— Quando digo situação, quero dizer… essa coisa — disse Anão Xamã, quando os exploradores se reuniram no dia seguinte.
Nas regiões mais profundas das catacumbas, eles tinham encontrado uma sala com uma capela. Bancadas de pedra esculpida preenchiam a pequena sala, até o fim do que era um altar. Um espelho de corpo inteiro estava fixado na parede, com sua superfície estranhamente molhada. Era enorme, quase do tamanho de um escudo grande de batalha. Provavelmente um objeto de culto.
Se assim o for, então essa sala era um templo ou, pelo menos, algum lugar sagrado.
Eles haviam ido pela escada escondida, que descia e descia até, por fim, começar a subir de novo. E na sua extremidade mais distante estava esse corredor.
E o problema — a situação — estava descansando lá.
— O-o que… é isso…? — perguntou Sacerdotisa com uma voz baixa, espreitando nas sombras da entrada.
Alta-Elfa Arqueira, com suas orelhas caídas, balançou a cabeça.
— Não sabemos. Mas… acho que é um olho.
À primeira vista, alguém poderia o descrever como um olho voador.
O olho enorme era quase do tamanho de uma pessoa. Ele flutuava ligeiramente acima do chão, à espera dos aventureiros no meio da sala.
O monstro geometricamente em forma de pupila avermelhada se virava para ali e para lá. Da sua pálpebra — se assim se pode chamar — saíam tentáculos que balançavam. Na ponta de cada um havia um olho, um vasto número deles. Cada um parecia ser uma versão miniatura do olho principal de um jeito difícil de descrever, e cada um deles tinha um brilho cintilante. Sua boca estava cheia de dentes afiados que parecia de um gato grande. Parecia muito improvável ser amigável.
A criatura deve ter notado eles observando do corredor, mas ele não demonstrou reação. Parecia impossível que não os tivesse visto. Ele só não os tinha reconhecido ainda como uma ameaça.
Era uma coisa de outro mundo verdadeiramente profana, uma praga nesse lugar sagrado.
— Apenas por sua aparência, estou disposto a achar que é um agente do caos — disse Lagarto Sacerdote, com seus olhos se estreitando, descontente. — Ao menos, ele não foi criado por nenhum deus da ordem.
— Poderia contribuir para nosso crédito se livrar dele, mas, não sabemos bem o que é — resmungou Anão Xamã, dando de ombros.
— É um daqueles monstros cujo… cujo nome não deve ser falado — respondeu Sacerdotisa, tremendo.
Em uma aventura, poucas coisas são mais perigosas do que desafiar um inimigo que você não sabe nada. Se você não consegue estabelecer as suas linhas de frente e da retaguarda, pior ainda.
Três dos exploradores tinham ficado cara-a-cara com essa criatura estranha enquanto investigavam as ruínas no dia anterior. Foi Lagarto Sacerdote, seu melhor lutador, que os tinha ordenado a evitar o combate e determinou fazer uma retirada tática no dia anterior.
Não era isso um pouco além de extermínio de goblins? E não deveriam perguntar à sua registradora de missão, Donzela da Espada, por suas instruções?
— Isso não importa — disse sem hesitação Matador de Goblins. — Ainda é extermínio de goblins.
Depois disso, eles não tinham discutido com ele. O grupo não queria vir aqui, em primeiro lugar.
Mas, quais eram os aventureiros que não iam ocasionalmente em perigos desconhecidos? Em segurança, é claro.
Agora, vendo a criatura na capela, Matador de Goblins disse: — Olho Gigante será um nome bom.
— Nunca consegue um muito enfeitado, não é? — disse Anão Xamã com um pouco de sarcasmo.
— Se referindo ao Monstro Olho-Esbugalhado como um Olho Gigante — disse Lagarto Sacerdote, com seus olhos revirando de diversão.
— Nada mal. Eu concordo. — Alta-Elfa Arqueira assentiu, com suas orelhas balançando. Ela preparou uma flecha no arco e puxou sua corda suavemente.
— E — disse Sacerdotisa, trazendo seu cajado de monge para mais perto — o que vocês pretendem fazer sobre esse… Olho Gigante? Acha que devíamos começar com Proteção?
Ninguém contestou a ideia.
— Então, de acordo com nosso hábito, me permitam ir na frente. Quanto mais tanque termos, melhor.
— Vou ficar aqui atrás e atirar como sempre, tudo bem?
— Agora, e quanto a mim…? — Anão Xamã acariciou sua barba e olhou para o teto. Algumas raízes de árvores tinham se espalhado através da pedra antiga. O grupo estava provavelmente bem para fora da cidade agora, já não estavam debaixo das ruas da cidade da água. A vida vegetal que esteve crescendo nos campos por quem sabe quantos anos, tinha penetrado até aqui embaixo. Antes que tivesse passado mais séculos, essas ruínas pertenceriam provavelmente às árvores.
Era simplesmente um lembrete: Ninguém pode melhor que o tempo.
— Não importa como se analise, isso é um Olho Gigante.
— Tentando ser engraçado, anão?
— Deixe disso, orelhuda. Estou falando sério.
Anão Xamã ignorou soturnamente a provocação da elfa.
Dragões cuspiam fogo, harpias cantavam e cobras tinham seus venenos… Olhos Gigantes eram capazes de ver.
Alguém não sobreviveria subestimando todos aqueles tentáculos se balançando, nem o olho sinistro que se escondia abaixo deles.
— Tiremos sua visão — murmurou Matador de Goblins. — Não me importa como. Consegue o fazer?
— Tão certo quanto céu aberto. — Assentindo, Anão Xamã remexeu na sua bolsa de catalisadores, depois começou a percorrer sua mão sobre o chão aos seus pés. — Gnomos são muito bons. Mas, que tal eu levantar uma Parede Espiritual?
— Está bem.
Anão Xamã assentiu firmemente e deu um tapa na barriga.
A conversa acabou, Matador de Goblins começou a verificar suas armas e equipamentos.
Tudo parecia que funcionaria tão bem quanto um novinho em folha, mas sua armadura de couro bem usada estava quebrada, e isso o agradava. Ele fixou seu escudo pequeno firmemente no braço esquerdo; a espada que ele tinha limado estava boa para se usar em um espaço apertado. Tudo na sua bolsa de item estava em ordem. O último era, como de costume, seu capacete sujo.
Eram coisas terrivelmente ruins para um aventureiro. Até um principiante teria equipamento com melhor aparência.
Mas, aqueles que conheciam quem esse homem era, jamais o menosprezaria por isso. Matador de Goblins tinha exatamente o que ele precisava.
— Você podia tentar parecer um pouco mais legal — disse Alta-Elfa Arqueira com uma risada.
— Sim… — disse Sacerdotisa, franzindo seu rosto pensando nisso, antes de bater a palma ligeiramente. — Já sei! Que tal uma pena no seu capacete, Matador de Goblins, senhor?
— Não estou interessado.
Ele dispensou sumariamente a opinião das garotas, depois se levantou.
Alta-Elfa Arqueira olhou com surpresa para o lampião balançando em seu quadril.
— Ei, Orcbolg. Sem tocha hoje?
— Tem uma coisa que quero testar. O fogo só iria atrapalhar — disse ele, fechando cuidadosamente o anteparo do lampião. — Vamos.
Ao seu sinal, os aventureiros avançaram para dentro da sala e entraram na sua formação de batalha habitual. O anão e a sacerdotisa ficaram por detrás, se concentrando para que pudessem oferecer as suas magias e orações.
À princípio, o Olho Gigante só se arregalou com a intrusão rude.
Foi Sacerdotisa quem percebeu primeiro que isso era na verdade a forma de atacar da criatura.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fra… Ahh!
— BEBBEBEBEBEHOOOO!!
Seus olhos abriram amplamente enquanto ela foi jogada pelo ar por uma onda de choque invisível.
Alta-Elfa Arqueira deu um grito quando Sacerdotisa foi açoitada, depois contorceu e caiu.
— Você está bem?! — gritou ela ruidosamente, tentando correr mesmo enquanto mantinha uma linha de visão para disparar. Sacerdotisa se sentou, arfando.
— Si… sim… — Pálida e se ajoelhando, ela assentiu.
Esse olhar brutal tinha cortado violentamente o fio do espírito que a ligava aos deuses acima. Parecia como se a sua própria alma tivesse sofrido o impacto, e seu espírito doía amargamente.
Mas, isso não foi o que chamou sua atenção quando se levantou, ainda agarrada ao seu cajado.
— Eu não posso… eu não posso usar magia…!
O grito percorreu através do grupo antes que alguém pudesse lançar alguma coisa. Eles tinham dois sacerdotes e um xamã. Mais da metade do grupo era de conjuradores. A capacidade de utilizar magia era nada menos que uma questão de vida ou morte para eles.
— É aquele olho! — exclamou Anão Xamã, rangendo os dentes. — Corta-barba, dê cabo dele!
— Certamente.
Enquanto falava, Matador de Goblins pegou um ovo da sua bolsa e lançou na criatura. Voou direto para o alvo, se estilhaçando em uma nuvem de fumo vermelho-enegrecido; gás lacrimogêneo.
— OOOOODEEARARARA?!?!
A coisa urticante voou por todos os seus muitos olhos, invocando um berro de consternação do monstro. É claro, o Olho Gigante estava em um nível totalmente diferente de qualquer goblin, e esse truque não era suficiente para o fazer qualquer dano.
No entanto…
— Muuuito bem, aqui vou eu!
…foi mais do que suficiente para eles obterem o turno de agir.
Anão Xamã entendeu, pegando um punhado de terra da sua bolsa e jogando no ar com um movimento suave.
— Saiam, seus gnomos, é hora de construir! Deixem todo esse espaço com terra ser preenchido! Não temas vento e não temas ondas, uma parede sólida os mantém à distância!
Ele dispersou a poeira enquanto entoava.
Depois, Anão Xamã largou no chão o que parecia ser uma parede de pedra versão brinquedo de criança.
Ela cresceu enquanto observavam, até que uma muralha de terra completa ficou perante eles.
Parede Espiritual era como Proteção, mas tomava uma forma física em vez de imaterial. E diferente de uma barreira de Proteção, era impossível ver através de uma Parede Espiritual.
— O que acha disso?
Mas, ele parecia ter conseguido a atenção do Olho Gigante, que tinha dissipado atualmente o gás lacrimogêneo.
Seus tentáculos se remexendo se viraram para a Parede Espiritual e cintilaram maliciosamente.
— BEEEHOOOOLLLL!!
No instante seguinte, uma luz deslumbrante preencheu o espaço sagrado.
— Hrrg…!
— Isso não vai adiantar!
— He… O qu…?!
Matador de Goblins e Lagarto Sacerdote gritaram e voltaram para trás. Anão Xamã grunhiu.
Uma linha vermelha percorreu pela frente da Parede Espiritual, borbulhando enquanto viam, derretendo ela.
— Isso é quente…!
— Ahh, não!
Sacerdotisa gritou quando a parede explodindo a apanhou. Anão Xamã a apoiou o melhor que pôde enquanto ajudava ambos a correr dos destroços. Tão rápido quanto tinha rompido através da sua barreira, a luz desapareceu, deixando marcas de queimaduras no chão da capela.
Visão de calor? Não…
Foi uma forma intensa de Desintegrar lançada por um dos tentáculos com olhos do Olho Gigante.
— Esses olhos malignos são capazes de Dissipar e Desintegrar! — Mesmo seu grande lutador corpo-a-corpo, Lagarto Sacerdote, só poderia manter distância. Por mais duro que suas escamas fossem, elas não conseguiriam defletir Desintegrar. Ele queria invocar um Guerreiro Dragãodente como uma espécie de parede própria, mas era claro demais que o Olho Gigante iria simplesmente dar um olhar e dissipar ele.
Mas, por outro lado, atacar com suas garras, presas e cauda, se fazendo uma arma em pessoa, o colocaria no risco do raio de calor.
— O que e-exatamente devemos fazer em relação a essa coisa?!
— Por ora, recuemos!
Enquanto Alta-Elfa Arqueira tentava armar um ataque, a resposta de Matador de Goblins foi afiada e certa. Ele sacou sua espada com a mão direita e segurou seu escudo com a esquerda, pondo Anão Xamã e Sacerdotisa atrás dele.
— Entendi…!
A elfa procurou um lugar seguro lá também, tomando os poucos passos que faltavam para um salto.
— BEBEBEBEBEEEEHOO!!
— Quê?!
Ela pulou para evitar o impacto sob seus pés. O raio de calor chamuscou uns fios de cabelo, e ela amaldiçoou uma ou duas vezes em élfico. Ela rolou atabalhoadamente, mas se viu perto de Matador de Goblins.
— Você está bem?
— Hã?! — Alta-Elfa Arqueira se levantou, com suas orelhas longas tremendo de surpresa. — Estou bem… Obrigada.
— Entendi.
— Bem, isso é um problema de fato… — Lagarto Sacerdote, que tinha se rastejado de volta a fim de evitar o raio de calor, deu um suspiro penoso.
— BEEHOHOHO…
O Olho Gigante não mostrou um novo sinal de atacar, aparentemente satisfeito em ter levado os aventureiros para fora da capela. Ele flutuou de volta para onde esteve no começo, observando a entrada novamente.
— Parece que… enquanto nós não… entrarmos na sala… ele não nos atacará — disse Sacerdotisa, respirando irregularmente e escorregando contra a parede. — Ele deve estar… protegendo esse lugar.
— Não importa por enquanto. Descanse… Aqui, água.
— Ah, ob-obrigada…
Alta-Elfa Arqueira umedeceu seus lábios com um ou dois goles do seu cantil, depois entregou para Sacerdotisa. A jovem o pegou com as duas mãos, então bebeu delicadamente, engolindo quase que inaudivelmente.
— Acho que… se ele não pudesse me ver, eu poderia realizar o milagre…
— Mas, chegue a uma distância curta, e ele vai te ver com certeza. — Anão Xamã não tentou esconder a sua frustração enquanto se sentava com força. — Não podemos usar magias, e ele tem um raio de calor e mais extremidades que todos nós juntos. Não temos como ganhar!
— Não — disse Matador de Goblins, fuçando no seu saco de itens. — Tem uma coisa que quero testar.
— Só quero te lembrar, fogo, água e gás venenoso estão fora de questão.
— Eu me lembro — disse Matador de Goblins calmamente a Alta-Elfa Arqueira, que tinha entrecerrado os olhos para ele. — Eu não trouxe nenhum implemento de fogo ou água comigo. E duvido que veneno funcione.
Alta-Elfa Arqueira deu uma pequena fungada e murmurou “bom”, dando as suas orelhas uma sacudida deliberada.
— Só para ter certeza, estamos fora da cidade, certo?
— Acho que sim — disse Anão Xamã, ficando intrigado e inclinando a cabeça. — Andamos por um longo tempo, e a sensação aqui é definitivamente diferente.
— Então não há problema.
— Então está decidido — disse Lagarto Sacerdote, batendo as mãos. — Como não temos nenhuma outra ideia engenhosa e temos de eliminar esse demônio amaldiçoado, devemos confiar na tática do meu senhor Matador de Goblins.
— Obrigado — disse Matador de Goblins com um aceno. Seu capacete se virou para Alta-Elfa Arqueira. — Preciso que a criatura se distraia, só por um momento. Preciso que alguém entre e comece a correr. Consegue fazer isso?
— Deixa comigo! — assentiu Alta-Elfa Arqueira entusiasticamente, com suas orelhas se balançando para cima e para baixo.
— Você pode lançar Estupor? Não quero que ele possa usar seu raio de calor.
— Daqui? — Anão Xamã acariciou sua barba, depois levantou o polegar e fechou um olho.
Ele estendeu o braço para o Olho Gigante na capela como se estivesse mirando, avaliando a distância.
— Pelo número de ladrilhos, eu diria… Certo. Acho que vai funcionar! — Ele deu um sorriso incongruente e bateu na barriga como que para enfatizar seu orgulho.
Bom. Matador de Goblins assentiu e se virou próximo a Lagarto Sacerdote.
— Precisamos de um Guerreiro Dragãodente. Um é o suficiente. Consegue fazer?
— Estou um tanto quanto preocupado com esse Dissipar…
— Vou me certificar de que ele não consiga ver.
— Sem esse olho maligno, acho que pode ser feito. Pode contar comigo. — Ele revirou os olhos com satisfação.
— Por fim — disse Matador de Goblins, olhando para Sacerdotisa — quando eu der o sinal, quero que você lance Proteção na entrada.
Ela engoliu em seco profundamente e encarou ele o quanto pôde.
— Será capaz de fazer isso?
— …Sim, senhor! Vai dar tudo certo! — Ela segurou seu cajado de monge firmemente com as duas mãos e deu um aceno forte com a cabeça. — Vamos lá!
E então, a batalha começou.
— Bom, se tudo o que tenho de fazer é não ser frita…
O Olho Gigante rolou para olhar Alta-Elfa Arqueira quando ela veio correndo para a sala, saltitando tanto quanto uma lebre. Ela movia suas pernas esbeltas, correndo sobre os bancos pelo salão.
O Olho Gigante flutuava no ar, com seu olhar a seguindo no sentido mais literal. Seus tentáculos cheios de olhos começaram a obter aquele lampejo perigoso.
— BEBEBEBEBEHOHOOOOOL!!
— Caraaamba, aí vem ele, aí vem ele…
Gritando com uma voz alta demais para ser coquete e suave demais para ser um grito, Alta-Elfa Arqueira saltou fora da frente. Obviamente, nem mesmo um elfo é mais rápido que a velocidade da luz. Desviar de um olho quando ele tentava mirar, sério? Isso é outra história.
O feixe brilhou silenciosamente, queimando a silhueta de Alta-Elfa Arqueira até as paredes antigas e o chão.
Há um pouco de satisfação nisso, pensou ela, sorrindo enquanto dançava agilmente para longe.
Sua irmã mais velha ou sua prima, ambas muito mais experiente que ela, poderia fazer ainda melhor. Deveria ter sido fácil para disparar no Olho Gigante enquanto fazia acrobacias para longe do seu Desintegrar.
Ela ainda tinha muito que aprender. Mas, ela não foi a primeira dos seus irmãos a seguir esse caminho.
Ela sabia que tinha tempo de sobra. Tempo sempre estava do lado de um elfo. Ao menos, desde que ela não se matasse.
Isso significava que o futuro era menos importante que concentrar tudo que ela tinha no presente momento. Alta-Elfa Arqueira saltava corajosamente pela sala sem preocupações, sem medo.
Nada poderia ter sido mais enfurecedor ao Olho Gigante.
— OOOOOLLDER!!
O olho grande principal girou mais rápido, tentando lançar mais ataques e mais precisamente.
— Oh-ho! Essa é a minha orelhuda! Ela aparenta estar indo bem por si mesma.
Tal fato fez a criatura tirar seus olhos — todos eles — de Anão Xamã, que estava rindo alegremente perto da entrada da capela.
Ele enfiou a mão na bolsa e tirou um jarro vermelho cheio de vinho. Uma fragrância extraordinária flutuou para fora quando ele o destampou e tragou tão rapidamente que algumas gotas pingaram em sua barba comprida.
Ele agitou o vinho em sua boca, depois espirrou alegremente no ar.
— Beba fundo, cante alto, deixe os espíritos te guiar! Cante alto, pise rápido, e quando dormir eles te vejam, que uma jarra de vinho de fogo esteja em seus sonhos para te cumprimentar!
E de fato, o jato dos espíritos voaram pela sala e envolveram o Olho Gigante.
— BE… DERRRR…?
Ele começou a balançar no ar, parecendo que cairia no chão.
Ninguém sabia o que o agente do caos sonharia quando finalmente adormecesse.
— Ahh — disse Anão Xamã alegremente — apenas olhem o que um homem pode fazer quando não está sendo menosprezado por um olho flutuante da morte. — Ele limpou a boca com a luva.
— …Bom. — Para o aceno de Anão Xamã, Matador de Goblins veio rapidamente para a capela. Ele não se movia nada parecido com a leveza de Alta-Elfa Arqueira, mas, mesmo assim, mostrava uma agilidade impressionante para alguém em uma armadura completa.
Enquanto corria, ele espalhava alguma coisa de um saco que ele tinha retirado da sua bolsa de itens. Pouco tempo depois, um rastro denso de pó branco estava flutuando atrás dele.
— O que é isso, Orcbolg? — perguntou Alta-Elfa Arqueira.
— Farinha de trigo. Não respirem ela.
— Tenho certeza que não sei o que você tem em mente, mas poderia ter dito isso mais cedo.
Ela franziu a testa e cobriu a boca, mas ele a ignorou enquanto lançava a farinha de trigo por todo o lugar.
Não demorou muito para que a capela apertada estivesse cheia dessa coisa.
Agora, o Olho Gigante estupefato — juntamente com tudo ao redor a uma polegada em frente dos seus rostos — foi escondido da vista.
— Ah, Corta-barba, orelhuda! A magia não vai durar muito mais tempo!
Antes que Matador de Goblins pudesse responder o anão, Alta-Elfa Arqueira estava se movendo.
— Por aqui, Orcbolg!
Os sentidos apurados da elfa a deixava ficar bem sem sua visão. Matador de Goblins seguiu a voz clara pela capela.
— Hrrah!
Quando Matador de Goblins saiu, Lagarto Sacerdote deu um passo à frente, jogando várias presas para dentro da entrada. Os ossos cresceram rapidamente e se juntaram, se erguendo na forma de um guerreiro portando uma espada e escudo. Os aventureiros estavam muito acostumados com esses temíveis esqueletos à essa altura, e esse aqui avançou para o salão.
Assistindo ele desaparecer na fumaça branquinha, Lagarto Sacerdote abriu a boca.
— Meu senhor Matador de Goblins, eu confio no meu Guerreiro Dragãodente, mas ainda assim não pode fazer face a Desintegrar.
— Sem problemas — disse Matador de Goblins, e se virou para Alta-Elfa Arqueira e Sacerdotisa. — Dispare uma flecha. Se você puder acertar o monstro, isso será o suficiente.
— Entretanto, isso irá interromper os efeitos de Estupor.
— Não importa. Depois você lança imediatamente Proteção na entrada. — Ele continuou calmamente: — Seu papel é crucial. Se falhar, todos morreremos.
— S-sim, senhor! — Ela assentiu tão confiantemente quanto pôde, apertando seu cajado com ambas as mãos.
— Você realmente não podia pensar em uma maneira melhor de dizer isso? — resmungou Alta-Elfa Arqueira, mas ela colocou uma flecha em seu arco. A corda sedosa sibilou quando ela a puxou tensionando, fixando o alvo da haste de galho de árvore.
Elfos arqueiros miram não com seus olhos, mas com a mente.
— …!
A flecha voou; eles nem sequer puderam ouvir o ar sendo cortado, apenas viram a silhueta tecendo quando ela penetrou a nuvem de pó.
Mas, ela não precisou ver nada para saber o que tinha acontecido.
— Consegui!
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fracos…!
Dessa vez, a Mãe Terra conseguiu conceder o milagre rezado da sua humilde seguidora.
Uma parede invisível selou a entrada da capela. Anão Xamã piscou várias vezes.
— O pó, a sala selada, espera, você não pode…
Matador de Goblins gritou:
— Tampem os ouvidos, abram a boca… e se abaixem!
— BE… HOOLLLOOHOHOHO!!
O Olho Gigante foi despertado do seu estupor por uma dor súbita e penetrante.
Ele viu seu olho transpassado por uma flecha ponta-broto. Havia pó por todo o lado; ele mal conseguia enxergar.
Mas, ele podia distinguir uma silhueta humanoide vindo em sua direção com arma na mão. Esses intrusos nunca iriam aprender? Se a criatura tivesse alguma coisa que pudéssemos reconhecer como sentimentos, ele estava provavelmente bastante irritado naquele momento.
Ele se virou, abrindo amplamente seus olhos e apontando seus tentáculos com olhos. Seu terrível Desintegrar acumulou calor suficiente para infligir dano crítico, e sua luz começou a brilhar…
— LDEEERRRRRRRR!!!
Inicialmente, Sacerdotisa não sabia o que aconteceu.
Ela pensou que talvez o lugar tivesse sido atingido por um raio.
Houve uma explosão.
Ela tinha ouvido uma série de sons de estouros; então a sala fora envolvida em uma bola de fogo. Quando se expandiu, ela dizimou tudo na capela, esmagando tudo com seu rugido e a fúria do seu calor.
— Hu… ah!
Sacerdotisa cobriu seu rosto; mesmo no outro lado da barreira de Proteção, estava suficientemente quente para se queimar.
Na extremidade da sua visão contraída, ela viu Alta-Elfa Arqueira curvada como uma bola e cobrindo desesperadamente suas orelhas. Pó caiu do teto, e as ruínas se abalaram tão violentamente que ela se perguntou se toda a estrutura não poderia vir abaixo.
Por fim, a fumaça ondulante começou a sumir.
— …Olhem — disse Matador de Goblins brevemente. Ele tinha se abaixado, mas fora isso, parecia imperturbado.
Alta-Elfa Arqueira deu uma espreitadela obediente para a capela e viu que o Olho Gigante ainda estava lá.
Lá em cima.
Ele deveria ter sido lançado para cima e batido no teto pela explosão. Os tentáculos enegrecidos do monstro se contorciam pateticamente. Um após o outro, eles caíram irresistivelmente, como se eles estivessem sendo arrancados…
Splaft.
Eles fizeram um nojento som de carne quando atingiram o chão no meio da sala. A criatura era apenas um pedaço de carne tostada agora. Ela convulsionou várias vezes, vomitando algum tipo de líquido, depois parou finalmente de se mexer.
Assim, o Observador, o monstro do caos invocado de outro reino, conheceu seu fim.
— …Parece que o truque funcionou — disse categoricamente Anão Xamã. Ele começou a se levantar lentamente.
Lagarto Sacerdote ofereceu a mão, balançando a língua. — Farinha de trigo, meu senhor Matador de Goblins? O que você fez exatamente?
— Uma coisa que ouvi de um mineiro de carvão. — Matador de Goblins entrou na capela com seu habitual passo ousado e despreocupado. — Ele disse que se uma faísca fosse acesa em uma sala cheia de pó, ela se espalharia rapidamente e depois explodiria.
Ele sacou a espada e a levou à criatura no chão, se certificando de que não reagiria. — Mas isso foi mais problemático elaborar do que eu esperava. E há muito risco de o fogo se propagar incontrolavelmente. Absolutamente muito perigoso. — Matador de Goblins balançou a cabeça e murmurou: — Isso não servirá de nada contra os goblins.
— E isso foi uma explosão! — Alta-Elfa Arqueira pôs suas orelhas para trás e criticou Matador de Goblins.
Ela deveria mesmo. Ele não tinha prometido? Mas, ele estava indiferente pela sua acusação.
— Não foi um ataque com fogo, água ou gás venenoso.
— Você está fugindo do ponto! Você… ahhh, esqueça.
Suspirando, Alta-Elfa Arqueira entrou questionando no salão de culto.
Eu sei que ele é uma boa pessoa, mas ele não é muito bom em manter o espírito das suas promessas.
Afortunadamente para eles, com o Olho Gigante despachado, parecia que não havia mais sinais de vida ali na sala. Esse agente do caos parecia ter sido o chefe dessa masmorra.
Talvez aquele aligátor, nadando nos esgotos como o dono do lugar, fora o mestre das ruínas anterior. Seja como for, ocorreu uma transferência de proprietário.
— Hmm… O que planejava fazer se não tivesse explodido? — perguntou Sacerdotisa, mantendo o ritmo com Matador de Goblins com passos pequenos.
— Como você disse, essa coisa só parecia interessada em defender esse lugar — respondeu ele, empurrando a criatura com o pé. — Poderíamos ter disparado flechas nele do corredor, depois correr antes dele se recompor. Faríamos isso até que morresse.
Matador de Goblins assentiu como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
— Leva tempo, mas é confiável.
— Argh. Isso não faz de mim a única que teria de fazer o trabalho todo? Me dá um tempo! — Alta-Elfa Arqueira tinha completado a inspeção da área, satisfeita que estavam seguros.
Por perto, Anão Xamã acariciou a barba, tentando não rir do tom resignado dela.
— Seria um problema para você, não é? Com todo esse exercício, você nunca vai engordar, e será uma tábua para sempre!
— Olha quem fala. Como se você pudesse aguentar perder uns quilos.
— Não seja tonta. Anões são a imagem viva de um físico excelente!
Lagarto Sacerdote deu de ombros, feliz, e revirou os olhos; Sacerdotisa pôs a mão na boca e riu.
Mesmo Alta-Elfa Arqueira se viu atraída a rir, e Anão Xamã riu calmamente seguindo ela.
Matador de Goblins não riu, mas…
— …
— Uff… — Com um suspiro, ele embainhou a espada que ele estava segurando com a mão direita até aquele momento.
O clima tenso que havia dominado suas explorações se dissipou, abrindo caminho para um sentimento surpreendente de conforto.
Eles tinham vencido.
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— Muito bem… Isso é muito intrigante.
A última risada tinha ecoado pela capela escura.
Lagarto Sacerdote apontou silenciosamente para a coisa que ainda pairava sobre o altar: um espelho de corpo inteiro gigantesco. A superfície dele tremulava como se fosse água, com ondulações estranhas se propagando.
O espelho e o trabalho em metal complexo e cativante em torno dele, não tinha sido muito danificado pela explosão. Não poderia ser mais que óbvio que isso não parecia um espelho normal.
— Poderia ser… um objeto de adoração? — Sacerdotisa se inclinou um pouco para frente, se aproximando do altar.
— Seria melhor você se abster de tocá-lo descuidadamente.
— Sim, mas… Não podemos o deixar de investigar, podemos?
— Nos falta um batedor ou um ladrão no grupo — disse Anão Xamã.
Sacerdotisa estendeu a mão com o dedo pálido e tocou suavemente a superfície do espelho.
Plim! Seu dedo afundou nele.
— …?!
Ela puxou instintivamente sua mão de volta, e a superfície do espelho ondulou como um lago. Ondas pequenas surgiram de onde ela tinha o tocado, percorrendo por toda a superfície.
— Oh! Uh, isso…
— Entrem em formação — ordenou Matador de Goblins, substituindo Sacerdotisa perto do espelho enquanto ela recuava apressadamente.
Cada um dos membros do grupo sacara suas armas e se prepararam para a batalha enquanto o espelho continuava oscilando. As ondulações na superfície se distorciam e giravam loucamente e, depois de um tempo, começou a brilhar com uma luz estranha.
Eles viram um deserto, eles não sabiam onde; estava coberto por uma areia verde peculiar. Um sol brilhava no céu crepuscular perturbadoramente morto.
Porém, o que atraiu a atenção deles, sobretudo, foi um dispositivo mecânico bizarro enorme. Pequenas silhuetas humanas se esforçavam em o empurrar; enquanto se movia, ele balançava lentamente, como uma munição de morteiro em um trilho.
Não… eles não eram humanos. Matador de Goblins sabia o que eles eram.
— …Goblins.
Era uma gangue de diabinhos cruéis. Outro goblin, com um chicote na mão e a boca bem aberta — gritando com raiva, sem dúvida — tentava os apressar ao trabalho. O que estavam fazendo e qual o propósito? Era temível até de imaginar.
Relativo à máquina e suas engrenagens enormes, eram feitas de ossos humanos.
— Mas que coisa é essa…?
— O lar dos goblins, eu acho.
Ao lado de uma Sacerdotisa tremendo, Lagarto Sacerdote assentiu lentamente. Ele foi em frente com um ritmo calmo e tocou o espelho de novo com a garra de uma mão escamada…
Subitamente, a imagem no espelho se distorceu.
Ela se comprimiu, percorreu para um lado, girou, e começou a se dissipar como se tivesse sido apanhado por uma tempestade de areia.
— Oh…!
Alta-Elfa Arqueira exclamou com a cena pouco visível no panorama agitado. Suas orelhas compridas balançaram, e ela apontou com sua mão maravilhosa e gritou: — Olhem para isso! — Todo mundo olhou. — Agora mesmo eu vi… eu vi as ruínas daquela selva! Onde fomos outro dia!
— Na selva? — murmurou Matador de Goblins. — Aquela com os goblins anormalmente bem equipados?
— Isso é tudo o que lembra sobre ela? Mas, sim. É essa mesma. — Alta-Elfa Arqueira assentiu para Matador de Goblins, com suas orelhas balançando de entusiasmo. — Quais são as chances de que eles foram enviados daqui?
— Você acha que isso é uma relíquia antiga que pode produzir um Portal? — sussurrou Anão Xamã, como se ele não pudesse acreditar.
Ele tinha uma boa razão para não acreditar. Portal, uma magia que poderia conectar dois lugares, se perdera há muito tempo.
Pergaminhos como aquele que Matador de Goblins tinha usado eram praticamente os únicos lugares onde se poderia encontrar a magia agora. E mesmo esses eram itens caros que foram obtidos de ruínas antigas primeiro.
A ideia de um item mágico que pudesse invocar essa magia elusiva a qualquer momento era incompreensível. Os aventureiros, é claro, não sabiam exatamente como o usar, mas se eles pudessem descobrir como…
Imaginem só o preço que isso valeria. Mais do que eles podiam imaginar.
— Então alguém estava invocando goblins com essa coisa…
Alta-Elfa Arqueira recuou lentamente do espelho como se pudesse a atacar.
— …lhes deu armas e os fez viver aqui embaixo…
Anão Xamã captou o raciocínio, fechando um dos olhos e fazendo uma careta para o espelho.
— …e então aquela besta imunda estava o vigiando.
Lagarto Sacerdote terminou com uma pancada com sua cauda.
— O que faremos, Matador de Goblins, senhor…?
Sacerdotisa olhou aflita para ele.
Matador de Goblins não respondeu.
— Não… — Ele balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro, depois se afastou com um passo ousado e decidido.
Ele rolou o cadáver do Olho Gigante com seu pé, pegando um pano encharcado que só poderia ser visto por baixo.
Ele provavelmente fora levado para lá pela explosão. Estava chamuscado, coberto de fuligem e imundo, mas, quando ele o desamarrotou, um estandarte de guerra horrível foi revelado. Havia um desenho bruto no pigmento vermelho-enegrecido de sangue seco.
Um simples olho.
A imagem era infantil, mas o que ela significava era assustadoramente clara.
O brasão significava que eles teriam retribuição pelo olho roubado. Era o símbolo dos goblins, a prova de que os aventureiros tinham encontrado a sua cidadela.
— Eu sabia que era goblins — murmurou Matador de Goblins.
Como se estivessem respondendo, vozes uivantes vieram das profundezas da terra.
Vozes de ódio imenso. Vozes de ciúmes e luxúria. Vozes que procuravam roubar, violar, matar. Gritos cruéis cheios de ganância.
Dos confins desse buraco sujo, os barulhos vieram da escuridão que parecia a província dos pesadelos.
— …Ee…
Sacerdotisa apertou seu cajado com as duas mãos e tremeu. Ela conhecia esses sons, os conhecia de uma forma que a enojava. Essas vozes… esses goblins…!
— Ah-ha… Nossa explosão deve ter repercutido até eles. — Lagarto Sacerdote exalou uma grande quantidade de oxigênio, esticando o pescoço.
As vozes pareciam vir de todos os lugares, de cada um dos inúmeros corredores que levavam para fora da capela. Passos e ecos das armas e equipamentos retinindo uns sobre os outros, se aproximando.
Eles não tinham muito tempo.
— Se é daqui que esses diabinhos estão vindo, então não podemos o ignorar.
— Então, você está dizendo…
Anão Xamã pegou sua garrafa de vinho de fogo e deu uma boa golada.
Seu rosto se enrijeceu e se tornou um pouco vermelho, depois mostrou subitamente um sorriso estranho, como se para afastar a sua consternação.
— …eles estão vindo para tomar esse lugar de volta?
— Ei… Ah, cara… Não podemos ter um descanso? — Alta-Elfa Arqueira se sentou debilmente. Suas orelhas caíram penosamente, toda a sua energia de momentos atrás se foi. Seu rosto delicado abaixou, e parecia que ela iria chorar.
Sacerdotisa se aproximou dela, com uma expressão muito semelhante. Com medo, tremendo, mãos rígidas, ela agarrou tão forte seu cajado de monge que sua pele começou a ficar branca, e seus olhos estavam tremendo.
Mas, ela olhou para Matador de Goblins, embora não de modo suplicante nem em desespero. Ela olhou diretamente para ele.
— Matador de Goblins, senhor.
Seu sussurro baixo fez com que todo mundo se focasse nele. Assim como eles tinha feito com o ogro, assim como eles tinham feito com o senhor goblin, então eles fizeram agora. Nos seus momentos mais terríveis, esse era o homem que poderia fazer algo. Pode ser que tenha parecido que eles estavam desistindo, mas não estavam, não exatamente.
Se o fizessem, quem iria recorrer a Matador de Goblins como um líder?
Nos termos mais amplos, era uma espécie de confiança.
— ……
Matador de Goblins analisou silenciosamente toda a sala.
A capela desmoronando. O espelho contendo o poder incrível de Portal. Os goblins se aproximando por todas as direções. Os quatro aventureiros exaustos.
Eles tinham sido completamente encurralados em um beco sem saída, ou tinham eles?
— O que eu tenho no meu bolso…?
Ele não estava à procura de uma resposta, estava apenas falando consigo mesmo. Era uma adivinha que ele nunca tinha compreendido. Mesmo agora, ele não sabia se entendia.
Não havia nada ali… exceto a sua mão.
Uma mão que podia segurar nada. Ou tudo.
Não foi sempre assim?
E se foi, então…
— …
Ele olhou para Alta-Elfa Arqueira, que não fez nenhum movimento para fugir apesar do seu medo óbvio.
Para Anão Xamã, fortalecendo sua coragem com vinho.
Para Lagarto Sacerdote, que estava se preparando para a batalha se aproximando.
Para Sacerdotisa, que estava olhando diretamente para ele.
Então ele assentiu e disse tranquilamente:
— Não se preocupem.
Era impossível decifrar sua expressão por trás daquele elmo de aço.
Mas, para Sacerdotisa, não, para todos eles, seus únicos companheiros no mundo…
— Isso não será um problema.
…parecia que, mesmo tão baixinho, ele estava rindo.
Tradução: Kakasplat (3 Lobos)
Revisão: JZanin (3 Lobos)
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