Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 05 – Cap. 6.3 – Coroa dos Goblins

Fwoosh. Foi nesse momento que uma gota de fogo subiu de um canto do castelo em ruínas.

— ORARAGA?!

— GROAB!!

Até os goblins cruéis, leais principalmente à sua própria ganância, ficaram surpresos com isso, fazendo sons confusos.

A luta mortal com a segunda onda acabou; já estavam na terceira leva. Ao seu redor, quinze ou dezesseis goblins congelaram ao ver suas provisões queimando.

— Bom.

Matador de Goblins não era de perder uma oportunidade dessas. Ele já estava mergulhando para fora do caminho ao longo da parede do castelo, gritando ordens.

— A tocha… jogue-a para frente! Agora!

Nobre Esgrimista agarrou a tocha que era sua arma, olhando para o chão por apenas um instante. E então, desta vez de forma decisiva em vez de reativa, jogou a pequena chama portátil.

Até então, inclusive ela sabia o que era pretendido. A tocha caiu em um arco e línguas de fogo começaram a lamber todo o caminho. A gasolina que Matador de Goblins havia jogado no chão anteriormente se tornou uma parede de chamas, bloqueando todos os goblins.

— GROAA?!

Uma infeliz criatura apanhada na explosão foi transformada em uma tocha viva; se debateu no chão por um momento antes de ficar imóvel.

Confrontados com sua terrível morte, os goblins não estavam prestes a tentar pular através das chamas, por mais furiosos que estivessem. Algumas histórias falam de coragem que não teme nem mesmo a morte – mas isso é a coisa mais distante da mente dos goblins.

— Vinte e nove. Está na hora. — Matador de Goblins jogou fora seu porrete sujo de cérebro e pegou a espada do cadáver de goblin a seus pés. Ele agarrou-a, testou alguns movimentos, então acenou com a cabeça. — Nos retiramos. Estejam prontas para…

— Matador de Goblins, senhor! — gritou Sacerdotisa em aviso. Sem isso, sua aventura provavelmente teria terminado ali. Ele instintivamente brandiu sua espada, que saiu voando de suas mãos em uma chuva de faíscas. Uma linha branca traçou-se em seu esterno, entre o capacete e a armadura.

— Droga…! — Matador de Goblins saltou para trás instantaneamente; houve um lampejo de alumínio à sua frente. Não era uma espada encantada, nenhuma lâmina sagrada. E, no entanto, não estaria fora do lugar nas mãos de um herói.

— GRAAORRRN…!

Um goblin estava lá, fumaça subia de sua armadura e chamas de seus olhos. Ele havia saltado através da parede de fogo; era como um mensageiro dos deuses, enviado para derrubar seus inimigos em nome de seus irmãos. Com sua espada de alumínio na mão direita e um escudo em forma de lágrima na esquerda, parecia a caricatura de um guerreiro sagrado.

O goblin paladino.

— Você está atrasado — disse calmamente Matador de Goblins. Ele ergueu a espada, que havia sido reduzida ao comprimento de uma adaga. Era sua postura usual: escudo erguido, quadris baixos, pulso girando até que sua espada ficasse apontada para o inimigo. — Mas eu estava esperando por você.

— GAROAROB…! — O goblin paladino moveu as mãos carregadas de equipamento em gestos estranhos, fazendo algum sinal desconhecido. Era fácil inferir que estava fazendo uma demonstração de louvor ao Deus Exterior, que residia na lua verde.

— Haa… ahh…! — Quando Nobre Esgrimista percebeu quem ele era, deixou um grito estrangulado escapar. A marca em seu pescoço ficou tão quente que quase queimava. O sinal do Deus Exterior começou a pulsar. Começou a inchar – como se fosse explodir a qualquer momento…

Com essa imagem em sua mente, seus joelhos começaram a tremer. E ainda assim, nunca tirou os olhos de uma coisa, a espada de prata que o goblin segurava.

É minha. Minha… Isso foi roubado de mim…

E estava apontada para seus, ficou surpresa ao se descobrir usando essa palavra, camaradas.

— Ahh… n-n-não…!

Um som de passos se aproximou. Os goblins, animados com a aparição de seu campeão, cercaram as muralhas enquanto se aproximavam.

Não havia como escapar. Encurralaram o paladino ou foram encurralados por ele? Tudo terminará assim?

O que deveria eu fazer? O que deveria eu…?

— Rápido. — Uma voz calma, quase mecânica, interrompeu sua confusão. — Vou ganhar tempo para vocês.

— Sim senhor! — respondeu na mesma hora Sacerdotisa em um tom ecoante.

Nobre Esgrimista mordeu o lábio. Uma gota de sangue escorreu de sua nuca; ela podia sentir aquilo escorrendo pelo seu pescoço.

Mas ela estava com a razão. Tinha certeza disso. Poderia se fazer ficar bem.

— Certo…

As ações que as duas garotas realizaram em seguida foram diametralmente opostas.

Palavras de verdadeiro poder transbordaram da boca de Nobre Esgrimista.

Tonitrus… oriens…! Trovão… apareça!

Sacerdotisa, por sua vez, orou à deusa, mas não invocou um milagre:

— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia. Que a sua proteção esteja sobre nós…

Isso porque ambas haviam sido informados por Matador de Goblins que ele confiaria nelas.

Confiar em uma para proteger Sacerdotisa. Confiar na outra para usar Proteção no momento certo.

— IRARAGARU!!

— Hrk…!

O goblin paladino entrou em ação, balbuciando uma prece a seus deuses bizarros. O golpe de sua espada foi rápido e afiado, derrubando facilmente o escudo que Matador de Goblins portava para enfrentá-lo.

Punir humano!

Goblins como um todo tender a ter estatura pequena. Exceto os hobgoblins, mas eles não têm força física. A espada de alumínio, no entanto, ajudou a compensar isso. Nas mãos da criatura, Matador de Goblins viu então, era uma coisa para se ter cuidado. Se fosse reforçada por milagres do Deus Exterior, sua armadura típica poderia se provar inútil.

Armadura encantada pode ser um assunto diferente, mas Matador de Goblins desgostava dessas coisas. A própria situação em que ele se encontrava deixava claro o que poderia acontecer se tais itens caíssem nas mãos do inimigo.

— Hmph.

O trabalho com a espada de Matador de Goblins era indiferente, mas magistral. Lâminas se cruzando não seriam um ponto chave no momento; ele poderia dizer que isso seria inútil. Teria que golpear a espada de seu oponente de cima, forçando-a para baixo, e então usar sua lâmina reduzida para golpear qualquer abertura.

Não era algo tão digno de um aventureiro, uma técnica mais adequada para um duelo violento e mortal nos arredores de uma cidade pequena. Ele não esperava que o goblin paladino, que provavelmente aprendeu sua esgrima estudando aventureiros, fosse capaz de responder a isso.

Mesmo para Matador de Goblins, entretanto, esse oponente era muito perigoso para simplesmente tentar forçar seu avanço. Ele levou um golpe com o escudo, pulando bem para trás, em seguida, levou sua espada para cima, as armas do oponente golpeando. Ele empurrou a espada para baixo, saltou para frente com força, deixando o impulso conduzi-lo para o golpe, apunhalando.

A diferença no tamanho do corpo, na força física e equipamento, estratégia e experiência, colocou um fim decisivo na troca.

Mas não na batalha. Isso seria decidido por algo totalmente diferente: duas jovens delicadas contra quinze goblins que se aproximavam.

Um olhar para os sorrisos cruéis dos monstros deixou clara a ganância, as fantasias, naqueles pequenos cérebros.

— Heh-heh!

E ainda, apesar disso, apesar de tudo que estava acontecendo ao seu redor, Sacerdotisa tinha um pequeno sorriso em seu rosto.

O homem às suas costas. Aquele que lhe confiara as costas: ela o conhecia e ele nunca ficou tão sério em situações como esta. Nunca a fizera usar seus milagres em momentos parecidos.

Então não era a hora. O momento para Proteção chegaria, mas não era esse.

O que significava que o que precisava fazer era bolar um plano de fuga o mais rápido que pudesse…

Ela olhou rapidamente em seu equipamento e pegou um item em particular, assim como haviam discutido antes. Ao seu lado…

…Iacta! E caia!

O feitiço Relâmpago foi concluído.

Ele traçou uma linha reta diretamente pela palma estendida de Nobre Esgrimista para… Bem, seria de se esperar que para o goblin paladino, não é?

— AGARARABA?!

— GORRRBB?!

Mas não. Seu ataque atingiu a horda que se aproximava.

— Ee… yaaaahhh!

Naquele instante, o campo de batalha ficou branco. Houve um barulho tremendo de ar correndo, de tal forma que se poderia imaginar que era assim que soava o uivo de um Drake Trovão, e então o relâmpago caiu.

Os goblins açoitados pela luz incharam e explodiram, gritando. Usar um feitiço poderoso contra inimigos próximos era uma tática padrão. Fumaça branca, carregando o fedor acre de carne cozida, subiu, misturando-se com a fumaça do fogo. Nobre Esgrimista não resistiu a um pensamento passageiro: que este lugar era o inferno encarnado.

— Tomem isso…!

O sorriso em seu rosto era instável, uma tentativa de parecer forte, com certeza; mas não havia dúvida, as garotas tinham conseguido. Sacerdotisa passou a mão pelo rosto sujo e suado e gritou:

— Matador de Goblins, senhor! Está tudo bem!

— …!

A reação de Matador de Goblins foi imediata. Ele girou a espada quebrada em sua mão para segurá-la em um aperto reverso, então, sem um momento de hesitação, a arremessou no goblin paladino.

— GARARAI!!

Acreditando ser um truque muito inteligente, o paladino ergueu o escudo e desviou a lâmina. Mas também bloqueou sua própria linha de visão.

Foi apenas um instante. Mas era tudo que Matador de Goblins precisava.

— Hwah?!

— Ah…!

As duas jovens gritaram: de repente se viram erguidas, uma embaixo de cada braço de Matador de Goblins enquanto ele pulava graciosamente das ameias.

Era um pouco antes do amanhecer; uma luz suave estava começando a se espalhar pela terra. Eles flutuaram pelo espaço.

Um vento frio cortante percorreu a pele das garotas, afiado como uma faca.

Então a sensação de flutuar, de cair, foi interrompida tão abruptamente quanto se tivessem atingido o solo.

Mas não o fizeram. A mão de Matador de Goblins agarrou algo com firmeza.

O Conjunto de Ferramentas do Aventureiro.

Houve um breve som de respiração acelerada de dentro do capacete de aço. Matador de Goblins, ao que parecia, tinha um sorriso atípico no rosto.

— “Nunca saia de casa sem ele”, dizem…

O gancho e corda.

Sacerdotisa – uma ranque Obsidiana, apenas o primeiro degrau na escada de aventura – foi realizada religiosamente. O gancho estava firmemente enterrado na parede da fortaleza, a corda pendurada para fora; que melhor rota de fuga poderia haver?

— IGARARAROB !!

Olharam para cima para encontrar o goblin paladino inclinado sobre a muralha, berrando, seu rosto contorcido de raiva.

Os goblins viviam principalmente no subsolo. Presumiram que nunca veriam alguém escapar saltando de um lugar alto.

Os monstros não podiam contra-atacar imediatamente, mas sua inteligência desagradável era mais do que suficiente para colocá-los para trabalhar desalojando o gancho.

Não que Matador de Goblins fosse deixar, é claro. Com Sacerdotisa e Nobre Esgrimista agarradas a ele, uma de cada lado, apoiou os pés na parede e começou sua descida em uma série de grandes saltos. Seus movimentos foram rápidos e seguros, obviamente o produto de um treinamento focado.

— N-não somos pesadas…? — perguntou Sacerdotisa.

— Um pouco.

A pergunta tinha acabado de escapar de sua boca e ela franziu um pouco a testa com a resposta. Ela corou e sentiu um toque de raiva dele. Era natural que uma garota da idade dela disparasse:

— Você deve dizer: “Não, você é perfeitamente leve”!

— É mesmo?

— É!

— Entendo.

Matador de Goblins balançou a cabeça, embora as chances fossem mínimas de que realmente entendesse por que ela estava chateada.

Quase no mesmo momento em que ele colocou os pés no chão nevado, a corda foi cortada, caindo atrás deles. Então a pegou e enrolou no ombro.

— Mais tarde vou te pagar de volta. — Era um momento estranho para pensar em tais sutilezas sociais, mas tão característico que mesmo Nobre Esgrimista sentiu um leve sorriso surgindo em seu rosto.

Mas isso ainda não acabou.

— IGURARARARABORR!!

O goblin paladino, louco de raiva, soltou um grito que ecoou pela montanha, derrubando a neve das muralhas. Com muitos estalos e rangidos, o grande portão principal começou a se abrir.

Tiveram que se mover rapidamente, ou estariam de volta onde haviam começado.

— Onde estão os outros…? — perguntou Nobre Esgrimista.

— Logo estarão aqui.

E assim foi. Houve um barulho de algo sendo esmagado quando o chão coberto de neve começou a subir, então o resto do grupo saiu de baixo da terra.

— Ufa! Ahhh! Estarei bem e realmente cansado dos túneis dos goblins quando isso acabar! — exclamou Anão Xamã, rastejando para fora do buraco como uma toupeira. — Suba — disse ele, voltando a descer para o túnel e pegando a mão de alguém. Sem nenhuma pequena demonstração de delicadeza, ajudou Alta-Elfa Arqueira a chegar à superfície.

— Não brinca — disse ela, sacudindo a poeira e franzindo a testa. — Não posso acreditar que vocês anões podem viver no subsolo. Tem certeza de que não são parentes de goblins?

— Pegue essas orelhas compridas e me escute, sua bigorna de dois mil anos. Existem coisas sobre as quais você pode brincar e coisas que não.

— O que de dois mil anos? Você está querendo começar uma guerra, homenzinho?

E começaram a discutir. Era apenas a briguinha de costume, mas tinha começado tão de repente que Nobre Esgrimista ficou completamente perdida.

— Er… Ahem…

— Tudo de acordo com o plano — disse Matador de Goblins.

— Exato! — disse uma cabeça escamosa, surgindo do chão. Ele parecia monstruoso, mas rastejava facilmente. — Não se preocupe. Triste seu estado pode parecer, mas estão ilesas.

Por mais intimidador que parecesse, Lagarto Sacerdote também parecia feliz. Duas prisioneiros perdidas estavam penduradas sob cada um de seus braços, quatro no total. Ele tinha força física suficiente para se mover sem esforço, apesar de carregar todas, e os primeiros socorros administrados às mulheres também foram exemplares. Parecia que, de fato, não havia necessidade de temer por suas vidas.

— Graças à deusa… — Sacerdotisa soltou um suspiro de alívio, lágrimas brotando de seus olhos. — Estava preocupada com vocês. Estão machucados?

— Nem um arranhão! — disse Alta-Elfa Arqueira, interrompendo brevemente a sua discussão com Anão Xamã. Ela estufou o peito com orgulho. — E você? Não teve problemas, não é? Digo, nas mãos de Orcbolg…

— Ah… Ha-ha-ha-ha. Não. Estamos bem. Nenhum problema.

— Bem. — Alta-Elfa Arqueira deu um aceno satisfeito ao ver o sorriso corajoso de Sacerdotisa. Então olhou para Matador de Goblins e finalmente para Nobre Esgrimista. A batalha acabou; a garota estava coberta de sangue e poeira, mas olhou para a arqueira com olhos brilhantes.

A elfa balançou lentamente as orelhas e sorriu como um gato.

— Você fez isso, hein?

Ela bateu no ombro de Nobre Esgrimista com o punho. A garota colocou a mão no local, piscando. Então olhou para baixo, como se quisesse esconder as lágrimas em seus olhos, e disse simplesmente:

— Sim.

— Bem, você pode ver que isso não é problema para nós — disse Anão Xamã, acariciando a barba com orgulho e rindo.

E, de fato, essa era a verdade.

O feitiço Túnel podia parecer apenas uma maneira de mover pedras e terra, mas sem ele, não poderiam ter salvado as prisioneiras. Nem poderiam ter feito isso sem a força de Lagarto Sacerdote para carregar as garotas. Sem os sentidos aguçados de Alta-Elfa Arqueira, poderiam ter que lutar contra muitos mais goblins.

Haviam roubado as armas dos goblins, destruído suas provisões, salvado as prisioneiras e então atacado os monstruosos habitantes da fortaleza. Matador de Goblins só podia imaginar quanto tempo e por quantos problemas passaria sozinho.

— Ahem, então, Corta-Barba — disse Anão Xamã, semicerrando os olhos. — O que aconteceu com a sua espada?

— A joguei.

A resposta direta provocou um sorriso e um “Isso é o que eu pensei” do anão.

— Bem, escolha o que você quiser. São todas coisas de goblins, mas devem te servir.

— Obrigado, isso ajuda. Embora eu provavelmente vá arremessá-la de novo.

— Não se preocupe com isso!

Apenas escolha, de qualquer forma. Ele estendeu um monte de espadas, as armas que haviam anteriormente roubado do arsenal.

Então os goblins as roubaram e as mantiveram por um tempo – apenas para que os aventureiros as roubassem de volta. Matador de Goblins achou esse pensamento bastante estranho. Escolheu a arma cuja lâmina era do comprimento mais familiar para ele. E a colocou na bainha sem hesitar. Não havia dúvida de que ele se sentia um pouco esgotado.

— Então, tudo o que temos a fazer é pegar a espada daquela garota de volta, não é? — disse Anão Xamã.

— Sim. — Matador de Goblins puxou um frasco de sua bolsa de itens: uma poção de estamina. Ele abriu a rolha e bebeu tudo com um único gole. O calor que se espalhou por seu corpo era bom.

Ele guardou este item, algo que Garota da Guilda lhe deu antes de partir, para um momento especial.

Matador de Goblins olhou para seus companheiros: Sacerdotisa, a garota que tinha fé nele. Alta-Elfa Arqueira, que ficou com ele nos bons e maus momentos. Anão Xamã, em quem podia confiar nas situações mais terríveis. Lagarto Sacerdote, a quem confiou sua segurança na batalha. E Nobre Esgrimista, que havia dado tudo de si para perseverar até aquele momento.

Cada um deles estava coberto de lama, sangue e cinzas, mas ainda assim ali estavam.

Então olhou para o horizonte. A cidade fronteiriça ficava ao sul. Fazendeira estava lá, esperando por seu regresso para casa. Garota da Guilda estava lá.

Havia cada vez mais coisas em sua vida que simplesmente não conseguia fazer sozinho.

Esse pensamento cruzou sua mente, seguido logo depois pela conclusão de que, provavelmente, estava tudo bem para ele.

Nesse caso, havia apenas uma coisa a dizer.

A mesma coisa de sempre.

— Vamos matar todos os goblins.

Goblins não têm conceito de indústria, de criar as coisas com as próprias mãos. Somado a isso, perderam dezenas de seus irmãos na batalha mais recente. Teriam que evitar um esgotamento ainda maior, economizar suprimentos.

Para preencher suas fileiras, entretanto, precisariam de ventres. Ventres e comida.

Para capturar mulheres e roubar provisões, teriam que atacar uma aldeia.

E para atacar uma aldeia, teriam que reunir sua força de combate, mantê-la, movê-la e atacar no momento certo.

Todas essas coisas foram roubadas. Suas mulheres foram sequestradas, suas armas roubadas e sua comida levada à força.

Não podemos fazer nada – não podemos fazer nada! Isso não faz sentido. Somos nós que roubamos; são eles que são roubados.

Isso? Isso não me torna diferente dos outros.

Aventureiros invadem meu ninho e pegam o que é meu – isso me torna nada além de… nada além de um goblin!

— GOURRR…

O goblin paladino, muito mais inteligente do que qualquer um de seus camaradas, percebeu que estava tudo acabado. Com as coisas como estavam, dificilmente se poderia esperar que os goblins sobreviventes continuassem a obedecê-lo.

Goblins tinham um forte senso de camaradagem, mas o que os unia era a ganância. Mataram aqueles que odiavam, estupraram-nos, roubaram-nos, humilharam-nos das formas mais terríveis. O que mais um goblin faria?

Agora não havia caminho a seguir; os planos do goblin paladido estavam em ruínas.

Nesse caso, havia apenas uma coisa a dizer.

A mesma coisa de sempre.

Ataque os aventureiros. Mate os homens, capture as mulheres. Então as acorrente em sua masmorra, alimentae-as com a carne de seus próprios camaradas e as obrigue a ter filhos até que seus corações se partam e morram.

Goblins não entendiam que poderiam enfrentar represálias por roubo, que poderiam receber na mesma moeda. Apenas entenderam que haviam sido vitimados e teriam sua vingança.

— IRAGARARARARA!!

Portanto, tudo o que se seguiu foi uma explosão de raiva.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Roelec

 


 

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