Matador de Goblins

Matador de Goblins – Vol. 01 – Cap. 08 – Matança de Goblins

 

 

A responsabilidade de proporcionar uma escolta para a prisioneira elfa voltar para a floresta caiu sobre Lagarto Sacerdote.

Ele pegou várias presas pequenas de sua bolsa e as espalhou no chão.

Ó chifres e garras do nosso pai, Iguanodon — entoou ele — seus quatro membros se tornam duas pernas para andar sobre a terra.

Quando ele falou, as presas no chão chacoalharam e começaram a aumentar de tamanho. Um momento depois, elas formaram o esqueleto de um homem-lagarto, que curvou a cabeça para Lagarto Sacerdote e se ajoelhou.

— Esse é o guerreiro dragãodente, um milagre que recebi de meu pai — explicou ele.

— Quão bem ele luta? — perguntou Matador de Goblins.

— Tão bem quanto eu mesmo, ele pode lidar com um ou dois goblins se a necessidade surgir.

O homem-lagarto escreveu uma carta explicando a situação e entregou ao guerreiro dragãodente, após o qual a criatura ergueu a elfa sobre seu ombro e partiu.

Entre isso e Cura Menor, o grupo agora havia usado dois dos seus milagres. Ninguém contestou.

— Mas que raio…? O que está acontecendo aqui? — se queixou Alta-Elfa Arqueira, agachada na sujeira. Sacerdotisa deu uns tapinhas em suas costas.

Estranhamente, embora eles ainda estivessem no local cheio de sujeira, já não notavam o cheiro.

Acho que devemos ter se acostumado.

Sacerdotisa deu um sorriso pesaroso. Seus braços e pernas tremiam um pouco.

Anão Xamã estava puxando firmemente sua barba e fazendo cara feia. Alegando que se sentia indisposto, ele fora ficar na porta do local. O guerreiro dragãodente, carregando a elfa, passou por ele.

Matador de Goblins tinha suas costas viradas para tudo isso. Ele vasculhou a bagunça, empurrando as coisas ao redor, as jogando de lado, até que finalmente pegou algo do lixo.

Era uma mochila de lona, destinada claramente a um aventureiro. Os goblins haviam metido suas garras no interior, embora tivessem a jogado fora. Talvez tivessem se cansado dela. Estava muito suja. Matador de Goblins, também, começou a vasculhar dentro.

— Ah, sabia que tinha que estar aqui. — Ele pegou um pedaço enrolado de papel, já amarelado pela idade.

— O que é isso? — perguntou baixinho Sacerdotisa, enquanto dava palmadinhas nas costas da elfa.

— Deve ter pertencido a essa prisioneira — disse Matador de Goblins, desenrolando calmamente o papel; não, era uma folha seca. Com o dedo, ele traçou as linhas fluidas que estavam desenhados nela, e depois assentiu como se tivesse encontrado o que queria.

— É um mapa dessas ruínas.

— Essa elfa deve ter o usado para se orientar… — Havia uma boa chance de que, infelizmente, ela não soubesse que as ruínas se tornaram um ninho de goblins. Levando em conta que entrar em algumas ruínas abandonadas era uma aventura, o destino que ela sofreu foi certamente um resultado possível.

O fato deles terem chegado a tempo de salvar ela foi pura sorte. Por mais que Sacerdotisa odiasse admitir.

— O caminho da esquerda conduz a uma galeria — disse Matador de Goblins, estudando o mapa atentamente — que está ao lado de um átrio. Quase que posso assegurar que a maior parte da horda está lá. É o único lugar grande o suficiente para que todos eles durmam. — Ele dobrou o mapa e colocou em sua própria bolsa. — Parece que a esquerda era a escolha correta.

— Hmph. — O anão deu um resmungo ofendido.

Matador de Goblins também pegou alguns frascos de pomada e outros itens pequenos da mochila.

E então, sem preâmbulo, ele jogou a bolsa para Alta-Elfa Arqueira.

Ela ficou confusa.

— Você leva.

Quando Alta-Elfa Arqueira pôs a mochila, ela olhou para cima. Os cantos dos olhos dela estavam vermelhos e inchados de tanto esfregar; ela parecia muito desconfortável.

— Vamos.

— Espera aí, você não pode falar assim com…

— Está tudo bem. — A elfa cortou o discurso indignado de Sacerdotisa.

— Nós… nós temos que nos apressar.

— Isso mesmo — disse Matador de Goblins calmamente. — Temos que matar esses goblins. — Ele andou com seus passos ousados, de certa forma violentos. Sobre a porta desabada ele foi, deixando o lugar cheio de lixo para trás.

Ele não olhou para trás.

— E-ei, espere…!

A elfa gritou e correu para segui-lo enquanto Sacerdotisa foi junto em silêncio.

Os dois aventureiros restantes olharam um para o outro.

— …Deuses do céu — suspirou o anão, torcendo sua barba. — Ele é uma figura, isso sim. Me pergunto se ele é mesmo humano.

— Ouvi dizer que Eotyrannus, o Tirano da Alvorada, era assim também. Parece que as histórias não são completamente falsas. — O homem-lagarto revirou bem os olhos.

— Talvez você tenha que ser um pouco louco para ser bom nesse trabalho.

— Seja como for, devemos ir. Eu, pessoalmente, não posso perdoar essas criaturas.

— Nem eu, Escamoso. Os goblins são antigos inimigos dos anões, se pensar nisso.

Anão Xamã e Lagarto Sacerdote olharam um para o outro, então foram atrás de Matador de Goblins.

O caminho da esquerda se torcia como um labirinto. Isso era natural para uma fortaleza. Se não conhece o terreno, você nunca saberia para onde ir.

Mas eles tinham o mapa deixado pela elfa e duas pessoas procuravam atentamente por armadilhas. Eles encontraram várias patrulhas de goblins em seu caminho pela fortaleza, mas não foi nada inesperado. Alta-Elfa Arqueira disparou suas flechas neles com seu arco curto, e se ela falhasse em os deter, Matador de Goblins entraria na luta e acabaria com eles.

No fim, nem um único goblin sobreviveu ao seu encontro com o grupo.

Sacerdotisa olhou discretamente para o rosto da elfa, tenso como uma corda esticada.

Ela viu os disparos quase milagrosos da elfa na entrada das ruínas. A ideia de que suas flechas pudessem falhar em parar seus alvos parecia quase insondável…

Matador de Goblins, porém, não parecia se importar. Ele avançava com os mesmos passos calmos de sempre.

Finalmente, eles chegaram ao último lugar para dar um descanso antes da galeria.

— Quantas magias ainda temos? — perguntou Matador de Goblins silenciosamente. Ele ficou perto da parede, trocando sua arma.

Alta-Elfa Arqueira estava agachada no canto, e Sacerdotisa se moveu para ficar perto dela, lhe oferecendo um tapinha no ombro. — Hum, eu usei Cura Menor uma vez, então… tenho dois milagres sobrando — disse ela.

— Eu invoquei um guerreiro dragãodente só uma vez — disse o homem-lagarto. — Eu, também, posso usar até três milagres, mas… — Com sua cauda sacudindo de um lado para o outro, ele enfiou a mão em sua bolsa e tirou um punhado de dentes. — O milagre do guerreiro dragãodente exige uma matéria-prima. Eu só posso o realizar talvez mais uma vez.

— Eu entendo. — Matador de Goblins assentiu. Seu olhar caiu sobre o anão. — E quanto a você?

— Bem, vejamos… — O anão começou a contar com seus dedos pequenos, murmurando “um, dois…” em voz baixa. — Depende da magia — concluiu ele — mas digamos quatro vezes, talvez cinco. Bem, quatro com certeza. Não se preocupe.

— Entendi.

O número de vezes que um conjurador poderia usar suas magias aumentava com seu ranque, mas não drasticamente. O poder real dos conjuradores estava na variedade e dificuldade das magias que poderiam lançar. Se eles não fossem um aventureiro ranque platina — e ainda assim, um com um dom notável — o número de vezes que eles poderiam conjurar por dia era limitado.

Isso significava que todas as magias eram preciosas. As desperdice e morra.

— Hum, quer beber alguma coisa? Consegue beber?

— Obrigada. — Alta-Elfa Arqueira pegou o cantil que Sacerdotisa lhe ofereceu e o colocou em seus lábios.

Ela fizera tudo, mas em silêncio até esse momento. A elfa sempre recebeu as preocupações de Sacerdotisa com um sorriso fraquinho e balançando a cabeça.

Quem poderia a culpar?, pensou Sacerdotisa. Depois de ver o que aconteceu com a outra elfa assim

Sacerdotisa mesma às vezes sonhava com o que aconteceu com seus antigos companheiros.

Naquela época, ela e Matador de Goblins pegaram uma missão atrás da outra quase sem parar. Olhando para trás, ela estava feliz que não tivesse tempo para parar e pensar.

— Não coloque muito em seu estômago. Isso reduzirá seu fluxo sanguíneo — disse Matador de Goblins calmamente. — Você não reagirá tão rapidamente.

Ele não dizia isso para benefício da elfa. Era apenas uma prática. Ele estava se certificando de que todos estivessem cientes.

Sacerdotisa parou, como se cobrindo inconscientemente a elfa. — Matador de Goblins, senhor! — disse ela. — Você não poderia ser… um pouco mais…?

— Não quero enganar ninguém — disse ele balançando a cabeça lentamente. — Se estiver apta a me acompanhar, então se junte a mim. Se não estiver, então volte. É muito simples.

— …Não seja ridículo — disse a elfa, limpando as gotas de água em sua boca. — Eu sou uma patrulheira. Orcbolg… você, até você, não poderia explorar, procurar por armadilhas e lutar sozinho.

— Aqueles que podem devem fazer o que são capazes.

— Estou dizendo que nós não temos a força. Somos apenas cinco.

— Números não são o problema. Seria muito pior deixar esse lugar assim.

— Ah, pelo amor dos deuses! — A elfa agarrou seus cabelos. Suas orelhas apontaram para trás. — O que está acontecendo aqui? Nem sequer sei mais…

— …Vai voltar, então?

— Como eu poderia?! Depois de ver o que fizeram a essa prisioneira?! E a minha casa… Minha casa não está tão longe daqui…

“Entendo” foi sua única resposta para a arqueira agitada. — Nesse caso, vamos. — Com isso, ele ficou de pé, anunciando o fim de sua breve pausa.

Matador de Goblins foi em frente sem outras palavras. A elfa olhou com ódio para as costas dele, rangendo os dentes.

— Se acalme, Orelhuda. O território inimigo não é o lugar para começar uma briga.

Houve uma pausa. — Você está certo — disse a elfa.

O anão deu uns tapinhas gentilmente em suas costas. As orelhas longas da elfa caíram.

— Sinto muito. Eu odeio concordar com um anão. Mesmo quando está certo.

— Ah, essa é a orelhuda que eu conheço!

Com o arco curto na mão, a elfa partiu. Sacerdotisa se curvou um pouco para o anão enquanto passava. O anão seguiu, revirando sua mochila. E o homem-lagarto mais uma vez compôs a cauda das suas linhas.

— Todo cuidado é pouco — disse o anão.

— De fato. Devo fazer preparativos para rezar. — O homem-lagarto fez seu gesto estranho das palmas juntas.

 

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Seguindo o mapa, o grupo logo encontrou a galeria.

A elfa foi na frente, nas pontas de seus pés como um gato espreitando. Ela gesticulou para os outros sobre como proceder.

Por isso ela foi a primeira a ver o vasto salão.

Tal como o mapa mostrava, a galeria ficava ao lado de um átrio enorme. O teto tinha que ser tão alto quanto o nível do solo. Os elfos viviam por milhares de anos, e ali dificilmente poderia ter tido um morador da floresta tão antigo quanto esse lugar.

Apesar de sua idade, as paredes de pedra branca ainda exibiam ilustrações impressionantes das batalhas da Era dos Deuses. Os deuses belos lutando com os abomináveis, espadas cintilando, raios voando, até finalmente chegar aos dados.

Era uma representação da criação do mundo. Se esse lugar fora outrora uma fortaleza, o que os soldados daqui sentiam ao ver isso? Se as circunstâncias fossem diferentes, Alta-Elfa Arqueira teria deixado escapar um suspiro fascinado.

Mas as circunstâncias não eram diferentes, e ela manteve a boca fechada.

Ela se inclinou sobre a balaustrada da galeria e espiou o átrio. Por um muro que se erguia absoluto como um penhasco, ela pôde ver goblins.

E não um ou dois. Nem mesmo dez ou vinte.

Um vasto exército. Cinco aventureiros não podiam contar o número com seus dedos em conjunto.

A elfa engoliu em seco. A fúria abrasadora em seu peito ficou fria de repente.

Aquela prisioneira pôde ter sido feita de brinquedo por cada goblin nesse lugar. A elfa gravou de repente o que poderia acontecer com ela no menor dos deslizes.

Ela não possuía a coragem para enfrentar isso sozinha. Ela mordeu os lábios para parar seus dentes de rangerem.

— Como está?

A elfa quase saltou de surpresa. As suas orelhas voaram para trás.

Como Matador de Goblins aparecera ao lado dela sem notar?

Em parte, a elfa esteve focada em outras coisas. Mas Matador de Goblins se moveu agora com uma sutileza que ela nunca poderia ter imaginado a partir de seu passo violento habitual. Ele não fez nenhum barulho.

Ele não estava segurando uma tocha, talvez por preocupação de ser visto.

— N-não me assuste assim…

— Foi sem querer.

A elfa olhou furiosamente para o capacete de aço. Ela limpou o suor que surgiu em sua testa.

— De qualquer forma, veja por si mesmo. Eles são muitos.

— Não será um problema — disse Matador de Goblins calmamente.

Ele gesticulou para os outros membros do grupo para se juntarem a eles, depois explicou seu plano.

Ninguém argumentou.

 

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O primeiro a notar algo incomum foi um goblin que saiu da cama. Era quase a hora de mudar a guarda, mas a última patrulha ainda não voltara.

Bem, talvez ele tivesse ido atormentar aquela elfa um pouco mais. Verdade, não era tão divertido agora que seus gritos estavam ficando mais fracos. Com sorte, eles apanhariam outra em breve.

Sem ele saber, uma oportunidade para fazer exatamente isso estava a caminho.

O goblin fez um bom alongamento, afrouxando seu corpo fino e deixando sua barriga saliente se pender. Assim que seu alongamento se tornou um bocejo, ele viu algo estranho empoleirado sobre a galeria.

Um anão.

Um anão emborcando o conteúdo de uma jarra vermelha.

— GUI…?

Naquele momento, o anão olhou para o goblin desnorteado e cuspiu nele. O cuspe veio abaixo como uma névoa.

O goblin espirrou. Isso era licor! Aquele anão lhe cuspiu álcool!

Beba fundo, cante alto, deixe os espíritos te guiar! Cante alto, pise rápido, e quando você dorme eles te vejam, que uma jarra de vinho de fogo esteja em seus sonhos para te cumprimentar! — E então, mais uma vez, o anão deixou algumas gotas de sua bebida escorrer no monstro confuso.

O goblin estava totalmente perplexo com tudo isso, mas ele estava ciente o suficiente para alertar seus companheiros. Ele abriu a boca e…

…não fez nenhum som.

Sua língua se moveu e ele respirou, mas sua voz não saiu.

Então, por que acha que isso aconteceu?

Olhando atentamente, o goblin pôde ver uma linda garota humana ao lado do anão, agitando um cajado de monge.

— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, nos conceda paz para aceitar todas as coisas…

O goblin não pareceu entender as palavras que a voz baixa dizia. As engrenagens enferrujadas em sua pequena cabeça se tornaram tão rápidas quanto podiam, mas de alguma forma ele se sentia tonto e um pouco… agradável.

A última patrulha ainda não voltou. Por que não tirar mais outro cochilo até eles voltarem?

Ele deu um bom bocejo e voltou para a cama.

E depois morreu.

Ele nunca soube que fora vítima de Silêncio e Estupor. Matador de Goblins cortou a sua garganta com uma adaga antes de ele ter tido a chance de descobrir. O goblin abriu os olhos, o sangue surgiu da ferida, mas Matador de Goblins pressionou mais a adaga e o matou.

Alta-Elfa Arqueira e Lagarto Sacerdote desceram da galeria sem fazer barulho e colocaram suas armas para trabalhar por todo o grande salão. Eles tinham que se mover rapidamente a fim de terminar o serviço enquanto as magias lançadas por Sacerdotisa e o anão ainda estivessem ativas.

Eles tinham que ser calmos, implacáveis. Cortar a garganta de um goblin dormindo, o esmagar até ele parar de se mover e então partir para o próximo. Não era uma batalha. Era só um trabalho.

Mas não era um trabalho fácil. A elfa fez um som baixo de cansaço. Ao cortar a terceira ou quarta garganta goblin, ela não podia mais esconder o esforço que aquilo estava exigindo dela.

O suor formava gotas em sua testa. A lâmina de sua faca de pedra estava empapada de gordura que não sairia não importa o quão bem ela limpasse.

Ela olhou em volta, tentando ver o que seus companheiros estavam fazendo. O homem-lagarto carregava uma espada feita de dente polido de algum animal. A lâmina branca já ficara vermelha, mas o fio de corte não parecia ter ficado cego. Ela realmente devia ter sido forjada por algum poder milagroso.

Matador de Goblins, é claro, se movia facilmente de uma garganta para outra.

E ele nem sequer tem uma arma especial. Alta-Elfa Arqueira observou as mãos dele com a perspicuidade da visão que apenas um caçador élfico possuía. Quando ele matou outro goblin, ele cortou alguns dedos para liberar a adaga de sua mão, e trocou sua lâmina cega por essa nova.

Entendi. A elfa deslizou sua própria lâmina de volta a bainha e o imitou.

Ela começou a matar mais dos monstros adormecidos. Cada um morreu sem saber que não foi o primeiro e não seria o último.

E no meio do massacre, a elfa viu sua raiva diminuindo.

Não era que tivesse esquecido a visão terrível da outra elfa. Isso era impossível. E mesmo assim…

— ………

Em seu coração, havia uma frieza mecânica, estranha e nova.

Ela engoliu em seco inconscientemente. Os olhos dela começaram a divagar… na direção do homem, com sua armadura barata de couro e elmo de aço, que ainda cortava indiferentemente as gargantas dos goblins. Enquanto ele fazia seu trabalho, ele tomava um tempo extra para apunhalar cada corpo duas vezes, para assegurar que estava morto.

Como ele pode pensar em fazer isso sozinho? …Bem, acho que ele sempre trabalhou sozinho antes.

O que ela estava pensando desse homem? A elfa não sabia, mas mesmo enquanto fazia essa pergunta, suas mãos estavam arrancando a faca dos dedos de um goblin.

Eles acabaram de matar cada goblin no salão grande em pouco menos de trinta minutos.

A bela pedra branca, os desenhos cativantes nas paredes; tudo estava encharcado de sangue de goblin.

Quando chamam o campo de batalha de um mar de sangue, eles não estão brincando, pensou a elfa.

Por fim, o anão e Sacerdotisa vieram sem fôlego da galeria. Matador de Goblins olhou para os aventureiros reunidos, depois apontou para mais profundamente adentro com a espada. Ele estava coberto de sangue da cabeça aos pés, mas… para a elfa, isso fazia pouca diferença. O mapa deixava claro que existia outro cômodo mais para dentro. Eles procurariam por sobreviventes e os matariam.

Seus olhos encontraram os dele; pelo menos, ela pensou que sim, embora não conseguisse ver através do capacete dele. Com um aceno, Matador de Goblins partiu com seus passos ousados. Como sempre, ele não olhou para trás.

Todo mundo estava em silêncio. O que ele faria se ninguém o notasse saindo?

Deuses.

O grupo se entreolhou e sorriu silenciosamente.

Foi Sacerdotisa que seguiu atrás dele primeiro. A elfa foi depois, com seu arco curto tão pesado quanto chumbo em suas mãos. E, finalmente, o homem-lagarto e o anão se juntaram a eles, o grupo todo preparado para sair do salão… e foi quando aconteceu.

Houve um baque de ar. No silêncio, foi quase o suficiente para os abalar.

Todos ficaram imóveis, olhando na direção que pretendiam se aventurar.

Matador de Goblins ergueu rapidamente seu escudo e desembainhou a espada — uma das lâminas que ele tirou de um goblin — com sua atenção jamais vacilando.

Houve outro barulho, mais perto do que o primeiro. Algo estava chegando.

Então, da escuridão, ele emergiu.

 

 

 

Ele possuía um grande corpo azul-escuro. Chifres cresceram em sua testa, e um odor pútrido os assaltava com cada respiração da criatura. Em suas mãos havia um martelo de guerra enorme.

Os olhos da elfa se arregalaram de choque, e sua voz saiu em um sussurro tenso. — Ogro…!

A primeira coisa que eles ouviram quando o som foi restabelecido no local, foi o eco dessa palavra.

 


 

Tradução: Equipe 3Lobos

Revisão: Equipe 3Lobos

 

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