Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo

Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 01 – Cap. 03.1 – Um Passeio Pela Cidade

Satou aqui. De volta à faculdade, sempre que economizava dinheiro suficiente em meu trabalho de meio período, fazia viagens com meu grupo de amigos ou com minha namorada. Quando você vai para o exterior de vez em quando, realmente começa a apreciar os bons pontos do Japão. Nunca estive em nenhum lugar com melhor serviço ou limpeza do que meu país.

Com muito esforço, captei todas as vistas e sons exóticos da rua.

Eu realmente não tinha notado antes, desde que fui levado direto para a estação de guarda, mas havia um semicírculo de espaço aberto entre o portão e a rua com um raio de cerca de quinze metros. Não tinha certeza se essa clareira impediria que a agitação do tráfego entrando e saindo do portão principal interferiria no resto da cidade, ou se era mais para fins militares.

A cidade era feita em grande parte de pedra, como a que se veria em um filme ou jogo ocidental. Até os transeuntes pareciam desenhos que já vi em doc de jogos: homens de túnica e mulheres de vestidos antiquados.

Parecia que havia uma grande lacuna de riqueza aqui também; vi muitas pessoas usando vestidos de retalhos ou camisas manchadas e calças rasgadas.

Depois disso, voltei minha atenção para os prédios. De onde eu estava, a maioria parecia edifícios de pedra de dois andares. No entanto, vi alguns que pareciam de madeira ou tijolo.

Uma torre pontiaguda além dos telhados das casas, com um moinho de vento preso a ela; talvez fosse um moinho ou algo tipo? Todo o meu conhecimento sobre essas coisas vinha de jogos e novels, então não tinha tanta certeza. Eu planejava ficar aqui na cidade por um tempo, então verificaria mais tarde.

A rua se estendia diante de mim, continuando direto para a parede interna que eu mal conseguia distinguir à distância. A estrada em si tinha cerca de seis metros de largura. Do outro lado da parede interna estava o que parecia ser a fortaleza de um lorde.

Claramente, a Cidade de Seiryuu era uma cidade fortaleza maior do que eu imaginava.

E tinha uma vista incrível! Como programador de jogos, não havia como não ficar empolgado com uma cena de fantasia dessas.

Mas esse espetáculo realmente fazia parte de um sonho? Não conseguia tirar essa dúvida da minha mente. Certamente não tinha o senso de design para criar uma paisagem urbana tão realista. Qualquer coisa que minha mente concebesse provavelmente teria uma aparência mais simples, com detalhes vagos.

Se isso realmente era um sonho, deve ser de outra pessoa.

E se sim, quem está sonhando com isso definitivamente gosta de jogos. Espero que não faça nada para mexer com meu status de sanida…

Meus pensamentos foram abruptamente cortados quando algo macio e quente de repente assaltou meu braço.

— Ei você aí! Você veio do portão da frente, né? Né?! Em vez de olhar em volta com a boca aberta, deve ir à nossa pousada se ainda não escolheu uma! Vou te dar uma refeição grátis!

— O… o quê?

— Não se preocupe! Não posso dizer que somos mais baratos do que a concorrência, mas temos camas limpas e comida saborosa feita com amor!

Fechando rapidamente a tela do mapa, fui recebido pelos olhos castanho-avermelhados de uma garota muito fofa. Uma fita fina amarrava seu cabelo castanho-amarelado em um rabo de cavalo lateral. Ela estava muito perto, com isso eu via sua roupa muito bem, mas ela parecia ter idade de uma colegial; a exibição da RA confirmou que ela tinha treze anos, embora o peito desproporcionalmente amplo que encostava em mim sugerisse o contrário.

Ainda pendurada no meu braço, a garota entusiasmada me arrastou. Talvez fosse garota propaganda para atrair clientes, algo que raramente via no Japão atual, fora de festivais escolares.

De qualquer forma, antes que eu percebesse, ela estava me arrastando para algum tipo de taverna. Parecia um pouco escuro, embora isso pudesse ter acontecido porque tínhamos acabado de sair da rua iluminada. Uma olhada na placa acima da porta me disse que este era o mesmo lugar para onde estava indo, a Pousada da Frente.

— Mãe! Mãããe! Eu trouxe um convidado!

— Meu Deus, você é tão insistente! Você não deve assediar pessoas assim. — Uma mulher mais velha e bem robusta saiu da cozinha, repreendendo a jovem enquanto ia ao balcão.

Considerando o calor suave com o qual meu braço foi tratado, não tive queixas sobre a publicidade agressiva. Sim, valeu a pena!

A mulher mais velha no balcão tinha um rosto adorável, mesmo que sua figura fosse bastante grande. Ela pode ter mais ou menos trinta anos…? Nesse caso, provavelmente seria rude chamá-la de mulher mais velha. Vamos chamá-la de senhoria.

Uma exibição da RA apareceu ao lado do rosto da senhoria quando olhei para ela. Este sonho continuava usando a mecânica do jogo. A tela de informações que apareceu era semelhante à que eu tinha visto na pedra Yamato anteriormente, mas os campos eram um pouco diferentes. Este parecia mostrar informações mais específicas.

Fazia sentido que essa mulher fosse a mãe da adorável menina, dado seu rosto bonito, mas por que tinha que ser tão gordinha? Alguns quilos a menos, e seria exatamente do meu tipo. Quero dizer, acho que já não é mais, já que é casada. O adultério nunca acaba bem, então não, obrigado!

— Hmm? Você está planejando passar a noite? Você não tem malas…

— Meu cavalo de carga se assustou com a deriva estelar no outro dia e fugiu… Felizmente, eu estava com minha bolsa de moedas em mãos, então consegui chegar à cidade.

— Oh, isso deve ter sido difícil! Bem, cobramos um cobre grande por noite ou um cobre pequeno para um quarto público comum. Se você fizer suas refeições no bar, daremos um prato de graça, como uma oferta especial para os clientes da noite.

Hmm. Não sei o custo padrão das pousadas aqui, mas se quiser descobrir a taxa de câmbio entre cobres grandes e pratas, devo tentar pagar com dez dias de antecedência. A senhoria parecia ser muito boa em matemática, então eu duvidava que erraria o cálculo.

— Bem, então eu vou pagar dez dias de estadia, por favor.

— Certamente! São duas pratas, então.

Tirei duas moedas de prata do bolso e as entreguei à senhoria. Então, cinco cobres grandes eram uma prata. Se isso não estivesse certo, ela provavelmente mencionaria dar um cobre extra como gorjeta ou algo assim.

Agora que consegui um lugar na pousada, comer algo seria muito bom. Tudo o que comi no dia anterior foi uma barra de proteínas, então estava ficando com muita fome.

— Madame, poderia ter minha refeição agora? Gostaria de comer algo simples, se possível…

— Bem, se quer comida quente, está algumas horas adiantado ou atrasado demais. O fogo da cozinha apagou tem um tempinho, mas tenho um quiche pré-preparado que posso preparar para você, se quiser.

Um quiche, hein? Eu não comia isso desde que comi em uma lanchonete no mês passado. Considerando o cenário de fantasia europeia da cidade, esperava algo mais parecido com pão de centeio ou sopa salgada, mas acho que pensei demais.

— Eu aceito, então, por favor.

— Certamente. Por favor sente-se; não vou demorar. Martha, poderia pegar as informações de nosso hóspede para o registro?

A senhoria voltou para a cozinha, e Martha apareceu em seu lugar, batendo-me com um livro de registro encadernado como uma balconista de uma peça de época.

A roupa de Martha, que eu não conseguia ver antes, consistia em uma blusa branca, uma saia laranja clara e um colete marrom no estilo espartilho. Seus sapatos eram feitos de couro e pareciam chinelos macios.

— Sim, senhora! Senhor, se puder me dar seu nome, por favor!

— Satou.

— Sr. Satou… Entendi. Agora sua idade e ocupação, por favor!

Tive que me impedir de dizer que era um programador de vinte e nove anos. Minha tela de status dizia que eu tinha quinze anos, e também os documentos de identificação que recebi mais cedo, então… 

— Sou um vendedor ambulante, quinze anos de idade.

— Whoa, você é mais velho que eu?! Achei que tínhamos a mesma idade! — Apesar de sua surpresa, Martha rapidamente anotou minhas informações no papel de palha do livro de registros.

Aparentemente, eu não precisava mostrar meu ID para o check-in da pousada. Assim que ela terminou de escrever tudo, pronta para começar algum tipo de conversa ociosa, a senhoria reapareceu da cozinha com um prato de comida.

— Obrigada por esperar! O prato está pronto.

Talvez fosse apenas minha imaginação, mas a senhoria parecia fazer questão de obstruir minha visão de Martha enquanto colocava minha comida na mesa.

Duas fatias de quiche estavam no prato, junto com uma pequena tigela com o que parecia couve-china em conserva. As fatias eram generosas e havia um garfo de madeira também.

A única peça de cobre que paguei pela refeição parecia uma moeda barata de dez ienes.

Agora, então, era hora de começar a minha primeira refeição completa. Dei uma mordida devagar, saboreando a comida. O quiche era denso e pesado, feito com muitas batatas. Os outros ingredientes consistiam em verduras como espinafre, cogumelos e… cebola vermelha, talvez?

Embora estivesse frio, era mais gostoso do que o esperado. Eu achava que poderia ser um pouco mais seco, mas seria errado reclamar de uma refeição preparada especialmente para mim, ainda mais fora do horário habitual da cozinha.

— Os quiches da mamãe são ainda melhores quando estão quentes!

— Martha! Você não limpou os quartos dos comerciantes covardes que saíram hoje de manhã, não é?

— Oh, desculpe, ainda não!

— Então, o que está esperando?

— Tudo bem, tudo bem, já estou indo. Até mais tarde, Sr. Satou! — Martha subiu as escadas para fazer a limpeza.

— O que você quis dizer com “comerciantes covardes”?

— Ahh, bem… Depois que aqueles hóspedes testemunharam a deriva estelar de ontem, ficaram atordoados a noite toda, falando sobre “um lorde demônio lutando contra os dragões do vale!” Eles saíram daqui logo nos primeiros minutos do dia.

Ela perdeu negócios por minha causa… Fiz uma coisa ruim.

Espera. Mais importante, havia uma palavra que eu não gostei do som…

— Tem um “lorde demônio” por aqui?

— Bem, já teve. Embora o herói destinado tenha derrotado o último há sessenta ou setenta anos. E não ouvi mais nada sobre um ser ressuscitado em lugar algum.

Então havia um “lorde demônio”… e um “herói”. Ainda bem que já foi resolvido. Se isso fosse um jogo, progredir através dos eventos como protagonista definitivamente terminaria com o lorde demônio sendo ressuscitado. Provavelmente era melhor não enfiar o nariz onde não fui chamado, procurando mais informações.

— Além disso, nos seiscentos anos desde que o Reino Shiga foi fundado, ninguém jamais viu um lorde demônio na Cidade de Seiryuu ou nos condados vizinhos. Mesmo se atacasse, começaria com a Cidade Labirinto, tenho certeza. E fica no lado oposto do reino, por isso não temos motivo para preocupação.

Se isto fosse um jogo, acho que essa conversa definitivamente desencadearia um evento.

— Por aqui, estamos muito mais preocupados com os wyverns. Eles podem descer e levar jovens agricultores, cavalos de carga e até crianças. Nosso exército é forte, então a Cidade de Seiryuu é segura… Mas fora dos muros da cidade, as pessoas que trabalham nos campos têm medo constante de um ataque.

Essas coisas são mais assustadoras do que eu pensava.

— Mas os dragões não atacam as pessoas?

— Você não ouviu as lendas? Os dragões são letárgicos e preguiçosos. Eles dormem no Vale dos Dragões e raramente saem. A última vez que um apareceu foi há dois anos, e antes disso foi antes de eu nascer!

— Foi terrível, pelo visto. Dizem que um dragão negro atacou e comeu todas as cabras e ovelhas…

Ela mencionou apenas as criações, então isso significava que não havia tantas vítimas humanas? Eu queria conversar um pouco mais, mas a senhoria voltou para a cozinha.

Antes de terminar o quiche, decidi experimentar o outro prato. As coisas em conserva na tigela eram repolho, mas não repolho chinês. Me enganei por causa da cor esbranquiçada, mas o sabor me lembrou um chucrute que havia experimentado em uma loja especializada em cerveja alemã.

A cobertura polvilhada sobre ela era uma erva finamente picada, talvez algo como salsa. Ao voltar da limpeza, Martha me informou que se a misturasse ao repolho antes de comer, reduziria a acidez.

Espere, ela já fez a limpeza? Não deu nem dez minutos!

Mas como estava sentada enquanto eu comia, perguntei se conhecia alguma loja onde eu pudesse comprar suprimentos para o dia. Poderia verificar meu mapa, mas pensei que era importante me comunicar com os habitantes locais.

— Hã? Suprimentos? Tem barracas de rua no bairro leste, então você provavelmente poderia comprar por lá. Mas contanto que não seja nada complicado, podemos pedir à nossa empregada para que compre para você!

— Obrigado, mas eu gostaria de mudas de roupa, roupas íntimas e coisas assim, então acho melhor ir sozinho. — Era tentador deixá-las me tratar como uma celebridade, mas estava um pouco relutante em ter um estranho me comprando roupas íntimas.

— Hmm… sei que tem barracas na Rua Lestre que vendem roupas de segunda mão…

— Segunda mão? Não sei…

— Se você quer coisas novas, sua melhor escolha é fazê-las sob medida na Rua Central, mas custará caro!

— Tem algum lugar que vende roupas novas que são manufaturadas em vez de feitas sob medida?

— O que é “manufaturadas”…? Ah, quer dizer roupas pré-fabricadas? Você usa palavras rebuscadas para alguém tão jovem. Eles vendem na Alameda Teputa, mas ainda são bem caras.

Alameda Teputa, não é? Abri o mapa para procurar. Parecia um pouco longe da pousada. Por enquanto, marquei no mapa com um alfinete.

— Obrigado. Vou dar uma passada pelas barracas da rua e pela Alameda Teputa, então.

— Oh já sei! Que tal eu te guiar? Posso, não posso, mãe? Especialmente porque hoje não tem muitos clientes!

Oh, isso seria legal. Compras com uma local como a minha guia parecia emocionante. Martha obteve permissão da mãe, com a condição de que voltaria a tempo de ajudar a preparar o jantar.

Ainda assim, com um hóspede ou não, achei estranho que ela deixasse a filha sair tão facilmente na cidade com um homem que não conhecia. Onde estava o senso de perigo dela? Espere… Talvez tenha avaliado (corretamente) que eu não machucaria sequer uma mosca. Sim, provavelmente foi isso.

Mesmo no colegial, uma garota de quem era próximo estava sempre me dizendo que boa pessoa eu era… Okay, não, não vamos afundar em memórias traumáticas.

Martha me levou a uma seção da Rua Leste cheia de todo tipo de barraca de rua. Cada barraca tinha um espaço de apenas cerca de seis metros quadrados. Talvez fosse minha imaginação, mas podia jurar que havia um leve cheiro de molho de soja no ar.

— Muitas dessas barracas estão fechadas…

— Ah, isso é porque os vendedores de alimentos e os agricultores das aldeias próximas costumam fazer negócios aqui. Eles geralmente fecham ao meio-dia. Venha a noite, terá muitos carrinhos de comida montados na praça.

A maioria dos vendedores de roupas ficava no meio da rua, então seguimos nessa direção, andando preguiçosamente pelas outras barracas.

Alguns dos que vendiam alimentos ainda estavam abertos. De pé ao lado de Martha, enquanto ela admirava alguns acessórios de madeira esculpida, ouvi com grande interesse uma conversa entre o proprietário da barraca vizinha e uma mulher mais velha que fazia compras lá.

— Quanto custa três dessas frutas gabo?

— Três seriam dois centavos.

— O quê? Dois centavos? Certamente está caro.

— A esse preço, você estaria me quebrando, madame! Que tal quatro por dois?

— Cinco por dois!

— Tudo bem. Pode ser. Só porque você é bonita, está ouvindo?

Então pechinchar é padrão aqui, hein? Cara, eu estou acostumado a comprar coisas por qualquer preço que dão… Isso é meio doloroso.

Aliás, uma “fruto gabo” parecia ser uma colheita de raízes não muito diferente de uma abóbora vermelha do tamanho de um punho.

Fui atraído pelo termo incomum, moeda de um centavo, então tirei uma do Armazenamento para dar uma olhada. Era uma moeda quadrada de latão que pesava apenas uma fração de onça, embora a minha estivesse enferrujada.

Martha colocou um pequeno broche de cabelo em forma de ave aquática no cabelo e virou-se para mim. 

— O que acha? Combina comigo?

— Yep, ficou muito bom.

— Qual deles acha que fica melhor?

Heh-heh-heh… eu sabia que ela perguntaria isso!

Eu tinha aprendido muito bem na faculdade sobre como lidar com algo assim. Você não pode simplesmente deixar escapar sua opinião honesta. Tem que descobrir para o que ela está se inclinando, com base em suas reações iniciais, e seguir com essa. Caso contrário, o processo será arrastado por ainda mais tempo.

— O azul-claro, eu acho. Combina muito bem com a cor do seu cabelo.

— Você acha?

— Eu vou vender esse para você por três moedas de cobre — o lojista falou rapidamente, sentindo que poderia ter um cliente.

— Sinto muito, hoje não trouxe dinheiro… vou comprá-lo no próximo festival da colheita.

Hã? Eu esperava que ela tentasse sugerir que eu deveria comprá-lo, mas acho que é muito modesta para isso. Graças à vasta experiência com minha namorada da faculdade, já estava preparado para pagar. Também queria tentar uma pechincha, então decidi comprar como agradecimento por me guiar pela cidade.

— Alguma chance de você vender por um cobre?

— Estaria no prejuízo! Dois cobres.

Quando comecei a negociar, Martha puxou minha manga, parecendo preocupada que eu estava gastando dinheiro com ela. 

— Espere, você não precisa… — Mas acenei para ela.

Pelo que tinha visto até agora, tinha quase certeza de que cinco moedas de um centavo seriam um cobre e quatro de cobre seriam um cobre grande.

— Que tal um cobre e dois centavos?

— Um cobre e quatro.

— Um cobre e três?

— Certo. Vendido.

Puxei a quantia certa do meu bolso e paguei ao homem. Ele me entregou o enfeite de cabelo, e eu o coloquei no cabelo de Martha para ela. Era como ir a uma barraca em um festival com uma prima mais nova ou algo assim.

> Habilidade Adquirida: “Pechinchar”

> Habilidade Adquirida: “Estimativa”

> Habilidade Adquirida: “Negociação”

Pelo meu sucesso na negociação, fui recompensado com várias novas habilidades. Elas pareciam úteis, então aprimorei as três com alguns pontos de habilidade.

— Hee-hee… Obrigada, Sr. Satou!

— De nada! É a minha maneira de agradecer por me mostrar a cidade — respondi aos tímidos agradecimentos de Martha o mais comprometidamente possível. Se quisesse flertar com ela, acrescentaria alguns elogios ou algo assim, mas, novamente, era só uma garotinha e eu não sou um idiota, então deixei por isso mesmo.

Desde que havia ativado a habilidade “Estimativa”, olhar para um produto agora me permitiria ver o custo exibido em uma caixa RA ao lado dele, na forma de texto em branco mostrando um intervalo como 2 a 4 moedas de cobre. Essa era provavelmente a faixa de preço estimada.

Enfim, havia muitas crianças trabalhando por aqui.

— O que foi, Sr. Satou?

— Oh, estava pensando em quantas crianças tem por aqui…

— Elas são principalmente empregados e empregadas que são pagos com gorjetas.

— Sério? Uau, essa é a ética de trabalho por ser tão jovem.

— Hã? É normal. — Martha parecia genuinamente confusa com a minha impressão. Acho que a idade padrão de emprego era muito baixa aqui.

Ooh! Isso deve ser…!

Olhando através de uma brecha em toda a agitação do mercado, havia um par de orelhas de animais se contorcendo levemente.

Povo besta! Tinha que ser! Parecia que moravam principalmente no bairro oeste, então ainda não tinha visto um pessoalmente.

Infelizmente, um grito repentino abafou minha excitação.

— Animais sujos! O que acham que estão fazendo no bairro leste?!

Um rapaz loiro de túnica deu um chute em uma garotinha com orelhas de cachorro, e seu pacote de lenha caiu junto com ela. Suas orelhas se achataram de medo quando olhou para o homem que a chutou. A gata com ela veio correndo na mesma hora, curvando-se e pedindo desculpas fervorosas.

Eu não podia ficar parado e assistir isso.

— Você tem algum problema com essas garotas? — Em um movimento não característico, me intrometi antes de processar o que estava fazendo.

— Hã?! São suas escravas? Pegue as coleiras delas e as leve de volta para o bairro oeste!

Para ser honesto, não tinha um plano, mas, felizmente, o outro cara rapidamente se retirou. Peguei as lenhas espalhadas da cachorrinha.

— A-as lenhas…

— P-por favor… d-dê…

As duas meninas olharam para mim do chão. Achavam que eu ia tomar a lenha delas? A cachorrinha gaguejava tanto de medo que não conseguia terminar seu pedido para eu devolver. Tirei um pedaço de barbante da bolsa e amarrei as lenhas como antes, depois as devolvi.

— Você está bem?

— Sim.

— Estamos… bem.

— Oh, que bom. Há muita gente na rua principal, então tenham cuidado.

As duas me agradeceram profusamente quando foram embora. Quando voltei, Martha estava me dando um olhar estranho.

— Sim?

— Você foi tão gentil com aquelas animais…

Hmm? Por que não? Elas são fofas, não são? Claro, precisam de um banho e um corte de cabelo, mas tenho certeza que crescerão e se tornarão jovens adoráveis.

— As pessoas da cidade os odeiam tanto?

— Bem, sim. Aparentemente, o povo besta costumava atacar ou até matar caçadores e aldeões que vinham vender produtos.

Então são considerados ladrões e selvagens, acho?

— Oh, ei, olhe lá! — Talvez estivesse apenas tentando mudar de assunto, mas Martha rapidamente me arrastou para o que havia despertado seu interesse. Eu empurrei as garotinhas para o fundo da minha mente e olhei para onde ela estava apontando. Pequenos animais em gaiolas estavam à venda.

O vendedor era um homem com um casaco de pele que parecia ser um caçador. Algum tipo de machado pendia de sua cintura.

Pensando bem, não tinha visto muitas pessoas andando com espadas, apenas guardas e jovens delinquentes. Tudo o que notei, além disso, foram algumas lâminas do comprimento de adagas penduradas em alguns cintos. As espadas são mais pesadas do que parecem, então aposto que carregá-las na cintura pesaria nas roupas e deixaria com ombros doloridos.

Martha e eu comentamos sobre os animais nas gaiolas, mas nossas opiniões estavam em desacordo.

— São bem fofos.

— Eles parecem deliciosos!

Envergonhada por ter priorizado o estômago, Martha limpou a garganta, depois agarrou meu braço e me levou para a próxima ala. Então acho que estamos fingindo que isso não aconteceu.

Quando chegamos à área de roupas, eu já tinha comprado canecas, um pente, sabão e algumas “varas de polir os dentes”. Era um tipo de vara seca que precisaria roer enquanto enxaguava com água para limpar os dentes; não havia escovas de dente ou fio dental por aqui.

Também não vi nada de vidro. O mais próximo que pude encontrar foram artigos feitos de pedras preciosas ou cristal.

Eu tinha pegado o jeito de fazer compras aqui. Os fornecedores não gostariam se tentasse comprar algo imediatamente pelo preço estimado, percebi depois de três lojas. Em vez disso, tive que iniciar as negociações com cerca da metade da taxa atual e chegar ao preço que desejava após três ou quatro rodadas de discussões. Cara, não me importava de fazer isso de vez em quando, mas toda vez era muito chato.

Na parte central da Rua Leste, vimos uma multidão de pessoas na praça.

— Homens e mulheres piedosos da Cidade de Seiryuu! O dia da ressurreição do lorde demônio está próximo! Vocês todos devem ter testemunhado. A deriva estelar certamente era um portento das coisas terríveis que estão por vir! Agora é a hora de dedicar-se ao templo do benevolente Zaikuon!

No centro, um homem rotundo, de aparência auto-importante, com cerca de trinta anos, dirigia-se calorosamente à multidão, vestido com uma reminiscência de um padre xintoísta. No meio do caminho, quando começou a falar, a multidão começou a perder o interesse e a se dispersar.

— O que está acontecendo?

— Esse é o sumo sacerdote do templo de Zaikuon. Ele deve estar desesperado por estarem perdendo seguidores.

— Ah? Eles fizeram alguma coisa?

— Não, não. Todo mundo está saindo porque o templo não pode fazer nada.

Minha confusão deve ter aparecido no meu rosto, porque Martha deu mais detalhes. 

— Veja, o Templo de Zaikuon não tem ninguém que possa usar a Magia Sagrada. Se você for fazer oferendas em um templo, é melhor, por exemplo, Parion ou Garleon. Pelo menos eles podem curá-lo se estiver ferido.

Entendo. Acho que precisaria ser prático em um mundo difícil como este. Essa atitude dificilmente poderia ser chamada de fé, mas acho que as pessoas inevitavelmente se reuniam na religião com benefícios do mundo real.

O sacerdote gordo estava ficando desesperado, agarrando um cidadão que estava tentando se afastar. Os sacerdotes de nível mais baixo ao seu redor tentaram impedir, mas eu não queria me envolver, então os ignorei e saímos da praça.

A área de roupas tinha muitos lugares para reparar ou redimensionar roupas, além de lojas de segunda mão. Finalmente encontrei uma barraca com roupas novas em meio a todas as roupas usadas, então comprei uma boa quantidade de roupas íntimas lá.

Enquanto estava nisso, peguei algumas toalhas bonitas e macias. Para minha leve decepção, eram realmente apenas dois pedaços de pano costurados; mesmo assim, era melhor do que não ter nada, então comprei algumas em alguns tamanhos diferentes.

Comparado à comida e hospedagem, as roupas eram bem caras.

— Olha, Sr. Satou! É uma máscara de dragão!

Martha pegou uma máscara de madeira entalhada na vitrine e a segurou na frente do rosto. Havia também máscaras de prata macias, máscaras brancas e todo tipo à venda.

— As pessoas usam isso no festival da colheita. Esse tipo de prata foi bastante popular no ano passado.

Huh… peguei uma das máscaras de prata. Parecia ser o tipo que se amarra com uma fita.

— O que você acha, rapaz? Essa máscara de dragão deve trazer paz e boa saúde, — a lojista falou, uma mulher que parecia ter mais de vinte anos. Sua camisa estava cortada com um decote em V muito baixo, por isso era difícil encontrar um lugar adequado para procurar; não era realmente do meu tipo ou tão atraente, mas ainda era difícil desviar os olhos.

Tentando encontrar outra coisa para olhar, meus olhos caíram em uma peruca à venda, ao lado da máscara de prata. 

— As pessoas as usam com máscaras de dragão?

— Bem, os únicos que usam máscaras de dragão são os atores que interpretam os dragões. A peruca preta aqui é para o ator que interpreta o herói, e essa loira é para outras partes, como a princesa e suas criadas.

Este festival tinha muitas partes diferentes para serem atuadas. No final, não pude resistir à recomendação dela, então comprei a máscara de dragão e a peruca loira.

Na Alameda Teputa, havia lojas que vendiam todos os tipos de roupas e acessórios.

Primeiro, comprei um manto impermeável com capuz para o tempo chuvoso em uma loja para viajantes. Também comprei vários conjuntos de camisas e calças de aparência durável.

Também peguei sapatos: um par de sapatos impermeáveis para viajar, algumas botas que pareciam combinar com minhas roupas e sandálias. A maioria das sandálias que vendiam era do tipo que se amarra com cordão, no estilo da Grécia Antiga, mas eu queria sapatos, então peguei um sapateiro dentro da loja para fazer alguns pedidos para mim.

Enquanto esperava minhas sandálias, encontrei uma bolsa que se parecia com minha Bolsa Depósito. Pensando que tinha encontrado algo incrível, me preparei e verifiquei o preço de mercado, mas era apenas uma bolsa de couro normal, para minha decepção.

Ainda assim, parecia que poderia servir como uma substituta da minha Bolsa Depósito, então eu a comprei de qualquer maneira. A cor e a costura eram um pouco diferentes, mas desde que ninguém as olhasse lado a lado, serviriam.

Eu tinha exagerado um pouco nas minhas compras. Me perguntava se seriam coisas demais para carregar. 

— Desculpe-me… Existe alguma maneira de eu pedir para você cuidar de minhas coisas enquanto faço compras?

— Sim, claro. Se quiser, podemos até entregá-las para você.

— Oh, claro, por favor. Vou ficar na Pousada da Frente, meu nome é Satou.

Ofereceram porque comprei muito? Que ótimo serviço.

Um garoto de dez anos, talvez o filho de um dos lojistas, pegou o pacote de roupas do balconista e partiu para entregá-las.

Na próxima loja, peguei algumas roupas para usar no centro da cidade. A túnica que eu vestia era um item encantado de alta qualidade, mas, a julgar pelas roupas à venda e pelas roupas que tinha visto pela cidade, seu design parecia um pouco antiquado.

— Que tal esse manto aqui? É muito digno.

— É um pouco grande…

— O que acha deste gibão, então?

As duas vendedoras, mulheres com cerca de trinta anos, continuaram me acompanhando com sugestões que se inclinavam mais para os itens mais caros do que os que mais me convinham. Eu não me importava exatamente que estivessem pressionando um pouco demais para mim em uma possível tentativa de me seduzir a comprar, mas a intensidade vertiginosa do perfume delas tornava a situação meio agradável.

— Ei, Sr. Satou, acho que este gibão aqui ficaria bonito, não acha?

— Oh, é muito legal. Só não achei o forro laranja tão legal assim.

— Não se preocupe, a cor desaparecerá após dois ou três anos.

Dois ou três anos?! Fiquei incrédulo, mas talvez esse tipo de coisa fosse normal neste país. Exceto por ternos e casacos, estava acostumado a precisar de roupas novas após cada estação.

Um gibão é basicamente uma camisa justa e acolchoada na cintura. Na Cidade de Seiryuu, a maioria dos gibões tinha uma barra do cotovelo ao ombro, onde era possível ver o tecido interno. Em outros, a barra descia por toda a peça.

Pelo que tinha visto na cidade até então, esse tipo de roupa parecia ser o favorito entre os jovens chamativos.

— Esta cor aqui está vendendo muito este ano!

— Ah, sim, eu definitivamente recomendo essa cor!

Naturalmente, as vendedoras estavam empurrando um gibão com cerca de três vezes o preço do que Martha havia encontrado para mim. Nenhuma das roupas tinha etiquetas, então tive que usar minha habilidade “Estimativa”, mas não duvidei que a exibição fosse precisa.

A roupa não só tinha decorações bizarras nos ombros, mas também era uma combinação particularmente desagradável de verde e rosa. Recusei firmemente.

Sim, acho que já terminei de fazer as compras aqui. Dispensando as vendedoras enquanto elas reclamavam baixinho, passamos para a próxima loja.

A apenas dois prédios, encontramos uma loja com uma variedade de roupas elegantes. Era basicamente uma loja de moda masculina, com muitas roupas de bom gosto para os comerciantes.

— Uau! Parece caro, mas é tudo tão legal!

— Sim, e a costura também é de alta qualidade. Parece promissor.

— Muito obrigado. A nossa pode não ser tão notável quanto a sua túnica de fibra de Yuriha, senhor, mas garantimos a mais alta qualidade que encontrará em roupas prontas.

O gerente da loja, um jovem, promoveu seus produtos com orgulho genuíno. No entanto, eu teria comprado mesmo se não tivesse oferecido.

— Se você gostaria de ter algo feito sob medida, senhor, meus pais administram uma loja de moda masculina na Rua Central. Estou certo de que fariam algo exatamente do seu agrado.

Hã. As duas gerações estavam na mesma linha de trabalho, mas tinham duas lojas diferentes? Talvez ele estivesse trabalhando em um local separado para aprimorar seus talentos naturais.

Comprei uma túnica simples, mas elegante, com bordados de prata e uma túnica de comerciante marrom-oliva. A entrega também era gratuita. Isso estava começando a me lembrar de um determinado serviço de compras online.

Eu tinha feito todas as compras que havia planejado para o dia, mas estava interessado em ver a loja de moda masculina que o jovem recomendara, então Martha e eu fomos dar uma olhada.

Ao entrar na loja, um casal de meia-idade gentilmente nos recebeu. Ao contrário das lojas com roupas já feitas, havia muito pouca mercadoria em exposição. Em vez disso, tinham amostras de cinco roupas diferentes e uma grande variedade de tecidos. Uma área de lounge para discutir negócios ocupava a outra metade do estabelecimento.

— Com licença, mas estou procurando uma túnica pesada de comerciante. Em uma cor suave, se possível…

— Bem-vindos. Por favor, sente-se aqui e pegue algumas amostras de tecido para você. Os cinco ternos de amostra ali são os nossos projetos mais vendidos atualmente.

O marido me guiou para o salão e foi para os fundos pegar as amostras. Quando saiu, a esposa entrou para substituí-lo, trazendo algum tipo de chá preto.

Martha sentou-se ao meu lado, estranhamente tímida enquanto bebia seu chá.

— Vai começar a esfriar logo, logo, então sugiro esse tecido mais grosso. Se você estiver viajando, também poderíamos preparar um sobretudo impermeável para combinar com sua túnica, se preferir.

Isso me pareceu muito bom. Provavelmente.

Sou do tipo que compra grandes quantidades de roupas de cores diferentes da enorme empresa de roupas Uniqlo, então pedi um de cada um dos cinco modelos mais vendidos com casacos iguais. Aparentemente, a alfaiataria levaria até cinco dias.

Meu pedido chegou a oito moedas de ouro no total: muito caro, mas tinha muito dinheiro, então paguei sem nem piscar.

— Uau, Sr. Satou! Os comerciantes são ricos, não são?

— As roupas de um comerciante são como a armadura de um cavaleiro! Não posso ser mesquinho com algo tão importante.

Ops. Parecia uma senhora do escritório que passa a vida indo para balada. Na realidade, eu estava pensando que, se quisesse passear dentro do muro interno onde moravam as pessoas ricas, teria que usar roupas para combinar, ou me destacaria um pouco.

Aliás, a túnica que usava atualmente custaria cerca de cem moedas de ouro. Que preço insano! Assim como nos videogames, as roupas mágicas aqui estavam em um nível totalmente diferente de valor, acho.

As roupas seriam entregues no meu quarto na pousada quando a costura estivesse terminada, mas precisariam tirar medidas. Eu teria que voltar para a loja dentro de alguns dias para cuidar de todos os ajustes necessários.

O casal acenou dando adeus quando saímos.

As ruas nesta cidade eram muito mais limpas do que esperaria de um cenário europeu de fantasia.

Não tinha esterco nem pessoas sem-teto nos becos. Havia até calhas ao longo da estrada, completas com cobertas de pedra.

Nada disso seria tão incomum em um jogo, mas se este fosse um mundo alternativo em vez de um sonho, o domínio do saneamento do país era desproporcionalmente avançado em comparação com o resto de sua cultura.

Ao contrário da Rua Leste, a Rua Central tinha poucas barracas e estava cheia de lojas regulares. A maioria dos transeuntes pareciam muito bem vestidos.

No caminho de volta, passamos por um homem que vendia doces na rua, então Martha e eu compramos um pouco. Em vez de ser um doce duro, era algo chamado “doce de xarope de malte”, palitos finos com xarope marrom-claro nas pontas.

Comendo enquanto andava, deixei meus olhos percorrerem as pessoas e todas as carroças indo e vindo pela rua. Havia muitas carruagens puxadas por homens e cavalos, então acho que a magia não era conveniente o suficiente para substituir inteiramente as máquinas.

Na mesma nota, também observei que a maioria das pessoas que puxavam carroças usavam coleiras.

— Coleiras estão na moda por aqui?

— O q…? — Martha respondeu com a boca cheia de doces. — Oh, não, são escravos. Os especialmente rebeldes ou delinquentes usam “colares de escravidão”, mas os colares que estão usando provavelmente são apenas para marcá-los como escravos.

Entendo… Então é assim que funciona…

Naquele momento, outra carruagem puxada por cavalos passou diante dos meus olhos. Como as outras, estava se movendo tão rápido quanto uma caminhada rápida, provavelmente porque era uma rua cheia de gente. Nos fundos havia dez ou mais garotas com coleiras, escravas.

Duas delas em particular chamaram minha atenção. Uma, com cabelos pretos emaranhados pela longa jornada e olhos igualmente pretos, tinha feições que a faziam parecer marcadamente japonesa. A maioria das pessoas que eu vi parecia do norte da Europa, então essa poderia ter sido a primeira pessoa asiática que encontrei.

Como os olhos da garota estavam abatidos, não houve um momento dramático em que nossos olhos se encontraram, mas fiz contato visual com a que estava ao lado dela: uma garotinha com cabelos lilás esvoaçantes e os traços tradicionais do norte da Europa.

Por alguma razão, ela estava olhando para mim com total espanto. Pare com isso! Por favor, não me dê esse olhar sério. Não posso fazer nada por você… Além disso, não gosto de garotinhas, então… desculpe.

Talvez porque estivesse olhando para ela por tanto tempo, o nome e o nível da garota apareceram ao lado de seu rosto.

> Arisa. Nível 10.

Nível alto para uma garota tão jovem…

Mais informações apareceram abaixo do nível dela.

> Onze anos de idade.

> Título: Bruxa do Reino Perdido

> A Princesa Louca

> Habilidades: Desconhecido

Isso foi o que pude ler antes que a carruagem virasse uma esquina e desaparecesse em direção ao bairro oeste.

Esses títulos definitivamente eram problemáticos… Não, eu definitivamente não vou me meter. Sem chance!

 


 

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Bravo

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