Ó aventureiro, Ó jornada minha
Um dragão ou um golem me espera
Ou será um cavaleiro fantasmagórico?
E deve haver armamento lendário em algum lugar
Mas com apenas uma tocha e uma lança
E um cajado, a vida é fácil.
Para leste ou oeste, atravesso uma ponte
Talvez para morrer do outro lado
Mas procuro apenas amor
Um princesa poderia estimar, mas muito não peço
Apenas uma noite de prazer
Ó aventureiro, Ó jornada minha!
A estação havia chegado enquanto um vento agradável soprava do leste.
O frio havia sumido, deixando apenas um frio refrescante no ar, e o sol estava quente e suave.
O campo de margaridas a cerca de meio-dia de caminhada da cidade fronteiriça estava igualmente agradável.
Era uma planície ondulante, cheia de uma grama rica pontilhada de arbustos – nada mais. A estrada passava por ela e, dada a distância de aldeia a aldeia, era bom saber que havia um local decente disponível para acampar.
Apenas uma coisa – ou melhor, uma pessoa – passou pelo campo.
Era um aventureiro estranho. Usava uma armadura de couro encardida e um capacete que parecia barato; em seu quadril havia uma espada de comprimento estranho e um escudinho redondo estava amarrado em seu braço esquerdo. Mesmo um novato teria um melhor equipamento melhor que o dele.
Ele caminhou pela estrada em silêncio; quando chegou ao campo, seus passos ousados e indiferentes o carregaram violentamente por trás dos arbustos. Seus passos eram tão seguros, tão determinados, era como se estivesse seguindo um sinal.
Direita, esquerda, pela grama – não poderia ter levado mais de cinco minutos, talvez nem tanto.
E então parou.
Parecia ainda não haver nada lá.
Mas, nos arbustos, sob a sola de suas botas ouviu um barulho.
Ajoelhou-se e pegou a fonte do ruído. Cinzas, de algo completamente consumido pelo fogo. As apertou entre os dedos até que não mais passassem de marcas de fuligem em suas luvas.
Algo havia queimado ali. Será uma árvore? Ossos humanos? Isso ainda não estava claro.
Impossível.
Ele balançou a cabeça, como se descartando a possibilidade com severidade.
Já passaram dez anos. Nenhum osso humano, nenhuma cinza humana seria reconhecível após uma década de exposição aos elementos. E mesmo se qualquer coisa durasse por tanto tempo – de quem seria?
— …
O vento soprou sobre o campo. Era um vento quente e suave, anunciando a mudança das estações, a chegada da primavera.
A grama farfalhava, pequenas ondulações percorriam toda a colina. Ele ouviu o débil som de água corrente. Quando virou a cabeça, pôde ver o lago, bem no lugar em que se lembrava.
Pego por um capricho, olhou para cima. O céu estava incrivelmente claro e azulado; parecia se espalhar por todo o mundo. As nuvens vagamente visíveis eram tão ralas que suas cores pareciam haver escorrido.
— Então…?
Ele bateu palmas bruscas, limpando a fuligem.
Sabia que não eram os restos mortais de sua irmã.
Sabia o que havia acontecido com ela e com seu sangue, carne e ossos.
Sabia, também, que costumava haver uma aldeia no lugar.
E, por fim, sabia que planos haviam sido feitos para construir um campo de treinamento para aventureiros naquele local.
— Acho que vou voltar…
Havia apenas outras três pessoas que sabiam que ele tinha vivido naquela aldeia que havia outrora existido.
Matador de Goblins nunca pensou em perguntar como as duas pessoas da fazenda se sentiam a respeito disso.
— Hee-hee-hee!
A Sacerdotisa sorriu, animada. A Guilda dos Aventureiros ficava ocupada o ano todo, mas, na primavera, essa animação era redobrada. Monstros despertavam da hibernação e começavam a ameaçar aldeias, enquanto aventureiros que viviam o inverno apenas com suas economias voltavam a trabalhar. Não faltavam rapazes ou moças inspirados pelo bom clima para sair em busca de fortuna.
— Próximo! Cliente número quinze, por favor, venha até a janela de recepção três!
— Missão! Eu tenho uma missão aqui! Devora-Cess nos esgotos! Alguém pode vir ajudar por alguns minutos?
— Pegou as suas armas e equipamentos? Poções? Memorizou todos os seus feitiços? Pegou sua vara de cinco pés? Ótimo, vamos!
— Com licença, mas um urso fugiu e está vagando pela nossa aldeia. Isso mesmo, um urso pardo.
Os membros corriam para lá e para cá, aventureiros gritavam uns com os outros e os responsáveis pelas missões explicavam o necessário. Não era uma atmosfera exatamente festiva, mas não havia como fingir não ouvir o zumbido pelo ar.
Cercada por este remoinho de atividades, a Sacerdotisa não pôde evitar de sorrir feliz, seu sorriso era como o botão de uma flor. Ela estava sentada no banco que havia se tornado sua verdadeira área de espera, segurando seu cajado e nem mesmo tentando esconder o quão feliz se sentia.
Ao lado dela, a Alta Elfa Arqueira estava apoiando o queixo nas mãos e olhando a multidão passar, atolada em preguiça. Ela voltou seu olhar para a Sacerdotisa.
— Parece que alguém está de bom humor.
— É porque agora estou começando meu segundo ano de aventuras. Acho que não seria estranho se começassem a me chamar de sênior!
— Ahh, já faz esse tempo todo?
— Com certeza faz! Além disso, acho que serei promovida para a nona ou oitava classificação a qualquer momento. — Ela estufou seu pequeno peito em triunfo. A Sacerdotisa era a mais jovem do grupo deles. A Alta Elfa Arqueira sabia como era ser a mais jovem, então contraiu suas orelhas em simpatia.
Acho que eu poderia agir um pouquinho como uma irmã mais velha.
— Talvez sim, mas não deixe isso te distrair. Quanto mais alta a classificação, mais crucial o seu papel, certo? — A Alta Elfa Arqueira balançou o dedo indicador graciosamente enquanto repreendia a Sacerdotisa.
— Sim, madame. Eu sei. — A Sacerdotisa acenou obedientemente com a cabeça.
A Alta Elfa Arqueira passou a mão pelos cabelos dourados da Sacerdotisa, removendo os emaranhados. A garota mais jovem soltou uma risadinha e seus olhos brilharam de felicidade. Ele era mesmo como uma doce irmãzinha – embora a Alta Elfa Arqueira tivesse a sensação de que, se dissesse tal coisa em voz alta, o Anão Xamã jamais a deixaria que isso chegasse ao fim. Em vez disso, deixou seus vagos deliberadamente vagarem pelo movimentado Salão da Guilda.
— Está bem lotado, não é?
O lugar estava cheio de pessoas morrendo de vontade de se tornarem aventureiros. Mas…
Talvez morrendo não fosse a palavra mais adequada.
Isso não soou como algo muito auspicioso para a Alta Elfa Arqueira. Que tal pessoas que esperam ser aventureiras? Sim, assim era melhor. Esperam era uma boa palavra.
Aqueles que esperavam se tornar aventureiros estavam alinhados pela recepção, havia uma enorme fila. Havia magos e guerreiros, monges e batedores, bem como pessoas de todas as raças, gêneros e idades imagináveis. As duas coisas que todos compartilhavam eram a paixão queimando em seus olhos – e o equipamento que usavam.
De equipamentos tão novos e imaculados que pareciam nem ter a etiqueta de preço tirada, até armaduras velhas, bem enferrujadas, a qualidade poderia ser baixa, mas cada peça estava tão polida que chega brilhava.
— Hmm — murmurou a Alta Elfa Arqueira, sacudindo suas longas orelhas. — Acho que poderiam aprender uma ou duas coisas com Orcbolg.
— O Senhor Matador de Goblins não gosta de coisas brilhantes, não é?
Ele pode ser bem enfadonho.
Com aquele murmúrio, as bochechas da Sacerdotisa de repente ficaram vermelhas, e ela se mexeu desconfortavelmente.
— Algum problema? — perguntou Alta Elfa Arqueira, mas a Sacerdotisa guinchou: “Não”, e desviou o olhar.
A elfa inclinou a cabeça, confusa, mas não demorou muito para juntar as peças. Isso talvez fizesse sentido.
Um aventureiro avançado, acompanhado por duas mulheres inconfundivelmente belas. Uma delas sendo uma alta elfa, nada menos.
Os periódicos olhares dos candidatos não perderam de encontrá-la.
— Uau… Que par de gracinhas…
— Cara, quando eu for um aventureiro, com certeza vou conseguir conhecer algumas garotas como elas.
— Uma elfa! Cara, eu queria conhecer uma…
A Alta Elfa Arqueira soltou uma risadinha. Pensavam que poderiam falar algo que uma elfa não ouviria? Ela gostaria que estivessem menos interessados em sua raça e mostrassem um pouco de admiração pelo fato de que era uma aventureira de classificação Prata.
— No ano passado, eu estava nessa fila…
Ao contrário da Alta Elfa Arqueira, que estufou o peito aplanado na esperança de enfatizar a placa de classificação pendurada em seu pescoço, a Sacerdotisa colocou a mão sobre o coração. Ela também tinha uma placa de nível – uma que mostrava que havia avançado de Porcelana para Obsidiana, da décima para a nona classificação.
— Naquela época não havia tanta gente.
Ela era igualzinha a eles, ouvindo as coisas ao seu redor, maravilhada.
Um campo de treinamento que estava há muito tempo em obras finalmente estava a ponto de ser inaugurado. Era, em nome, em resposta ao ataque do lorde goblin, mas o planejamento foi lento, e a batalha já havia passado há um ano.
As duas garotas que ali estavam sabiam por que as coisas de repente tomaram tanta velocidade.
— Você leu a carta? — perguntou Sacerdotisa.
— É bom que você acredite que sim! — A Alta Elfa Arqueira tirou a folha dobrada do bolso. Era nítido que estava amarrotada; devia ter lido muitas vezes.
— Você a carrega por aí?
— Você não? É uma carta de uma amiga.
— A minha está no meu quarto. Eu a confiei à Mãe Terra.
Precisamente porque é de uma amiga, acrescentou a Sacerdotisa para si mesma, sorrindo com timidez.
Um amigo. Ou seja, Nobre Esgrimista, uma aventureira com que haviam atacado uma fortaleza goblin no norte há alguns meses. As memórias dela ainda estavam frescas na mente da Sacerdotisa: Nobre Esgrimista havia perdido seus amigos e sofrido abusos grosseiros, mas se recusou a quebrar. E durante aquela experiência na qual ficou cara a cara com a morte, algo parecia ter mudado dentro dela. Após a aventura, Nobre Esgrimista voltou para a casa da qual havia efetivamente fugido e contou tudo que tinha a contar.
Desde então, trocaram várias cartas.
— Ela disse que está começando um financiamento para apoiar novos aventureiros — disse a Alta Elfa Arqueira. — Aquela garota com certeza não desperdiça o tempo.
— Sim, de fato — respondeu a Sacerdotisa.
As cartas de Nobre Esgrimista informavam que ela ajudaria na luta não como uma aventureira, mas como uma apoiadora.
A caligrafia limpa e precisa inscrita nas cartas que receberam era tão parecida com ela que era impossível não se apreciar. Ela escreveu que tinha sido capaz de se reconciliar com sua família e que queria voltar a ver, algum dia, a Sacerdotisa, a Alta Elfa Arqueira e também os outros.
— Continua teimosa como sempre, não é?
— Ha-ha…
Apesar do comentário provocador da Alta Elfa Arqueira, o cuidado com que ela dobrou a carta revelava como se sentia de verdade. Não precisava dizer isso, já que a Sacerdotisa sentia a mesma coisa.
A Sacerdotisa e a Nobre Esgrimista experimentaram a brutalidade dos goblins em primeira mão. Para cada uma delas, apenas um jogar de dados separou a salvação da destruição, perfeitamente cronometrado. E, assim, a obstinação da Nobre Esgrimista era o maior encorajamento possível para a Sacerdotisa.
Isso significava que ela ainda não estava quebrada. Que nenhuma delas estava.
— Algumas lições antes de começar as coisas fazem uma enorme diferença… — meditou a Sacerdotisa.
— Não sei, só acho que não importa tanto assim.
Não que esteja tentando negar a tenacidade dela. Em resposta, Sacerdotisa franziu a testa , e a Alta Elfa Arqueira lhe deu um aceno apaziguador antes de acrescentar:
— Digo, algumas pessoas vão fazer coisas estúpidas, não importa quantas aulas recebam, sabe?
— Mas, sem instruções, como saberão o que estão fazendo de errado?
Por exemplo… haviam muitos casos mesmo em que os novatos podiam começar a fazer tudo errado.
Podiam ficar tão absortos nas conversas que se esqueceriam de manter um espaço entre quem estivesse à frente e atrás.
Ou poderiam presumir que não precisavam cuidar da retaguarda só por estar em um túnel.
E, acima de tudo, poderiam tratar os goblins de forma muito leviana.
Parando para refletir, ela pôde ver quantas lições havia aprendido naquela primeira aventura.
— Claro, não vou discutir sobre isso — disse a Alta Elfa Arqueira. — É só que… — Ela voltou a balançar a mão, talvez incerta de como interpretar a expressão sombra da Sacerdotisa. — Algumas pessoas simplesmente não se importam em escutar. Como… os anões, por exemplo.
— Ah, eu escuto muito bem, Orelhas Compridas — resmungou uma voz atrás do banco.
A Alta elfa Arqueira mostrou um sorriso e soltou um breve bufo triunfante.
— Estava esperando que você estivesse. Se não, não seria divertido. — Ela olhou por cima do ombro, em direção ao anão xamã careca que segurava as costas do banco e a fitava. O leve rubor em suas bochechas sugeria que ele já tinha começado a tomar vinho, embora ainda fosse cedo – isso era perfeitamente normal para um anão.
Ao sentir o seu hálito, a Alta Elfa Arqueira fingiu algumas tossidas delicadas.
— De qualquer forma, isso é o que você diz — falou o Anão Xamã. — Não há ninguém no mundo que escuta menos do que um elfo.
— Como é? Qual de nós tem orelhas maiores?
— Heh! Pelo que vejo uma bigorna não entende de sarcasmo.
— Quem é uma bigorna …?
— Ponha a mão no peito e responda sua própria pergunta.
— Ora, seu…!
Era a mesma brincadeira barulhenta de sempre. A Sacerdotisa costumava ficar confusa com isso, mas agora aceitava com calma; nos últimos tempos, achava isso até reconfortante. Não tinha certeza sobre discutir realmente aproximar as pessoas, mas sabia que estava em um bom grupo.
Além disso, muitos rostos pela Guilda dos Aventureiros tornaram-se familiares para ela. Cada vez que via uma das pessoas que conhecera no ano anterior, fazia uma breve reverência.
— Heh-heh-heh. Isso está muito, bem animado, não é?
— Não mostre tanto interesse. Queremos manter uma boa aparência na frente dos novatos.
Lá estava a Bruxa com seu sorriso atraente, acompanhada pelo Lanceiro, que falava enquanto fazia uma careta. Guerreiro de Armadura Pesada caminhava pelo corredor, envolvido em uma briga verbal com a Cavaleira…
— Não te disse? Eu falei que um breve diálogo amigável nos uniria…
— Essa é uma péssima desculpa para uma briga entre bêbados. Você deveria ser leal e bom!
Enquanto o Garoto Batedor, a Rhea Druida e o Meio-Elfo de Armadura Leve seguiam atrás deles, recusando-se a qualquer envolvimento…
— Alô!
— Bom dia a todos.
— Boa sorte em suas missões de hoje!
Então soou a saudação casual do Guerreiro Novato, que logo foi repreendido pela Clériga Aprendiz.
— Ei, é o bando do Bocão!
— Ah, pelo amor da deusa! Você bem podia ser um pouco mais educado! Como vou mostrar a minha cara com você falando desse jeito com as pessoas?
Estava tudo igual a sempre.
— Ah, bom. Amigável como sempre, pelo que vejo. — Uma forma maciça pairou sobre eles. Era o Lagarto Sacerdote. Seu corpo era coberto por escamas e ele usava uma roupa incomum. Vendo a elfa e o anão tagarelando, ele revirou os olhos, feliz. Parecia contente em adiar sua costumeira intervenção e deixar que discutissem.
O Lagarto Sacerdotes se virou para a Sacerdotisa e apertou as mãos em sua saudação excêntrica de sempre.
— O clima quente parece ter despertado a energia de todos. Algo com que muito simpatizo.
— O inverno foi difícil para você, não foi? — A Sacerdotisa soltou uma risadinha da garganta, mesmo quando o Lagarto Sacerdote assentiu e respondeu sombriamente.
— De fato. Mesmo os temíveis nagas não puderam prevalecer sobre uma era glacial. A natureza, à maneira própria deste mundo, pode ser algo terrível.
Como sugerido por sua aparência, Lagarto Sacerdote era vulnerável ao frio. Isso podia ser por ele ser proveniente das selvas ao sul ou talvez porque muito de sua ancestralidade reptiliana permanecia nele. Seja qual fosse o caso, sua aventura anterior pela montanha de neve tinha sido uma verdadeira provação.
— Mas ouvi que há dragões de gelo com sopro de nevasca — disse a Sacerdotisa. — E quanto a eles?
— Não são parentes meus, sabe — respondeu o Lagarto Sacerdote. Ele estava falando sério ou brincando? Havia uma sutil leveza em seu tom solene.
Então o Lagardo Sacerdote esticou bem o seu pescoço comprido, olhando ao redor do Salão da Guilda inundado de aventureiros novatos.
— E quanto ao milorde Matador de Goblins? Onde está?
— Ah, um, ele disse que hoje se atrasaria um pouco. Pelo visto, ontem foi para algum lugar.
— Oh-ho. Bem, isso é muito incomum.
— Certamente é.
Entretanto, a Sacerdotisa, com bastante calma, acrescentou que pensava que ele chegaria em breve.
Matador de Goblins.
Era impossível imaginar aquele aventureiro esquisito indo a qualquer lugar durante as férias. A garota que cuidava da fazenda em que morava relatou que, mesmo nos dias de folga, ele se ocupava com a manutenção de suas armas e equipamentos. Recentemente, Garota da Guilda e Vaqueira o convidaram para um festival, mas ele conseguiu passar a maior parte do tempo patrulhando a cidade. Deixado por conta própria, ele desaparecia silenciosamente para matar goblins. Não podiam tirar os olhos dele.
Pela deusa. Um suspiro afetuoso escapou dos lábios da Sacerdotisa.
— Ele realmente não tem jeito, não é?
Naquele momento, um murmúrio começou a percorrer o salão. Um aventureiro abriu a porta de vaivém.
Ele marchou com passos atrevidos, indiferentes, quase violentos. Seu capacete de aço parecia barato e sua armadura de couro estava encardida. Uma espada com um comprimento estranho pendia em sua cintura e, amarrado em seu braço esquerdo, havia também um escudinho redondo. Até um novato, pelo jeito, tinha um equipamento melhor.
Mas a plaquinha pendurada em seu pescoço era de prata. A terceira classificação.
— Matador de Goblins, senhor! — gritou a Sacerdotisa, provocando um coro de risadas entre os recém-chegados. Alguém que mata goblins? O mais fraco de todos os monstros?
Alguns entre eles, é claro, não riram. Ao longo de cinco anos, o Matador de Goblins foi a salvação de um grande número de aldeias. E alguns dos que propunham se tornar aventureiros neste dia eram dessas aldeias. Sabiam muito bem sobre o aventureiro que, sozinho, enfrentava goblins. Alguns outros talvez tivessem ouvido falar sobre seus feitos em canções. Os bardos tendiam a deturpar os fatos, mas sua reputação continuava melhorando.
Mesmo assim, o riso poderia ser perdoado. A maioria dos aspirantes a aventureiros no Salão da Guilda ainda não tinham passado pela matança de goblins; aqueles com experiência geralmente só cuidavam de um ou dois que começavam a vagar por perto de suas aldeias. Alguns deles talvez tivessem alguma vez estado em uma caverna, mas uma coisa nunca mudava: o fato de que os goblins eram os monstros mais fracos.
Matador de Goblins ignorou tudo, tanto o silêncio quanto a chacota.
— Sim — respondeu à Sacerdotisa, balançando a cabeça. O capacete se moveu sem pressa, encarando a Alta Elfa Arqueira, o Anão Xamã, o Lagarto Sacerdote e a Sacerdotisa, um a um. — Vocês já estão todos aqui.
— Você está atrasado, Orcbolg! — disse a Alta Elfa Arqueira com sua voz clara e digna. Ela interrompeu a discussão que estava tendo com o Anão Xamã, apontando um dedo elegante em direção ao recém-chegado. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e suas longas orelhas pressionadas para trás; muito contraídas. Tudo nela apontava para quão atentamente estivera esperando.
Ela soltou um bufinho e cruzou os braços de maneira importante.
— Então. O que faremos hoje?
— Goblincídio.
— Bem! Isso não é surpresa — disse Anão Xamã, rindo e acariciando sua longa barba branca. — Quando se deixa a decisão para o Corta-Barba, já sabe que tipo de aventura será.
— Hrm…
— Se tiver alguma preferência, escutarei.
A Sacerdotisa ficou um pouco vermelha após o comentário do Matador de Goblins. Ela teve a nítida impressão de que alguns de seus pontos mais ásperos haviam sido polidos no último ano. E no seu caso? Ela mudou? Tinha crescido? Não era algo tão fácil de julgar.
— Pessoalmente, qualquer coisa que contribua para o bem é aceitável — disse o Lagarto Sacerdote, sua cauda varrendo o chão e fazendo ruído. — Sou obrigada a pensar que o goblincídio atende muito bem a esse critério. Sem dúvidas os demoninhos aparecerão aos montes conforme a estação chegar.
A Alta Elfa Arqueira soltou um longo gemidinho e então ergueu as mãos, resignada.
— Certo. Entendi. Ótimo. Goblins. Conte comigo, pelo seu bem!
— Obrigado — murmurou o Matador de Goblins, e então girou rapidamente nos calcanhares e caminhou direto para a recepção, onde todos os aventureiros estavam esperando. O basbaque coletivo dos novatos não parecia incomodá-lo em nada.
Os aventureiros que o conheciam tiveram uma reação completamente diferente, gritando com jovialidade:
— Yo, Matador de Goblins! Vai matar mais alguns goblins?
— Sim — dizia ele com um aceno de cabeça.
— Você nunca se cansa disso, não é?
— Nós, caras, estamos falando de uma viagenzinha. Checar algumas ruínas antigas.
— É mesmo?
— Apenas tome cuidado, entendeu?
— Sim.
Para os recém-chegados, isso tudo seria muito difícil de entender, já que não conheciam a dinâmica usada. Eles se entreolharam e sussurraram o mais baixinho que puderam.
A Alta Elfa Arqueira, esperando pelo Matador de Goblins no banco, franziu a testa. A Sacerdotisa se inclinou para falar à orelha longa da elfa.
— O que estão dizendo? — sussurrou ela.
— Você não quer nem saber.
Pois bem. A Sacerdotisa não precisava ser capaz de escutar para adivinhar o teor das conversas. Estufou as bochechas, aborrecida, e franziu os lábios, mas isso não serviu de nada. O fato do Lagarto Sacerdote e do Anão Xamã não parecerem incomodados com isso também serviu para de alguma forma irritá-la.
Tradução: Taipan
Revisão: Rlc
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