Ó aventureiro, Ó jornada minha
Um dragão ou um golem me espera
Ou será um cavaleiro fantasmagórico?
E deve haver equipamento lendário em algum lugar
Mas com apenas uma tocha e uma lança
E um cajado, a vida é fácil levar.
Para leste ou oeste, atravesso uma ponte
Talvez para morrer do outro lado
Mas procuro apenas amor
Um princesa poderia estimar, mas muito não peço
Apenas uma noite de prazer
Ó aventureiro, Ó jornada minha!
Os seis membros do grupo dirigiram-se ao local pretendido do centro de treinamento, acompanhados pela Sacerdotisa cantarolando uma pequena canção. Antigamente, era suposto que havia uma pequena aldeia ali, mas o campo estava agora coberto de tendas, com pessoas se movimentando sem parar.
Alguns dos presentes possuíam marcas de velhas feridas em seus corpos; deviam ser aventureiros aposentados. Estavam felizes por ainda haver trabalho, mesmo depois de terem parado as suas aventuras? Ou ficaram frustrados por terem de continuar trabalhando mesmo após a aposentadoria?
Sacerdotisa, incapaz de decidir, olhou de uma pessoa para a outra, então viu uma mulher andando em sua direção e piscou.
Era uma elfa. Uma mulher especialmente bonita, seu corpo sensual envolto em roupas reveladoras. A insinuação do perfume que ficava para trás quando ela passava logo a marcou como uma prostituta.
— Uau… — suspirou o garoto. Pelo visto, a Sacerdotisa não foi a única que teve sua atenção atraída pela elfa.
Um olhar de soslaio para a Alta Elfa Arqueira mostrava que seu rosto estava todo vermelho; ela se virou e tentou fingir que não estava acontecendo nada.
Sacerdotisa, aliviada ao descobrir que Matador de Goblins não parecia ter demonstrado nenhuma reação em particular, tentou suprimir o rubor em suas próprias bochechas.
— S-sabe, eu tinha ouvido os rumores, mas…
— Ha ha ha ha. Homens são criaturas simples, não são? — disse Lagarto Sacerdote gargalhando, batendo o rabo contra a terra. — Quando há uma maneira de gastar o dinheiro, gastam como água. E então trabalham para ganhar mais para gastar mais.
— Sim — disse a Alta Elfa Arqueira, olhando para o Anão Xamã ao seu lado. Quase como num passe de mágica, ele tirou um espeto de carne de algum lugar e começou a comer com vigor. — Entendo o que você quer dizer…
— É essa sua nobreza insuportável que a impede de desfrutar dos prazeres de uma boa comida de rua — disse o Anão Xamã, ainda mastigando. Ele terminou o espeto inteiro com a voracidade de um homem faminto, então casualmente quebrou a vareta de madeira em duas. Então lambeu a gordura dos dedos, depois, soltou um suspiro e olhou para o corpo magro da Alta Elfa Arqueira. — Sei que vocês elfos gostam de manter o peso, mas você poderia colocar um pouco de carne nos seus ossos, se é que me entende…
— Hmph…! Vou fingir que não escutei! É bom que você saiba que os elfos…
E lá estavam eles, brincando como sempre. O resto do grupo considerava isso normal, mas o Garoto Feiticeiro não estava acostumado. Ele puxou a manga da Sacerdotisa, parecendo um pouco em pânico.
— Er, uh, e-ei. V-você não acha que devemos pará-los ou coisa assim?
— Ah, eles são bons amigos — disse ela sorrindo, e era isso.
O garoto olhou para os dois semi-humanos sem nem acreditar. Os vários transeuntes repararam neles, mas não pareciam lá tão incomodados; era só mais um dia comum para um bando de aventureiros.
O Garoto Feiticeiro olhou em desespero para o Matador de Goblins, mas ele estava agindo como se nada disso o afetasse, e o Lagarto Sacerdote fazia o mesmo.
— De fato, mesmo assim. Aqui, me dê um desses — disse o Lagarto Sacerdote. Ele parecia estar comprando algo com queijo. Comeu em uma única bocada e anunciou: — Néctar! Mm, doce néctar. Se alguém perguntasse qual é a alegria da minha vida, teria que responder: é esta.
Completamente radiante (sim, os homens-lagartos podem radiar), acenou com a cabeça, feliz.
— Suponho que, como diz a canção, uma noite para amar um aventureiro nunca é apenas uma noite.
— Bem, uh, quero dizer, entendo isso, mas…
A Mãe Terra era a deusa da colheita e intimamente também relacionada ao casamento e ao nascimento. Sacerdotisa exalou e balançou a cabeça, só tentando limpar a mente por um momento.
Afinal, havia um trabalho sério pela frente. Ela precisava se concentrar.
Então agarrou seu cajado com as duas mãos e respirou bem fundo, revisando o procedimento em sua cabeça. Tudo bem.
— Er, bem, então, Matador de Goblins, senhor. Podemos ir?
— Sim. — Ele fez um breve aceno de cabeça, provocando o mais leve dos sorrisos de Sacerdotisa. Ela parecia estar certa: sem problemas com o primeiro passo.
— Impressionante! Então vamos começar a chutar o traseiro de alguns goblins, hein? — Sacerdotisa não sabia exatamente o que o Garoto Feiticeiro pensava que estava a acontecer, mas ele golpeou o solo, todo enfático, com o seu cajado.
— Er, receio que ainda não… — disse ela.
— Não seja estúpido — disse o Matador de Goblins, menos diplomaticamente do que Sacerdotisa. — Temos que reunir informações. Vamos ver quem estabeleceu a missão.
Primeiro, devemos observar as suas habilidades.
O poder do Garoto Feiticeiro e a habilidade de comando da Sacerdotisa. Era a oportunidade perfeita para descobrir ambos.
Não houve qualquer objeção à proposta do Matador de Goblins, e logo o grupo marchou com o garoto ruivo na cola.
A missão desta vez chegava do capataz que liderava o trabalho no centro de treinamento, uma figura importante dentro da Guilda dos Carpinteiros. Ele estava sentado em uma tenda na borda da área de construção, um anão com uma barba preta que parecia tão bruta quanto se tivesse sido esculpida em pedra.
Ele despejou algo de uma bela garrafa de vidro em alguns copos e os ofereceu aos aventureiros. Era vinho de uva gelado e caía maravilhoso na garganta, que estava seca de tanto falar.
— Por que você não serviu o vinho de fogo, irmão? — perguntou Anão Xamã.
— Seu maldito idiota. Apenas anões podem começar a se animar ao meio-dia e ainda trabalhar. Você tem humanos aí, não tem, irmão?
Após esse bate-volta, o Anão Xamã e o capataz compartilharam algum tipo de saudação na língua dos Anões. Isso aconteceu de tomar a forma de três brindes:
— À sua longa barba Anã, aos dados dos deuses, aos aventureiros e monstros!
O capataz enxugou algumas gotas que caíram na sua barba escura e disse:
— Muito bem. Alguns dias atrás, um grupo que vem fazendo nome pegou essa missão.
O Matador de Goblins tomou um gole de vinho e interveio:
— E não voltaram.
— Mais certo impossível — respondeu o capataz sem qualquer rodeio.
Ele estava lidando com um aventureiro de classificação Prata, mas ainda era um anão, amado pelo aço e pelo fogo. Não havia como deixar de reconhecer o homem à sua frente; era um equipamento muito original.
— É você que chamam de Corta Barba — disse ele.
— Sim. — Matador de Goblins deu um aceno de cabeça. — Alguns me chamam assim.
— Matador de Goblins… — disse o capataz com suavidade, então sorriu e esvaziou o copo que estava segurando em um único golpe, como se fosse água. — O que quer saber?
— Goblins. — Foi menos uma pergunta do que uma afirmação.
— Sim. Bem, talvez não só goblins, mas muitos deles, com certeza. — O capataz cruzou os braços curtos e musculosos e grunhiu, revelando caninos bem afiados. Aqueles malditos goblins. — Por enquanto, só estão roubando ferramentas… Bem, não há nada de “só” nisso, estamos em um canteiro de obras, mas, de qualquer forma, teríamos problemas se eles começassem a machucar alguém.
— Então são goblins.
— Sei que um bando de trabalhadores não são a mesma coisa que uma boa esposa ou comerciante sequestrada. E sei que o trabalho por goblins não paga muito.
— Sim. Essa é a natureza disso. — Matador de Goblins balançou a cabeça.
— Ei, Orcbolg… — A Alta Elfa Arqueira o cutucou com o cotovelo. O capataz franziu a testa ao ter sua conversa interrompida por uma elfa, mas não disse nada. Ele conhecia o mundo bem o bastante para saber que os aventureiros tinham seus próprios modos.
— Pois não? — Após a pergunta direta, o capacete virou em direção dela.
A elfa balançou as orelhas e sussurrou:
— Até agora está indo tudo bem, mas você não está esquecendo que é ela que está dando as ordens hoje, certo?
— Não estou.
— Tem certeza…?
— Entretanto, em caso de emergência, vou assumir.
— Sim, por favor. Eu apreciaria muito se fizesse isso — disse a Sacerdotisa com um sorriso e uma reverência de cabeça educada. — Assim seria muito mais seguro.
Era bem assim mesmo que Sacerdotisa se sentia. Ela preferia ser mostrada como incompetente do que ver seu grupo destruído por sua culpa. A habilidade pode melhorar com a experiência, mas um companheiro caído não pode ser trazido de volta.
Observando a jovem franca e corajosa, o capataz anão deixou um som de admiração escapar.
— Então, um — começou ela.
— Ahem. O que posso fazer por você, minha moça?
— Obrigada, senhor. Eu gostaria de assumir os questionamentos, caso não se importe. — Ela se inclinou e ficou à altura dos olhos dele. — Esses goblins… er, sejam lá quais monstros possam ser. Pode descrever as ruínas em que eles vivem?
— Posso. Um dos malditos idiotas que teve as ferramentas roubadas ficou todo estressadinho e tentou segui-los, mas eu o impedi. — O capataz bufou. Ele parecia mais chateado com o carpinteiro que perdeu as ferramentas do que com o goblin que as roubou.
— É assim que são os anões — sussurrou o Anão Xamã, inclinando-se em direção da Sacerdotisa. — Não vemos aqueles que tratam as ferramentas de qualquer jeito com bons olhos.
Isso fazia sentido. Sacerdotisa acenou com a cabeça.
— Nesse caso, com certeza devemos trazer todas as ferramentas roubadas que pudermos encontrar — disse ela.
— Eu agradeceria por isso — disse o capataz, seu rosto se dobrando em um sorriso. — E da próxima vez aquele idiota talvez seja mais cuidadoso.
Ah, bom. A Sacerdotisa se permitiu a fazer um movimento interno de triunfo. Era preciso formar um bom relacionamento com o fornecedor da missão e com os locais. Esse era um pensamento que formou por conta própria, mas também era um dos preceitos do Matador de Goblins. Os aventureiros nunca poderiam chegar a lugar algum sem o apoio das pessoas.
— De qualquer forma, é um lugar um pouco ao norte daqui. Posso fazer um mapa para você. Suspeito que seja um…
— Mausoléu — interrompeu o Matador de Goblins. Ele tomou outro gole de vinho e, aparentemente alheio aos olhares que recebia, continuou: — Ouvi dizer que tem um estilo comum, uma coleção de câmaras mortuárias conectadas por vários caminhos.
— Ora essa, você sabe a respeito?
— Há muito tempo — disse o Matador de Goblins suavemente —, avisaram para eu não me aproximar.
Então ele voltou a ficar em silêncio. Sacerdotisa piscou em sua direção.
Há muito tempo.
Assim que ela pensou sobre isso, percebeu que passou um ano inteiro ao seu lado, mas não sabia quase nada sobre o seu passado.
Ele tinha uma irmã mais velha. Já é aventureiro há uns cinco ou seis anos. Mata goblins.
Ela estava familiarizada com algumas das suas qualidades pessoais, como a sua surpreendente gentileza e consideração pelos outros, mas o quanto realmente sabia sobre ele?
— …
Não. Agora não é a hora. Não pode ser. Ela balançou a cabeça. Não devia fugir de seus deveres como a pessoa encarregada da missão e matar os goblins que aparecerem.
— Ahem — disse Sacerdotisa. — Então, há algo de estranho a respeito da entrada desse mausoléu? Ossos, pinturas ou algo assim?
— O idiota não mencionou nada do tipo, isso presumindo que não esqueceu de prestar atenção.
Então, nada de totens.
Sacerdotisa bateu um dedo pálido contra os lábios e murmurou:
— Certo, certo.
Isso sugeria a ausência de quaisquer xamãs, uma classe avançada. Claro, um ano de aventuras a deixou dolorosamente ciente de que eles não eram a única ameaça possível. Não subestimar o inimigo era algo crucial.
Então, o mais importante era…
— Por acaso sabe a classificação e composição do grupo que entrou antes de nós?
— Não me lembro da classificação, mas era uma mistura de Porcelanas e Obsidianas. Quanto às classes, a julgar pelo que vi… — O capataz cruzou os braços e olhou para o teto da tenda. Procurou pela memória, dobrando os dedos enquanto tentava listar. — Um guerreiro homem-lagarto e um clérigo… um sacerdote guerreiro. Havia também um mago, outro clérigo e um tipo de ladrão ou assassino.
— Alguma mulher?
— Duas delas. A sacerdotisa guerreira e a clériga… ou, er, será que não seria melhor chamar de acólita?
Algo frio sussurro dentro da Sacerdotisa: Isso significa que podemos esperar por duas sobreviventes… na melhor das hipóteses.
Ela mordeu o lábio, não tendo escolha a não ser aceitar o fato.
— Existe alguma chance de você ter algumas poções sobressalentes? — perguntou. — Vamos pagar por elas, é claro.
Tinham se preparado com antecedência, é claro, mas ter itens de cura sobrando jamais machucaria. A habilidade de curar sem usar um milagre, mas sim poções, é altamente recomendada.
— Claro, sem problemas — respondeu o capataz com generosidade. — Precisa de mais alguma coisa?
— Hmm… Bem, se houver um médico por perto, por favor, peça que espere aqui…
Enquanto eles conversavam, Matador de Goblins murmurou um “Hrm” bem baixo. Então se virou para o Lagarto Sacerdote.
— O que você acha?
— Acho que o julgamento dela está correto — respondeu o Lagarto Sacerdote, que havia até então ficado de fora da conversa.
— Duas, no máximo. Mas tenho certeza de que foram eliminadas.
— O qu…?! — O Garoto Feiticeiro arregalou os olhos com a declaração da clériga.
Os olhos bulbosos e reptilianos do Lagarto Sacerdote se viraram e o encararam.
— Algum problema?
— N-não…
— Mm, realmente? Ah, que graça, isso é queijo. Que pessoas atenciosas. Perdão.
Lagarto Sacerdote ignorou o olhar perturbado do garoto e estendeu a mão escamosa. Ele agarrou um prato próximo da Sacerdotisa e do capataz e o puxou para perto, felizmente agarrando um pouco do que estava nele. Era queijo, quase com certeza servido como acompanhamento do vinho. Um sorriso apareceu em suas enormes mandíbulas.
— Ahh, néctar, doce néctar! Que maravilha! Este queijo também é da sua fazenda, senhor Matador de Goblins?
— Provavelmente.
— Perfeição!
Ele agiu com genuína tranquilidade e, na verdade, assim estava. Para os homens-lagarto, era bem natural que todos os seres vivos algum dia pudessem morrer. Mais cedo ou mais tarde, o momento chegaria. Podiam ter diferentes estilos de vida – alguns poderiam ser mais fortes do que os outros – e cada um morreria à sua maneira. Mas eram essas as únicas diferenças.
Ele engoliu a bocaça de queijo e lambeu a ponta do nariz.
— Acho que podemos suspeitar da presença de algo além dos goblins lá embaixo — disse ele.
— Sim — concordou o Matador de Goblins. — Se não há totens, entretanto, significa que provavelmente não há xamãs.
— Mesmo assim, os aventureiros não voltaram. Espero que não seja outro Paladino.
— Um hob seria uma presa mais fácil.
— Ou quase qualquer outro tipo dos que Não Rezam.
— De qualquer forma, as armadilhas é que são o perigo real.
— Um mausoléu é feito de pedra. Talvez possamos supor que não haverá nenhuma explosão pelas paredes.
— Roubaram algumas ferramentas de construção, mas não é como se fossem trabalhar com elas. Suspeito que estamos lidando com cerca de vinte deles.
— Ainda assim, acho que podemos presumir que seus números diminuíram um pouco. Não consigo imaginar que cinco aventureiros não conseguiram matar nem mesmo um goblin.
— Apesar de tudo, não temos tempo. Quando se cansarem de suas cativas, aparecerão com tudo.
— Então devemos lidar com eles de uma só vez. Acha que podemos fazer isso?
— Vai depender do julgamento da garota.
— Mesmo assim.
A conversa entre eles aconteceu tão rápido que deixou o garoto piscando feito louco.
Era sabido que os homens-lagarto eram guerreiros poderosos, mas ele nunca tinha visto um tão de perto. E então havia o aventureiro conversando com o homem-lagarto, com sua armadura suja e capacete de aparência barata. Era aquele que chamavam de homem mais gentil da fronteira.
Entretanto, havia uma enorme diferença em saber de algo e ver o mesmo em pessoa. Então, quando ouviu a Alta Elfa Arqueira soltando um bocejo preguiçoso, olhou em sua direção.
— O que há com você…? — perguntou ele. — Você não faz nada por aqui?
— Só na hora certa — disse ela. A elfa então enxugou uma lágrima no canto do olho, toda preguiçosa, e suas orelhas se contraíram. — Sou uma batedora e uma arqueira. Deixo os outros cuidarem do resto.
— Ela está certa nisso, garoto — interrompeu o Anão Xamã. Ele já parecia completamente embriagado; estava se servindo de um pouco de vinho de fogo do cantil em seu quadril.
— E-ei, nós estamos prestes a começar uma aventura!
— Não seja estúpido, criança. Um anão que não está bêbado é como uma pedra à beira da estrada. — Ele tossiu. Mesmo de onde estava, o Garoto Feiticeiro podia sentir o cheiro de álcool em seu hálito. — Pela primeira vez, concordo com essa Orelhas Compridas aí. Quem lança feitiços precisa ser capaz de modular as suas emoções.
— Você não precisava dizer pela primeira vez — disse a Alta Elfa Arqueira fungando. — Só digo as coisas mais sábias e sofisticadas.
— Sério?
— Sério.
O Anão Xamã pareceu de repente ficar sem palavras. Ele abriu a boca para responder, mas então percebeu o olhar incrédulo do garoto, isso fez com que resolvesse dar uma limpada na garganta.
— De qualquer forma. Cada um de nós tem um papel a desempenhar — disse ele.
— Papel? — disse o garoto, franzindo os lábios, desconfiado. — Quer dizer sobre como ele é um guerreiro e eu um feiticeiro?
— Não! Nem de longe! — disse o Anão Xamã, gesticulando como se estivesse espantando uma mosca. — Corta Barba e Escamoso são nossos lutadores de frente, então cabe a eles elaborar a estratégia com antecedência.
— Hoje a garota está falando por causa de como decidimos abordar essa missão — disse a Alta Elfa Arqueira, usando um dedo indicador estendido para desenhar um círculo no ar. — Ela normalmente cuida da carga, garante que temos suprimentos suficientes. E cuida de todos os detalhes.
— Você também podia ser um pouco mais diligente, Orelhas Compridas.
As orelhas da Alta Elfa Arqueira caíram para trás e ela rosnou com raiva, mas o Anão Xamã simplesmente colocou a mão no ombro do garoto.
— Dê uma boa olhada, garoto — disse. — Lembre disso.
— …
O Garoto Feiticeiro estudou o Anão Xamã em silêncio, em seguida, afastou a sua mão calejada.
— Levar a carga é o mesmo que cuidar de todas as tarefas, não é?
A Alta Elfa Arqueira riu ao ver o Anão Xamã sendo rejeitado desse jeito, mas o anão, destemido, soltou uma enorme gargalhada.
Quando Sacerdotisa terminou a conversa, o grupo todo se juntou e começou a discutir. O garoto observou atentamente de um canto da tenda.
— Se puder matar alguns goblins, já não é bom o suficiente…? — murmurou ele, tão baixinho que ninguém do grupo ouviu.
Tradução: Taipan
Revisão: Shibitow
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