Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 07 – Cap. 04.2 – A Luta Com a Fera

 

A reunião continuou mais e mais.

Os elfos tinham períodos de vida praticamente infinitos; como poderia um de seus conselhos não durar muito?

Pessoas de idade muito avançada se reuniram, sentaram-se em círculo e ali, sob a luz dos brilhos do mar, discutiram o futuro da aldeia.

Falaram da destruição do deus-fera, Mokele-Mbembe. Do terrível desrespeito ao prendê-lo.

Lá estava a horda de goblins que apareceu nas proximidades. Não era normal que eles fossem numerosos?

Havia o fato de que atacaram barcos e aventureiros. Os elfos não gostariam que os humanos aparecessem e causassem problemas na floresta.

Então, o que dizer do fato dos goblins montados no deus-fera? Os diabinhos possuíam tanta coragem?

Cada proposição convidava uma refutação: E se fizéssemos isso? Por que não fazer isso? As sugestões se acumularam.

Sejamos claros: elfos não eram tolos. Eram uma das raças mais sábias, talvez mais inteligentes do que qualquer um nos quatro cantos do mundo. Mais uma razão, então, para que gostassem de considerar todas as possibilidades e perspectivas antes de agir.

Estavam cientes da tolice da mentalidade da ralé, indo todos sem pensar na mesma direção.

Talvez devessem tomar alguma medida especial contra os goblins, mas, bem, seus temores talvez fossem infundados.

Estava claro que algo nefasto estava acontecendo, já que, no mínimo, alguém havia fornecido recursos aos goblins.

Foi um ataque dos Personagens que Não-Oram, ou uma disputa entre os humanos?

As respostas a essas perguntas muitas vezes levaram a ameaças e perigos sem precedentes.

Os humanos jogavam uma pedra na água e viam as ondulações, mas os elfos viam para onde as ondulações seguiam. Os humanos dificilmente poderiam pensar em dez anos no futuro, mas um elfo poderia facilmente contemplar um século, um milênio ainda por vir.

Os humanos zombavam deles por isso, diziam que isso tornava as ações dos elfos lentas, covardes e até mesmo estúpidas – mas isso era, em si, um sinal da arrogância humana.

E então o que equivalia a uma sessão para uma tempestade de ideias continuou.

Alta Elfa Arqueira, que tinha pouca paciência para essas coisas, logo retirou-se.

Aproveitando o ar da noite, soltou um grande bocejo.

Havia um galho da vasta árvore. Ela saltou da varanda do quarto de hóspedes e caminhou até o fim dele.

Saboreou o som do farfalhar das folhas, deixando seus pensamentos correrem até o fim das nuvens enquanto olhava para as estrelas e as duas luas.

Este tinha que ser um dos melhores lugares para apenas se deitar e desfrutar de tudo que o mundo tinha a oferecer.

Já sei mesmo o que ele vai dizer, então de que adianta falar?

Independentemente do resultado do conselho dos elfos, ela sabia muito bem para onde Orcbolg iria. Goblins, goblins, goblins, goblins.

Ela era a desertora que abandonou sua floresta, a delinquente que em sua juventude atirou uma flecha no deus-fera. Não tinha a obrigação de seguir o conselho de anciãos. Claro. Provavelmente. Pensou.

Alta Elfa Arqueira sorriu para a ideia, observando um pássaro que havia surgido voando, embora fosse noite.

Assim sendo…

— Atana. Minha cara.

Ela ouviu uma voz melodiosa, embora nenhuma folha ou galho tivesse se mexido. A voz estava calma, sem repreensão, mas Alta Elfa Arqueira rapidamente largou o pássaro, cuja perna havia amarrado em um pequeno tubo.

Ele bateu as asas ruidosamente, depois desapareceu na janela do corredor onde o conselho estava sendo realizado.

— Ettobo ni norokotan nokatamu. Ianachisafu. — Subindo nas árvores de novo? Você não tem jeito.

— Ara, iana yujuretto bonettadasen. — Oh? E, ainda, aqui está você, querida irmã.

Alta Elfa Arqueira inclinou a cabeça para trás para espiar a outra elfa e sorriu. O rico vestido prateado cobrindo o voluptuoso corpo tomou sua visão de cima a baixo. Sua irmã silenciosamente caminhou ao longo do galho; Alta Elfa Arqueira se endireitou com um movimento fácil.

— Onii, etsuka nedigiaku? — Você não deveria estar no conselho?

— Awachisesakamo, inatagamashijo. — Vou deixar os velhos cuidarem das coisas.

A elfa com a coroa de flores balançou a cabeça elegantemente, uma expressão melancólica em seu rosto.

Era óbvio que também havia fugido do conselho. Ela era a filha do chefe, uma princesa dos elfos e, ainda assim, mesmo ela ainda era jovem demais para ter a permissão de falar no conselho.

Para os elfos, a idade era imutável. Mais uma razão para observar como os mortais se comportavam antes de julgá-los.

— Iromutsuki? — Quer ir?

— Oisedianekoettsuo? — Mal posso ignorar o problema, posso?

Não ficou claro se ela se referia aos goblins ou a Matador de Goblins. Mesmo se sua irmã tivesse se aventurado a perguntar, Alta Elfa Arqueira provavelmente revelaria um sorriso ambíguo e não se incomodaria em responder. Talvez sequer ela soubesse a resposta.

— Onuriettakau? — Você entende?

Foi exatamente por isso que a elfa com a coroa de flores teve que perguntar.

Ela não entendia o que sua irmã estava pensando, o que havia a levado a se tornar uma aventureira. Mesmo uma alta elfa não poderia ler a mente da outra.

Hito nio numuuuya, oyoniakijimu. — Vidas humanas são curtas.

O galho não estremeceu enquanto ela caminhava, como se ela fosse parte da grande árvore. Como se fosse uma flor brotando dela.

— Uamisetiku, inuoyukatatamagisofu. — Como estrelas cintilantes, logo desaparecem.

A elfa gesticulou para o céu noturno salpicado por estrelas enquanto falava. Os céus brilhantes estavam tão distantes, inalcançáveis. A porta das chuvas. Casa de Flogisto, o vento escaldante.

A irmã mais nova riu do gesto da mais velha, que estava quase como se tentando agarrar o inalcançável, e então a irmã mais nova estendeu a própria mão para o céu.

— Oyonuriettakau, amaseen. — Eu entendo, Irmã.

Alta Elfa Arqueira fez um breve círculo no ar com um dedo pálido.

Então, acho… disse musicalmente, trocando para a língua comum.

Por que elfos são sempre tão conscientes da beleza? Era uma marca de graça? Ou era apenas porque essa garota fugiu da floresta, incapaz de ser contida na estrutura de seu povo?

A vida dele talvez dure mais cinquenta, sessenta, setenta anos. Não sei. Pode acabar amanhã. À luz da lua, seu sorriso a fazia parecer tão jovem, quase angelical, inocente. Então por que não ficar com ele? Eu tenho tempo de sobra.

Seria como beber uma única taça de vinho.

Como a passagem de um sonho.

Altos Elfos não eram imortais?

Para eles, a vida de um mortal era como o brilho de uma estrela. Poderiam alcançar, mas não tocar. E se tocassem, o calor os queimaria.

Não é isso que amigos são?

A separação lhe entristecerá… disse a elfa com a coroa de flores. Ela gesticulou para a irmã como se estivesse varrendo as estrelas que coletou.

Acho que não disse Alta Elfa Arqueira, desviando um pouco o olhar. Isso não é nada de mais.

Seu tom soou indiferente; no instante seguinte, ela chutou perigosamente em direção ao céu.

Quase sem tempo para pensar, seu corpo flutuou no ar…

O anão uma vez me disse…

Mas então agarrou o galho com muita destreza, deixando o impulso movê-la em um arco. Ela deu um salto mortal para trás, em pleno céu, e pousou ao lado de sua amada irmã mais velha.

Ele disse que a ressaca faz parte da diversão da bebedeira.

Posso ver que não importa o que eu diga… O menor dos suspiros escapou dos lábios da donzela elfa. Ela olhou para sua amada irmã como o pássaro que chora para a lua à noite. Você foi sempre assim. Não importa o que eu diga, nunca me escuta.

Oh? E como isso me torna diferente de você? Senhorita Fugi-Do-Conselho-Porque-Quis. He-he. — Alta Elfa Arqueira soltou uma risadinha breve, como o chilrear de um pássaro. Então apertou os olhos com um gato, sorrindo para a irmã. Não sei o que você vê em um elfo tão sério e obstinado quanto ele.

Você não é de falar tanto… A irmã mais velha moveu os lábios em desaprovação, dando à sua irmã um tapa não tão gentil na testa.

Exatamente como fazia quando eram pequenas – uns mil ou mais anos atrás, quando brincavam como garotas.

Aaai disse Alta Elfa Arqueira, dramatizando um ferimento. Então, percebeu.

Quando isso começou? Quando ela e sua irmã ficaram mais ou menos da mesma altura?

Quando isso começou? Quando sua irmã e aquele primo começaram a ter esses sentimentos um pelo outro?

Quando isso começou? Quando ela quis não ser a irmã mais nova de sua irmã, e sim uma elfa?

E agora sua irmã estava se casando. Ela não seria mais, acima de tudo, sua irmã mais velha, mas sim uma esposa, uma governante.

Ainda não fazia tantos anos que saiu para viajar, seguindo as folhas pela correnteza do riacho. E, ainda assim, parecia mais tempo do que as memórias de mil anos atrás.

— Faça o que fizer, volte em segurança… Porque estaremos esperando por você.

— Voltarei… — respondeu Alta Elfa Arqueira e então acenou com a cabeça.

***

— E exatamente o que estaremos fazendo mesmo…?

O elfo com o capacete brilhante era a perfeita imagem do aborrecimento ao se sentar em sua cadeira com a devida graça. Ele tinha uma beleza severa, assim como a escultura de um mito. O vento noturno soprou em seu cabelo e ele o afastou novamente com extrema irritação. O fato de que até mesmo esse simples movimento era repleto de elegância indicava o tipo de seres que os elfos eram.

Sentados diante dele na varanda sob o luar, havia vários jarros de vinho e um prato cheio de batatas fritas.

— Como é que é? — disse Anão Xamã entre o círculo de pessoas, acariciando sua barba e soando como se não achasse que a situação precisava de explicação. — No último dia de solteiro na vida de um homem, ele e os outros homens se reúnem e bebem para se divertir.

— Faltam vários dias para a cerimônia de casamento, e ainda estamos no conselho.

— Os elfos não diferenciam alguns dias a partir dos mil anos, e quanto ao conselho, ele continuará, esteja você presente ou não.

— Minha nossa. Vocês, anões, são insuportavelmente apáticos.

— E vocês, elfos, sempre sentem falta da floresta por causa das árvores… mesmo vivendo em uma! — Isso tira anos de sua vida, caso não tenha percebido.

O elfo realmente parecia um tanto envergonhado pelas palavras de Anão Xamã. Ele franziu a testa em uma demonstração de frustração, fazendo com que Lagarto Sacerdote revirasse os olhos.

— Bem, alguns bebem vinho antes de ir para a batalha — disse Lagarto Sacerdote. — Pode considerar isso como nossa maneira de recuperar o ânimo, se preferir.

— Ou será que os elfos não têm esse costume?

O elfo com o capacete brilhante permitiu a contragosto que o fizessem.

— Não te recuso, mas… realmente pretende ir?

— Claro.

Esta resposta, certa e imediata, foi naturalmente de Matador de Goblins.

O capacete de aço de aparência barata, a armadura de couro suja, a arma e o escudo que o aventureiro usava no momento… com tudo isso sobre ele, Matador de Goblins concordou.

— Isso diz respeito aos goblins. Não deixarei nem mesmo um deles vivo.

— Então como planeja atacá-los? — perguntou o elfo com o capacete brilhante com considerável interesse, passando a língua pelos lábios para umedecê-los. — Supondo que o ninho dos goblins esteja na floresta tropical…

— Hmm. Por terra ou por água, suponho — respondeu Matador de Goblins cruzando os braços e grunhindo. — O que acha disso?

— Acredito que a água é a nossa única opção. Nossa lady arqueira pode não ver problemas, mas eu gostaria de poupar nossa querida clériga da umidade da floresta tropical — respondeu Lagarto Sacerdote sem hesitação. — O terreno favorece o nosso inimigo. Em vez de vagar por entre as árvores, seria melhor, acho, seguir o rio.

— O problema é a jangada — disse Matador de Goblins, pensando em sua jornada. — Não oferece proteção contra flechas. Praticamente implora para ser virada ou afundada.

— Não temos tempo suficiente para fazer algumas melhorias?

— Os goblins sabem sobre este assentamento. Quanto mais cedo pudermos agir contra eles, mais limitadas serão suas opções.

— “Um ataque rápido é melhor do que um estratagema tardio.” De fato, de fato.

Enquanto se sentavam com as pernas dobradas, Matador de Goblins e Lagarto Sacerdote rapidamente elaboraram um plano.

Era totalmente típico como, em meio aos hmms e huhs, Lagarto Sacerdote esticou o longo pescoço para olhar para Anão Xamã.

— Mestre lançador de feitiços, você tem algum pequeno truque na manga?

— Bem, vejamos. — Anão Xamã lambeu os dedos para limpar das batatas que estava comendo e começou a vasculhar sua bolsa de catalisadores.

À primeira vista, podia parecer uma coleção de tralhas; a mente não treinada jamais imaginaria que esses itens fossem mágicos.

Anão Xamã examinou seu estoque assim como um jogador de cartas verificaria sua mão e, um momento depois, assentiu profundamente.

— Pode ser que eu consiga fazer com que os espíritos de vento desviem as flechas por nós. Infelizmente, eu e eles não nos damos muito bem. — É verdade que todos os quatro grandes elementos: terra, água, fogo e vento, eram usados para forjar o aço. Mesmo assim, o nível de sua relação com o vento era outra questão.

— Se isso é tudo que você precisa, eu talvez possa perguntar às sílfides — ofereceu o elfo com o capacete brilhante, ao que Anão Xamã deu um tapa na barriga e respondeu que ficaria muito grato.

Em contraste com o anão jovial, entretanto, o elfo murmurou:

— Isso não faz sentido.

Matador de Goblins olhou para ele.

— Se me permite dizer, não consigo acreditar… — disse o elfo.

— Acreditar em quê? — perguntou Matador de Goblins.

O futuro noivo talvez tivesse finalmente aceitado o humilde banquete, pois estava enchendo uma taça de chifre com uma prodigiosa quantidade de vinho.

— Esta é uma aldeia de elfos. Será que os diabinhos realmente construiriam um ninho tão perto de nós? — perguntou-se ele, mesmo após ter visto os cavaleiros, ter testemunhado como enviaram o deus fera Mokele-Mbembe em um ataque.

— Simplesmente não consigo pensar que fariam coisas tão mal concebidas — disse ele.

— Sim — respondeu Matador de Goblins. — Pensei a mesma coisa.

— Hrm…

— Goblins são estúpidos, mas não tolos. Eles são espertos. Mas…

Aqui. Anão Xamã serviu-lhe um pouco de vinho. Matador de Goblins aceitou e então tomou um único gole.

— Acha que os goblins são espertos o suficiente para serem intimidados pelos elfos?

Tudo se resumia a isso.

Eles não pensavam no futuro, apenas tentavam tirar o máximo de proveito do que estava logo à frente.

Se fossem atacados por elfos ou aventureiros, poderiam lutar ou fugir. Do contrário, isso indicava que havia apenas uma verdade para eles: Os estúpidos elfos estão vivendo uma vida fácil, então vamos atacá-los, roubá-los, estuprá-los e matá-los.

Isso era tudo.

Por quê? Porque os elfos sempre tornavam a vida deles muito mais desagradável.

Claro que matariam os elfos.

Claro que os estuprariam.

Usariam tudo o que tinham para ir contra aqueles que os desprezavam e consideravam fracos.

— Antes que perceba, haverá um ninho perto da aldeia. Primeiro, irão roubar o gado e as colheitas, as ferramentas. Então pessoas. E, por fim, sua aldeia.

— Nunca se elogia os goblins, nunca mesmo… — O Lagarto Sacerdote deu uma mordida apreciativa em uma rodela de queijo que trouxera em sua bagagem, mexendo suas grandes mandíbulas para cima e para baixo antes de engolir com um ruidoso gole de vinho. — Mas a mente não cansa de se surpreender com a motivação e a ganância deles.

— Você honra a ganância deles? — perguntou o elfo com o capacete brilhante, ao que Lagarto Sacerdote balançou a cabeça de maneira pronunciada e disse:

— Claro que não.

Ele arrastou o rabo pelo chão da varanda e abriu as mãos como se estivesse dando um sermão.

— O que é essa coisa que chamamos de ganância?

— Bem, você sabe, Escamoso. É… quando você quer comer algo delicioso, ou fazer amor com uma mulher, ou quando está atrás de algum dinheiro.

— Mm. O apetite é uma forma de ganância, assim como nossos amigos, nossos amores, nossos sonhos. Se uma coisa é boa ou ruim, é uma preocupação secundária ou até terciária.

Não havia garantia de que os fortes devorariam os fracos, de que os grandes um dia cairiam ou de que os mais aptos sobreviveriam. Lagarto Sacerdote abriu as mandíbulas com um sorriso réptil.

— Estar vivo é desejar e ter esperança, querer coisas; o modo de vida é até o menor inseto em uma folha de grama se virando para viver.

— … — O elfo com o capacete brilhante fez uma pausa e grunhiu em apreciação. — Entretanto, não tenho certeza sobre isso se aplicar aos elfos.

— Deuses. Vocês todos são incrivelmente lentos para agir. O quê, estão muito gordos para se mover? Mais gordos do que um anão? Hmm?

— Mortais são simplesmente apressados.

— É por isso que vocês levam tantos séculos para escolher uma esposa, eh?

— Hrm… Cuidado com a boca — disse o elfo, irritado. Lagarto Sacerdote mostrou a língua alegremente e serviu mais vinho.

— Aqui, aqui, tome um pouco.

— Tudo bem…

O elfo esvaziou o chifre. Suas bochechas já estavam começando a brilhar.

— Se não se importam que eu diga, todos vocês souberam por minha cunhada, suponho.

— Sim. — Matador de Goblins balançou a cabeça. — Nós a conhecemos há um ano… Já há um ano e meio.

— Vou me casar com a irmã mais velha dela. — Ele estendeu a mão, quase irritado, e pegou uma das batatas fritas; enfiou na boca e franziu a testa. — Muito salgado…

— Também adoro um pouco de sal — disse Lagarto Sacerdote, alegremente jogando punhados de salgadinhos mandíbula adentro.

O elfo com o capacete brilhante, abandonando sua augusta dignidade de pouco antes, colocou os cotovelos nos joelhos e o queixo nas mãos.

— A irmã mais nova é quem é, e, bem, a mais velha também. Minhas preocupações não têm fim, mas não tenho a sensação de que sou muito querido.

— Hoo, hoo hoo — riu Lagarto Sacerdote. — Milorde Matador de Goblins sabe algo sobre ser o irmão mais novo. Será que ele teria alguma ideia?

— Ho — disse o elfo, um senso de proximidade obviamente aguçado. — Ele tem uma irmã mais velha?

— Bem, foi o que uma vez ouvi.

— Imagino… — murmurou Matador de Goblins, então tomou um gole de vinho. — Nunca fui nada além de um problema para minha irmã mais velha.

— Um pirralho sempre causa problemas, é assim que as coisas são — disse Anão Xamã enquanto colocava uma quantia generosa de vinho em seu copo vazio. Seu rosto barbudo revelava um sorriso suave. — Isso não é motivo para se envergonhar.

— Não. — Matador de Goblins esvaziou outro copo, suavemente balançando a cabeça. — Se eu não estivesse lá, ela provavelmente teria deixado a cidade.

E isso teria sido melhor para todos. Ele gemeu. Então esvaziou outro copo.

Anão Xamã serviu-lhe mais vinho, e Matador de Goblins tomou.

— Fui eu quem prendeu minha irmã à aldeia.

— Não fale essas tolices — bufou o elfo com o capacete brilhante. — Perguntamos o valor de uma flor que murcha em um ano? Qual é o significado da semente que cai na areia? Pode comparar a vida de um rato com a de um dragão?

— O que está falando? — disse Anão Xamã, ainda alegremente tomando seu vinho.

— É um aforismo élfico — respondeu o elfo, como se contasse um segredo. — Onde quer que se esteja e seja o que for, não importa como a pessoa viva ou morra, é tudo igual. Isso é algo precioso. — Ele ergueu o dedo indicador, fazendo círculos no ar. Foi um gesto elegante e bonito. — Todas as coisas são uma na vida. Algo tão simples como a localização mudaria o quão feliz alguém era?

— Entendo — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Entendo…

— Acho que sim — disse o elfo com o capacete brilhante, em seguida, respirou fundo. O ar noturno encheu seus pulmões.

 

Amor é destino   

destino é morte

Mesmo um cavaleiro que serve a uma donzela           

um dia cairá nas garras da morte

Até mesmo o príncipe amigável a um Drake Celestial

deve deixar a mulher de suas fantasias para trás

O mercenário que amava uma clériga 

cairá na batalha perseguindo seu sonho

E o rei que amava a donzela do santuário

controla tudo, exceto a hora de sua separação

O fim da vida

não é o último capítulo de uma saga heroica

Então, a aventura chamada vida

continuará até o fim

Amizade e amor

vida e morte

Dessas coisas

não podemos escapar

Portanto, o que temos

a temer

Amor é destino

e nosso destino é a morte 

 

Ho. Anão Xamã bateu palmas. Lagarto Sacerdote revirou os olhos para indicar seu profundo compromisso. O elfo, tendo terminado sua canção, deve ter ficado envergonhado, pois esvaziou seu chifre de bebida.

— É por isso que vou me casar.

— Mas o problema que dei à minha irmã mais velha… — disse Matador de Goblins sem qualquer paixão —, é parte do motivo pelo qual ela nunca se casou.

— Mais uma razão para pagar sua dívida para com ela.

— Sim — disse Matador de Goblins, dando um tapinha no ombro de Lagarto Sacerdote. Ele tinha muito em que pensar e ainda mais a fazer. — É essa a minha intenção.

 


Tradução: Sahad

Revisão: Kenichi

 

 

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