Como ela deveria olhar para o homem — Matador de Goblins — enquanto se sentava atônita, esquecendo até a dor em seu ombro? Ele se aproximou até que pairasse sobre ela, assustando Sacerdotisa e a fazendo tremer.
Mesmo agora, tão próximo e com a tocha o iluminando, sua viseira escondia seu rosto e ela não podia ver os olhos dele. Era como se a armadura estivesse cheia com a mesma escuridão da caverna.
— Você acabou de se registrar? — perguntou calmamente Matador de Goblins, notando a insígnia pendurada em seu pescoço. Ele também possuía uma. Ele balançou suavemente a luz da tocha, que ele colocara no chão. A cor refletida vagamente naquela pequena reminiscência de luz, era uma incontestável prata.
Sacerdotisa soltou um pequeno “Oh…”. Ela sabia o que essa cor significava. Era a terceira maior posição no ranque do sistema de dez níveis da guilda.
Apenas algumas pessoas na história alcançaram o ranque platina, e os de ranque ouro normalmente trabalhavam para o governo nacional, mas depois deles vinham os pratas, indicando alguns dos mais hábeis aventureiros não afiliados que exerciam seus ofícios independente.
— Você é… ranque prata. — Ele era um veterano experiente que dificilmente poderia estar mais distante de Sacerdotisa ranque porcelana.
“Eu tenho certeza de que se vocês esperarem um tempo, outros aventureiros irão aparecer…”
Poderia ter sido esse o aventureiro sobre quem Garota da Guilda havia falado?
— Então você consegue falar.
— Hã?
— Você tem sorte.
As mãos de Matador de Goblins se moveram tão facilmente, que ela não teve tempo de reagir.
— O qu…? Ahh!
A ponta da flecha rasgou a carne dela quando ele a puxou, a onda súbita de dor deixou Sacerdotisa sem fôlego. Sangue fluiu da ferida enquanto os olhos dela se enchiam de lágrimas.
Com o mesmo jeito casual, Matador de Goblins alcançou uma bolsa em seu cinto e pegou um frasco pequeno.
— Beba isso.
Através do vidro claro, ela viu um líquido verde que emitia uma fosforescência suave: uma poção de cura.
Justo o que Sacerdotisa e seu grupo precisavam, mas não possuíam dinheiro nem tempo de comprar.
Ela poderia ter simplesmente pegado ele, mas, em vez disso, olhou para frente e para trás, entre o frasco e Maga ferida.
— S-senhor! — Para sua surpresa, quando ela conseguiu fazer sua voz funcionar mais uma vez, as palavras brotaram dela. — N-não podemos dar a ela? Meu milagre não conseguiu…
— Onde ela está ferida? O que aconteceu?
— F-foi uma adaga… em seu estômago…
— Uma adaga…
Matador de Goblins sentia que o abdômen de Maga, de certo, estava bem. Quando cutucou ele com um dedo, ela tossiu mais sangue. Ao longo do seu exame rápido, ele nem sequer olhou para Sacerdotisa, que abraçava de forma protetora Maga. Então ele disse sem rodeios: — Desista.
Chocada, Sacerdotisa ficou pálida e engoliu em seco. Ela abraçou mais forte Maga.
— Olhe. — Matador de Goblins tirou a adaga ainda alojada na malha sob seu ombro. Um líquido viscoso e escuro que ela não conseguia identificar estava cobrindo toda a lâmina.
— Veneno.
— V-veneno…?
— Eles o fazem a partir de uma mistura de suas próprias salivas e excrementos, juntamente com ervas que eles encontram na natureza.
“Você tem sorte.”
Sacerdotisa engoliu em seco outra vez quando o significado completo das palavras de Matador de Goblins vieram à tona.
Foi sorte a ponta da flecha não ter sido mergulhada em veneno, senão ela não estaria aqui. Foi sorte o goblin com a adaga não ter a atacado primeiro…
— Quando esse veneno entra no organismo, primeiro a pessoa terá problemas respiratório. Sua língua começará a espasmar, depois todo seu corpo. Logo, se desenvolverá uma febre, perderá a consciência e então morrerá.
Ele limpou a lâmina lascada com a tanga do goblin e a escondeu no cinto, então murmurou por dentro do capacete: — Eles são criaturas muito traiçoeiras.
— S-se ela foi envenenada, só precisamos a curar, certo…?
— Se você quer dizer um antídoto, então eu tenho um, mas o veneno está nela há muito tempo. É tarde demais.
— Oh…!
Nesse momento, os olhos ondulados de Maga se focalizaram muito brevemente. Ela gorgolejou com o sangue em sua garganta, e com os lábios tremendo, formou palavras sem som, sem voz. — … e… ate…
— Entendido.
Não muito tempo depois que disse isso, Matador de Goblins cortou a garganta de Maga.
Maga espasmou, deu um gemido baixo, então tossiu um bocado de sangue espumento e morreu.
Inspecionando a lâmina, Matador de Goblins estalou a língua quando viu que foi embotada pela gordura.
— Não fique triste — disse ele.
— Como pode dizer isso?! — exclamou Sacerdotisa. — Talvez… talvez nós ainda pudéssemos ter… ajudado ela… — Ela apertou o corpo de Maga, que estava flácido e sem vida.
Mas…
Ela não conseguia achar o resto das palavras. Maga realmente esteve além da salvação? E se assim fosse, a matar seria uma gentileza? Sacerdotisa não sabia.
Ela só sabia que ainda não conseguira o milagre de cura, o qual neutralizava venenos. Havia um antídoto aqui, mas pertencia ao homem à frente dela. Não era dela para fazer o que quisesse. Sacerdotisa se sentou tremendo no chão, incapaz de beber a poção ou mesmo de se levantar.
— Ouça — disse bruscamente Matador de Goblins. — Esses monstros não são brilhantes, mas também não são tolos. Eles foram ao menos, inteligentes o suficiente para eliminar primeiro seu conjurador. — Ele fez uma pausa, depois apontou. — Olhe ali.
Pendurado na parede, estava um rato morto e uma pena de corvo. — Isso são totens dos goblins. Há um xamã aqui.
— Um xamã…?
— Você não sabe nada sobre xamãs?
Sacerdotisa balançou a cabeça com dificuldade.
— Eles são conjuradores. Melhores do que sua amiga aqui.
Goblins conjuradores? Sacerdotisa nunca ouviu falar em tal coisa. Se tivesse, talvez seu grupo ainda estivesse vivo…
Não.
Ela se resignou ao pensamento em seu coração. Mesmo que soubessem, eles não teriam considerado esses xamãs algo para se temer. Goblins eram presas fracas, uma forma de os aventureiros novos adquirirem experiência.
Ou assim ela acreditava até mais cedo naquele dia.
— Você viu algum grandão? — Matador de Goblins analisou seu rosto novamente, enquanto se ajoelhava no chão.
Dessa vez — mesmo que mal — ela pôde ver seus olhos. Uma luz fria, quase mecânica, brilhava dentro desse capacete sujo.
Sacerdotisa se agitou e se tensionou, perturbada pelo olhar implacável que a olhava de dentro do elmo. Ela de repente se lembrou da umidade quente em suas pernas.
Ela fora atacada por goblins, assistiu seus amigos morrerem em instantes, viu sua equipe praticamente aniquilada e ela sobrevivera sozinha.
Parecia irreal.
A dor latejante em seu ombro e a humilhação de se molhar, por outro lado, era inegável.
— S-sim, havia um… eu acho… Ficar só fugindo, me tomou toda concentração que tinha… — Ela balançou fracamente a cabeça, tentando trazer a memória ofuscada.
— Esse era um hobgoblin. Talvez eles tenham pegado um viajante como guarda.
— Um hob… Você quer dizer uma fada do lar?
— Parente distante.
Matador de Goblins verificou suas armas e armadura, depois se levantou. — Eu seguirei o túnel deles. Tenho que lidar com eles aqui.
Sacerdotisa levantou os olhos para ele. Ele já estava olhando para longe dela, encarando a escuridão à frente.
— Você consegue voltar sozinha ou vai esperar aqui?
Ela se agarrou a seu cajado de monge com as mãos exaustas, forçando suas pernas trêmulas se levantar, com lágrimas nos olhos.
— Eu… vou… com você!
Era a sua única opção. Ela não suportaria voltar sozinha e nem ser deixada ali sozinha.
Matador de Goblins assentiu. — Então beba a poção.
Quando Sacerdotisa tomou o medicamento amargo, o calor em seu ombro começou a desaparecer. A poção continha pelo menos dez ervas diferentes e não faria nada espetacular, mas ia parar a sua dor.
Sacerdotisa deu um suspiro aliviada. Foi a primeira vez que ela bebeu uma poção.
Matador de Goblins a observou uma última vez. — Muito bem — disse ele, então partiu para a escuridão. Não havia qualquer hesitação em seus passos; ele nunca parou para olhar para ela. Ela correu para conseguir o acompanhar, com medo de ficar para trás.
Enquanto avançavam, ela lançou um olhar para trás. De volta a imóvel e silenciosa Maga.
Não havia nada que Sacerdotisa pudesse dizer. Mordendo os lábios, ela curvou bem a cabeça e jurou voltar pela sua amiga.
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De alguma forma eles não encontraram nenhum goblin na curta caminhada ao túnel. Eles haviam, no entanto, encontrado pedaços horríveis de carne espalhados ao redor. Talvez tenham sido outrora de humanos. Não havia como saber. Havia sangue suficiente na pequena caverna para se engasgar, e o seu cheiro se misturava com o odor espesso das vísceras espalhadas.
— Err, eurrggh…
Sacerdotisa avistou o corpo de Guerreiro, caindo reflexivamente de joelhos e vomitando.
Parecia que sua última refeição de pão e vinho havia acontecido há anos. Aliás, parecia ter passado uma eternidade desde que Guerreiro a convidou para essa aventura.
— Nove… — acenou Matador de Goblins. Ele estava contando os corpos dos goblins, imperturbado com a cena à volta deles.
— A julgar pela dimensão do ninho, deve haver menos da metade sobrando.
Ele pegou a espada e a adaga do corpo de Guerreiro e as pendurou em seu próprio cinto. Ele verificou as outras vítimas dos goblins também, mas aparentemente não encontrou nada que o satisfizesse.
Sacerdotisa, limpando a boca, lhe deu um olhar reprovador, mas ele não parou.
— Quantos de vocês havia?
— O quê?
— Garota da Guilda só disse que alguns novatos tinham ido caçar goblins.
— Havia quatro de… Oh! — gritou ela acidentalmente, limpando furiosamente a boca com as duas mãos. — M-minha outra membro do grupo…! — Como ela pôde ter esquecido?
Ela não viu o corpo de Lutadora. Ela, que havia se sacrificado, sofrendo coisas indescritíveis para salvar os outros, não estava em lugar algum.
— Uma garota?
— Sim…
Matador de Goblins segurou a tocha mais perto e vasculhou cuidadosamente o chão da caverna. Havia pegadas frescas, sangue, um líquido sujo e uma trilha, como se algo tivesse sido arrastado pelo chão.
— Parece que a levaram mais para dentro. Não posso dizer se ela está viva ou não — disse ele, tocando vários fios longos de cabelo aos quais restos de peles continuavam agarrados.
Sacerdotisa se levantou debilmente. — Então temos de salvá-la…
Mas, Matador de Goblins não respondeu. Ele acendeu uma tocha nova, depois jogou a velha em um túnel lateral. — Goblins tem excelente visão noturna. Mantenha ela acesa. A escuridão é nossa inimiga… Ouça.
Ela obedeceu, esforçando seus ouvidos para qualquer som.
Da escuridão além da chama da tocha, havia passos, pá-pá-pá.
Um goblin! Vindo provavelmente para investigar a luz da tocha.
Matador de Goblins pegou uma das adagas do cinto e a lançou na escuridão.
Houve um som ríspido como algo sendo perfurado. O corpo de um goblin se lançou na luz fraca da tocha. Quando o viu, Matador de Goblins avançou e levou sua espada através do coração da criatura. O goblin morreu sem fazer um barulho, pois a adaga atravessara sua garganta. A coisa toda aconteceu quase que rápido demais para acompanhar.
— Dez.
Quando Matador de Goblins o adicionou a sua contagem, Sacerdotisa olhou para o túnel e perguntou timidamente: — Você também consegue ver no escuro?
— Quase nada.
Matador de Goblins não se importou em recuperar a lâmina empapada de gordura do cadáver. Em vez disso, ele pegou a espada que Guerreiro trouxera, estalando sua língua quando viu que era longa demais para os tuneis estreitos.
Depois ele pegou a lança do goblin que acabou de matar. Era feita grosseiramente de ossos de animais, mas uma lança para um goblin era apenas um pouco mais longa que uma faca para um homem adulto.
— É apenas prática. Eu sei exatamente onde os seus pescoços estão.
— Prática? Quanta prática…?
— Muita.
— Muita?
— Você está perguntando demais, não acha?
Sacerdotisa ficou calada. Ela abaixou a cabeça envergonhada.
— O que você consegue usar?
— Como? — Ela levantou apressadamente a cabeça novamente, não entendendo o que ele queria dizer.
Matador de Goblins nunca deixou sua atenção vacilar do túnel enquanto falava. — Quais milagres?
— Eu tenho Cura Menor e Luz Sagrada, senhor.
— Quantos usos?
— Três no total. Eu… eu tenho dois sobrando. — Não era nada extraordinário, mas Sacerdotisa era uma das iniciantes mais talentosas. Já era uma conquista o simples fato de conseguir rezar para a deusa, fazer um pedido e ser concedido um milagre. E depois, poucas pessoas conseguiam suportar unir sua alma com a deusa repetidamente. Isso exigia experiência.
— Isso é consideravelmente mais do que eu esperava — disse ele. Isso era um elogio, ela supôs, mas ela teve dificuldades em aceitar. Seu tom era ordeiro e frio, mal revelando qualquer emoção.
— Luz Sagrada, então. Cura Menor não nos ajudará nada aqui. Não desperdice seus milagres com ela.
— S-sim, senhor…
— Esse que matamos era um batedor. Estamos no túnel certo.
Com a ponta da lança, ele apontou mais a fundo para o buraco do qual o goblin viera. — Mas, seu batedor não vai voltar. Nem os que mataram seu grupo. Eu acabei com eles.
Sacerdotisa ficou calada.
— O que você faria?
— O quê?
— Se você fosse um goblin. O que faria?
Com a pergunta inesperada, Sacerdotisa tocou seu dedo esguio contra o queixo, pensando a pleno vapor. O que ela faria se fosse um goblin?
Sua mão, que uma vez ajudara com os serviços no templo, parecia muito branca para ser a de uma aventureira.
— …Armar uma emboscada?
— Exatamente — disse Matador de Goblins, com sua voz calma. — E vamos cair nela. Se prepare.
Sacerdotisa empalideceu, mas assentiu.
Matador de Goblins tirou um rolo de corda e algumas estacas de madeira e as colocou a seus pés.
— Eu tenho um mantra para você — disse ele, sem tirar os olhos do seu trabalho. — Se lembre. As palavras são entrada do túnel. Se as esquecer, você morre.
— S-sim, senhor! — Sacerdotisa agarrou seu cajado de monge com ambas as mãos.
Entrada do túnel, entrada do túnel, repetiu ela desesperadamente para si mesma.
A única coisa em que ela podia confiar era nesse homem misterioso que se chamava de Matador de Goblins. Se ele a abandonasse, então ela, Lutadora e as meninas raptadas da aldeia estariam perdidas.
Um momento depois, Matador de Goblins terminou seus preparativos. — Vamos.
Sacerdotisa o seguiu o mais rápido que pôde, passando pela corda e entrando no túnel.
O túnel era notadamente firme, não algo que parecia ter sido construído apenas para montar um ataque surpresa. A cada passo, terra caía das raízes das árvores que haviam transpassado pelo teto, mas não parecia haver nenhum risco de colapsar. Contudo, o declive gradual deixava Sacerdotisa desconfortável. Humanos não pertenciam a esse ambiente.
Ela devia ter percebido desde o início, e agora que se deu conta, era tarde demais: os goblins passam a vida inteira no subsolo. Verdade, eles não eram nada como os anões, mas, porque ela e os outros subestimaram os goblins tão mal só porque não eram fisicamente fortes?
Bem, é tarde demais para arrependimentos…
Sacerdotisa pisava cuidadosamente sob a luz tênue da tocha. Ela olhou para as costas de Matador de Goblins. Seus movimentos não mostravam nenhuma hesitação ou medo. Será que ele sabia o que estava adiante?
— Estamos quase lá. — Ele parou de repente, e Sacerdotisa quase se chocou nele. Ela se endireitou mais rápido do que ele conseguiria se virar com seus movimentos mecânicos.
— Agora, Luz Sagrada.
— S-sim, senhor. Estou pronta… quando você estiver.
Ela respirou fundo e expirou. Então ela segurou seu cajado, firmemente no lugar. Matador de Goblins também ajustou suas mãos na tocha e na lança.
— Faça.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda tua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão…
Matador de Goblins avançou enquanto Sacerdotisa levantava seu cajado em direção a escuridão. A ponta começou a resplandecer com uma luz que se tornou tão brilhante quanto o sol. Um milagre da Mãe Terra.
Com a luz em suas costas, Matador de Goblins entrou rapidamente no cômodo dos monstros.
Talvez eles só tivessem se apropriado da maior caverna nesse complexo de cavernas. Os goblins esperando na sala mal construída apareceram na vista.
— GAUI?
— GORRR?
Havia seis goblins lá, bem como um dos grandões e um sentado em uma cadeira, usando uma caveira na cabeça. Os monstros estreitaram os olhos contra a súbita luz pura, uivando em confusão.
Também lá, deitadas e imóveis, estavam várias moças.
Alguma coisa sombria, sem dúvida, estava acontecendo naquele lugar.
— Seis goblins, um hob e um xamã, oito no total. — Matador de Goblins contou seus oponentes sem mostrar qualquer tremor em sua voz.
É claro, nem todos os goblins estavam fechando os olhos e lamentando.
— OGAGO, GAROA… — O xamã sentado no trono agitou seu cajado e recitou uma magia ininteligível.
— GUAI? — Ele foi interrompido pela lança de Matador de Goblins o perfurando no peito. Ele estrebuchou e tombou para trás de sua cadeira.
Os goblins ficaram paralisados com essa tragédia, e Matador de Goblins aproveitou o momento. A espada de Guerreiro ressoou quando Matador de Goblins a liberou da bainha.
— Muito bem, vamos sair daqui.
— O quê?! S-sim, senhor!
Mesmo enquanto falava, Matador de Goblins já estava se virando e correndo. Chocada com sua velocidade e sem saber o que fazer, Sacerdotisa o seguiu. Os goblins recuperaram seus juízos quando a luz recuou e logo começaram a persegui-los.
No espaço de uma respiração, Matador de Goblins já estava muito à frente de Sacerdotisa enquanto ela corria para o declive. Ele estava acostumado a tomar o papel de vanguarda e de retaguarda, ou isso era o resultado de um enorme treinamento e experiência? Seja como for, era incrível para ela que ele pudesse ser tão ágil enquanto vestido com uma armadura de couro e malha, com sua visão limitada pelo capacete.
Foi quando o viu saltar ligeiramente na entrada do túnel que as palavras de seu mantra voltaram preenchendo sua mente. — Oh não…! — Ela esquivou por pouco do fio armadilhado no chão. Matador de Goblins já estava encostado na parede, e Sacerdotisa se apressou para fazer o mesmo no lado oposto.
— GUIII!!
— GYAA!!
Eles conseguiam ouvir as vozes enfurecidas e os passos pesados dos goblins subindo o declive. Sacerdotisa deu uma espreitadela furtiva e viu um corpo brutamonte à frente do grupo: o hobgoblin.
— Agora! Faça de novo! — Matador de Goblins lançou essas palavras para ela.
Sacerdotisa deu um aceno e esticou seu cajado com os símbolos de seu sacerdócio para o túnel. Ela falou as palavras da oração sem gaguejar.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda tua luz sagrada para nós que estamos perdidos na escuridão…
Misericordiosa era a luz da Mãe Terra para eles, mas não para os olhos dos goblins, que queimaram com seu esplendor.
— GAAU?!
O hobgoblin cegado tropeçou no fio armadilhado e tomou um tombo desajeitado.
— Onze. — Matador de Goblins saltou nele e golpeou implacavelmente sua espada no cérebro da criatura. Ela gorgolejou uma vez, duas vezes, depois espasmou e morreu.
— A-aí vem os outros! — chamou Sacerdotisa. Ela estava sem milagres, e a repetição do ritual consome-alma a deixou enfraquecida, com o rosto pálido pelo esforço.
— Eu sei. — Matador de Goblins puxou uma garrafa de sua bolsa e jogou contra o corpo do hobgoblin. Ela quebrou, liberando uma substância preta e espessa de dentro. O cheiro enjoativo fez Sacerdotisa pensar que talvez fosse algum veneno desconhecido.
— Vejo vocês no inferno.
Matador de Goblins chutou o corpo encharcado para o túnel. Os goblins se aproximando, apanhados de surpresa pelo pedaço de carne rolando na direção deles, acertaram suas espadas nele.
Foi uma reação instintiva. Quando perceberam que era o seu próprio guardião que haviam apunhalado, eles entraram em pânico. Os goblins lutaram para extrair suas armas, enfiadas no fundo da carne do hobgoblin e agora cobertas pela substância preta…
— Doze, treze.
Era tarde demais para eles.
Sem uma pitada de remorso, Matador de Goblins lançou a tocha no túnel com eles. Houve um ssssss quando o cadáver do hobgoblin pegou fogo, apanhando dois dos seus perseguidores com isso.
— GYUIAAAAAA!! — Os goblins gritaram esbracejados no chão, queimando enquanto rolavam de volta para o fundo do declive. Sacerdotisa se engasgou com o cheiro de carne assada que flutuou até ela.
— O-o que era aquilo?
— Alguns chamam de óleo de Medeia. Outros, petróleo. É gasolina. — Ele havia conseguido isso com um alquimista, ele disse indiferentemente, acrescentando: — Terrivelmente caro para um efeito tão simples.
— M-mas lá… dentro, as garotas raptadas…
— O fogo não se espalhará para longe só com alguns corpos para se alimentar. Se essas garotas ainda estiverem vivas, isso não vai matá-las. — Ele murmurou: — E ainda não estamos livres dos goblins — fazendo Sacerdotisa morder os lábios novamente.
— Então, v-você vai voltar?
— Não. Quando eles não conseguirem mais respirar, eles sairão sozinhos.
A espada de Matador de Goblins agora estava perdida, presa no cadáver ardente do hobgoblin no fundo do túnel. Ele provavelmente não estava ansioso para lutar com uma lâmina encharcada de cérebro, de qualquer maneira.
Ele pegou a arma que o hobgoblin deixara cair, um machado de pedra. Era apenas uma rocha amarrada em um galho, rústico em todos os sentidos da palavra. Mas também, isso o tornava fácil usar.
Matador de Goblins brandiu o machado rapidamente pelo ar, o testando e descobriu que poderia empunhá-lo facilmente com uma mão.
Satisfeito, ele alcançou sua bolsa e tirou outra tocha.
— Toma — disse Sacerdotisa, oferecendo uma pederneira, mas Matador de Goblins não olhou para ela.
— Essas bestas nunca pensam que alguém poderia criar uma emboscada para eles — disse ele.
Ela ficou em silêncio.
— Não se preocupe. — Ele brandiu o machado com golpes cuidadosamente coordenados, acertando cada golpe na pederneira. — Terminará em breve.
Ele estava certo.
Ele lidou com cada um dos goblins quando emergiram das chamas e da fumaça. Um tropeçou na corda e encontrou sua cabeça partida. O segundo saltou sobre a corda, mas foi derrubado pelo machado que o aguardava. O terceiro foi o mesmo. O machado não saía da maçã do rosto da quarta criatura, então Matador de Goblins tomou a clava do monstro no lugar.
— Esse é dezessete. Vamos entrar.
— S-sim, senhor! — Sacerdotisa se apressou para acompanhar Matador de Goblins enquanto ele mergulhava na fumaça turva.
O lugar tinha uma aparência terrível. O hobgoblin foi queimado para lá do reconhecimento, e seus companheiros estavam pouco melhores. O xamã estava caído com a lança ainda atravessada em seu corpo. E as garotas estavam deitadas na imundice do chão.
Como Matador de Goblins previu, a fumaça flutuava acima delas.
Mas, sobreviver nem sempre é uma benção; algo que Sacerdotisa percebeu quando reconheceu o corpo de Lutadora entre elas.
— Uggh… euhrrrgh…
Nada sobrava no estômago de Sacerdotisa. Ela vomitou apenas a bílis amarga queimando em sua garganta, e sentiu as lágrimas em seus olhos marejando outra vez.
— Bem assim.
Enquanto Sacerdotisa vomitava, Matador de Goblins erradicou as chamas que percorriam ao longo da gasolina no chão.
Ele caminhou até o xamã perfurado. O goblin parecia surpreso com sua própria morte. Ele permanecia completamente imóvel. A imagem de Matador de Goblins de pé sobre ele se refletiu em seus olhos vidrados.
— Como eu imaginei — disse Matador de Goblins, levantando imediatamente sua clava.
— GUI?! — Quando o xamã assustado tentou se levantar, a clava desceu e então ele estava morto de vez.
Sacudindo a clava salpicada com miolos do xamã, Matador de Goblins murmurou: — Dezoito. Os de níveis alto são durões.
Matador de Goblins começou a chutar violentamente o trono, agora vazio em todos os sentidos. Sacerdotisa se nauseou novamente quando viu que ele era feito de ossos humanos.
— Truque típico dos goblins. Olhe.
— O… o quê? — Sacerdotisa limpou os olhos e a boca enquanto levantava a cabeça. Atrás do trono pendia uma das tábuas podres de madeira que os goblins usavam em vez de portas.
Um armazém escondido, ou era mais que isso? Sacerdotisa agarrou seu cajado quando um som estridente veio de dentro.
— Você teve sorte.
Quando Matador de Goblins puxou a tábua para o lado, houve vários gritos agudos. Junto com um estoque de pilhagem, havia quatro crianças goblins aterrorizadas agachadas dentro.
— Essas criaturas se multiplicam rapidamente. Se seu grupo tivesse chegado mais tarde, haveria cinquenta deles e eles teriam atacado em massa.
Só de pensar nisso — sobre o que teria lhe acontecido e a todos — Sacerdotisa tremeu. Ela imaginou dezenas de goblins a levando, produzindo crianças meio-goblins…
Olhando para as formas encolhidas, Matador de Goblins ajustou sua clava.
— Você vai… matar as crianças, também? — perguntou ela, mas já sabia a resposta. Ela tremeu quando ouviu o tom uniforme de sua própria voz. Havia seu coração, suas emoções, sido anestesiados pela investida da realidade? Ela queria que fosse verdade. Só dessa vez.
— Claro que sim — disse ele, com um aceno calmo.
Ele devia ter visto isso muitas, muitas vezes.
Ela sabia que ele se chamava “Matador de Goblins” por uma razão.
— Nós destruímos seu ninho. Eles nunca vão esquecer isso, muito menos perdoar. E os sobreviventes de um ninho aprendem, se tornam mais inteligentes. — Enquanto falava, ele levantou casualmente a clava, ainda coberta com cérebro do xamã. — Não há razão para os deixar viver.
— Mesmo que houvesse… um goblin bom?
— Um goblin bom? — Ele exalou de uma forma que sugeria estar realmente perplexo com a ideia.
— Pode haver… se procurássemos, mas…
Ele não disse nada por um longo momento. Então ele falou:
— Os únicos goblins bons são os que nunca saem de seus buracos.
Ele deu um passo.
— Isso tornará vinte e dois.
É uma história comum, uma que ouvimos o tempo todo.
Uma aldeia é atacada por goblins. Algumas donzelas são raptadas.
Alguns recrutas decidem que irão se livrar dos goblins como sua primeira missão.
Mas os goblins são muitos, e o grupo todo é abatido.
Ou talvez só um se safe e salve as garotas também.
Durante seu cativeiro, as garotas foram forçadas a servirem de brinquedos aos goblins.
Desesperadas, elas se abrigam no templo.
O sobrevivente solitário foge lentamente do mundo e nunca deixa sua casa novamente.
Nesse mundo, esses tipos de coisas são uma ocorrência diária, tão comum quanto o nascer do sol.
Era mesmo? Sacerdotisa não tinha certeza. Esses eventos avassaladores da vida realmente aconteciam o tempo todo?
E se sim, poderia ela, sabendo disso em primeira mão, continuar a acreditar na Mãe Terra?
No fim, havia apenas duas coisas de que Sacerdotisa tinha certeza.
Que ela iria continuar como uma aventureira.
E que esse Matador de Goblins exterminou cada goblin naquele ninho.
Mas então, isso, também, não é mais do que outra dessas histórias contadas muitas vezes.
Tradução: Equipe 3Lobos
Revisão: Equipe 3Lobos
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