.

— Era um portal — respondeu Matador de Goblins, igualmente do escuro. — Conectado a um lugar alto.

— Um lugar alto? — perguntou Alta Elfa Arqueira sombriamente. Não que ele usando pergaminhos quase ao acaso seja novidade.

— O céu — disse ele. — Ouvi dizer que os espíritos do vento voam em direção a lugares onde há menos parceiros de dança. — Ele não queria usar um item como aquele naquele momento, mas não teve escolha. — Queria experimentar em goblins em algum momento. Foi a oportunidade perfeita.

— Então, o que está dizendo é que, em algum lugar do mundo, neste momento, está chovendo goblins. — Alta Elfa Arqueira soltou um suspiro. Se houvesse um céu, poderia ter olhado para ele. — Ah, para… Tudo bem. Acho que é melhor do que uma inundação.

— Entendo.

— E não é como se eu realmente pudesse reclamar. — Ela parecia querer dizer que estava menos irritada com ele do que simplesmente resignada. O pequeno abano de suas orelhas certamente deve ter sido por causa de uma última rajada de vento que passou. — Cara, com certeza está escuro aqui. Nem eu consigo ver e sou uma elfa.

Os aventureiros haviam fugido do redemoinho pela porta e agora estavam na escuridão total. Podiam adivinhar que a largura do corredor e a altura do teto provavelmente não haviam mudado muito, mas, ainda assim, não existia sinal de luz. Sacerdotisa golpeou uma pederneira, tentando impacientemente acender uma tocha ou uma lanterna, mas tudo o que conseguiu foram algumas faíscas. Quando finalmente desistiu, o suspiro que soltou soou excessivamente alto.

— Acho que não podemos usar fogo…

— Parece que este lugar é o que chamamos de território das trevas, ou da restrição — disse Lagarto Sacerdote calmamente. Com sua visão de calor, ele os guiou. Contanto que pudessem ouvir a raspagem ao lado, sabiam que sua mão escamosa estava tateando ao longo da parede. — Pelo que vi no mapa antes de toda a diversão começar, tenho quase certeza de que o elevador está à frente.

— Bem, espero que você tenha mais certeza do que quase — disse Anão Xamã. — Acho que nem mesmo os goblins nos seguiriam aqui, — Ele soltou uma expressão murmurada de aborrecimento e pôde ser ouvido se sentando pesadamente. Em seguida, soou o barulho de uma rolha saindo de uma garrafa e, depois, um glug glug.

Sim, havia goblins a apenas uma portinha de distância deles, mas todo o grupo concordou tacitamente com uma pequena pausa.

— Sinto muito… Acho que não ajudei muito. — Sacerdotisa parecia abatida quando se sentou, bumpf, em seu pequeno traseiro. Ela se doou completamente na luta, mas tudo o que realmente fez foi girar seu cajado. Não podia usar seus milagres, porque os estava guardando; Anão Xamã teve que resgatá-la de ser esfaqueada com uma lâmina envenenada; e agora não conseguia nem mesmo acender uma chama. Essas coisas não eram culpa dela, mas isso não a impedia de se sentir deprimida.

Ela sentiu uma mão áspera bater em seu ombro.

— Ah, não se preocupe com isso, moça. Quando a última fileira precisa recorrer às suas armas, é um claro sinal de que estamos em apuros. — O anão riu. — É o Corta Barba que deveria estar se sentindo mal com isso!

— De fato. Empunhar sua arma a serviço da destruição de seus inimigos não é a função de uma clériga. — Lagarto Sacerdote retomou a discussão, parecendo tão sério que Sacerdotisa não pôde deixar de rir.

Isso parecia ser o suficiente para cessar a tensão.

— Certo — disse ela, soando um pouco mais alegre. — Será que segurá-los pode ser considerado uma função?

— Sim — respondeu Matador de Goblins. — Sempre haverá algo para você fazer.

Todos se sentiam confiantes de que ele devia estar dando seu aceno deliberado de costume, apesar de ter ficado invisível pela escuridão.

E acho que isso não muda o fato de não podermos ver sua expressão.

Então Sacerdotisa acenou de volta, sentindo-se um pouco relaxada.

— Certo… Quando chegar a hora, farei minha parte.

E então ela sorriu de orelha a orelha, embora ninguém pudesse ver.

Matador de Goblins esperou por alguns momentos, deixando todos recuperarem o fôlego e, quando julgou que estavam prontos, disse:

— Vamos.

Os aventureiros se entreolharam no escuro, assentiram, entraram em formação e partiram.

Eles trabalharam seu caminho tateando, ignorando outras portas que encontraram, cada vez mais fundo no calabouço. Por fim, do outro lado de toda a escuridão, viram uma luz fraca, ela iluminava uma coluna de letras, de A a D, visíveis através de duas portas abertas.

Era o elevador.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: ZhX

 

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