Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 03 – Cap. 01.4 – Jornada

— Preeeesa grande!

— Uau, incrível, senhor! Liza! É carne, senhor! Tama e o Mestre trouxeram um pouco de carne de cervo, senhor!

Pochi parecia mais feliz em ver Tama e eu voltando com o cervo vermelho, correndo em círculos com tanta empolgação que pensei que ela fosse desmaiar.

Todos se reuniram no acampamento, exceto Arisa e Mia. Liza e Pochi voltaram mais cedo.

— Bem-vindo de volta, Mestre. Que jogo maravilhoso você trouxe. Você deve ter trabalhado muito também, Tama.

— Siiim!

As orelhas e o rabo de Tama se animaram com as palavras de Liza, e ela respondeu com orgulho.

— Mestre, seja bem-vindo de volta. Srta. Tama, você fez um ótimo trabalho.

— Mestre e Tama, eu aplaudo seus despojos.

— Eu fiz meu melhooor?

Quando Lulu e Nana a elogiaram também, Tama reagiu com uma timidez incomum.

Já que Liza tinha vindo nos cumprimentar, dei a ela a vara com o cervo. Liza pegou e começou a corta-lo com a ajuda de Lulu.

Talvez fosse apenas minha imaginação, mas por trás daquele comportamento digno dela, eu senti uma necessidade de dançar de felicidade, provavelmente por causa do movimento rítmico de sua cauda.

— Carne, carne! É carne, senhor!

— Carne carnuda!

Pochi e Tama cantaram uma canção sobre carne enquanto pulavam para torcer por Liza enquanto ela desmontava o cervo. E elas também criaram sua própria dança estranha.

— Nossa, que coisa impressionante.

— Volta.

Neste ponto, Arisa e Mia retornaram. A experiência mágica delas aparentemente foi um sucesso.

Mia prontamente se aproximou e se agarrou a mim infantilmente.

— C-com licença! Mia, isso não é justo!

— Também acho!

Olhando Mia esfregar seu rosto contra meu peito, Arisa resmungou irritada.

Se ela está tão chateada, poderia simplesmente vir me abraçar também. Contanto que não tente me assediar sexualmente, não me importo de abraçar.

Assim que Mia ficou satisfeita com o contato físico, pedi que ela demonstrasse o feitiço para mim.

— … ▓▓ Lavagem à Espumas Awa Senjou!

A espuma subiu do balde de água próximo e limpou a sujeira de cima de mim. Embora algumas das bolhas tenham grudado no meu corpo, não me molhei. Exatamente como eu projetei.

— É um sucesso. Obrigado, Mia.

— Uhum.

Mia me abraçou novamente, parecendo satisfeita, e eu acariciei sua cabeça.

Chamei as meninas bestas, já que elas estavam nas montanhas, e pedi a Mia que as limpasse com magia também. Liza já havia mudado de roupa e lavado as mãos, mas imaginei que ela poderia querer experimentar o novo feitiço com as outras também.

— Que legal. Eu sou a próxima, certo?

— Não posso.

— Por que não?! Oh, você está sem magia, não é?

— Uhum.

Era um feitiço útil, mas os recursos excessivos que exigiam eram uma grande falha. Isso foi depois que eu reduzi o custo de PM preparando uma fonte de água separadamente também.

Produzir água com magia não era um processo de coleta de umidade próxima. Em vez disso, envolvia dar PM aos espíritos e fazer com que eles dessem ao atributo água.

Eu não tinha certeza sobre os detalhes dessa etapa final, mas outros feitiços sugeriam que era uma etapa difícil, então simplesmente cortei.

Ainda assim, Mia não tinha PM suficiente para usar em todos os membros no momento. Eu queria melhorar um pouco mais, mas por enquanto, eu só teria que pedir a ela para distribuir seu uso de magia entre manhã, tarde e noite.

O jantar daquela noite incluiu entranhas de cervo fritas com ervas selvagens, junto com um ensopado de vegetais e bife do coelho que Pochi havia pego antes. Além do mingau, Nana também comeu uma espécie de sopa de potage¹ de batata.

Todo mundo estava animado com a refeição generosa, mas Mia parecia se sentir excluída, já que ela não poderia desfrutar de nenhum dos pratos com carne. E como Nana estava em silêncio enquanto comia, não conseguia entender como ela estava se sentindo.

Eu teria que criar algumas variações vegetarianas e líquidas em nossas refeições. Eu deveria perguntar a Arisa se ela tem alguma ideia.

— O chá está pronto, Mestre.

— Obrigado. O cheiro é ótimo.

Bebericando uma xícara do chá depois do jantar que Lulu preparou para nós, relaxei um pouco. Liza salpicou com sal algumas nozes que Pochi havia colhido e as fritou como um lanche para acompanhar o chá. A crocância era muito viciante.

Liza voltou depois de limpar.

Nana e as meninas mais novas estavam lavando a louça, então o trabalho de Liza foi cavar um buraco para jogar o lixo. Enterramos as partes não comestíveis do cervo e do coelho em buracos separados.

— Liza, você não vai relatar sobre a coisa espinhosa, senhor? — Pochi agarrou-se à perna de Liza e olhou para ela com curiosidade.

— Relatar? Ah, esqueci disso enquanto estava distraída matando o cervo.

A princípio, Liza ficou confusa com a pergunta de Pochi, mas então ela pareceu se lembrar de algo e bateu na testa.

Esse é um gesto incomum para Liza. Será que ela pegou de Arisa por osmose?

— Eu peguei este item junto com as plantas.

Liza desapareceu na sombra da carruagem e voltou com uma Thorny Succulent² enrolada em um casaco grosso. O tela de RA simplesmente nomeou como planta selvagem espinhosa.

— O que é isso?

— Bem…

Liza hesitou com a minha pergunta. Ela também não sabia.

Pochi insistiu em me mostrar por causa de seu cheiro doce, e elas pegaram apenas um.

— É comestível?

— Tem um cheiro doce, senhor! É definitivamente comestível, senhor!

Pochi respondeu minha pergunta com muita confiança, mas o cheiro parecia ser a única base.

A propósito, não era nem um pouco perfumado para mim. Eu cheirei algumas vezes, mas não consegui uma habilidade de “Distinção de Perfume” ou algo parecido.

— Doooooce?

Tama parecia confusa. Parecia que ela também não sentia o cheiro.

— H-hmm… Mestre… Sobre esta planta…

— Você sabe o que é, Lulu?

— É um pouco diferente do que estou familiarizada, mas acho que é semelhante ao alcaçuz de inverno. Mesmo que o alcaçuz de inverno não seja tão grande e tenha menos espinhos…

Tentei usar minha habilidade “Analisar”, mas era uma espécie diferente do alcaçuz de inverno mesmo.

Por curiosidade, pedi a Lulu que descrevesse a planta que ela conhecia. Ela disse que era uma prickly succulent³ que crescia em montanhas invernais e que tinha folhas grossas que podiam ser quebradas para pegar seiva doce. Era popular entre as crianças da montanha que coletavam plantas selvagens e nozes.

No entanto, o açúcar deve ser apreciado apenas mastigando a polpa, nunca engolindo. Uma pequena quantidade seria suficiente, mas se pegar muito, você ficaria no banheiro por dias.

Decidi tentar puxar uma das folhas parecidas com aloe vera para analisar.

Estendi a mão em direção à planta, mas Liza me impediu.

— Mestre, esses espinhos são afiados, então seria perigoso tocá-los com as próprias mãos.

— Entendi, obrigado.

Considerando que nem mesmo as garras venenosas de um demônio infernal superior poderiam me ferir, eu duvidava que os espinhos de uma planta normal tivessem algum efeito. Ainda assim, por apreciar a preocupação de Liza, parei.

Enfiando a mão no bolso, retirei do Armazenamento o restante do couro que tínhamos usado para reformar as almofadas naquele dia. Depois, enrolei nos espinhos para poder pegar uma folha sem tocá-la diretamente.

Os espinhos eram mais afiados do que eu esperava, e cutucaram o couro para alcançar minha palma. Apesar de tudo, eles não podiam perfurar minha pele, então tudo que senti foi uma leve coceira.

Usei o couro para quebrar a folha.

Naquele momento, uma onda de doçura tomou conta de meus sentidos. Algo cheirava a água saturada de açúcar.

Seiva transparente gotejava da folha quebrada.

— Está pingaaaando?

— Desperdício, senhor!

Tama e Pochi pegaram a seiva com as duas mãos.

Para que o resto da seiva não vazasse, ajustei o ângulo da planta. Queria fazer um teste de sabor, então tentei colocar algumas gotas da seiva na palma da minha mão. Mas inclinei muito e o líquido transparente transbordou por toda a minha mão.

Por que estava tão aguado? Não era como nenhuma planta que eu conhecia. Fazia sentido para a vegetação de um mundo paralelo, eu acho.

Assim que Lulu me passou uma vasilha da Bolsa Depósito, joguei a folha e o líquido de minha mão na vasilha. Lambi minha palma experimentalmente.

Era doce. Um pouco gramíneo, talvez, mas ainda tão doce quanto açúcar.

Isso me lembrou da cana-de-açúcar que comi em uma viagem a Okinawa, mas a seiva da cana não fluía livremente assim.

Pochi e Tama me observaram com grande interesse, então eu disse a elas para experimentarem.

— Sim, senhor!

— Kay!

Elas sugaram a seiva ruidosamente.

Fez cócegas… sim, por algum motivo, elas escolheram lamber minha mão com tanta força que pensei que uma delas poderia morder meus dedos.

Claro, eu quis dizer que elas deveriam tentar lamber as próprias mãos, mas tudo bem…

Os olhos das outras começaram a me furar, então eu às parei logo.

— Meu Deus, Mestre. Aqui, limpe sua mão com isso.

— Obrigado, Arisa.

Arisa estendeu uma toalha para mim em um gesto estranhamente cavalheiresco. Eu aceitei, entregando a ela a vasilha em troca. Suspeito, molhei a toalha com um pouco de água e usei para limpar minha mão pegajosa.

— Agora então, se eu puder…

— Para!

Eu parei Arisa enquanto ela se movia para derramar mais seiva do recipiente na minha mão.

— O que você está fazendo?

— O quê? Como vou lamber sua mão para limpar se não tem seiva, jovem… quero dizer, Mestre?

O tom de Arisa implicava que eu fiz uma pergunta idiota, mas definitivamente não tinha solicitado esse serviço.

E outra coisa, Arisa. Não pense que não ouvi você começar a me chamar de “jovem mestre”. Estou ciente de você e de suas inclinações estranhas.

Como punição, bati levemente na cabeça dela.

— Se quiser comer, é só colocar a seiva em um prato e molhar o dedo.

— Tudo beeem.

Lulu pegou um pequeno prato e despejou um pouco de seiva nele para que todos experimentassem.

Arisa tentou lamber meu dedo em vez do dela, mas eu a parei, é claro. Essa garota nunca aprende.

Depois que todos experimentaram, deram seus veredictos.

— Hmm, certamente é doce. Já que o tipo que Lulu tinha comido era alcaçuz de inverno, talvez devêssemos chamar isso de alcaçuz arranjo de sapo? — Arisa sugeriu.

— Hee-hee, você está certa. Embora o alcaçuz de inverno não seja tão forte assim. No entanto, tem um sabor semelhante quando é cozido, então tenho certeza de que eles são semelhantes.

— Por que ‘sapo’? Está coberto de espinhos…

— Certo, suponho que você não saiba sobre sapos para fazer arranjos de flores, Liza. Que tal alcaçuz de espinho, então?

Durante o curso dessa conversa, o nome da planta na tela do RA mudou de planta selvagem espinhosa para alcaçuz arranjo de sapo e, depois, para alcaçuz espinhoso .

Entendi. Os nomes que minha habilidade “Analisar” fornece são baseados em um consenso.

De qualquer forma, chega dessa discussão. O alcaçuz fez sucesso com todos até agora, e Lulu havia mencionado anteriormente que as pessoas mastigavam a polpa da folha, então perguntei a ela como fazer isso.

— Sim, você simplesmente retira a pele e corta a carne em pedaços pequenos.

Ah. Eu deveria ser capaz de lidar com isso.

Como não queria pedir a Lulu ou Liza para fazer isso, caso machucassem as mãos nos espinhos, usei a adaga decorativa em minha cintura para cortar a pele. Com a ajuda da minha habilidade “Adaga”, eu facilmente encontrei a carne verde-esmeralda sem me cortar.

> Habilidade Adquirida: “Preparação de Refeições”

A habilidade que ganhei parecia útil. Eu escolhi maximizá-la.

As meninas me olhavam com expectativa, então cortei a carne em pequenos pedaços do tamanho do meu dedo mindinho e distribuí uma por uma.

Todas mastigaram em silêncio.

Então, como se fosse uma deixa, todas elas abriram sorrisos alegres ao mesmo tempo. Mesmo a reticente Mia e a sempre inexpressiva Nana exibiam sorrisos fracos. Açúcar é o melhor.

— Tenham cuidado para não engolir.

Depois de dar um rápido aviso, coloquei o último pedaço em minha boca.

Como todo mundo parecia estar desejando doces, pedi a Liza que fizesse a sobremesa com uma mistura de frutas com mel. Para a porção de Nana, pedi que ela fizesse suco natural.

Eu peguei o mel no Berço depois de me desfazer de uma colmeia em uma passagem. Era mais espesso e doce do que o mel comum.

Assim que provei, percebi um sabor rico, diferente do alcaçuz.

Decidi que o mel era mais adequado para sobremesas, enquanto o alcaçuz espinho era ideal para um lanche durante a viagem.

Cortei os espinhos de mais duas folhas e coloquei-os em recipientes para guardar como doces para todos. Tentei armazenar o resto da planta na Bolsa Depósito, mas era muito grande.

A atenção de todos estava voltada para a sobremesa que estava sendo preparada por Liza, então tirei o alcaçuz espinhoso do meu casaco e o coloquei no Armazenamento.

Ugh, agora meu casaco está coberto de formigas e pequenos insetos que parecem pulgões. Pensando bem, não tentei, pois é impossível na maioria dos jogos, mas posso colocar coisas vivas no Armazenamento?

Eu gentilmente arranquei uma das formigas do casaco e tentei guardá-la, mas não funcionou. A linha Criaturas vivas não podem ser armazenadas também apareceu em meu log.

A Caixa de Itens funcionava de forma semelhante ao Armazenamento, então também não funcionou com ela.

Bem, eu nunca havia questionado isso antes enquanto jogava, mas por que você pode armazenar frutas e vegetais, mas não criaturas vivas? O sistema os tratava como cadáveres?

Em um esforço para resolver esse quebra-cabeça, fiz experiências com algumas ervas daninhas próximas.

As ervas daninhas cortadas podiam ser colocadas no Armazenamento, mas não as ervas daninhas que eu arrancava do chão, mesmo depois de limpar o solo delas. Encurtar as raízes não teve efeito. No entanto, se eu removesse totalmente as raízes, Armazenamento aceitava a planta. As raízes cortadas também podem ser armazenadas.

Por que o enxerto de plantas é possível, mas não isso?

Eu simplesmente teria que aceitar que era assim.

A Caixa de Itens também não aceitava organismos vivos.

Ainda assim, esta investigação rendeu-me as habilidades de “Experimentação” e “Verificação”. Agora que eu as tinha, teria que fazer uma série mais completa de experimentos com o Armazenamento e a Caixa de Itens posteriormente.

Com tantas coisas para fazer na viagem, o tédio não seria um problema.

Conforme a noite avançava, insetos começaram a voar perto da fogueira, então eu coloquei um repelente de insetos.

O pó repelente de monstros provavelmente não era necessário enquanto eu estava acordado. Se algo se aproximasse de nós, eu notaria no meu radar e atiraria com a minha Pistola Mágica.

— Aah, já estou farta desses malditos insetos!

O repelente de insetos não estava fazendo efeito rápido o suficiente para Arisa, e ela quebrou e os destruiu com Magia Psíquica de baixo nível. Agora poderíamos dormir sem os insetos zumbindo nos perturbando.

Só que, ainda era muito cedo para ir para a cama.

Antes que eu pudesse começar a me perguntar o que fazer, Pochi fez um pedido adorável.

— Mestre, por favor, leia um livro ilustrado para nós, senhor.

— Deixa eu ver um.

Pochi pegou um livro de figuras da Bolsa Depósito para eu ler, e Tama e Mia se sentaram rapidamente ao lado dela. Até Liza parecia interessada, enquanto se sentava afastadamente, mas perto para ouvir.

Nana, que estava admirando seu bichinho de pelúcia, e Arisa e Lulu, que estavam conversando, voltaram sua atenção para mim também.

O livro que Pochi trouxe falava de uma lenda da mitologia deste mundo.

— Tudo bem, vou ler agora. Todas fiquem quietas, tudo bem?

— Kay!

— Sim, senhor.

Era uma vez, sete Deuses desceram dos céus, junto com as Árvores do Mundo. Os Deuses plantaram as Árvores do Mundo na terra e concederam sabedoria e linguagem a muitas pessoas.

O povo viveu pacificamente a partir de então, prosperando muito sob as oito Árvores. No entanto, em algum lugar ao longo do caminho, nove deuses surgiram no mundo.

O oitavo Deus era o Deus Dragão, que vivia lá desde antes da chegada dos sete Deuses e das Árvores do Mundo.

O sonolento Deus Dragão estava dormindo há muito tempo e acordou para encontrar um mundo muito diferente.

O Deus Dragão, embora terrivelmente surpreso ao acordar, era pacífico por natureza e não era do tipo que se preocupa com assuntos tão pequenos. E assim, o Deus Dragão e os sete Deuses se aceitaram e seguiram em paz.

Mas o nono Deus era diferente.

— Mestre, por que a letra no início de Deus parece tão diferente, senhor?

— Está com letra maiúscula. Deus é uma palavra importante, como um nome ou uma cidade, certo? A primeira letra da palavra muda para garantir que você saiba disso.

Pochi fez uma pergunta e eu parei para responder. A língua Shigan tinha um sistema de capitalização semelhante ao do inglês.

— Você é tão inteligente, Mestre, senhor. Não entendo muito bem, mas ainda sinto que sim, senhor.

Pochi parecia satisfeita, então continuei.

O Nono Deus era um Deus Demônio que viajou de outro mundo.

O Deus Demônio egoísta não suportava ficar atrás de ninguém, então ele frequentemente lutava com os outros deuses.

O Deus Demônio estava terrivelmente ciumento porque cada um dos outros Deuses tinha sua própria raça.

Um dia, o solitário Deus Demônio criou demônios infernais para adorá-lo. Juntos, o Deus Demônio e seus demônios infernais atormentavam as outras raças.

Perturbados, os outros deuses foram até ele para pedir que parasse seus demônios infernais furiosos, mas o Deus Demônio não quis ouvir.

A raça mais fraca de todas, constantemente intimidada pelos demônios infernais, eram os humanos. Eles imploraram à Jovem Deusa para lhes dar poder para lutar contra os demônios infernais.

A Jovem Deusa estava realmente muito preocupada.

Afinal, a própria Deusa não tinha esse poder de luta. Preocupada, ela procurou o conselho dos outros deuses e reis, mas todos simplesmente balançaram a cabeça e grunhiram, sem oferecer ajuda alguma.

Assim, a Jovem Deusa consultou o Deus Dragão, o mais forte de todos. Claro, ele não poderia emprestar a ela o poder dos dragões, pois isso causaria danos ainda maiores do que os próprios demônios infernais.

O Deus Dragão hesitou no início, mas ele gostou dos brinquedos humanos e da bebida que a Jovem Deusa havia trazido para ele, então ele ensinou a ela uma mágica única e especial.

Foi o feitiço para convocar heróis.

A magia da esperança.

Depois disso, o livro descreveu o herói convocado derrotando lordes demônios e demônios infernais, e todos viveram felizes para sempre.

Cada vez que a Jovem Deusa Parion pedia ajuda a outros deuses e reis, Pochi e Tama a aplaudiam com entusiasmo.

Já que as duas bloqueariam a visão de todas as outras se elas se inclinassem muito para a frente, eu continuei fazendo uma pausa para empurrar suavemente suas cabeças para trás antes de continuar a ler.

O livro de imagens era o primeiro de uma série. No segundo volume, Parion e o herói colaboraram para derrotar sete lordes demônios. No final, o Deus Dragão transformou uma de suas presas em uma lâmina negra e a deu ao herói, que a usou para perseguir o Deus Demônio até uma lua distante no grand finale.

A velha narrando os livros ilustrados concluiu com um aviso para nunca sair andando na noite de lua nova, pois era quando o poder do Deus Demônio ficava mais forte.

Esta provavelmente era uma moral para garantir que as crianças não saíssem nas noites sem lua e se machucassem.

Como nenhum dos livros tinha página de créditos nem nada, não sabia quem era o autor. Considerando que Parion, não o herói, era a protagonista da história, achei que era alguém conectado ao seu templo.

O terceiro volume descreveu o herói enfrentando desafios e aventuras para se tornar um semideus para que pudesse se casar com Parion e se juntar à família dela.

Os “discípulos” parecidos com anjos que ajudaram Parion e o herói no segundo livro foram reduzidos a personagens menores no terceiro, então me senti mal por eles.

Mesmo em histórias de um mundo paralelo, você não poderia escapar do temido power creep⁴. Assim que terminamos os três livros, era quase hora de dormir.

Eu coloquei o pó repelente de monstros no fogo. No início, a fumaça branca se ergueu com um cheiro de mosquito, mas logo depois ela ficou sem cheiro.

No radar, vi os pontos vermelhos de monstros a favor de nós, atraídos pela luz do fogo, imediatamente se afastando. Mesmo aqueles contra o vento não chegariam muito perto. O pó foi bastante eficaz.

Cuidaríamos da vigília noturna em turnos de dois, com uma das garotas-besta em cada turno, então mesmo que um animal selvagem ou monstro se aproximasse por algum acaso, estaríamos bem. No mínimo, tudo próximo estava em um nível baixo o suficiente para as meninas lidarem sozinhas.

Pochi e Mia assumiram o primeiro turno noturno.

As duas pareciam sonolentas, mas assim que Liza as instruiu a lavar o rosto, elas ficaram mais alertas.

Obviamente, ser criança neste mundo não era motivo para ser mimado. Liza assumiu uma atitude rígida com Pochi e Mia para ter certeza de que estavam bem acordadas.

Minha vez não começava antes da meia-noite, mas decidi ficar acordado com elas por hoje.

Para evitar que caíssem no sono enquanto vigiavam ao lado da lareira, as duas garotas usaram um pedaço de pau para jogar o jogo da velha em silêncio.

Eu esperava que Pochi se concentrasse principalmente em brincar, mas quando um grande rato rastejou em direção ao acampamento coberto pela escuridão, ela foi surpreendentemente rápida em reagir e mirar no arbusto onde estava escondido.

As orelhas de Tama também tremiam durante o sono. Eu estava confiante de que elas estariam prontas para qualquer ataque.

Eventualmente, era hora de Lulu e eu assumirmos, mas Lulu começou a cochilar quase assim que nosso turno começou.

Considerando que ela passou o dia dirigindo a carruagem, cozinhando e até mesmo ajudando a preparar o cervo, ela provavelmente estava exausta.

Com cuidado para não acordá-la, eu gentilmente a levei até onde Arisa estava deitada e a deixei dormir.

Bem, acho que tenho algum tempo para mim agora.

Trabalhar em um novo feitiço provavelmente me distrairia demais para ficar em guarda, então achei melhor não fazer isso.

Em vez disso, decidi tentar os experimentos com o Armazenamento em que estive pensando durante o dia.

Para fazer alguns testes relacionados ao calor, coloquei alguns gravetos no fogo e coloquei a chaleira no fogo. Decidi tentar algumas maneiras diferentes de armazená-lo depois de fervido e verificar as diferenças de temperatura decorrentes.

Enquanto esperava pela água, tentei algumas outras coisas. Primeiro, tirei dois pedaços de papel do Armazenamento e coloquei fogo. Em seguida, coloquei um no Armazenamento e esperei o outro queimar antes de remover o primeiro novamente.

Quando retirei, o primeiro pedaço de papel ainda estava pegando fogo, exatamente como no momento em que armazenei. Talvez o tempo não passe no Armazenamento.

Bem, posso muito bem compará-lo com a Caixa de Itens.

Desta vez, peguei três pedaços de papel, marquei com tinta no meio e coloquei no fogo.

Quando eles queimaram até a marca do meio, coloquei um no Armazenamento e outro na Caixa de Itens.

Mais uma vez, esperei que o controle queimasse completamente e tirei o do Armazenamento. A chama ainda estava na marca que eu deixei. Depois de verificar, coloquei de volta ao Armazenamento.

Mais uma vez, os itens no Armazenamento não pareceram mudar em nada. O próprio tempo era interrompido dentro, ou eles estavam simplesmente sendo armazenados em um estado totalmente diferente? Talvez, como o nome “Armazenamento” indica, eles eram salvos como informações como em um jogo ou dispositivo de armazenamento externo de um computador.

Em seguida, verifiquei o papel que coloquei na Caixa de Itens. O fogo neste aqui se apagou pouco antes de o papel queimar. Portanto, o estado dos objetos pode mudar na Caixa de Itens. Depois de outra tentativa, conclui que o fogo provavelmente se apagou quando o oxigênio depositado junto com o papel foi consumido.

Enquanto eu aprimorava minha teoria, o vapor começou a subir da chaleira que coloquei no fogo.

Já que descobri como o tempo funcionava, experimentos com isolamento térmico não seriam mais necessários.

Mesmo assim, eu já tinha fervido a água e fui em frente e preparei um chá de ervas. Foi muito fácil, pois precisava apenas de um pouco de ervas e um pouco de água quente.

Depois de um gole, um pensamento veio na minha mente e tentei armazenar apenas o líquido dentro do copo no Armazenamento. Ele desapareceu sem problemas.

Em seguida, coloquei o copo no chão e tentei guardá-lo, o que funcionou bem. Depois de adicionar a distância entre o objeto e eu, determinei que a distância máxima a partir da qual eu poderia armazenar algo sem tocá-lo era de mais ou menos três metros. Isso funcionava apenas se eu tivesse no visual do item, mas marcar o alvo na tela 3D do mapa cumpria o mesmo propósito.

Também descobri que se eu pegasse uma lança de aço do Armazenamento e a esticasse para longe de mim, poderia armazenar itens a até três metros de distância da ponta da lança.

Talvez uma coisa com arame ou um chicote como um determinado explorador possa ser útil para isso…

Com esse pensamento bobo em mente, tentei armazenar a chama da fogueira, mas não funcionou.

No entanto, quando estendi a mão para o vapor que subia do meu chá quente, pude eliminar o vapor sem problemas.

É determinado pelo tamanho das partículas? De que é feito o fogo, afinal?

Era possível que eu não pudesse armazenar coisas que não entendia totalmente.

Em seguida, experimentei misturas.

Quando armazenei a terra do chão, ele foi simplesmente rotulado como Terra, mas se eu selecionasse a opção para obter informações mais detalhadas, a tela me mostrava uma árvore quebrando as variedades de rochas e terra de dentro. Eu poderia facilmente separá-lo, nesse caso.

No entanto, se eu dissolvesse o sal em água quente, não seria possível separar o item Água Salgada em Água e Sal. Não poderei tornar a água do mar potável, então.

Também verifiquei se poderia desmontar um cadáver de inseto que consegui no Berço sem tirá-lo do Armazenamento, mas isso era impossível. Que pena. Eu esperava poder cuidar de cadáveres sem ter que tocá-los.

No meio dessas experiências, descobri que poderia acessar a Caixa de Itens do meu menu.

Agora havia uma pasta chamada Caixa de Itens na mesma pasta raiz do Armazenamento. Assim como eu poderia mover coisas entre pastas no Armazenamento, também poderia transferi-las livremente entre o Armazenamento e a Caixa de Itens.

No entanto, como a capacidade da Caixa de Itens dependia da habilidade, era difícil verificar.

Como eu ainda tinha pontos de habilidade mais do que suficientes sobrando, decidi maximizar a habilidade “Caixa de Itens”.

Apesar de precisar usar PM para tirar coisas da Caixa de Itens, não era necessário para mover as coisas da Caixa de Itens para o Armazenamento.

E embora os itens pudessem ser empilhados e classificados livremente no Armazenamento, esse não parecia ser o caso na Caixa de Itens. Eu também não conseguia ver informações detalhadas ou visualizações em 3D.

Tentei outros experimentos com a Caixa de Itens, mas…

É claramente apenas uma versão inferior do Armazenamento. Se eu tirar coisas, isso expõe o conteúdo ao ar externo também, então não será bom para isolamento térmico.

Bem, isso é inútil.

Revendo os resultados insatisfatórios, não pude deixar de resmungar silenciosamente para mim mesmo.

Ainda assim, não foi uma perda total. Em outras circunstâncias, pode ser útil para algo diferente do inventário. Eu tinha certeza de que encontraria algum uso para isso.

No mínimo, era útil para disfarçar a existência do meu sistema de Armazenamento.

> Título Adquirido: Buscador

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