Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol. 05 – Cap. 02.1 – A Casa dos Anões

 

Satou aqui. Em algum momento no ensino médio, eu aprendi que existiam tipos diferentes de anões do que os que eu vi em livros de figuras quando criança. Eu lembro de ficar surpreso ao ler que anãs tinham barba.

Cinco dias depois que deixamos a cidade de Muno, nós finalmente chegamos ao garfo na estrada que ramificava para a cidade de Bolehart.

 Não só nosso grupo era grande, mas a região montanhosa na fronteira do território foi relativamente difícil de atravessar, então levou mais tempo do que eu esperava.

Monstros nos atacaram algumas vezes ao longo da nossa jornada, mas os soldados e cavaleiros viajando na nossa frente tomaram conta deles toda vez, então nós nunca tivemos que batalhar por nós mesmos.

— Bem, aqui estamos. Espero que nos encontremos novamente na velha capital.

— Certamente. Se você for para a velha capital, por favor faça uma visita ao Templo Tenion.

No cruzamento, despedimos-nos de Srta. Sara e companhia, ou melhor, trocamos uma promessa de nos encontrarmos novamente.

— S-Se… Senhor Pendagron. Você tem certeza de que não há nenhuma maneira de me acompanhar até a velha capital? Srta. Karina olhou para mim como um gatinho abandonado.

Como sempre, ela parecia estar muito envergonhada para me chamar pelo meu primeiro nome.

— Desculpe-me, Srta. Karina. Tenho o dever de entregar a carta da Srta. Nina à cidade de Bolehart.

Dependi da minha habilidade “Rosto Inespressivo” para manter minha expressão sem hesitar enquanto me desculpava.

Eu não podia dizê-la que estava muito animado para ver os anões a ter que ir com ela.

— Hee-hee. Você parece ser bem próxima ao Senhor Pendragon, Srta. Karina.

Srta. Sara pode ser uma sacerdotisa, mas ainda era uma garota. Evidentemente isso significava que tinha um gosto por romance, visto que estava nos observando com um sorriso alegre.

Era um mal-entendido, claro, mas eu não tinha a coragem para…

— E-eu não tenho tal relacionamento com essa pessoa, só para você saber!

— Oh? Negar isso tão fervorosamente é um pouco insultante, não é?

O sorriso da Srta.Sara apenas aumentou com a negação desesperada da Srta. Karina.

…Tudo bem, eu acho que deveria ajudá-la.

— Srta. Sara… A Srta. Karina é bem inocente de coração, então por favor não a provoque mais.

— Hee-hee, acho que você está certo. —  Srta. Sara aceitou minha sugestão fácil o suficiente e voltou ao assunto original. — Nós estaremos esperando em uma cidade ribeirinha de Gururian por alguns dias, então se o seu negócio for breve o suficiente, Sir Pendragon, talvez nos encontremos novamente lá.

— Então eu terei que pôr nossos cavalos de carroça para trabalhar e tornar isso realidade.

Eu não achava que isso realmente seria possível, dado nosso itinerário, mas eu respondi de maneira gentil por precaução.

Para ser honesto, no entanto, eu realmente não queria exigir tanto dos nossos cavalos.

Não deveríamos continuar bloqueando a estrada, então nos separamos de Sara e seu grupo e viajamos em direção a Bolehart.

Adquirimos uma nova carruagem de quatro cavalos para a viagem.

Uma vez que isso dobrou nossos cavalos enquanto aliviava o peso da carruagem, fomos capazes de viajar cerca de 30% a mais por dia com nossa velocidade e resistência recém-descobertas.

Graças ao amortecedor de impactos que fiz com terra e pedras na jornada para o Baronato de Muno, assim como as novas almofadas, a jornada ficou consideravelmente mais confortável.

Somado a isso, instalei um mecanismo para transformar os assentos em camas rapidamente.

E dois cavalos adicionais nos acompanharam em todos os momentos, normalmente montados pelas equipadas Liza e Nina.

Isso tinha a intenção de afastar ladrões. Eu tinha notado mais do que alguns bandidos quando estava inspecionando o Ducado de Ougoch com uma asa delta feita à mão antes de partirmos, então nós precisamos tomar as devidas precauções.

Seria tranquilo derrotá-los, mas tomar conta do que estava por vir tinha muito mais coisas envolvidas do que apenas derrotar monstros, então queria desviar disso se possível.

Eu abri a porta que conectava a carruagem ao assento do cocheiro e disse a Lulu.

— Lulu, deixe-me assumir pra você.

— Isso é inaceitável, mestre. Você é um nobre agora, então você deve deixar a direção da carruagem para seus servos.

Verdade o bastante. Eu ainda podia ver os soldados do grupo da Srta. Sara atrás de nós.

Não achei que seria grande coisa se eles me vissem dirigindo, mas Lulu parecia estar se divertindo. Eu desisti por agora.

— Tudo bem. Mas pelo menos posso sentar ao seu lado?

— Sim, com certeza!

Lulu mudou para um lado, então bateu de leve no assento próximo a ela de modo excepcionalmente fofo.

Agradeci a ela assim que sentei e olhei ao redor.

Folhas verdes frescas começavam a florescer tudo em volta, trazendo os primeiros sinais de primavera ao Ducado de Ougoch.

Nesse mundo, um Ritual Mágico poderia afetar a mudança das estações usando Núcleos da Cidade, então eu não tinha certeza de quanto a sabedoria convencional do Japão se aplicava aqui.

Mesmo assim, qualquer clima que deixasse você conduzir uma carruagem sem te matar de frio era bem vindo em minha opinião.

— Aí está você, grande paquerador.

Arisa apareceu para se juntar a nós, agarrando-se a mim e fazendo uma piada sarcástica. Naturalmente, ela escolheu se espremer entre mim e Lulu.

— Arisa, você é como uma invejosa às vezes. — Lulu sorriu e acariciou o cabelo da outra garota.

Então, Tama e Pochi entraram, esmagando Arisa.

— Geh!

— Flertaaaaando?

— Isso é proibido, senhor.

As duas pareciam felizes que era apenas o nosso pequeno grupo novamente.

— Proibido.

Mia, que começou a montar no cavalo de Nana com ela um tempo atrás, estufou as bochechas e me cutucou levemente com seu cajado.

— Mestre, por favor, olhe para frente, eu sugiro.

Nana apontou para frente, atraindo minha atenção para o caminho diante de nós.

Quando segui seu olhar, vi que Liza tinha desmontado um pouco mais adiante na estrada e estava agachada ao lado de um caroço marrom no ombro.

De acordo com a tela AR, era um Grande Javali Selvagem.

Muito provavelmente, tentou atacar Liza e foi absolutamente derrotado por seus problemas.

— Eu acho que teremos guisado de javali hoje à noite.

— Yaaay, guisaaado!

— Nós vamos ajudar a derrubá-lo, senhor!

Abri meu mapa para ver se havia qualquer fonte de água próxima.

— Liza, há uma vila pouco distante aqui, então talvez você consiga descobrir se podemos usar um pouco de água de lá.

— Sim, mestre!

Eu peguei um longo graveto e uma corda da Bolsa Garagem e entreguei à Liza para transportar o javali selvagem.

A Bolsa Garagem era um Item Mágico que podia guardar muito mais do que sua aparência sugere.

Recentemente adquiri uma menor, que atualmente era a bolsa de sela do cavalo da Liza. Foi usada primeiramente para guardar sua lança mágica.

Naquela noite, matamos o javali e dividimos um pouco da carne com os aldeões, depois estacionamos a carruagem na praça do vilarejo para passar a noite.

Assim que descobriu que eu era um nobre, o chefe da aldeia se ofereceu para nos deixar ficar em sua casa; Eu não queria incomodá-lo com tantos convidados, então recusei educadamente.

 

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Dois dias depois de nossa estadia na vila, sete no total depois de deixar a capital de Muno, chegamos à cidade de Bolehart.

A área autogovernada era um ponto em branco no mapa do Ducado de Ougoch, então usei minha habilidade “Pesquisar Mapa Inteiro” pela primeira vez em muito tempo para obter informações sobre ela.

Uma cidade anã pode trazer à mente uma sociedade subterrânea, mas de acordo com minhas informações recém-descobertas, pelo menos metade deles vivia acima do solo normalmente em uma cidade fortaleza. A outra metade, mais de acordo com a minha imaginação, vivia nas minas ligadas à cidade.

Com apenas dezenove quilômetros de diâmetro, incluindo várias montanhas, o território anão não era muito grande.

Havia uma cidade e várias aldeias dentro do domínio de Bolehart. A população da cidade era de cerca de 60% de anões, 20% de homens-rato, 10% de homens-coelhos e os últimos 10% eram, em sua maioria, humanos e diversos semi-humanos.

Ao contrário das outras cidades que eu tinha visto até agora, quase não havia escravos ou servos.

Os únicos escravos que apareceram em minha busca no mapa eram de propriedade de mercadores que vinham de fora da cidade. Os comerciantes eram todos humanos ou homens-doninha, principalmente os primeiros.

O único povo fantasioso além dos anões era um punhado de gnomos e spriggans; não havia elfos. Talvez a velha metáfora fantasiosa de inimizade entre elfos e anões fosse verdade?

Distraidamente, filtrei minha busca no mapa.

Quando pesquisei por nível, havia pouco mais de dez pessoas que atingiram pelo menos o nível 40. Eram todos anões. O nível mais alto era um anão idoso chamado Dohal, que estava no nível 51.

Anões em geral tinham uma média de nível 7 ou mais, então essas pessoas provavelmente eram exceções.

Também verifiquei se não havia demônios, reencarnações ou qualquer coisa do tipo. Como no Ducado de Ougoch, não encontrei nenhum.

Como bônus, também não havia membros do Asas da Liberdade dos adoradores do lorde demônio. Devemos ser capazes de passear normalmente aqui pela primeira vez.

Enquanto eu checava o mapa, a paisagem ao nosso redor mudou. O número de árvores altas diminuiu, enquanto havia mais arbustos e moitas marrom-avermelhadas.

— Poluição das minas, talvez? — Arisa murmurou enquanto olhava pela janela.

— Você acha? Eu nunca estive perto de uma mina antes, então não tenho ideia.

Eu já havia visitado uma mina abandonada antes, mas nunca tinha visitado uma que ainda estivesse em uso.

Em vez disso, Mia respondeu à pergunta de Arisa.

— Mrrrr? Espíritos. — Ela fez um X sobre a boca com os dedos.

— É por causa de espíritos, você quer dizer?

— Não. Sem espíritos.

— Eles estão murchando porque não há espíritos, então?

— Mm. — Mia concordou, satisfeita.

Bem, isso é lógica de fantasia, se eu já ouvi isso.

— Falta de mana — a elfa acrescentou, e Arisa concordou rapidamente.

Com sua expressão sábia ainda em seu rosto, se virou para mim. — … Mestre, explique?

Eu dei um leve tapa na testa de Arisa antes de obedecer.

— Pelo que entendi, os espíritos transmitem mana para tudo no mundo natural. Não sei que efeito isso tem nas plantas, mas acho que tem um efeito adverso se elas não receberem o suficiente.

Eu obtive essa informação dos diários de Trazayuya no incidente de Cradle.

De acordo com os documentos, a mana afetava não apenas as coisas vivas e não vivas, mas também os fenômenos. Isso provavelmente incluiu fenômenos naturais como correntes de vento e mudanças de temperatura.

— Huh. Você já viu um espírito, mestre?

A pergunta de Arisa trouxe à mente a imagem jovem de uma dríade.

— Bem, nós vimos uma dríade, lembra? Ela era um duende de árvore, então isso faz dela um espírito, certo?

— Não. — Mia balançou a cabeça.

— Então… não é um espírito?

— Mm. — Ela concordou.

Eu realmente não entendia a diferença, mas Mia era uma espécie de fada e tudo mais. Ela saberia melhor do que eu.

Eu provavelmente teria que pedir a um elfo adulto para me explicar isso quando levarmos Mia para a Floresta Bolenan.

Deixando de lado essa linha de pensamento por enquanto, respondi à pergunta original de Arisa. — Bem, se as dríades não são espíritos, então acho que nunca vi uma. Você provavelmente precisa de uma habilidade como “Visão Espiritual” de Mia para vê-los.

Arisa concordou com a cabeça, então se virou para Mia.

— Mia, como os espíritos se parecem?

— Bonitos.

— Bem, isso não é muito para acrescentar.

— Mrrrr. — Mia franziu as sobrancelhas e pensou por um momento. — Pérolas brilhantes. Fofinhas. Agradáveis.

Suas declarações usuais de uma ou duas palavras não foram suficientes desta vez, então ela montou uma explicação mais longa pela primeira vez.

— Hmm! Eu gostaria de ver um por mim mesmo, então.

— Eu também.

Arisa murmurou com inveja, e eu acenei com a cabeça.

Eu certamente gostaria de conhecer uma ninfa graciosa ou um silfo livre algum dia. De preferência da variedade sexy de mulher madura.

— Mrrrr.

— Você está babando, mestre!

Sem pensar, eu automaticamente pressionei a mão no meu rosto com as palavras de Arisa, fazendo-a gritar: “Eu sabia!” E agarrar-se a mim para me impedir de “trapacear”. Mia começou a fazer o mesmo.

— Trapaceeeeiro?

— Trapaceiro, senhor!

Tama e Pochi estavam cochilando até que a confusão as acordou, e elas começaram a imitar Arisa e Mia, primeiro abraçando e depois subindo em cima de mim.

Dei um tapinha na cabeça das meninas em uma vaga tentativa de tranquilizá-las. Todo o barulho fez Lulu enfiar a cabeça pela porta da cabine do cocheiro. — Parece que vocês estão se divertindo, —  comentou com uma risadinha.

— Mestre, há muita fumaça pela frente.

Nesse momento, Liza, que trouxe seu cavalo para perto da carruagem, relatou-me com um pouco de ansiedade.

O mapa não me mostrou nada fora do comum acontecendo na cidade de Bolehart.

— Não se preocupe. São apenas gases de fundição de ferro.

— É-é isso mesmo? Peço desculpas por incomodá-lo.

Assegurei a Liza que não se preocupasse com isso, coloquei as crianças de volta em seus assentos e fui até o assento do cocheiro.

Depois de um tempo, as árvores diminuíram e entramos em um terreno baldio de pedras e solo infértil.

Além desse terreno baldio, pude ver uma cidade-fortaleza que parecia esculpida em uma montanha cinzenta, expelindo fumaça branca de uma série de chaminés.

Córregos nebulosos semelhantes saíam de várias aberturas na lateral da montanha.

Embora tenhamos chegado à tarde, havia uma longa fila esperando a entrada nos portões da cidade de Bolehart.

Paramos nossa carruagem na parte de trás e esperamos nossa vez.

— Parece que há talvez umas vinte carroças na nossa frente? Podemos estar esperando um bom tempo.

— Parece que é isso.

Arisa subiu em cima de mim no assento do cocheiro para medir a fila.

Olhando de perto, notei que muitos dos carrinhos tinham o mesmo design de cobertura. Devemos ter chegado logo depois de alguma festa mercantil.

Sentindo alguém atrás de mim, me virei para ver Pochi e Tama olhando com inveja para Arisa. Com pouco mais a se fazer, deixei-as subirem nos meus ombros, uma de cada vez.

Em pouco tempo, senti um puxão na minha manga. Mia também estava esperando sua vez.

— Próxima.

Ao contrário de Tama e Pochi, Mia estava vestindo uma saia, então eu a levantei pela cintura.

— Não é justo.

Ela deve ter desejado montar em meus ombros, também.

— É só por causa da sua saia. Se você estivesse vestindo shorts, eu colocaria você nos meus ombros também.

— Mrrrr.

Mia estufou as bochechas e entrou na carruagem só para trocar de roupa, então mantive minha palavra e dei a ela uma carona nos meus ombros.

— Tama, Pochi, fiquem na parte de trás da carruagem e fiquem de olho nos ladrões.

Trazendo seu cavalo ao lado da carruagem, Liza deu instruções a Tama e Pochi, que estavam olhando em volta com os olhos arregalados do assento do cocheiro.

— Aye-aye, senhoor!

— Entendido, senhor!

Com uma saudação afiada, Tama e Pochi pularam do assento do cocheiro e correram para a parte de trás da carruagem.

Uma vez que suas instruções foram cumpridas, Liza se virou para mim.

— Mestre, parece que doninhas visitam esta cidade. Eles são uma tribo astuta, então, por favor, tome cuidado.

— Tudo bem, entendi. Obrigado, Liza.

Se bem me lembro, os homens-doninhas são a raça que destruiu a vila de Liza.

— Nana.

Depois de descer dos meus ombros, Mia acenou para Nana.

— Dirigir.

— Mestre, vou transferir os deveres de operação de cavalos para Mia, eu reporto. Permissão para isso?

— Certo. Mas não vá muito longe, está bem?

— Mm.

Mia pulou na frente de Nana e pegou as rédeas, virando o cavalo em direção ao portão da frente. Ela provavelmente queria verificar a situação na frente da fila.

Quando Mia e Nana saíram, passaram por um grupo de mascates que se aproximavam.

— Senhor, cê não vai comprar algumas batatas? Elas são bem gostosas.

Uma mulher com um dialeto incomum vendendo batatas cozidas foi a primeira a chegar. Uma batata custa um cobre. Isso foi três vezes o preço que minha habilidade “Estimativa” sugeriu.

— Senhor, esquece as batatas. Eu tenho espetos de frango aqui. Eles usam muito sal-gema de Bole’art! Apenas três moedas de cobre cada.

— Mestre, cê não quer um pouco de carne de verdade? Esses sapos assados vão te encher na hora. Agradável e mastigável.

Talvez eu estivesse apenas sendo preconceituoso, mas o Homem-doninha soou obscuro para mim.

O cheiro não era ruim, mas a aparência do sapo tirou meu apetite, então recusei.

Vendo isso da parte de trás da carruagem, Tama e Pochi pareciam um pouco desapontadas, mas tínhamos acabado de almoçar um pouco antes. Comer demais é ruim para sua saúde, sabia.

Enquanto esperávamos nossa vez, mais mascates, incluindo mais crianças do povo-doninha, do povo-rato e do povo-coelho, nos abordaram, vendendo coisas como sandálias e cordas. Entretanto, não precisávamos de nada disso, então apenas verifiquei seus preços com “Estimativa” e não comprei nada.

Depois de um tempo, Nana e Mia voltaram com uma compra que fizeram por perto mais adiante.

Ambos estavam usando coroas de flores em cima de suas cabeças. Como bônus, Mia tinha algo saindo de sua boca.

— Satou.

Mia tirou o objeto comprido e parecido com um caule de sua boca e ofereceu a ponta para mim, então eu provei.

…Era doce. Doce e de alguma forma nostálgico.

Ele trouxe de volta memórias de infância de colher azaleias na beira da estrada e sugar o néctar.

Ao contrário do sabor de cana-de-açúcar da polpa de alcaçuz com espinho que eu costumava dar às crianças como lanche, esse caule tinha uma doçura suave como o néctar de uma flor.

— Ah!

— Foi um beijo indireto, não foi?! É isso, eu vou em seguida!

Lulu deu uma pequena exclamação de reprovação do meu lado e Arisa uma muito mais alta atrás de mim.

Beijos indiretos? Vamos lá, não estamos no colegial… Espere, acho que Lulu tem mais ou menos essa idade.

Arisa estendeu o braço, mas Mia agarrou o caule antes que a garota de cabelo lilás pudesse alcançá-lo. Colocando-o de volta na boca, Mia ergueu dois dedos em sinal de vitória.

Arisa murmurou de maneira sombria atrás de mim. Desejei que Mia parasse de provocá-la. Até Lulu parecia um pouco com os olhos lacrimejantes.

Por sorte, uma criança do povo-doninha apareceu na hora para vender caules como o que Mia estava mastigando, então comprei o suficiente para todos e os distribuí.

Elas queriam que eu colocasse os caules na boca primeiro por qualquer motivo, mas decidi apenas concordar com o estranho pedido.

— Ah, cocheiro! Esta carruagem pertence a um nobre ou o quê?

— Ou é um comerciante? Ei, cocheiro!

Ouvi vozes roucas gritando, mas não vi ninguém.

— Bem aqui, cocheiro.

— Isso mesmo. Aqui embaixo, entende.

Abaixei o olhar e encontrei dois anões baixos e robustos, com pouco mais de um metro e meio de altura.

Eles estavam usando elmos de ferro preto reluzente e cota de malha, carregando não machados, mas lanças curtas.

Debaixo de seus capacetes triangulares, vi olhos redondos, narizes aduncos e longas barbas até a barriga. Esse era realmente o tipo de anão que eu via com frequência nos jogos.

Usei “Cara Séria” para mascarar minha empolgação e desci da carruagem para responder às perguntas.

— Prazer em conhecê-los, Senhores Anões. Eu sou Satou Pendragon, um cavaleiro hereditário do Baronato de Muno.

Quando usei minha habilidade “Etiqueta” para me apresentar educadamente, os anões apressadamente bateram os punhos contra o peito e se endireitaram.

— E-eu sinto muitíssimo. Nós não percebemos que você era um nobre, ach…

— Muito estranho nobre estar sentado no banco do cocheiro, sabe?

Achei a maneira de falar deles bastante estranha, mas permaneci educado ao perguntar: — Então, o que vocês querem tratar comigo?

— Viemos dizer que se cê é um nobre, não precisa esperar na fila, ach.

— Sim, os nobres não precisam esperar na fila, sabe?

Com isso, os anões nos levaram além da linha e para dentro da cidade.

Por acaso, os nobres podiam obter tratamento preferencial em qualquer cidade, não apenas em Bolehart. Isso incluía até o título mais baixo de cavaleiro hereditário, como eu.

Mesmo lá dentro, apenas checaram minha identidade, sem fazer nenhum esforço para examinar meus companheiros. Deram uma rápida olhada dentro da carruagem – sem buscas ou taxa de entrada.

Pareceu-me que um nobre sorrateiro não teria problemas para contrabandear.

 

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— É um prazer conhecê-lo, Sir Pendragon. Recebi a carta do Visconde Lottel. A corajosa dama está indo bem?

— Sim, ela está governando com grande entusiasmo. E, por favor, sinta-se à vontade para me chamar de Satou, se quiser.

Eu estava visitando a prefeitura para conversar com o prefeito, Sr. Dorial.

As outras crianças estavam relaxando em uma sala separada, exceto Arisa, que estava ao meu lado. A senhorita Nina havia pedido que ela cuidasse de algo.

Ela quase parecia uma pessoa diferente ao se dirigir ao Sr. Dorial.

— Se lhe agrada, Mestre Dorial, gostaríamos de solicitar formalmente sua graciosa aceitação de estudantes de intercâmbio do território de Muno para estudar aqui, como está escrito nessa carta.

— Hmm. O Visconde Lottel cuidou de mim quando eu estava estudando no exterior na antiga capital, então tenho certeza que podemos aceitar alguns estudantes de intercâmbio a cada ano.

O Sr. Dorial abriu a carta enquanto respondia. Soube que o senhor deste domínio era seu pai, o Sr. Dohal, não o próprio Sr. Dorial, então tive que imaginar se ele realmente poderia fazer promessas como essa.

Talvez sentindo minha apreensão, o Sr. Dorial continuou.

— Não se preocupe. Meu pai me confia todos os assuntos, exceto os mais importantes.

Ah, bom. Não havia nada com que se preocupar, então. Pessoalmente, a possibilidade de informações vazadas parecia muito importante para mim, mas talvez a postura deles fosse do tipo “Se você quer roubar nossa tecnologia, vá em frente e tente?”.

— A carta diz que você pode estar interessado em ferraria e tal, Sr. Satou. Gostaria de visitar as oficinas públicas e as instalações de refinação?

— Sim por favor!

Uau, que dádiva de Deus.

No fundo do meu coração, agradeci a Srta. Nina com gratidão. Eu teria que escrever uma carta de agradecimento mais tarde.

— Este é o maior alto-forno da cidade?

Diante de mim havia um prédio com altura do teto de cerca de vinte metros.

As únicas pessoas aqui eram o Sr. Dorial, uma anã que atuava como sua secretária, e eu. A anã, chamada Jojorie, era filha do Sr. Dorial.

Em vez das garotinhas fofas que muitas vezes representam anãs nos jogos recentes, ela era basicamente apenas uma versão sem barba de um anão masculino.

Enquanto isso, Arisa tinha ido para o distrito comercial da cidade. Ela declarou que ia procurar um comerciante para entregar a resposta à cidade de Muno.

Jojorie abriu a porta de aparência pesada, liberando uma rajada de ar quente.

O interior do edifício era uma única sala grande, como um moinho ou uma fábrica, com um grande número de homens trabalhando duro. Eles pareciam estar enfiando pedaços pretos no buraco no centro.

— Ali está o topo da fornalha.

…O topo?

Eu estava em dúvida no início, mas verificar o mapa resolveu minha confusão.

A parte principal do alto-forno ficava no porão deste prédio, e os pedaços pretos que os homens estavam jogando pareciam ser combustível e minério de ferro.

— Isso usa carvão?

— O combustível é transmutado de núcleos de monstros e carvão para criar algo chamado “carvão de monstro refinado”. Tem mais poder de aquecimento do que o carvão comum, e usar núcleos monstruosos para o combustível é mais econômico do que operar uma fornalha mágica.

Enquanto ouvia a explicação de Jojorie, vasculhei os documentos de Trazayuya e encontrei a receita desse combustível especial. Pode ser mais prevalente do que eu esperava.

— É muito quente aqui. Vamos fazer nossas explicações em outro lugar.

O Sr. Dorial nos chamou para uma área de observação, onde o calor era um pouco mais ameno. Segundo o Sr. Dorial, um feitiço de isolamento o protegeu.

Daqui, eu podia ver completamente o alto-forno.

A sala era cortada ao meio, e o outro lado servia como uma espécie de poço que ia cerca de sessenta metros de profundidade.

No andar de baixo, um grande grupo de anões e feras sem camisa estava trabalhando duro.

Ocasionalmente, metal incandescente saía da fornalha, iluminando a seção subterrânea escura.

— Esta é uma instalação e tanto que você tem aqui.

— Sim, 30% do ferro usado no ducado é refinado aqui.

Eu não estava apenas agindo impressionado por ser educado. A tecnologia era diferente, é claro, mas esta instalação estava no mesmo nível das siderúrgicas que eu tinha visto no meu velho mundo.

— A fumaça é purificada quando passa por aquele cachimbo ali. O interior do tubo é revestido com um catalisador transmutado de pedras de água e pedras de vento, que limpa a fuligem da fumaça sem precisar de nenhuma fonte de energia mágica adicional.

Entendo. Provavelmente mantém a sobrecarga menor do que usar Itens Mágicos ou magia para purificá-lo.

Seguindo em frente, também passei por um forno rotativo e um rolo. Este último usava uma enorme fornalha mágica que era algum tipo de ferramenta mágica, até onde eu sabia. Esta fornalha exigia magia para funcionar, como evidenciado pelos homens tropeçando em mantos como feiticeiros à beira de esgotar sua magia.

— Isso parece ser um esforço bastante difícil.

— De fato. Normalmente, teríamos mais mãos no trabalho, mas os gnomos estão visitando nossas casas, então estamos com poucas pessoas.

Enquanto acenava com a cabeça para a explicação de Jojorie, meu coração apertou com os homens que trabalhavam horas extras devido à falta de pessoal.

Ouvindo passos pesados, me virei para encontrar um grupo de pequenos gigantes de cerca de três metros de altura carregando barras acabadas de ferro e aço. De acordo com as informações da tela de AR, eles eram um clã diferente dos pequenos gigantes que conhecemos na Aldeia da Árvore da Montanha.

Consegui fazer um tour bastante completo, mas eles ainda não tinham me mostrado as instalações relacionadas ao mithril nas cavernas subterrâneas. Provavelmente era uma parte altamente classificada da cidade de Bolehart.

Incapaz de resistir à minha curiosidade, decidi perguntar ao Sr. Dorial sobre isso, apenas por diversão.

— As instalações de mithril são subterrâneas, então?

— E-eu estou surpreso que você sabia sobre isso. O Visconde Lottel lhe contou, talvez?

— Não, foi só um palpite. Além disso, ouvi dizer que os produtos de mithril desta cidade são os melhores do mundo, então eu queria muito visitar por mim mesmo, se possível.

— É isso…? Eu gostaria de permitir, então, mas precisaria da permissão do meu pai para isso.

O Sr. Dorial cruzou os braços curtos e franziu a testa. Incapaz de ver o pai se afligir por mais tempo, Jojorie falou.

— Pai, por que não fala simplesmente com o vovô? Certamente, mesmo ele nunca ordenaria a um estranho total que forjasse uma espada ou algo assim.

Jojorie, por favor, não coloque bandeiras assim.

 

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Tradução: Nagark

Revisão: Bravo

 

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