Marcha Mortal à Rapsódia do Mundo Paralelo – Vol 01 – Cap. 01.1 – Subindo de Nível

 

Olá, Satou aqui. Como uma típica formiga trabalhadora japonesa, sempre passei meus dias no escritório, mas acho que nunca me cansei tanto que desejei poder fugir para outro lugar. Eu estava ocupado, mas sentia que meu trabalho valia a pena. É verdade, juro!

A dor que senti logo antes daquela nuvem de poeira aparecer tinha me nocauteado por umas duas horas. Provavelmente, a poeira foi uma consequência de todos os meteoritos que atingiram a terra, imaginei.

O menu exibia a hora em um formato simples no canto da minha visão. Muito conveniente.

Eu me esforcei para mover meu corpo, que estava meio enterrado na terra.

Hã? Não consigo me levantar…

Igual quando você não consegue sair da cama numa manhã de inverno. Eu conseguia mexer um pouco as mãos, mas era complicado mexer mais que os dedos.

*CLANK!*

O som metálico me tirou do meu estado semi-consciente.

— De jeito nenhum… — murmurei, mas no fundo já tinha certeza do que poderia ser. O homem-lagarto que havia disparado a primeira flecha antes.

Como se para confirmar minhas suspeitas, um único ponto vermelho apareceu no meu radar. O homem-lagarto no meu mapa ainda aberto era o único inimigo que continuava vivo. Como ele sobreviveu a três daqueles ridículos ataques de meteoros? Não achei que isso fosse possível. Talvez tenha evitado a maior parte dos ataques por estar mais perto de mim do que os outros?

— Acho que perdi esse round, não é? — resmunguei. Fiquei um pouco frustrado, mas na maioria das vezes o estado letárgico do meu corpo parecia ter arrastado minha mente para a resignação.

*CLANK!*

Mas quando vi o inimigo aparecer no topo do penhasco, a apatia de um jogador que acabara de perder um jogo de estratégia desapareceu completamente. O homem-lagarto sangrava por todo o corpo, manchando de vermelho os restos de sua armadura azul esfarrapada. Usando uma lança como bengala enquanto se arrastava para frente do penhasco.

Naquele momento, seu olhar caiu em mim e se recusou a se afastar. Meus braços e pernas tremiam pateticamente. Já tive sonhos antes em que queria fugir e não conseguia me mexer, mas nunca sonhei com nada que me fizesse tremer tanto.

Usando a lança como bengala, o guerreiro cambaleou em minha direção, arrastando a perna quebrada. O corpo da coisa estava coberto de feridas. Se eu tivesse reagido um pouco mais cedo, poderia ser capaz de pegá-lo de surpresa com um golpe e derrubá-lo da beira do penhasco, mas já era tarde demais para isso.

Apesar do estado, os olhos do homem-lagarto ainda estavam ardendo por uma briga. Ele definitivamente queria me matar. Puxou uma espada da bainha na cintura e a jogou aos meus pés. O movimento repentino derrubou um pedaço de sua armadura, que caiu no chão.

Agora que ele chegou tão perto de mim, o cheiro de sangue era tão forte que quase engasguei. Seria realista demais, se não fosse o medidor de pontos de vida (PV) flutuando à direita da cabeça do homem-lagarto. Por baixo estava escrito: Homem-lagarto: Nível 50.

Parecia ser algum tipo de recurso de realidade aumentada (RA) semelhante aos usados hoje em dia em jogos para smartphones e similares.

— Isso deveria ser um jogo? — resmunguei, tentando enganar meus membros em movimento. Por alguma razão, meu corpo estava um pouco mais leve.
— ▓ ▓ ▓ ▓! ▓ ▓ ▓!

Eu não tinha ideia do que o homem-lagarto estava me dizendo, mas poderia adivinhar.
— Você quer que eu pegue essa espada e lute? — Mal recuperado, lutei para fazer meu corpo se mover, pegando a espada. Por mais bobo que possa parecer, considerando que estava sonhando, o medo que senti era completamente real.

Segurei a arma como se estivesse segurando um canudo. Naquele momento, por algum motivo, não passou pela minha cabeça implorar pela minha vida.

— ▓ ▓ ▓ ▓!

Minha mente disparou. Nunca tive nenhum tipo de aula de esgrima ou kendô. Nem tinha levantado uma enxada em uma fazenda ou usado um martelo para fazer mochi na véspera de Ano Novo. Então, minha única experiência com uma lâmina foi o que eu tinha visto em animes e mangás, sem nenhuma influência real.

— ▓ ▓ ▓ ▓!

Agarrei a espada com força, usando as duas mãos trêmulas, e firmei desesperadamente os pés. O homem-lagarto zombou enquanto preparava sua lança. Ao contrário da minha arte de espada falsa, a postura do meu oponente mostrava um alto nível de domínio.

A palavra que ele repetia toda hora era difícil de descrever, posso dizer que era algo como mokuugwa ou makueuga. Claro, eu não tinha ideia do que isso significava.

— ▓ ▓ ▓ ▓! — Enquanto gritava, ele enfiou a lança vermelha brilhante no meu ombro. Doeu muito. Ouvi pessoas dizerem que você sente mais calor do que dor com uma facada, mas não, era praticamente apenas dor. Era insuportável. Minha mente estava muito focada no meu ombro para pensar em qualquer tipo de ação a ser feita.

Puxando a lança, o homem-lagarto perfurou minha perna como se estivesse brincando comigo. Quando a lança perfurou minha coxa, fui atingido por uma nova onda de agonia e caí para trás.

Considerando o quão patético eu era, não ficaria surpreso se tivesse desmaiado de dor naquele momento, mas, em vez disso, por algum motivo estranho, parei de sentir. Talvez fosse minha imaginação, mas meu medo parecia estar diminuindo também. Talvez estivesse com tanto medo que meu limitador emocional tivesse quebrado?

Meus braços e pernas pararam de tremer, e finalmente consegui pensar direito. O medidor de PV que conseguia ver em cima da cabeça do meu oponente estava quase zerado, mas duvidava que pudesse lutar com ele e vencer. Se tentasse atacá-lo com minha espada, ele certamente desviaria de meu ataque e acabaria rapidamente cortando minha garganta.

Felizmente, parecia que os movimentos do meu inimigo eram tão dolorosos quanto os meus. Eu tinha que criar algum tipo de abertura enquanto ele estava me atormentando.

Ao me levantar, peguei um punhado de terra. Jogar sujeira nos olhos de um oponente pode ser trapaça, mas não tinha o luxo de uma luta justa agora. Observei o homem-lagarto com cuidado e acertei sua lança com minha espada, assim que ele se afastou. Devo ter subestimado minha força restante, porque o empurrão o desequilibrou.

Minha vez agora!

Joguei a terra em seu rosto com toda a minha força. Ela se espalhou no ar, mas o suficiente ainda atingiu o rosto da criatura. Infelizmente, meu oponente estava um passo à minha frente, ele se defendeu colocando um braço na frente dos olhos.

Droga, você deveria estar mortalmente ferido! Mas pelo menos seu braço estava bloqueando sua visão. Mirando as pernas dele, balancei minha arma e soltei, jogando-a para frente. Mas eu aparentemente tinha girado com muita força, a espada voou em direção ao tronco do homem-lagarto.

Tinha planejado fugir no momento em que soltasse a espada, mas a cena que se desenrolou diante dos meus olhos acabou me parando.

— Hã?!

A espada deixou minhas mãos com uma velocidade chocante e cortou o homem-lagarto ao meio. O sangue jorrou de seu corpo cortado.

Oh Deus… não sou bom com coisas sangrentas. E eu nunca tinha visto algo tão horrível antes, nem mesmo em filmes.

— Ele está desaparecendo… — Assim como um inimigo em um videogame, o cadáver do homem-lagarto estava desaparecendo. No entanto, os traços de sangue deixados para trás eram a prova de que a batalha não havia sido uma ilusão.

Sentei-me no chão e olhei para o céu, depois finalmente respirei fundo. Uau! Esse sonho é exaustivo… Se tivesse que sonhar com algo tão realista, não poderia estar em uma praia tropical ou algo assim, saindo com garotas gostosas de biquíni?

irei minha camisa polo para tentar tratar minhas feridas. Estava frio, mas não tanto para pegar um resfriado. Colocando-a no Armazenamento, usei minha camiseta para limpar o sangue.

Estranhamente, parei de sangrar. Eu esperava que as feridas de uma estocada de uma lança durassem muito mais tempo. Quando esfreguei o sangue endurecido com o dedo, ele caiu em pedaços. Por baixo, havia uma pele perfeitamente limpa, nem mesmo uma cicatriz.

A dor também parou, percebi. Talvez este sonho tipo um jogo tivesse um sistema em que você se curasse automaticamente depois de concluir uma missão? Abri a tela de status para confirmar; com certeza, meu PV estava totalmente restaurado. Em uma inspeção mais detalhada, de fato, meu PV máximo estava maior. Não só isso, mas meu nível saltou de 1 para 310!

A velocidade louca daquele golpe de espada de antes deve ter sido por causa do meu nível alto. Minha força, assim como todas as minhas outras estatísticas, foram aumentadas até o máximo.

 

Eu devo ter upado de nível por causa de todos os inimigos que derrotei com aquelas Chuvas de Meteoros. Querendo ver as consequências das chuvas de meteoros, olhei por cima da beira do penhasco. A paisagem abaixo era aterrorizante. Um véu de poeira ainda pairava no ar, obscurecendo o deserto, mas o chão que podia ver através dele estava pontilhado de crateras. A área onde o exército estivera também estava completamente marcada.

Minha suposição provavelmente estava certa: o homem-lagarto com quem eu lutei antes deve ter escapado de um golpe direto dos meteoritos, já que estava um pouco longe do resto do grupo. Desde que estava à beira da morte, as ondas de choque por si só devem ter sido incrivelmente poderosas.

Quanto ao desfiladeiro distante, o Vale dos Dragões, parecia que boa parte da área havia desabado. Não parecia tanto um ataque mágico de um jogo, e sim a superfície desgastada da lua. Bem, isso era de se esperar se um pequeno pedaço de terra fosse martelado com três ataques de mais de cem meteoritos cada, eu acho.

O cenário parecia algo de filme, então talvez fosse por isso que não parecia real. Ah, certo, isso é um sonho de qualquer maneira… não é? Era vívido demais para ser um sonho, mas estranho demais para ser a vida real. Na verdade, parecia mais provável que eu estivesse dentro de um jogo.

Bem, se fosse um jogo, você pensaria que vencer todos esses inimigos provocaria algum tipo de evento.

Tentando reunir mais informações, olhei para a tela de registro. Tudo começou com a mensagem “BEM-VINDO AO NOSSO MUNDO”. Normalmente, isso parece uma afirmação bastante significativa, já que MFL começa com a mesma mensagem.

O registro mostrava quais ícones eu usei, as derrotas dos homens-lagartos e outros inimigos e a derrota de alguns dragões que aparentemente eram os antigos governantes do Vale dos Dragões. Também incluía notificações de subir de nível e a aquisição de vários títulos e, finalmente, minha vitória sobre o último homem-lagarto. Depois disso, havia uma frase que dizia: FONTE: VALE DOS DRAGÕES CONQUISTADO

, mas eu não tinha ideia do que isso significava e simplesmente ignorei.

Em seguida, havia um registro de todos os loots que ganhei na batalha. Até o cadáver daquele homem-lagarto estava listado entre os loots, o que explicaria por que ele havia desaparecido. Deveria me tornar um necromante agora, ou o quê?

Lembrando-me da morte do meu oponente, fiz uma pasta chamada Cemitério no meu Armazenamento e guardei todos os cadáveres lá. Depois de alguns segundos, olhei para a pasta e juntei minhas mãos em uma breve oração.

Enquanto continuava a verificar meus status, notei que aquelas habilidades de emergência para iniciantes que eu havia usado anteriormente haviam sido registradas no menu mágico. Não estava conseguindo acessar esse menu, mas agora parecia que poderia usar as novas habilidades mágicas da lista se as selecionasse e as habilitasse.

Gostaria que esse sonho não tivesse todos esses sistemas irritantes.

Testar o Explorar Todo o Mapa não iria necessariamente provar sua eficácia, então decidi experimentar a magia Chuva de Meteoros. Uma rápida verificação no mapa confirmou que eu estava sozinho, portanto não deveria ser um problema. Eu tinha que testá-lo enquanto tinha a chance, para não me encontrar em um dilema e tentar usá-lo apenas para obter uma mensagem de PONTOS DE MANA (PM) INSUFICIENTES ou algo assim.

Selecionei Chuva de Meteoros no menu mágico e escolhi usar. Talvez porque não houvesse inimigos no mapa, um pop-up apareceu dizendo: Por favor, selecione um alvo. Acho que tenho que marcar uma área alvo para magia destrutiva, como no GM. Escolhi um local cerca de três vezes mais longe que o Vale dos Dragões.

Aparentemente, isso foi bom o suficiente, porque meu medidor de PM diminuiu imediatamente. Eu senti como se algo estivesse sendo retirado do meu corpo, com muito mais intensidade do que quando usei Explorar Todo o Mapa. Isso não aconteceu na primeira vez que usei essas habilidades, provavelmente porque não estava usando meu próprio poder mágico na época. Desta vez, meu PM caiu cerca de mil pontos, cerca de um terço do total.

Olhei para o céu. Ainda não tinha meteoritos. Igual da primeira vez, deviam aparecer a qualquer momento. Finalmente, vi algo irromper nas nuvens como antes, mas…

O que está acontecendo? Eles são ENORMES!

As rochas que cortavam em direção ao solo tinham quase cem vezes o tamanho das rochas que eu havia invocado antes. Não, considerando o quão distante estavam, deveriam ser ainda maiores. Antes que pudesse começar a me perguntar por que, instintivamente comecei a correr. Para longe da chuva de meteoritos, obviamente!

Provavelmente meteorito não era a palavra certa para esses pedaços gigantes de rocha rasgando a atmosfera. Uma onda de som me atingiu com tanta força que minha pele ondulou, e corri ainda mais rápido, gritando em um volume que rivalizava com um rugido estrondoso. Não tenho ideia do que realmente gritei, se é que era alguma coisa. Lembro-me da incrivelmente forte resistência do ar, como se estivesse correndo pela água.

Quando fugi, acabei percebendo que estava indo muito rápido, mas era tarde demais para pisar no freio. Apoiei minhas pernas com toda a minha força, mas ainda não consegui parar. O estresse físico rasgou meus tênis como se fosse um pedaço de papel. Meu calcanhar esmagou uma pedra e, quando minhas mãos atingiram o chão, meus dedos esculpiram dez buracos na pedra.

Mas mesmo isso não foi suficiente para me parar, e eu fui voando para fora do precipício. Desde que consegui parar um pouco, pude pousar em uma formação rochosa protuberante a cerca de quatro metros de distância.

Cara, isso foi três vezes mais assustador que uma queda livre.

Tremores periódicos na terra tornaram impossível ficar de pé. Agarrei-me à protuberância, não querendo cair. Uma onda de terra, como um rio lamacento, inundou o chão. Ocasionalmente, via pedras do tamanho de um carro rolando junto com a terra, provocando um arrepio na espinha.

Depois que a terra parou de tremer, tentei me levantar de novo para ver os resultados da Chuva de Meteoros. O ar ainda estava nublado de detritos, então enrolei minha camiseta em volta do meu rosto. Cheirava a sangue, mas era melhor do que respirar terra e ter uma crise de tosse.

Quando pressionei meus dedos na ponta do penhasco, fiz pequenos buracos do tamanho deles. A rocha não parecia ser particularmente quebradiça, então pude subir com relativa facilidade.

Ao chegar ao topo novamente, lembrei-me de que estava descalço e procurei no meu Armazenamento. Encontrei algumas sandálias e tentei tirá-las, mas estavam cobertas de sangue, então as devolvi rapidamente.

Se eu tiver que usar algo sujo assim de qualquer maneira, poderia ser o meu próprio sangue. Tirei a camisa polo manchada de vermelho do Armazenamento, rasguei em dois pedaços e envolvi cada metade em torno de um dos meus pés. Não era exatamente estiloso, mas por enquanto serviria.

Quando levantei a cabeça e olhei para longe, vi algo que parecia uma nuvem de cogumelo. Movendo-me para a beira do penhasco, pude ver uma luz vermelha na superfície. Seria lava que explodiu do subsolo, talvez? Poderia ser apenas um incêndio, mas como não consegui dizer qual era a situação, decidi olhar o mapa.

Troquei para mudar o mapa de 2-D para 3-D. A julgar pelo fato de meu marcador estar agora flutuando no ar, o chão devia ter colapsado consideravelmente. A terra ao redor de onde os meteoros haviam atingido também estava distorcida.

Olhando para a nuvem de cogumelos, silenciosamente abri o menu mágico e mudei a magia Chuva de Meteoros de habilitado para desabilitado, tornando-a inutilizável.

Esta magia é perigosa. Se eu a usasse repetidamente, me tornaria um lorde demônio. Dizem que um homem sábio fica longe do perigo, então era melhor mantê-la longe.

A razão pela qual foi muito mais forte do que a primeira vez, foi o aumento no meu nível ou no meu status de inteligência, ou pelo menos foi o que imaginei. E parecia que meus outros atributos também aumentaram. O fato de que eu era capaz de fazer buracos na rocha com os dedos provavelmente foi graças ao status de força, e minha capacidade de suportar o recuo foi provavelmente a minha resistência. E aquele arranque louco que foi rápido o suficiente para criar resistência ao ar deve ter sido o meu status de agilidade.

Peguei uma pedra e brinquei com ela experimentalmente, mas, felizmente, parecia que era capaz de controlar minha nova força perfeitamente. Não me senti mais forte do que o habitual enquanto a segurava, então a rolei entre os dedos. Mas quando tentei por um momento usar força suficiente para quebrá-la, ela se espatifou na minha mão.

Em um ponto, acidentalmente espirrei enquanto segurava a pedra, mas não a esmaguei nem nada. Isso foi um alívio.

Talvez fosse por toda a poeira que havia por ali, mas o tempo estava começando a parecer desonesto, então encontrei uma barraca nos meus loots e a preparei para fazer uma pausa. Mastigando uma barra de proteína, uma que costumava usar no escritório, encontrei uma Bolsa Fonte entre meus loots. Aparentemente, isso era algum tipo de item mágico que nunca ficava sem água. Muito conveniente, mas tentar descobrir como funcionava parece que me faria ficar acordado à noite, então decidi não pensar muito nisso.

A chuva começou a cair em algum momento e parecia improvável que pararia tão cedo. Desde que tive algum tempo para descansar, decidi verificar o resto dos meus loots.

A maioria dos itens foi danificado até certo ponto, provavelmente esmagados pelos meteoritos. Havia todos os tipos de ferramentas, equipamentos e necessidades diárias, mas a maioria estava quebrado, criei algumas pastas e as coloquei nelas.

Havia toneladas de moedas de ouro, moedas de prata e todo tipo de joias também. Acho que é verdade que os dragões gostam de coisas brilhantes. Encontrei todo tipo de moeda de vários lugares e rapidamente perdi o interesse em classificá-las. As mais numerosas eram as moedas de ouro de algum lugar chamado Reino da Conduta, das quais eu tinha mais de dez milhões, ridículas 303 toneladas. Talvez os humanos de lá fossem forçados a fazer tributos periódicos aos dragões?

Não sei se isso é um sonho, um jogo ou o quê, mas se encontrar o caminho para uma civilização humana, parece que não precisarei me preocupar com dinheiro. Espero que não seja um sistema de escambo…

Entre meus itens mágicos estavam todos os tipos de espadas sagradas, lâminas divinas e coisas do gênero, além de algo chamado Pistola Mágica. Em algum lugar no fundo da minha mente, meu eu do ensino médio estava ficando louco. Todas as espadas tinham nomes estúpidos como Excalibur e Durandal, mas como era o meu sonho, acho que era meu próprio subconsciente tentando me agradar.

Possivelmente, como algum tipo de medida antifurto, as Espadas Sagradas provocaram um choque estático que me machucou quando as peguei, então as guardei por enquanto. Eu era capaz de usá-las por apenas um minuto, mas as espadas emitiam uma bonita luz azul quando empunhadas. A luz desaparecia após um breve momento, porém, talvez brilhassem apenas no escuro.

Seguindo em frente, tirei a Pistola Mágica do Armazenamento e atirei experimentalmente em uma rocha próxima. Havia um pouco de atraso entre quando puxava o gatilho e quando a arma disparava, mas ainda era bastante poderosa.

De qualquer forma, depois de brincar um pouco, era hora de voltar ao trabalho de classificar todos os meus itens.

Antes que percebesse, a chuva havia parado.

Acho que devo ter cochilado durante a classificação. Dormi mais tempo do que o normal, então acordei me sentindo revigorado. O fato de conseguir dormir tão profundamente em um penhasco como esse mostra o quão exausto estava.

Derramei água em um balde que encontrei no Armazenamento e usei para lavar meu rosto.

Hã…? Espere, algo não parece certo.

Olhei novamente. Definitivamente algo estava errado. Puxando o telefone de flip do meu bolso, tirei uma selfie.

— Yeesh! Era assim que eu parecia no primeiro ano do ensino médio… — Talvez fosse apenas minha imaginação, mas até minha voz soou mais jovem. Bem, acho que não era incomum sonhar em voltar a ser um estudante.

Tendo conseguido uma boa noite de sono, achei que provavelmente era hora de seguir em frente, pois não havia muito mais o que fazer aqui. Olhando para o mapa, encontrei uma área chamada Fortaleza dos Soldados, cerca de novecentos quilômetros a oeste. Parecia ser desprovida de vida, e estava no limite do meu mapa, então não tinha certeza de qual seria a situação além dela.

Mas eu não vi outros marcos artificiais significativos, então achei que poderia começar por essa direção.

Antes de sair, abri a tela de habilidades para mexer um pouco. Eu a ignorei anteriormente, mas parecia que muitas habilidades novas apareceram na lista. Contei onze no total: “Espada de Uma Mão”, “Arremesso”, “Evasão”, “Desviar”, “Magia Prática: Outro Mundo”, “Magia de Invocação: Outro Mundo”, “Resistência ao Medo”, “Resistência à Dor”, “Auto-cura”, “Observação” e “Linguagem Antiga do Povo Escamoso”.

Talvez tenha aprendido ao subir de nível, mas parecia que haveria mais se esse fosse o caso. De alguma forma adquiri habilidades através de minhas ações?

Os níveis de habilidade variaram de 1 a 10, e poderia aprimorá-las atribuindo pontos de habilidade a elas. Era uma taxa de conversão simples de um ponto para cada nível, e atualmente eu tinha 3.100 pontos, então as upei de qualquer jeito.

Não queria repetir aquele encontro com um homem-lagarto, então comecei a maximizar todas as habilidades relacionadas à resistência ou que pareciam úteis em combate. Parecia que também poderia ativá-las e desativá-las após a atribuição de pontos.

Desci do penhasco e corri.

Estava usando um item que encontrei no meu armazenamento chamado Tênis Alado. A descrição ambígua afirmava que o tênis fazia pequenos ajustes ao percorrer um caminho difícil, mas, de qualquer forma, eram certamente resistentes. Havia trocado de roupa também, vestindo uma túnica que encontrei, feito de algo chamado fibra Yuriha.

Presumivelmente, devido às minhas estatísticas aumentadas, estava me movendo a quase quarenta quilômetros por hora, mas não me sentia cansado ou sem fôlego. Preocupar-me demais com isso ameaçava me fazer tropeçar, então tentei me concentrar apenas em correr.

Com o sol da manhã nas minhas costas, limpei minha mente e segui em frente.

Hmm? O que foi isso?

Ao me aproximar da Fortaleza dos Soldados, senti-me rompendo algum tipo de membrana. Diminuí a velocidade para dar uma olhada. A cerca de um quilômetro e meio da Fortaleza, parecia haver um campo de força fino.

Enquanto olhava para a parede invisível por um momento, uma tela de RA apareceu, escrito: Vale dos Dragões: Barreira. Uma barreira… Só mais um clichê de fantasia, acho.

Havia um pouco de resistência, mas parecia que eu poderia entrar e sair com bastante facilidade. Parecia interromper o movimento do ar, já que quando levantei uma nuvem de poeira, parou na parede invisível. Até a vegetação parecia diferente de ambos os lados, o deserto marrom-avermelhado ficou mais claro, com algumas ervas daninhas brotando aqui e ali.

Bem, acho que era um deserto, de qualquer maneira, mas ainda assim.

Tirei o pedaço de pano que enrolei no rosto e respirei fundo, finalmente. Ahh… o ar estava ótimo. Estava seco, mas era bastante normal para o que parecia ser um clima de inverno.

Pouco depois de atravessar a barreira, cheguei ao meu objetivo atual, a Fortaleza dos Soldados. Era uma fortaleza compacta de pedra, com uma praça de argamassa que parecia ser algum tipo de arena. As paredes externas estavam desmoronando; estava ainda mais abandonada do que esperava. Eu sabia pelo mapa que não havia ninguém, mas o lugar parecia estar vazio há muito tempo, pois estava coberto de poeira e teias de aranha.

Procurei dentro e fora da fortaleza, mas além de algumas lápides em volta da arena, não encontrei muita coisa.

Como esse parecia ser o limite do Vale dos Dragões, o alcance do meu radar foi reduzido para apenas algumas dezenas de metros. Olhando para o mapa, vi que o nome no canto superior esquerdo havia mudado de Vale dos Dragões para Reino Shiga: Condado Seiryuu. Hmm. Então é algum tipo de monarquia, hein?

Se isso fosse uma lenda ou mito, provavelmente conheceria uma linda princesa e me apaixonaria ou algo assim, mas, dada a minha personalidade, era muito mais provável que eu fosse um personagem coadjuvante que aplaude o herói do lado de fora.

Não sabia quanto tempo esse sonho iria continuar, mas poderia pelo menos ter uma adorável empregada peituda.

Decidi usar a função Explorar Todo o Mapa para investigar o Condado Seiryuu, mas primeiro fiz algumas experiências. Parecia que a tela RA tinha apenas a funcionalidade básica do menu, enquanto a mágica oferecia informações mais detalhadas.

Ainda experimentando, abri o mapa e inspecionei a área povoada mais próxima. Isso funcionou de maneira semelhante à do GM, e uma vez que usasse Explorar Todo o Mapa, poderia refiná-lo livremente para mostrar a vida humana ou animal, não apenas o terreno.

Aparentemente, a área civilizada mais próxima era um lugar chamado Cidade de Seiryuu, a cerca de vinte quilômetros de distância. Também havia outra cidade, mas essa estava escondida em algumas montanhas a cerca de cinquenta quilômetros de distância. Também vi muitas aldeias, mas a cidade de Seiryuu ainda estava mais próxima, por isso não fazia sentido ir para um lugar mais distante.

O Condado Seiryuu se estendia por sessenta quilômetros em todas as direções. Maior que Tóquio, mas menor que Chiba, talvez? Isso foi algo que aprendi criando maquetes no ensino médio, por isso não confiava muito na minha estimativa.

No caminho para a Cidade de Seiryuu, talvez a cinco quilômetros de distância, havia um exército de cerca de cem pessoas. O nível médio dos soldados era 7, sendo o mais alto 31.

Isso parece surpreendentemente baixo…, pensei, olhando mais de perto o mapa. Havia menos de dez pessoas acima do nível 40 em toda a área e nenhuma acima do nível 50. Provavelmente, era seguro assumir que 310 era um nível bastante alto.

Ainda assim, como não gosto de problemas, decidi seguir um caminho indireto para evitar encontrar o exército. Talvez estivesse sendo um pouco cauteloso, apesar de estar em um sonho, mas não queria mais lembranças assustadoras.

Enquanto seguia para a Cidade de Seiryuu, um ponto vermelho apareceu de repente no meu radar, correndo direto em minha direção. Eu estava viajando por uma área rochosa com muitos altos e baixos, por isso, mesmo olhando na direção do ponto, não conseguia ver nada.

Examinando meu mapa, descobri que era um wyvern de nível 30. Queria dar uma olhada, então pulei para uma formação rochosa próxima.

— Ngh?!

Quando pulei, bati de cabeça no wyvern, e a colisão me fez cair no chão.

Ohh, minha cabeça…

Eu tinha rolado por pelo menos uns trinta metros de terreno rochoso antes de bater em uma pedra. Ainda bem que tinha a habilidade “Resistência à Dor”… e uma vitalidade (VIT) alta, acho. Apesar de toda confusão, não tinha uma única ferida. Fiquei bem resistente, não fiquei?

A besta voou de volta ao céu e estava circulando, esperando a hora certa para atacar. A julgar pelo tamanho da cabeça em que bati, diria que a envergadura era de cerca de trinta metros. Seu corpo parecia mais um pteranodonte do que um dragão, pensei. E o ferrão no final de sua cauda longa era um complemento típico de fantasia para esse tipo de criatura.

Tentando me divertir, joguei uma pedra próxima no predador.

Hã? Eu só queria acertá-lo, mas a pedra atravessou a asa do wyvern e desapareceu no céu. Se isso fosse um mangá, tive a sensação de que teria um pouco de brilho e efeito sonoro quando a pedra voou.

Pode ter perfurado a asa da criatura, mas a pedra ainda era pequena, por isso não foi suficiente para derrubá-la. Ainda assim, serviu ao propósito de afastá-lo. O wyvern voou em direção a um penhasco distante, traçando um caminho instável no ar.

Oh céus. Estava indo na direção daquele exército.

O cavaleiro que liderava o grupo tinha um nível superior ao do wyvern, então achei que provavelmente ficariam bem, mas ainda assim… me senti um pouco mal por colocá-los em seu caminho, então decidi ir ver, apenas para o caso de dar alguma merda.