Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 05.3 – Cruzeiro na Selva

Algum tempo depois.

O grupo se arrastou como um trem de sombras sob a iluminação das luas gêmeas.

Através da vegetação rasteira, empurrando para o lado as folhas e galhos, mantiveram o peso baixo, movendo-se o mais rápido que podiam.

O único som entre eles era o mais leve sussurro de uma prece de Sacerdotisa:

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda-nos paz para aceitar todas as coisas

Ela correu pelo silêncio absoluto o mais rápido que pôde, o suor escorrendo por sua testa, as mãos agarrando seu cajado.

À medida que se aproximavam, o dique e a fortificação dos goblins surgiram estranhamente à frente deles.

A maneira como as rochas foram empilhadas e esculpidas era obra dos anões.

A forma como as estruturas foram construídas sem perturbar as árvores ao redor era obra dos elfos.

Os preparativos contra o ataque deviam ser vindouros do conhecimento dos homens-lagarto ou dos humanos.

Aqui e ali, uma pedra foi desalojada pelos goblins, manchando este lugar.

Para que esse lugar poderia ter sido construído? Sacerdotisa se perguntou de repente.

Um santuário, um templo, uma torre, um castelo, um dique, uma ponte… Parecia ser tudo isso, mas nenhum deles.

Fosse o que fosse, era agora um ninho de goblins e para desafiá-lo seria necessário mais do que um milagre da Mãe Terra, não importa o quão misericordiosa ela pudesse ser.

Por isso os aventureiros tinham algo mais para defendê-los.

Uma névoa branca que parecia subir por conta própria, foossh, foossh.

Também estava intensamente quente.

Até certo ponto, isso era de se esperar – afinal, estavam em uma floresta tropical – mas também estava terrivelmente úmido. As vestimentas de Sacerdotisa haviam absorvido água o suficiente para ficarem pesadas, e seu suor fez com que suas roupas se agarrassem a ela de forma desagradável. Ela arregaçou as mangas por necessidade, mas nunca parou de orar.

Havia outra pessoa que não parou em seu trabalho: Anão Xamã.

Ele segurava uma pedra brilhando em vermelho com suas mãos ásperas. A fonte do calor e da névoa estava naquela pedra, na salamandra que vivia dentro dela.

Chama dançante, a fama da salamandra. Conceda-nos uma parte sua.

O espírito do fogo invocado pelo feitiço Aquecer evaporou a água da qual os espíritos do ar estavam tão cheios. O resultado foi como estar envolto em névoa.

Anão Xamã olhou com desconfiança para Alta Elfa Arqueira enquanto ela bufava triunfante.

Ela está ficando tão ruim quanto Corta-Barba.

Mesmo assim, Lagarto Sacerdote era do Sul, Alta Elfa Arqueira era desta mesma floresta e Anão Xamã era bastante íntimo do fogo. O calor espesso tornava seus movimentos mais rápidos, no mínimo.

Sacerdotisa suspirou e bufou junto, a expressão do Matador de Goblins não pôde ser vista.

Lagarto Sacerdote olhou para uma torre de observação no alto da fortaleza dos goblins. Com seus olhos detectores de calor, avistou um goblin com uma lança tirando uma soneca feliz.

Sem problemas. Ele acenou para Matador de Goblins, que então voltou a liderar o grupo.

Os portões da fortaleza estavam praticamente na frente de seus narizes.

A porta enorme e grossa era caracteristicamente élfica, feita de madeira antiga e resistente. Não havia nenhum sinal de metal nela, mas sua durabilidade estava além de qualquer dúvida.

A princípio, parecia ser tudo de uma peça, mas no canto direito do enorme portão um contorno quadrado podia ser visto. Uma porta menor dentro da porta, talvez uma portinhola de saída.

Matador de Goblins gesticulou para seus companheiros esperarem nos arbustos, em seguida, puxou sua clava do cinto. Alta Elfa Arqueira escalou uma árvore, suas orelhas compridas se contorcendo; ela alcançou um galho e sentou-se sem sequer deslocar uma única folha. Ela colocou uma flecha em seu arco e puxou-a silenciosamente, enquanto lá embaixo, Lagarto Sacerdote ajustava o aperto em sua garrespada.

Quanto à Sacerdotisa e Anão Xamã, continuaram a entoar seus milagres e magias, respectivamente. O silêncio continuou e a névoa continuou aumentando.

Os lábios de Sacerdotisa formaram brevemente as palavras “Tenha cuidado”. Matador de Goblins assentiu.

Quando ele deixou a bolha de Silêncio, o tom e o grito da vida de repente voltaram para a floresta. As folhas farfalharam com o vento soprando nelas. O rio gorgolejava. Ele podia ouvir sua própria respiração dentro do capacete.

— Hmm. — Ele parou por um momento em frente ao portão antes de bater ruidosamente nele. Então, com uma agilidade que desmentia o peso de sua armadura de corpo inteiro, cravou os dedos na fibra da madeira e se ergueu.

A reação surgiu um momento depois.

— GROB?

A pequena portinhola de saída foi aberta e um goblin, provavelmente um sentinela, colocou seu rosto para fora.

Alta Elfa Arqueira estava preparada para disparar sua flecha naquele mesmo instante, mas Matador de Goblins não se moveu. Um segundo, então um terceiro goblin saiu pela pequena porta.

O estalar da língua de Alta Elfa Arqueira foi silenciado pela prece de Sacerdotisa, então ninguém ouviu.

Um quarto monstro emergiu e, depois de esperar exatamente cinco segundos, Matador de Goblins se moveu.

— GORAB?!

Ele saltou de cima, pousando nas costas do último goblin a sair. O impacto roubou o ar dos pulmões da criatura e ela não fez mais barulho.

Matador de Goblins moveu sua clava.

Houve um som seco de algo quebrando e o crânio do goblin virou para uma direção impossível em um ângulo igualmente impossível.

Matador de Goblins sacou a espada do cinto do cadáver se contorcendo.

— Um.

— GBBR?

O primeiro goblin, surpreso com o grito repentino, começou a se virar…

— GORB?!

Uma flecha com a ponta de um botão assobiou pela noite, acertando a criatura direto na orelha direita e saindo pela esquerda. Ele caiu de joelhos como uma marionete com as cordas cortadas e, um instante depois, o segundo goblin estava morto.

Apesar do choque com a emboscada, os dois monstros restantes começaram a agir.

Mas os aventureiros foram rápidos demais para eles.

Um goblin se virou para o inimigo atrás e encontrou seu rosto esmagado com a clava.

— Dois e…

— GRRB…?! — A criatura caiu para trás, segurando o nariz esmagado; Matador de Goblins imediatamente saltou em cima dele. Ele já havia largado a clava, puxando a lâmina roubada de sua bainha. Tapou a boca do goblin com a mão esquerda e, com a direita, esfaqueou impiedosamente a traqueia da criatura e, em seguida, cortou.

— Isso conta com três…

E isso significava que sobrou um.

Este último goblin era ligeiramente mais esperto do que os outros; ele pelo menos percebeu que dois de seus companheiros foram mortos. Estava respirando fundo, abrindo bem a boca para gritar por reforços, mas antes que tivesse tempo de levantar a voz, encontrou uma flecha alojada em sua garganta.

Ele tombou para a frente com a força do tiro.

— Quatro…

Matador de Goblins confirmou com seus próprios olhos que todas as quatro criaturas pararam de respirar, então rapidamente olhou para dentro da portinhola de saída. Estava escuro, mas ainda havia duas luas no céu para fornecer iluminação.

Dentro do portão havia um quadrado aberto. Não havia sinal de goblins por perto.

Por mais indolentes que os goblins possam ser, a ausência dos guardas não passaria despercebida por muito tempo.

Matador de Goblins apoiou a pequena porta aberta com um pino, em seguida, apontou para os arbustos.

Sacerdotisa soltou um longo suspiro e correu até ele.

— Você está bem…? Está ferido, ou…?

— Não, não estou.

Com isso, seu pequeno peito relaxou, aliviado.

Lagarto Sacerdote emergiu com a mesma rapidez, quase rastejando pelo chão, e Anão Xamã rolou atrás dele. Por último chegou Alta Elfa Arqueira, pulando da árvore e se dirigindo para a porta tão rapidamente que mal deixou uma sombra. Não seria divertido se aquela que deveria garantir que todos chegassem em segurança ao seu destino fosse descoberta.

— Eu deveria ser uma batedora, mas agora me senti como uma assassina — disse ela. — Então o que vem a seguir?

— Não gosto, mas teremos que investir em um ataque frontal. — Matador de Goblins limpou sua lâmina nos trapos de um goblin e a devolveu à sua bainha. Então pegou uma machadinha de um dos monstros e a enfiou sem cerimônia em seu cinto — Sinto muito — disse —, mas parece que não haverá tempo para descansar. Eu preciso de você na linha de frente.

— Relaxe, relaxe — sibilou Lagarto Sacerdote. — Nunca fui do tipo que faz menos do que estar na vanguarda da batalha.

Ele tinha um único milagre sobrando. O Guerreiro Dragodente foi deixado para guardar o barco, então sua garrespada e sua força eram tudo com que podiam contar.

Mas para Lagarto Sacerdote, isso era o suficiente.

— Tenho três sobrando comigo — disse Anão Xamã, acariciando sua barba.

— E quanto a mim, uh… — Sacerdotisa contou em seus dedos. — Mais dois.

— Tudo bem.

Isso indicava um total de seis.

Isso seria uma verdadeira recompensa para um grupo médio de aventureiros. Mas seria o suficiente para assaltar esta fortaleza?

Eles começaram com onze, então tinham usado cerca de metade de seu suprimento até o momento.

— … — Sacerdotisa balançou a cabeça, tentando limpar uma onda repentina de pensamentos ruins. O que aconteceu em sua primeira aventura não teve nada a ver com isso. Nem mesmo os mortos que ela tinha visto em seu caminho importavam agora.

— Hm, o que devemos fazer sobre a luz…?

— Sem luzes até entrarmos.

Os goblins podiam ver bem no escuro. Eles não precisavam de fogueiras para se locomover à noite. Entrar no pátio com tochas acesas seria o mesmo que implorar para que os goblins fossem ao seu encontro.

— Assim que entrarmos, nós a trataremos como qualquer outra caverna — disse Matador de Goblins.

— Certo, então vou preparar algumas tochas — respondeu Sacerdotisa.

— Por favor, prepare.

Enquanto falava, Matador de Goblins sacou sua adaga.

— Er… — Sacerdotisa suspirou. Ela fez uma careta, em seguida, soltou um suspiro resignado. — Nós temos que…?

— Sim. — Matador de Goblins girou sua faca em sua mão, em seguida, caminhou até o goblin com o rosto esmagado.

Alta Elfa Arqueira, percebendo, rapidamente ajeitou suas roupas, certificando-se de que estava tudo pronto. O sangue foi drenado de seu rosto e suas orelhas caíram lamentavelmente.

— Ah, você está falando sério…?

— A menos que você tenha um pacote de perfume.

— E-Ei, eu nunca imaginei que uma viagem para casa significaria ir à caça de goblins…

— Faz parte do trabalho.

Matador de Goblins não deu atenção à desculpa dela enquanto cortava a barriga do goblin. Ele puxou as entranhas quentes e Sacerdotisa envolveu-as em um lenço que havia produzido, com o rosto inexpressivo.

Alta Elfa Arqueira recuou com uma espécie de som sufocado; Anão Xamã rapidamente a pegou pela mão.

— Você tem que saber quando suportar.

— É preciso coragem. — Lagarto Sacerdote comentou de onde havia se movido para evitar que ela escapasse, seus olhos revirando em sua cabeça.

— Huh…? Não, de jeito nenhum, deve haver outra coisa que possamos…!

— Feche a boca.

Foi, talvez, apenas o nível de experiência de Alta Elfa Arqueira que a poupou de gritar.

Os aventureiros deslizaram ao longo da parede, Alta Elfa Arqueira à sua frente como batedora.

A torre estava em ruínas, o portão devastado, a natureza tomava a estrutura para si mesma e não faltavam sombras para se esconder.

E, da mesma forma, muitas sombras nas quais as coisas podiam estar escondidas.

Alta Elfa Arqueira lambeu os lábios, tentando decidir onde poderia colocar os pés sem perturbar a vegetação rasteira. Se algum sentinela goblin os encontrasse, isso resultaria em um alarme, e não seria nada divertido.

— Obrigado.

Minha nossa. Alta Elfa Arqueira piscou. Orcbolg, agradecendo a ela?

Os humanos não estavam bem equipados para rastejar pela noite apenas com a luz das estrelas e luas nebulosas para guiá-los.

— Os humanos têm dificuldade em fazer algo assim, hein? — disse ela.

— S-Sinto muito… — respondeu Sacerdotisa.

— Não tem problema, não se preocupe com isso. — Alta Elfa Arqueira acenou com a mão, desdenhosa, sem se virar. — Ooh… — Naquele momento, suas orelhas pontudas estremeceram, como se sopradas pela brisa.

Ela estreitou os olhos: estava olhando para um goblin que vagava, uma lança pousada em seu ombro.

Havia alguma distância entre eles. Os aventureiros ainda não haviam sido notados, mas ele estava seguindo nesta direção. Um sentinela.

Alta Elfa Arqueira tirou uma flecha de sua aljava e a colocou em seu arco.

— O que devo fazer?

— Atire.

O arco dela vibrou quase antes que ele terminasse de falar. O goblin, com uma perfuração na garganta, acenou com os braços sem compreender enquanto tombava no chão. Houve um sussurro abafado de grama, mas isso foi tudo. Nenhum outro guarda parecia ter notado o que aconteceu.

Alta Elfa Arqueira soltou a respiração que estava segurando e começou a se mover novamente, Matador de Goblins e os outros seguindo atrás. Ela tirou sua flecha do cadáver do goblin enquanto eles passavam.

— Ugh… — Ela franziu o rosto ao ver o sangue negro de goblin, dando uma sacudida completa na flecha. — Eu não quero ficar mais suja do que já estou…

— Nem brincando — concordou Sacerdotisa em uma voz verdadeiramente lamentável. Alta Elfa Arqueira assentiu com simpatia.

Essas duas doces jovens estavam cobertas da cabeça aos pés por uma sujeira indescritível. Era fedorento e pegajoso e, por mais que estivessem acostumadas, ainda as deixava um pouco enjoadas. Era necessário, mas nunca divertido.

— Argh, a ponta quebrou… Isso é o pior.

— Bem, se isso é o pior, então talvez nunca sejamos descobertos. — Lagarto Sacerdote, rastejando para frente, ergueu a cabeça como uma cobra. — Acho que as coisas serão um pouco mais problemáticas quando entrarmos na torre.

Seus olhos estavam focados à frente, no enorme portão de madeira que bloqueava a entrada da torre. Era imensamente grosso, e não era a única porta assim. Uma série inteira delas rodeava a parede externa da estrutura.

— Ouvi dizer que as tumbas reais às vezes têm entradas falsas — acrescentou Lagarto Sacerdote. — Talvez seja algo dessa natureza.

— Você quer dizer que são todas… falsas? — Sacerdotisa colocou a cabeça para fora para olhar, tomando cuidado para não ser notada pelos goblins. A porta maciça e pesada, imponente sob o luar pálido, dificilmente parecia nada menos do que real.

— Certamente não parece…

— Teríamos sorte se for uma simples escultura — respondeu Lagarto Sacerdote. — Se fosse uma armadilha, hesito em pensar no que seria de nós.

— …

Por alguns segundos, Sacerdotisa olhou silenciosamente para as portas entre as ruínas. Algo parecia errado nelas, algo que não conseguia explicar. Ela tentou colocar o dedo naquilo…

— Bem, não acho que precisamos nos preocupar tanto… — disse ela com uma risadinha depois de um momento e apontou um dedo pálido e fino para a porta. — Veja como a vegetação rasteira foi pisada lá embaixo.

— Deuses, de fato…!

A porta falsa, fruto da imaginação de algum elfo ancestral ou algo assim, agora se tornara inútil com o passar do tempo e a estupidez dos goblins. Os goblins, sem pensar, usaram a porta de entrada e saída, de modo que os arbustos ao lado dela foram de fato pisoteados.

— Acho que isso nos deixa com o mesmo problema com que começamos — disse Alta Elfa Arqueira, irritada: — Goblins.

Um ou dois guardas estavam parados, parecendo entediados.

— A maneira mais rápida seria livrar-se dos guardas e roubar a chave.

— Isso se os goblins soubessem como trancar as portas — disse Anão Xamã, tirando uma folha errante da barba e soltando um suspiro pensativo. — No mínimo, temos que pegar os da direita e da esquerda simultaneamente se não quisermos ser descobertos.

— Não é um problema — disse Matador de Goblins. — Conheço mil e uma maneiras diferentes de matar goblins silenciosamente.

— Mesmo? — perguntou Sacerdotisa, piscando.

— Isso foi uma piada — continuou Matador de Goblins, balançando lentamente a cabeça protegida pelo capacete de um lado para o outro. — São muitas mais.

À luz da avaliação de Alta Elfa Arqueira de que flechas eram preciosas, foi decidido que Matador de Goblins e Anão Xamã tomariam a ofensiva. Cada um deles preparou uma funda, moveu-se para uma curta distância e soltou suas pedras quase ao mesmo tempo.

As rochas voaram pelo ar, infalivelmente encontrando a garganta de um goblin e a cabeça do outro.

— GRORB?!

— GBBO?!

O primeiro desabou com sua traqueia cruelmente esmagada; o outro levantou-se vacilante, agarrando a testa. Antes que a criatura pudesse gritar, no entanto, Lagarto Sacerdote saltou até ela, como se estivesse dançando. Sua garrespada cortou a garganta do monstro antes que ele pudesse fazer algum som.

Assim, os guardas foram despachados sem barulho, o silêncio do pátio em frente ao portão continuando imperturbável.

— Também aprendi a usar uma funda, mas não parece ter ajudado muito — disse Sacerdotisa, desanimada.

— Não se preocupe, há um tempo e um lugar para cada talento — disse Alta Elfa Arqueira, dando tapinhas nas costas dela.

Lagarto Sacerdote deu uma grande sacudida em sua garrespada para tirar o sangue e começou a arrastar os cadáveres dos goblins.

— Você deve fazer o que puder — concordou ele enquanto os enfiava em alguns arbustos. Enquanto Alta Elfa Arqueira se certificava de que estavam cobertos, Anão Xamã vasculhou as armas dos goblins, selecionando uma lança de mão.

Ele a ergueu contra o luar: a ponta de ferro brilhava, bastante afiada. Sem ferrugem também.

— Sabe, para um bando de goblins em uma fortaleza apodrecida, eles têm armas muito boas. Imagino se roubaram isso de algum aventureiro.

— Talvez houvesse um comerciante de armas entre aqueles que mataram — disse Matador de Goblins. — Ou talvez já estivessem aqui…

— Hrm — murmurou Anão Xamã, balançando a cabeça para as reflexões de Matador de Goblins. — Quem pode dizer? Parece antigo à primeira vista, mas às vezes os produtos são feitos para parecerem envelhecidos.

— Quais são as chances de terem sido forjadas aqui?

— Isso eu posso descartar — disse Anão Xamã com segurança. — O fogo não pode ser usado aqui. Não consigo fazer nenhuma forja sem um feitiço especial dos elfos.

— Hrm… — grunhiu Matador de Goblins. — Seja qual for o caso, a única coisa que sabemos com certeza é que um goblin estava carregando isso. Você encontrou uma chave?

— Sim, aqui — disse Alta Elfa Arqueira, entregando-a para ele. Era uma chave velha que estava pendurada no pescoço de um goblin alguns minutos antes. Tinha a forma de uma etiqueta com números gravados nela, amarrada em uma corda áspera e puída.

— Bom. — Matador de Goblins a segurou com força, examinando-a de perto. — Entramos e depois avançamos o mais longe que pudermos — disse.

— Essa é a nossa, uh, estratégia?

— Sim.

Como sempre, Sacerdotisa não pôde deixar de sorrir com seu comportamento. Então rapidamente se ajoelhou e segurou seu cajado.

Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia — entoou, rogando pela paz de todos os goblins que morreram até então e de todos aqueles que foram mortos por eles. — Por favor, por sua mão reverenciada, guie as almas daqueles que deixaram este mundo.

O grupo de aventureiros esperou até que ela terminasse sua oração de repouso, então correram em direção ao portão.

Matador de Goblins deslizou a chave na fechadura e girou-a. Houve um estalo oco.

— Não cabe.

Isso significava que tinha que ir para outra porta em outro lugar. Ele estalou a língua e puxou a chave.

Sacerdotisa abriu sua bolsa, abrindo espaço.

— Aqui, eu carrego isso.

— Sim, por favor.

Ela pegou a chave, guardou-a e soltou um suspiro.

— Acho que é a minha vez — disse Alta Elfa Arqueira, agachando-se confiantemente na frente da fechadura. Sua habilidade de arrombamento, que afirmava ter aprendido em grande parte para se divertir, provou-se bastante valiosa para o grupo.

Ela usou uma picareta para mexer na fechadura, mexendo as orelhas em busca do clique suave que anunciaria seu sucesso. Quando finalmente chegou, anunciou:

— Excelente — e estufou o peito com orgulho —, está destrancada.

— Certo, agora, antes de abrir… — disse Anão Xamã. Ele se agachou ao lado dela e vasculhou sua bolsa de catalisadores, puxando um pano.

Sacerdotisa inclinou a cabeça em confusão, perguntando hesitantemente:

— O que você está fazendo?

— Tenho que colocar um pouco de óleo ali. — Anão Xamã piscou. — Não queremos que comece a ranger agora, não é?

— Oh, eu vou ajudar!

— Então, vou pela direita e você pela esquerda.

Ele jogou para Sacerdotisa um pano embebido em óleo e ela começou a trabalhar. Ela demonstrou ser uma excelente faxineira, devido à longa experiência em seus deveres no Templo. Logo, a porta foi cuidadosamente lubrificada e os aventureiros a abriram sem fazer barulho.

Eles deslizaram tão silenciosamente quanto sombras, então fecharam a porta atrás deles. Os goblins ainda não haviam percebido que seus companheiros foram mortos.

Se tivessem percebido isso, não teriam lamentado ou chorado, teriam pensado apenas em como punir os aventureiros.

 


 

Tradução: Nero

 

Revisão: Kenichi

 

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