Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 07 – Limpe o Sangue

 

Com um gemido baixo, o elevador transportou os aventureiros para cima, para cima, para cima.

Sem saber se estavam se movendo lenta ou rapidamente, o grupo foi atacado por uma sensação de estar sendo pressionado contra o chão. Eles cabiam em qualquer lugar que pudessem na pequena caixa, parados com o equipamento pronto e com olhares nervosos em seus rostos. Não havia garantia de que os goblins não lançariam um ataque furtivo ali mesmo no elevador.

— Hr…? — Alta Elfa Arqueira de repente começou a soltar pequenos ruídos preocupados de “Hmm…” e “Hmm?”, e levou a mão ao ouvido. Ela balançou incomodada e uma expressão inquieta surgiu em seu rosto.

— O que é…? Ouviu alguns passos de goblin? — perguntou Anão Xamã.

— Hrn, não… Ahh, arrgh…! — Ela sequer retrucou, e continuou sacudindo as orelhas em irritação.

— Engula — disse Matador de Goblins, sem tirar os olhos de sua inspeção da bolsa de itens em um canto do elevador.

Alta Elfa Arqueira lançou-lhe um olhar perplexo:

— O que disse?

— Isso vai aliviar seus ouvidos.

Será que ele está certo? Alta Elfa Arqueira estava em dúvida, mas acenou com a cabeça e tentou.

— Huh, é verdade… — ela sorriu e mexeu as orelhas, agora sem pressão, para cima e para baixo.

Sacerdotisa, observando, também engoliu, então piscou surpresa.

— Uau. Isso realmente ajuda.

— Esta fortaleza parece ser bem alta — disse Lagarto Sacerdote, colocando a mão na parede do elevador como se estivesse verificando sua posição. Não era o suficiente para deixar óbvio seu lugar no prédio, mas se eles estavam sentindo desconforto nos ouvidos, isso já lhes dizia algo por si só.

— É uma evidência de que estamos subindo com segurança — disse ele —, e isso é muito bom.

— Mas… — Sacerdotisa colocou um dedo fino nos lábios. — E se simplesmente parar…?

— Então nós abrimos as portas e subimos para uma das passagens cruzadas — disse Matador de Goblins com firmeza. Eles estavam muito mais alto do que antes; não deveria ser tão difícil.

Sacerdotisa e Alta Elfa Arqueira trocaram um olhar para esta resposta caracteristicamente sem hesitação e sorriram.

— Preciso pegar sua corda emprestada.

— Oh, aqui — disse Sacerdotisa, balançando a cabeça e entregando a corda para ela. — Sinto que o Kit de Ferramentas do Aventureiro tem sido uma estrela para nós desta vez.

— Eles não estão brincando quando dizem para nunca sair de casa sem ele — disse Anão Xamã rindo; Sacerdotisa sorriu e acenou com a cabeça.

— Uhum!

E, com isso, a conversa cessou. O zumbido do elevador ecoou, misturando-se com o barulho da água abaixo de seus pés. Por um longo momento, ninguém falou, mas cada um imaginou o que logo teriam que enfrentar.

— Sinto muito… — As palavras curtas e baixas pareceram transbordar de Alta Elfa Arqueira. Ela se mexeu ao sentir o olhar do grupo sobre ela. — E, obrigada. Quero dizer… todos vocês.

Ela corou ligeiramente, sorriu timidamente. Talvez tivesse vergonha de agradecê-los assim.

— Convidei vocês para o casamento da minha irmã, e… bem, agora isso.

— Ahh, e daí? — respondeu Anão Xamã sem um momento de pausa. Ele vasculhou sua bolsa de catalisadores, sem olhar para Alta Elfa Arqueira enquanto falava. — Acho que gosto de ter os elfos em dívida comigo. Além disso, nós somos… você sabe. — Ele deu um puxão em sua barba e finalmente conseguiu dizer a palavra: — Amigos.

— Oh…

Lagarto Sacerdote riu baixinho quando viu Alta Elfa Arqueira arregalar os olhos; ele acenou com a cabeça sombriamente.

— Sempre confiamos muito em você, patrona patrulheira. — Ele revirou os olhos em um gesto cheio de humor. — Certamente, isso é o mínimo que podemos fazer.

— E, uh… — Sacerdotisa bateu palmas silenciosamente, um sorriso suave surgindo em seu rosto —, Matador de Goblins teria pulado nessa missão de qualquer maneira, a partir do momento em que ouvisse a palavra goblins.

— Hrm? — O aventureiro com armadura grunhiu, mas Sacerdotisa lhe deu um sorriso despreocupado e perguntou:

— Estou errada?

— Não… — disse ele, balançando lentamente seu capacete de aparência barata. — Devemos matar todos os goblins.

— Deuses… — disse Alta Elfa Arqueira, seus ombros caindo quando ela soltou um suspiro. Um sorriso apareceu em seu rosto. — Faz apenas um ano ou mais. Quem diria que você poderia chegar tão perto tão rápido?

— Bem, veja se você ainda se lembrará de nós em cem anos.

— Anão bobo. — Alta Elfa Arqueira soltou uma risadinha. Ela estendeu um dedo longo e fino, desenhando um círculo no ar. — Claro que não vou esquecer de vocês.

Certo. Ela se deu um tapa revigorante em ambas as bochechas. Então pegou seu arco, verificando a corda; ela puxou uma flecha de ponta-broto de sua aljava e a colocou. Ela olhou para o teto e, com um movimento de orelhas, seu rosto ficou sério.

— Ouço o vento. Passos. Conversas. Provavelmente o telhado ou uma passagem. Há muitos desses sons.

— Eu gostaria simplesmente de eliminá-los. — Matador de Goblins desembainhou sua espada, girando seu pulso lentamente antes de assumir uma postura de combate. — O que você acha?

— Acho que pode ser hora do que você pode chamar de uma manobra clássica — disse Lagarto Sacerdote com uma piscadela. Então acenou com a cabeça e ofereceu uma estratégia: — Eu tenho uma sugestão. Milorde Matador de Goblins, você estará na frente, com o mestre lançador de feitiços e eu nos flancos. Nossa lady Sacerdotisa ficará atrás da patrona patrulheira.

— C-Certo!

A cauda da formação.

Goblins por trás. Rasgando e despedaçando. Balbuciantes, marcantes. Uma adaga enterrada em seu intestino.

— …! — Sacerdotisa balançou a cabeça vigorosamente para limpar as imagens que passaram por sua mente.

— Essa posição é a mais segura contra um ataque inimigo, então você não precisa se preocupar. — Lagarto Sacerdote acenou para Sacerdotisa, que estava mordendo o lábio nervosamente.

— Então, tudo o que tenho que fazer é ficar de olho e fornecer suporte, certo? — disse Alta Elfa Arqueira.

— “Tudo”? Isso é o mais importante.

— Sim, entendi — respondeu ela, estufando o peito.

— Sheesh. Você se lembra que eu sou um usuário de magia, não lembra? — resmungou Anão Xamã enquanto colocava sua bolsa de catalisadores nos ombros e puxava o machado de mão. Como lançador de feitiços, ele não usava muita armadura, mas ainda tinha um certo ar de guerreiro pronto para a batalha.

O capacete de Matador de Goblins virou brevemente em sua direção e ele murmurou:

— Mas contamos com você.

— Muito bem, eu vou te mostrar do que os anões são feitos.

— Ha ha ha ha ha ha! Nós, da tribo dos homens-lagarto, somos todos guerreiros, de qualquer maneira.

Enquanto os homens brincavam, as mulheres reviravam os olhos.

Finalmente, o elevador parou com um estrondo.

— Você está pronta para isso? — Por trás da viseira de metal, Sacerdotisa podia sentir um par de olhos pousar sobre ela.

Estar vigilante e ficar nervosa eram coisas diferentes. Exatamente como se aquecendo e tendo o sangue subindo para sua cabeça.

Ela respirou fundo, em seguida, soltou o ar lentamente. Então colocou a mão no peito. Outra respiração profunda.

— Estou bem… Posso fazer isso.

— Quando as portas se abrirem, nós correremos. Preparem-se — disse Matador de Goblins bruscamente. Ele olhou para frente, não precisava ver seus companheiros para saber que estavam todos de acordo.

— E quanto aos lançadores de feitiços? — sussurrou Alta Elfa Arqueira, verificando o estado da corda no arco. — Eles devem ter algum.

— Se detectarmos algum, vamos priorizá-lo — disse Matador de Goblins. — Isso é tudo que podemos fazer.

— Odeio lutar contra lançadores de feitiços — adicionou Anão Xamã. — Por mais irônico que pareça.

— Eles podem usar feitiços que infligem redução de estatísticas, mas enquanto um de nós ainda estiver seguro, essa pessoa pode recuperar o grupo — disse Matador de Goblins calmamente. — Contanto que não sejamos todos destruídos, temos uma ampla gama de opções.

— E se todos nós formos destruídos… — A voz de Sacerdotisa tremeu e o rosto de metal se virou para ela.

— Não seremos.

Como uma ordem, era impossível e Sacerdotisa olhou para ele surpresa, mas então deu um pequeno sorriso, até mesmo riu. Mesmo que ela tivesse que se forçar um pouco.

— Bem, se você diz… Vou fazer o meu melhor para não deixar todos nós morrermos.

— Bom. — Matador de Goblins assentiu. — Não usem feitiços, apenas milagres.

— Hmm.

— Sim senhor!

Os dois clérigos concordaram com a cabeça e, em seguida, cada um orou a seus próprios deuses à sua maneira, pedindo por milagres.

Ó asas de foice do Velociraptor, rasguem e dilacerem, voem e cacem.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança a nós que somos fracos.

Finalmente, as portas se abriram…

— Vamos!

Eles começaram a correr.

 

 

O goblin xamã olhou para seus subordinados sonolentos e acenou com a cabeça, satisfeito.

Todos e cada um deles usavam placas cintilantes no peito ou empunhavam lanças, ou espadas.

Este xamã era o destinatário de uma tremenda boa fortuna. Por puro acaso, tinha recebido magia, depois promoveu-se para controlar uma horda e até chegou a possuir uma fortaleza. Por meio da magia, confundiu a mente do dragão (o fato de não ter adormecido foi inesperado) e o soltou sobre os elfos.

Ele estava perfeitamente confiante de que tudo isso fora resultado de suas próprias habilidades incrivelmente brilhantes, mas na realidade tinha sido em grande parte por pura sorte.

— GORBB! GOBROBBRBOGB!!

Como ele adorava ver seus irmãos estúpidos e idiotas se curvando e se esfregando diante dele. Sua superioridade nasceu de seus constantes sermões proclamando que ele os conduziria a um novo céu e uma nova terra. Naquele momento, era como se pudesse sentir até o rio correndo lá embaixo.

— GORROB! GOROOROOB!

Na escuridão pálida antes do amanhecer, o outro lado do horizonte estava ficando roxo claro. O vento úmido e quente das árvores era muito bom para os goblins.

— GBBORB!!

Tudo estava pronto, o goblin xamã uivou. Eles iriam mostrar àqueles comedores de insetos condescendentes, altos e poderosos, ele proclamou. Estava alheio às preocupações do tamanho de um inseto em seu próprio discurso.

— GORB!

— GBBRO!!

Sim, sim! As massas ignorantes gritavam. O goblin xamã olhou para eles e ergueu o cajado que segurava. Era seu cajado favorito, coberto com a caveira de uma aventureira que matou. Aquela garota tinha um crânio tão bom.

— GOOBRGGOG!

A maldição que ele inventou (tinha certeza de que a inventou; nunca questionou sua inspiração) estava completa. Deixe os elfos e os humanos rio abaixo beberem o sangue e as fezes de seus próprios companheiros. Deixe-os comer os mercadores, os caçadores e os aventureiros. Isso iria mostrar a eles.

O goblin xamã estava perfeitamente confiante de que sua maldição funcionou. Era por isso que agora exortava seus goblins a derrubar os elfos, estuprar, matar e destruir.

Se não funcionasse, não funcionou – e seria culpa de seus seguidores idiotas, que eram estúpidos demais para realizar seus planos. Se ele não tivesse que sofrer com a ajuda incompetente, as coisas correriam muito bem.

Um goblin nunca se esquece de um ferimento infligido.

Certamente não pelos elfos, que por gerações zombaram dos goblins. Nem por Donzela da Espada, que uma década antes se alinhou contra os Deuses das Trevas.

Os goblins esqueciam tudo o que eles próprios poderiam ter feito para gerar ressentimento; apenas odiavam.

Não apenas coisas que haviam sido feitas a eles, mas também coisas sobre as quais apenas tinham ouvido falar.

Era por isso que o xamã era resoluto. Ele iria pisotear os elfos, torturá-los, possuir sua linda princesa com seu filho na frente da cabeça decapitada de seu marido.

Em seguida, iriam pilhar a cidade da água, queimar até as cinzas e ele iria se chocar contra Donzela da Espada até que ela não conseguisse se levantar novamente.

Tal era seu desejo, sua fantasia, mas não era nada mais do que o resíduo de sua ganância.

Mas o que os goblins tinham, fora sua avareza? Ódio, autopreservação e o que mais?

Um goblin xamã ainda era um goblin.

— GOROBOOGOBOR!!

Ele ergueu seu cajado e berrou. Agora! Derramem!

A bênção de seu grito de guerra foi interrompida por um suave bong que parecia fora do lugar.

O que é que foi isso?

Um segundo depois, as portas afundadas nas paredes, aquelas que nunca haviam sido abertas, se separaram…

— Comece com… um!

 

 

A primeira coisa que Matador de Goblins fez ao avançar foi atacar um goblin com seu escudo.

Parecia haver pelo menos cem goblins no telhado circular. Talvez isso fosse apenas uma ilusão, mas várias dúzias, pelo menos, com certeza eram. E os aventureiros voaram como flechas no meio deles.

— GOROB?!

Ele acertou um goblin confuso enquanto ficava gaguejando, então deslizou para a esquerda, acertando a garganta de um monstro que se aproximava com sua espada.

— GOROBOOBGR?! — A criatura se debateu e golpeou antes de se afogar em seu próprio sangue.

Matador de Goblins puxou sua espada para trás e deu um chute no cadáver fresco. Então se virou e lançou a espada em um goblin que estava tentando preparar uma funda atrás dele.

— GROOB?!

— Dois.

Ele não deu outra olhada no goblin tombado, mas estendeu a mão para o cadáver que havia chutado para longe. Pegou uma machadinha e deu um golpe. Nada mal.

Ó grande ovelha que caminhou pelo Cretáceo, conceda-nos um mínimo de seu sucesso longamente entoado em batalha!

À esquerda de Matador de Goblins, Lagarto Sacerdote uivou como uma ave de rapina e girou a garrespada que segurava com as duas mãos. Garra, garra, presa, cauda. Ele agarrou o goblin que Matador de Goblins havia atingido com seu escudo. Com tantos inimigos, não havia tempo para pensar e Lagarto Sacerdote confiou em seus instintos de guerreiro, gritando como um animal.

— Eeeeeeahhhhh!!

— Aqui estou eu, pensando que, se algum dia vir outro goblin, será cedo demais — murmurou Anão Xamã do flanco direito. — E Escamoso parece que está se divertindo muito. — Mesmo assim, ele foi capaz de empunhar seu machado com golpes eficazes e bem avaliados.

Embora ele próprio tenha admitido a princípio que não era um guerreiro, tinha um pouco de tempo para respirar. Matador de Goblins e sua espada já haviam eliminado algumas das forças opostas. Além do mais, a proteção divina concedida pela prece de Sacerdotisa os protegeu dos ataques dos goblins. Anão Xamã, um não especialista da vanguarda, estava imensamente grato por isso.

— Lá! — gritou Alta Elfa Arqueira ao lado do anão enquanto ele se levantava, os pés firmemente plantados para brandir seu machado. Ela disparou três flechas, espetando três inimigos, suas orelhas se movendo o tempo todo em busca de mais.

Quanto ao que ela acabara de ver: um goblin em particular aconchegando-se nas profundezas da horda.

— Ele tem um cajado! Isso não parece bom!

— Um xamã? — Matador de Goblins enterrou a machadinha no cérebro de seu sexto goblin. Ele largou a arma, que caiu no chão com o cadáver, e puxou uma espada do cinto do inimigo morto. Ele usou o impulso para cortar a cabeça de outro goblin próximo.

— Sete. Você pode acertá-lo?

— Não vai ser fácil! — disse Alta Elfa Arqueira, mas ela já estava colocando uma flecha em seu arco. — Mas vou tentar!

Sacerdotisa, correndo atrás dela, assistia toda a cena com uma sensação de irrealidade.

Os inimigos eram tantos, e eles, os aventureiros, eram tão poucos. A última vez que enfrentou uma horda tão vasta foi…

Nunca.

Sacerdotisa, parada atrás dos outros e respirando tão profundamente quanto podia, ficou surpresa com a realização.

Os goblins pressionaram diante dela. A memória a atingiu como um raio.

A luta contra o Lorde Goblin. Naquela época, ela havia trabalhado com Matador de Goblins para derrotar o líder inimigo.

Durante o ataque no festival da colheita, os goblins se separaram, então a batalha não foi muito grande.

A fortaleza congelada tinha sido uma retirada de combate. Eles não tentaram abrir caminho através da massa.

Agora estavam voando para o coração da horda. O som de armas soou ao seu redor. Gritos. Lamentos de morte. O fedor de sangue e tripas.

Vamos nos livrar de alguns goblins!

Corre! Depressa!

Eu… vou…

O grito pareceu ecoar em sua memória até que tomou toda sua mente. Sacerdotisa podia ouvir seus próprios dentes batendo. Ela já tinha feito isso tantas vezes, então por que seus pés pararam? Por que sua respiração ficou presa?

— Ergh… Ah…!

Um seixo passou voando, roçando sua bochecha. Ela sentiu o calor e a dor percorrerem o lado do rosto. Havia uma sensação pegajosa de sangue jorrando.

Ela parou de orar e o efeito de Proteção começou a diminuir.

— …!

De repente, ela percebeu uma sensação de calor e umidade entre as pernas e mordeu o lábio.

Por que tinha que ser a última da fila?

O que queriam dela?

Agora ela sabia; era muito experiente para não saber.

Ela apertou seu cajado com dedos desesperados, ergueu-o e gritou sua súplica aos deuses no céu.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda sua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão!!

Houve uma verdadeira explosão de luz solar.

— GOBOGBO?!

— GOOBR?! GOBOGR?!

Os goblins gritaram e se debateram quando a luz sagrada da Mãe Terra brilhou em seus rostos horríveis. Alguns deles tombaram do telhado enquanto cobriam o rosto e tentavam correr, enquanto outros expiraram, pisoteados pelos companheiros.

Sacerdotisa prendeu a respiração com a cena lamentável, mas continuou a oferecer a Luz Sagrada com toda a força que podia reunir. Ela iluminou os aventureiros por trás para que não sofressem os efeitos nocivos disso.

— Sim, você é meu…!

— GOBBRG?!

Uma flecha voou, guiada pela habilidade insuperável de Alta Elfa Arqueira. Ela teceu através da horda como uma coisa viva, alojando-se no ombro do goblin xamã.

— GORBBBR…!!

Quase no mesmo instante, um feitiço saiu do cajado que o xamã estava escondendo atrás de seus soldados.

— ODUUUAAARUKKKKUPIRUUUUS!!

Uma nuvem de fumaça púrpura-clara de cheiro doce subiu ao telhado.

— Hrk… Merda…! — Alta Elfa Arqueira tropeçou e caiu sobre um joelho, enquanto os goblins apanhados na nuvem desabaram ao seu redor.

— Isso só pode ser Nuvem de Sono…! — exclamou Anão Xamã, levando a mão à boca.

— Grr… Devemos… nos concentrar! — Lagarto Sacerdote tentou despertar Alta Elfa Arqueira, mas seus próprios movimentos estavam se tornando visivelmente mais lentos.

É como estar debaixo d’água, pensou Sacerdotisa vagamente. Suas pálpebras estavam ficando pesadas e seu cajado era a única coisa que a mantinha de pé.

Foi muito divertido, todos eles brincando juntos na água nas férias.

O mundo balançou para frente e para trás, esquerda, direita; tudo se inclinou quando ela descobriu que não conseguia mais ficar de pé.

Talvez agora… esteja tudo bem.

Sua consciência vacilou, apenas por um instante, mas isso foi o suficiente para que Proteção desaparecesse por completo.

Com a visão perigosamente escura, ela viu Alta Elfa Arqueira de joelhos e, além dela, as costas de alguém. Os goblins que haviam sido mantidos à distância pelo feitiço agora invadiram, tentando arrastá-la para baixo.

— Ah…

Alta Elfa Arqueira foi puxada para o chão. Suas roupas estavam rasgadas. Ela acenou um braço languidamente.

Uma clava caiu no ombro de Anão Xamã. Seu aperto afrouxou e ele largou o machado, que caiu no chão.

Um goblin pulou no pescoço de Lagarto Sacerdote. A adaga em sua mão trabalhou entre as escamas.

— Urg…

No ombro de Matador de Goblins… Uma espada.

Sangue.

— Matador de Goblins, senhor…

Sua voz estava tão baixa. Mas foi o suficiente.

— …! Guh…

Ela respirou fundo. Essa foi a primeira coisa. Encheu aquele pequeno peito com ar e depois deixou-o sair.

— HHHHRAAAAAHHHHHHHH…!!

Ela não fazia ideia de que era capaz de um grito tão monumental até que ele escapou de sua garganta.

— Todos…! Matador… de… Goblins… senhor…!

Não houve resposta.

Ela balançou seu cajado.

— Matador de Goblins, senhor!!

Sem resposta.

— …!!

Sacerdotisa cerrou os dentes e lutou para manter a consciência; ela podia ver um goblin se mexendo nos confins de sua visão. Podia vê-lo segurando seu cajado, rindo loucamente apesar do sangue pingando de seu ombro.

O sangue escorreu por seu braço, espirrando contra o chão em sincronia com os passos do xamã.

Impuro.

Não foi nada mais do que uma intuição. Não houve nenhuma sugestão da Mãe Terra no céu. Não, foi simplesmente a resposta a que ela chegou com sua própria experiência, sua experiência como uma garota fraca de dezesseis anos se aventurando com o homem chamado Matador de Goblins.

Sua resposta para o que ela poderia fazer. O que devia fazer.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, por favor, por sua mão reverenciada, purifique-nos de nossa corrupção!!

E então um milagre aconteceu.

— GORB?!

Quando ele percebeu a mudança, era tarde demais. O sangue do goblin xamã foi transformado em água pura.

— GOBOGGBOGOBOOGOGOBOGOOG?!?!?!

O goblin xamã uivou como se suas entranhas estivessem sendo retalhadas. Sacerdotisa pensou ter sentido sua própria alma abalada pelo terrível berro, mas a trouxe de volta a si mesma.

— Er… ah… ahh…?!

Sua conexão com o mundo acima desapareceu como uma corda cortada e o mundo do som voltou correndo para seus ouvidos.

Este ato divino, Purificar, nunca deve ser usado desta forma novamente.

 

 

 

— Ah, ahh…?!

Algo pareceu impactar sua própria alma, sacudindo cada fibra de seu ser.

Ela tinha feito algo terrível.

A honrada Mãe Terra, a fonte de toda compaixão e misericórdia, aceitou esta conexão com sua alma, e ela…

— Aaaaarrrrghhh…!

Sacerdotisa soltou um grito de agonia com o que tinha feito.

Seu cajado soltou um som oco enquanto rolava pelo telhado onde ela o havia deixado cair.

A sede de sangue desapareceu como se tivesse caído no abismo. Sacerdotisa foi deixada com uma mão pressionada vagamente em seu peito, só então percebendo que as lágrimas estavam escorrendo de seus olhos.

— Agh… ahhhhhhhh…!

Mas três palavras chegaram aos seus ouvidos enquanto ela chorava como uma criança.

— Você fez bem.

Três palavras.

— Ah…

Apenas as três.

Isso foi o suficiente para colocar força de volta nas pernas que ela tinha certeza que iriam desabar.

— S-Sim, senhor…!

— Tudo bem.

Matador de Goblins estava, em uma palavra, acabado. Uma adaga foi enfiada em uma fenda de sua armadura, rasgando a cota de malha por baixo. Ele acabou arranhado por ter sido atingido.

Ele puxou a adaga de seu ombro; quando viu o líquido pegajoso espalhado em sua lâmina, estalou a língua. Tirando de sua bolsa de itens uma garrafa com um barbante amarrado, tomou seu conteúdo. Em seguida, uma segunda garrafa.

Um elixir. Um antídoto.

Assim que terminou, lançou as garrafas vazias no goblin mais próximo.

— GOOBOG?!

Então se virou, usando o escudo em seu braço esquerdo para matar o goblin agachado sobre Alta Elfa Arqueira.

— GROBO?!

— Vinte e um. Levante-se!

— Hrgh, ah… Ou… Orcbolg…?

Ela se levantou com dificuldade. Estava em um estado terrível. Encharcada de sangue, ferida, coberta por cérebros de goblins e suas roupas rasgadas.

Mas ela estava viva.

Isso era o suficiente.

— Beba — instruiu Matador de Goblins, entregando-lhe uma poção com a mão esquerda. — E use isso! — gritou para Anão Xamã, jogando-lhe a espada na mão direita.

— Te devo uma! — Ele agarrou o cabo com as costas da mão, ergueu-o e, em seguida, abaixou-o, abrindo o estômago de um goblin com ele.

— GOBOGOOBOG?!

— Agora entendo por que você gosta dessas coisas, Corta-Barba!

Ele chutou a criatura destripada e atacou o próximo inimigo. Seu braço direito pendia frouxamente ao lado do corpo, mas ele era capaz de lutar. A espada em sua mão esquerda cortou outro goblin.

Quando Lagarto Sacerdote recuperou sua consciência, sua força era incomparável.

— Hrraghh…!

Ele agarrou o goblin tentando afundar uma adaga em seu pescoço e jogou a criatura no chão.

— GOBORO?!

A coluna vertebral do monstro adotou um ângulo não natural; o goblin estremeceu uma vez e depois ficou imóvel.

Antes que a criatura morresse, Lagarto Sacerdote já estava atacando com garras, presas e cauda. Ele gritou e cortou, quase literalmente soprando os goblins para longe.

— Eles quase nos pegaram de surpresa…! — Ele limpou o sangue de goblin do queixo com a manga e soltou um grande suspiro. — Milorde Matador de Goblins, vou retomar o ataque!

— Por favor, faça isso — disse Matador de Goblins enquanto pegava o braço de Sacerdotisa onde ela estava caída.

— Oh… Matador de Goblins… senhor…

Ela o acolheu vagamente. Uma rachadura percorria o capacete dele, havia sulcos em sua armadura de couro e o fedor de sangue era mais forte do que o normal. Mas aquele olho vermelho brilhante olhou diretamente para ela por entre os sarrafos do visor.

— Você fez bem.

— Ah…, sim, senhor…! — Ela enxugou as lágrimas do canto dos olhos e pegou o chapéu e o cajado que havia jogado meio à confusão.

Isso ainda não tinha acabado. Ainda havia muitos goblins. A batalha precisava continuar.

Gorgossauro, lindo embora ferido, posso participar da cura em seu corpo!

A prece de Lagarto Sacerdote envolveu o grupo com luz quente, restaurando sua energia. Era o milagre Revigorar. Ah, quão grande é a bênção dos nagas!

Enquanto verificava o estado de seus ferimentos, Matador de Goblins cravou sua espada na garganta de um goblin próximo.

— GOROBORO?!

— Vinte e dois. Vá em frente, corra… Você pode correr?

— Sim, estou bem… Nossa, essa coisa é amarga — reclamou Alta Elfa Arqueira enquanto Matador de Goblins chutava para o lado sua última vítima se contorcendo e jorrando sangue.

Ela estalou a língua enquanto tentava puxar o resto de sua camisa sobre o peito, então jogou fora a garrafa vazia e deu uma piscadela para Sacerdotisa.

— Vamos lá, vamos lá!

— Certo! Eu também… eu também posso me mover… eu vou me mover! — Ela se forçou a falar o mais forte que pôde. Fez um floreio com seu cajado para manter os goblins atrás deles afastados.

— Mestre lançador de feitiços, você está pronto?

— Nunca estive tão pronto. Trabalhei muito para poupar esses feitiços para isso!

E com esses gritos de Lagarto Sacerdote e Anão Xamã, o grupo seguiu em frente… Não.

— GOROB!!

— GRO! GRB!

Em vez disso, isto é, viram-se encurralados na borda da torre. Apenas alguns passos à frente, puderam ver uma queda abrupta em um verdadeiro oceano de árvores. Os goblins haviam se recuperado da confusão de Purificar e agora gargalhavam enquanto se aproximavam.

Eles colocariam aquela elfa de joelhos novamente e a tornariam deles. Iriam rasgar aquela garotinha com seus pequenos estratagemas em pedacinhos.

Matem os homens. Estuprem e matem as mulheres. Tinha sido estúpido da parte de seus compatriotas serem assassinados, mas ainda assim, os goblins queriam vingança. Para eles, a morte de seus companheiros nada mais era do que um motivo para afirmar sua própria ganância.

Os monstros avançaram com armas nas mãos, as virilhas salientes, a luxúria brilhando em seus olhos.

Matador de Goblins estava calmo em face da horda invasora.

— Pulem!!

Um após o outro, os aventureiros se lançaram ao espaço. O ar correu para cima deles purificando-os com a umidade, resfriando seus corpos aquecidos pela batalha.

Os primeiros sinais do amanhecer estavam traçando seu caminho ao longo do horizonte, lançando luz sobre o céu e as árvores.

Eventualmente, porém, a gravidade dominaria o grupo, esmagando-os contra o chão.

— GBBRB!

— GROGGB! GORRBGROB!!

Enquanto os goblins tagarelavam e zombavam, Anão Xamã revelou um sorriso incongruente. Seus dedos gordos e atarracados brilharam no ar, traçando sigilos complicados, então ele gritou:

Saiam, seus gnomos e deixem ir! Aí vem, olhe abaixo! Vire esses baldes de cabeça para baixo, esvaziem tudo no chão!

A velocidade de sua descida diminuiu na mesma hora. Valeu a pena guardar esse feitiço de Controle de Queda.

O grupo flutuou suavemente no céu como se descansassem em uma mão gigante invisível. Agora não tinham nada a temer do chão.

— Eep, eep, eep…! — Sacerdotisa pressionou a mão na bainha de seu vestido enquanto o vento ameaçava levantá-lo. Alta Elfa Arqueira sorriu aliviada. A expressão sombria e deformada que Sacerdotisa estava mostrando até momentos antes não combinava com aquela garota. Alta Elfa Arqueira não queria isso para ela.

Eu sabia que matar goblins era desagradável.

Ela estendeu a mão e Sacerdotisa a pegou.

— Oh…

— Você está bem?

— S-Sinto muito…!

— Ahh, não se desculpe. Ei, anão, você realmente conseguiu!

— Tinham alguma dúvida? — Anão Xamã gargalhou. Ele estava sorridente, satisfeito em ver Alta Elfa Arqueira tão feliz com seu trabalho, então puxou a jarra de vinho do cinto e tomou um gole.

O sol nascente, os primeiros raios do amanhecer, a luz da manhã, o vento, a floresta, o mundo inteiro. Havia algo que pudesse tornar o vinho mais saboroso do que isso?

— Eu diria que correu tudo muito bem — observou Lagarto Sacerdote, relaxando todo o corpo até ficar de braços abertos. Ele parecia tão relaxado, mas seus olhos ainda estavam focados nos goblins. Ele podia vê-los claramente, apontando e tagarelando um para o outro. — Embora eu admita, fiquei em dúvida por um momento.

— Sim — disse Matador de Goblins, também olhando para cima. — Esta é a melhor maneira de se livrar dos goblins.

 

 

— G… B…

A consciência do goblin xamã escolheu aquele momento para voltar para ele.

O som do rio parecia tão alto. Sua cabeça estava girando; era como se houvesse um zumbido em seus ouvidos. Era difícil respirar e sua visão estava comprimida. Ofegante e áspero, conseguiu usar seu cajado para se levantar.

Ele não entendia por que parte de seu sangue havia se transformado em água, por que sua respiração não parecia mais transitar perfeitamente pelo seu corpo. Ele olhou em volta e viu os outros goblins agrupados na beira do telhado, conversando animadamente.

— GOBOOGB…!

Que monte de idiotas. Não tinham o impulso de ajudar aquele que os guiava ou pelo menos de mostrar a ele a devida reverência? O goblin xamã ficou furioso, convenientemente esquecendo que um momento antes estava usando essas mesmas criaturas como escudos.

E, além disso, parecia que os aventureiros tinham escapado. Malditos inúteis.

— GORB! GROBOOGOBOGR!! — exclamou o xamã, acenando com seu cajado.

Vários goblins olharam.

— GBBGROB?!

O xamã não ficou muito satisfeito por alguns terem respondido, mas enfurecido por outros não.

Era impossível encontrar boa ajuda.

Se ele pudesse colocar as mãos naquela elfa ou naquela garota humana, ou talvez na princesa da floresta, poderia usá-las para reconstruir sua horda. Como a criatura mais importante ao redor, pegaria as melhores fêmeas e as faria gerar seus próprios filhotes. Ele não tinha o direito?

— GROROB…?

Mas qual era esse som de água que estava ouvindo?

— GROROBOROGBORO?!?!?!

Um segundo depois, o corpo do goblin xamã foi erguido no ar pela torrente de água que jorrava dos portões abertos do elevador. Lançado no céu pela enchente, ele passou os últimos segundos de sua vida em total confusão. Ele foi para o túmulo sem nunca saber que Túnel tinha sido usado para fazer um buraco no quebra-mar. Nem que aquela pressão da água fez com que o gêiser subisse do nível mais baixo para o mais alto da torre.

Era presumido que os goblins jamais teriam imaginado que a água poderia subir tão bem quanto descer.

Se os construtores da fortaleza pudessem testemunhar a cena, teriam se regozijado com a condenação dos Personagens que Não-Oram.

Foi precisamente a maneira como os goblins represaram a água que a fez subir até poder explodir.

O xamã subiu e subiu com a água, depois desceu e desceu; espalhando o cérebro pelo chão. E mesmo esse vestígio, a última evidência de que existiu, foi imediatamente lavado pelo dilúvio.

Um final adequado.

 

 

Gotículas choveram do gêiser como se uma tempestade repentina tivesse passado, a água cintilando à luz do sol. Alguns goblins também caíram, empurrados pela beirada da torre, mas a queda foi mais do que longa para acabar com eles.

— Você tem… Tem certeza disso? — perguntou Alta Elfa Arqueira duvidosamente, balançando a cabeça e fazendo voar água de seu cabelo encharcado.

Matador de Goblins soltou um longo suspiro.

— O túnel vai encolher em breve e depois fechar. Não acredito que o prédio vá desabar.

— Não é disso que eu estava falando — disse Alta Elfa Arqueira, suas orelhas escorregando em aborrecimento. — Falei de toda a água que ainda está lá dentro.

— No que diz respeito a isso — disse Matador de Goblins calmamente —, tudo o que podemos fazer é pedir aos elfos para virem lidar com isso mais tarde.

Alta Elfa Arqueira pigarreou e ficou em silêncio, ganhando uma risada de Anão Xamã.

— Então, haverá um casamento quando voltarmos? — Ele estava flutuando suavemente no ar, bebendo seu vinho e apreciando o nascer do sol. Na verdade, foi ele quem os segurou neste local. Se deixasse sua concentração vagar por um segundo, cairiam todos para a morte.

Alta Elfa Arqueira olhou para ele, incrédula, mas ele a ignorou.

— Já está planejando se casar? — perguntou ele.

— Não por pelo menos outro milênio.

— Acha que alguém vai querer uma noiva de três mil anos?

— O que você acabou de dizer?! — rosnou Alta Elfa Arqueira.

Eles podiam estar flutuando no ar, mas o tom de sua discussão era familiar e Lagarto Sacerdote revirou os olhos em diversão.

— Na madrugada em que me tornar um naga, posso recebê-la como noiva de um naga?

— Tenho certeza de que não sei o que você quer dizer. — As orelhas compridas de Alta Elfa Arqueira não deixaram de ouvir o comentário brincalhão de Lagarto Sacerdote. Ela estava sorrindo como um gato que descobriu um novo brinquedo. — O que é isso… uma confissão de amor? Sério?

— Hmmm. Suponho que não saberemos por pelo menos mil anos.

Sacerdotisa observou os três amigos brincarem, sem prestar muita atenção. Alta Elfa Arqueira soltou sua mão e ninguém mais a pegou. Era apenas ela, flutuando no céu, segurando o chapéu com uma das mãos e a saia com a outra.

Ela soltou um suspiro suave, mas audível e o capacete do Matador de Goblins virou em sua direção.

— Você está cansada?

— Ah, uh, não! — disse ela rapidamente, acenando com a mão. — De jeito nenhum…

No entanto… Ainda assim…

A mão que ela acenava caiu mole. Sem ter certeza do que dizer, ela disse, baixinho, a primeira coisa que surgiu à mente:

— Bem, talvez um pouco…

— Entendo.

No final, ela poderia realmente viver com… com a maneira como usou Purificar?

Não foi certo. Sem dúvidas…

O objetivo de Purificar era tornar a água limpa. Era errado usá-lo para tirar a vida de outro ser vivo, até mesmo de um goblin.

No entanto, a Mãe Terra respondeu à sua prece porque era um apelo para salvar outros seres vivos.

Foi por isso que a deusa, em toda a sua compaixão, concedeu seu imprimátur pelo que Sacerdotisa havia feito.

Só desta vez.

Que coisa a fazer.

Mas…

Mesmo assim, roguei e ela fez um milagre para mim.

Como Sacerdotisa deveria interpretar isso, como entender isso?

Um ano antes, quando estava tentando sua primeira aventura, não entendia nada disso.

E agora? Ainda entendia apenas duas coisas.

Que ela era e ainda seria uma aventureira.

E aquele Matador de Goblins sempre matou e sempre mataria todos os goblins.

E eu…

Ela poderia continuar acreditando na Mãe Terra?

Merecia ter milagres concedidos a ela pela deusa?

Não sabia. Não havia como saber.

Ela havia crescido e amadurecido no último ano? Talvez um pouquinho…?

—  Olha — murmurou alguém.

—  Huh…? — Sacerdotisa rapidamente olhou para cima, pega de surpresa.

O sol estava ofuscantemente brilhante; ela se viu piscando para conter as lágrimas.

O céu claro se estendia sobre uma infinidade de verde. E, pendurado ali, como se quisesse ligar os dois…

 

 


Tradução: Nero

Revisão: Kenichi

 

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Bravo

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