Lorde dos Mistérios

Lorde dos Mistérios – Cap. 282 – Este é o Bairro Leste

 

Dentro do prédio da faculdade de medicina que em breve será abandonado, Audrey de repente se sentiu à deriva quando fez um desvio para deixar a reunião que acabara de terminar. Ela viu a familiar névoa cinza espessa e a figura borrada situada bem acima.

— Esta é uma pista.

Acompanhando a voz solene do Sr. Louco havia cenas que pareciam um rolo de filme, um colorido ainda por cima!

Um homem que não era particularmente musculoso, mas tinha quase dois metros de altura, estava vestindo um manto de padre preto e de pé nas sombras. Seu cabelo amarelo claro era ligeiramente enrolado, e seus olhos castanhos escuros eram frios com malícia. Os cantos de sua boca caíam ligeiramente, fazendo-o parecer um lobo feroz.

Uma pista? Uma pista para a explosão na Rua Dharavi, no Bairro Leste, e o afogamento de Gavin? Este é o assassino? Audrey olhou fixamente por um momento antes de chegar a um entendimento.

Sr. Louco já tem uma pista… Ele é realmente impressionante. Não, ele é onipotente. Depois de suspirar para si mesma, ela se virou para olhar para Fors. 

Assim que Fors tirou sua máscara, touca cirúrgica e entrou na carruagem, notou o olhar ligeiramente estranho da senhorita Audrey. Ela imediatamente perguntou perplexa. — Há algo no meu rosto?

— Não. — Audrey desviou o olhar e sentou-se antes de remover seu disfarce. 

Fors lembrou-se do encontro e perguntou curiosamente. — Senhorita Audrey, por que você não anunciou que estava comprando a fórmula Espectador? Você poderia ter estabelecido contato com os Alquimistas da Psicologia dessa maneira.

Ela lembrou que a generosa senhorita Audrey tinha permanecido em silêncio a maior parte do tempo e só vendeu alguns materiais infundidos de espiritualidade e respondeu à compra de outras variedades de acordo.

Audrey sorriu fracamente e disse. — Esta é a minha primeira reunião neste círculo. Acho que é mais importante observar e esperar.

— Estou ansiosa para a fórmula da poção e, mais ainda, para os itens místicos, mas disse a mim mesma que não há pressa. Seria uma estratégia melhor me familiarizar antes de agir.

Este é também um “hábito profissional” do caminho Espectador. Além disso, não havia ingredientes Beyonder como o Líquido Espinhal de Pantera Negra de Padrões Escuros ou os Cristais de Medula da Fonte dos Elfos que o Sr. Mundo deseja obter… Audrey silenciosamente acrescentou.

Olhando para a garota que ainda não tinha dezoito anos, Fors de repente sentiu que estava mais madura do que nunca. 

De repente, riu de si mesma e disse. — Se eu fosse você, não teria desperdiçado uma oportunidade tão preciosa.

Audrey deu um sorriso reservado como resposta antes de dizer. — Vou perguntar a alguns amigos especiais pela manhã se eles têm alguma pista sobre o atentado da Rua Dharavi. Aguarde as informações no mesmo lugar com Xio.

— Tudo bem. — Fors assentiu sem qualquer receio.

 

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Em vez de voltar para a Rua Minsk, Klein dormiu no apartamento de um quarto na Rua Palma Negra, no Bairro Leste. 

Ele temia que o suspeito de assassino no manto de padre negro tivesse cúmplices que pudessem estar o procurando nas ruas. 

Embora a probabilidade de encontrá-lo não fosse alta, e tivesse se disfarçado antecipadamente para que fosse improvável que pudesse ser reconhecido, sua adivinhação indicava que havia uma possibilidade. Para ser cauteloso, Klein deu um jeito e decidiu passar a noite no Bairro Leste.

Ao amanhecer, se trocou para outro uniforme de trabalhador azul escuro, colocou um boné marrom claro e saiu do quarto. Ele desceu as escadas e foi para a rua.

Naquele momento, a névoa branca com uma tonalidade amarelada envolvia os arredores. Havia figuras borradas de pessoas passando, e o ar frio da manhã umedecia suas roupas.

Klein abaixou a cabeça e apertou o passo, assim como as pessoas ao seu redor que haviam se levantado cedo para o trabalho. 

Enquanto caminhava, viu um homem em seus quarenta ou cinquenta anos à sua frente. Ele trajava uma jaqueta grossa e tinha cabelos grisalhos ao redor de suas têmporas. Caminhava e manipulava um cigarro desastradamente enquanto tremia. Finalmente, tirou uma caixa de fósforos do bolso interno de suas roupas.

Assim que abriu a caixa, sua mão direita tremeu, e o cigarro amassado caiu no chão e rolou na frente de Klein. 

Klein parou, pegou-o e entregou a ele. 

— Obrigado, obrigado! Eu não posso viver sem esse velho amigo. Restam apenas alguns. — O homem agradeceu sinceramente e aceitou o cigarro.

Seu rosto estava pálido, e parecia não ter se barbeado por um bom tempo. A exaustão era expressa sem reservas pelo canto dos olhos enquanto lamentava. — Não dormi por mais uma noite, não sei quanto tempo posso durar. Espero que o Senhor me abençoe para que eu possa entrar na casa de trabalho hoje.

Ele é um morador de rua que foi expulso. Klein perguntou de forma casual. — Por que o rei e os ministros não permitem que todos vocês durmam no parque?

— Quem sabe? Mas para dormir nesse tipo de clima do lado de fora, é muito provável que você nunca mais acorde. Ainda é melhor de dia, já que você pode encontrar um lugar mais quente. Mas isso nos fará ficar sem tempo ou força para procurar trabalho. — O homem acendeu um cigarro e o tragou com prazer.

Como se um pouco de sua força fosse restaurada, caminhou ao lado de Klein. Era incerto se seu destino estava no final do nevoeiro ou em algum lugar dentro dele. 

Klein não tinha intenção de trocar gentilezas e estava prestes a se afastar quando viu o homem, que havia falado sinceramente, se abaixar e pegar algo escuro do chão.

Parecia um miolo de maçã que tinha sido completamente mordido.

O homem engoliu sua saliva antes de enfiar o miolo da fruta coberto de sujeira em sua boca. Ele a mastigou até que fosse triturada antes de engoli-la com grande familiaridade. Nada foi desperdiçado.

Olhando para os olhos surpresos de Klein, ele limpou a boca, encolheu os ombros e sorriu amargamente. 

— Não como há quase três dias.

Esta frase atingiu o coração de Klein, fazendo com que se sentisse indescritivelmente comovido. 

Ele silenciosamente suspirou e disse com um sorriso. — Desculpe, eu não me apresentei. Sou repórter e atualmente escrevo sobre pessoas sem-teto. Posso entrevistá-lo? Vamos ao café lá na frente.

O homem congelou por um momento antes de sorrir e dizer. — Sem problemas, é muito mais quente lá dentro do que nas ruas. 

— Se você puder ficar um pouco mais depois da entrevista e me deixar dormir lá por meia hora… Não, quinze minutos! Isso seria ainda melhor.

Klein ficou boquiaberto, momentaneamente sem palavras. Apenas silenciosamente levou seu “entrevistado” para o café popular no final da rua.

As mesas e cadeiras do café eram bastante gordurosas. Devido às paredes e janelas no interior, havia muitos visitantes. A temperatura média era de fato muito maior do que a da rua.

O homem coçou a garganta, escondendo o pomo de Adão que se contorcia pelo aroma.

Klein fez sinal para que se sentasse e foi pedir duas grandes xícaras de chá, um prato de cordeiro cozido com ervilhas frescas, dois pães, dois pedaços de torradas, uma porção de manteiga de baixa qualidade e uma porção de creme artificial por um total de 17,5 centavos. 

— Pegue um pouco para comer. Teremos a entrevista depois que você ficar satisfeito. — Quando a comida ficou pronta, Klein os levou de volta à mesa.

— Isso é para mim? — O homem perguntou com antecipação e surpresa.

— Exceto por um pedaço de torrada e uma xícara de chá, o resto é seu. — Klein sorriu em resposta.

O homem enxugou os olhos e disse com uma voz levemente engasgada. —… V-você realmente é uma pessoa de bom coração.

Depois de passar fome por tanto tempo, certifique-se de não comer muito rapidamente. — alertou Klein.

— Eu sei, eu tive um velho amigo que morreu por causa disso. — O homem de meia-idade se esforçou para comer em um ritmo mais lento, ocasionalmente bebendo de sua xícara de chá.

Klein terminou facilmente a torrada e observou em silêncio, esperando que o homem terminasse sua refeição.

 — Ufa, eu não comia até ficar tão cheio já fazem três meses, não, meio ano. Na casa de trabalho, a comida que eles dão é apenas o suficiente. — Depois de um tempo, o homem abaixou sua colher, deixando pratos vazios na frente dele. 

 Fingindo ser jornalista, Klein perguntou casualmente.

— Como você se tornou um sem-teto?

— Foi má sorte, eu era originalmente um trabalhador que levava uma vida muito boa. Eu tinha uma esposa, duas crianças bonitas, um menino e uma menina, mas alguns anos atrás, uma doença infecciosa os levou, e eu também fiquei no hospital por um longo tempo, perdendo meu emprego, minhas economias e minha família no processo. A partir de então, muitas vezes não consegui encontrar um emprego e não tinha dinheiro para alugar uma casa ou comprar comida. Tudo o que eu podia fazer era vagar pelas diferentes ruas e em certos parques. Isso me deixou muito fraco, tornando mais difícil para mim encontrar um emprego… — O homem falou com uma pitada de nostalgia e tristeza em seu torpor.

Ele tomou um gole do chá, suspirou e falou de novo.

— Eu só posso esperar por uma oportunidade de entrar na casa de trabalho, mas como você sabe, cada casa de trabalho só recebe um número limitado de pessoas. Com boa sorte, e se eu chegar na fila a tempo, posso passar alguns dias em paz, recuperar um pouco minhas forças e depois encontrar um emprego temporário. Sim, temporário. Em breve, estarei desempregado novamente e o processo anterior será repetido. Eu não tenho ideia de quanto tempo posso durar assim.

— Eu deveria ter sido um bom trabalhador.

 Klein pensou por um momento e perguntou.

— Quantos cigarros você ainda tem?

— Não sobraram muitos. — O homem de meia-idade sorriu amargamente. — Este é o último dos meus bens, a única coisa que me resta depois de ter sido expulso pelo senhorio. Heh, não se pode trazê-los para as casas de trabalho, mas eu os escondo nas costuras das minhas roupas. Só vou tirar um para fumar durante as minhas piores dificuldades para que eu possa ter alguma esperança. Não sei quanto tempo posso durar, mas deixe-me te dizer, eu era um bom trabalhador naquela época.

Klein não era um jornalista profissional e ficou momentaneamente sem saber o que perguntar.

Ele virou a cabeça para olhar pela janela e viu rostos com fome óbvia estampada.

Alguns eram relativamente sóbrios e pertenciam aos moradores do Bairro Leste. Alguns tinham olhares de dormência e exaustão, nada parecido com o de humanos. Eles eram sem-teto.

Não há uma lacuna óbvia entre os dois, o primeiro pode facilmente ser o segundo. Por exemplo, o cavalheiro na minha frente… Quando Klein olhou de volta, descobriu que o homem havia adormecido; seu corpo encolhido em uma cadeira.

Depois de alguns minutos de silêncio, Klein cutucou o homem e deu-lhe um punhado de moedas de cobre.

— Este é o pagamento pela entrevista.

— Certo, certo, obrigado, obrigado! — O homem não percebeu o que estava acontecendo, e quando Klein chegou à porta, ele levantou a voz e disse. — Vou a um motel popular tomar um banho, ter uma boa noite de sono, e depois arranjar um emprego.

 

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Ao meio-dia, Klein participou de uma festa nos Sammers. Havia dez convidados.

Havia suco de maçã com bife, frango assado, peixe frito, linguiça, calda cremosa, porções de iguarias, duas garrafas de champanhe e uma garrafa de vinho tinto. 

No caminho de volta do banheiro, ele encontrou a Sra. Stelyn Sammer. Ele agradeceu sinceramente.

— Foi um almoço suntuoso. Verdadeiramente delicioso. Obrigado pela sua hospitalidade.

— A refeição custou um total de 4 libras e 8 soli. As mais caras eram as três garrafas de vinho, mas todas faziam parte da coleção de Luke. Ele tem um armário de bebidas. — A bela Sra. Stelyn sorriu em resposta.

Sem esperar que Klein falasse, ela disse. — Você ganhou dez libras apenas com o assunto de Mary, e se puder manter a boa sorte, em breve poderá ter um banquete como este. Para as pessoas da nossa classe, você tem que convidar amigos uma vez por mês e também ser convidado por eles.

Klein, que já estava acostumado com seus maneirismos, agradeceu educadamente.

— Bem, terei que esperar até que minha renda se estabeleça em quatrocentas libras por ano antes que eu possa ser como você.

Stelyn imediatamente levantou o queixo levemente e se esforçou para dar um sorriso sutil. 

— 430 libras, deve ser 430 libras.

 

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Área das docas, Doca do Leste de Balam, Taverna da Aliança dos Trabalhadores.

Xio usou botas que davam um enorme aumento à sua altura e colou uma barba grossa, tornando-a parecida com um homem baixo. 

Ela tentou se lembrar do retrato da senhorita Audrey, ao gravar em sua mente a imagem do homem que poderia ser o assassino.

Se Gavin tiver sido morto por ele, o assassino provavelmente frequentaria esta taberna… Xio pediu um copo de cerveja de centeio e uma refeição antes de se apertar em um canto e comer devagar. De vez em quando, olhava furtivamente ao redor em busca de seu alvo.

Depois de um tempo, a porta da taverna foi aberta novamente, e Xio reflexivamente olhou para cima. 

Com apenas um olhar, suas pupilas encolheram tanto que se assemelhavam a agulhas quando quase ficou petrificada.

O cliente que entrou tinha quase dois metros de altura!

 


 

Tradução: Felsen

Revisão: Vinícius

 

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