Liberte Aquela Bruxa – Vol. 04 – Cap. 590 – A Guerra das Bruxas

Droga! — Heidi pensou, indignada. — Quando estávamos na Ilha Arquiduque, nenhuma delas nunca abriu a boca para questionar minhas ordens, mas agora já estão começando a se corromper. Eu tenho que dar logo um jeito nos inimigos da minha Associação Presas de Sangue.

O ambiente podia influenciar uma pessoa. Os lobos ferozes viviam em montanhas, enquanto os cachorros mansos viviam em casas aconchegantes. Por meio da Adormagia, as bruxas não combatentes estavam trazendo muitas moedas de ouro para a ilha, transformando este lugar num paraíso. Até mesmo as bruxas combatentes estavam começando a acreditar na ladainha dita por Tilly. Aparentemente, ela não tinha muito tempo sobrando.

— Você pode controlar o exato momento de ataque da Semente da Morte Pacífica?

— Sim.

— Bem, então faz o seguinte, implante a semente no corpo de Annie, mas a deixe inativa. Quando ela embarcar no navio Belezura em direção à Região Oeste, você a mata silenciosamente. — Heidi assentiu com a cabeça e continuou: — Agora vamos lá cuidar daquela traidora.

Quando Annie morresse no navio, todos pensariam que foi devido à praga, e a tripulação jogaria seu corpo no oceano para evitar novas infecções. Ninguém saberia da verdade.

— Agora? Então vamos fazer isso de dia? — Noite ficou surpresa.

— Seria mais suspeito se fizéssemos isso à noite. — Heidi olhou para Noite. — Agora é o melhor momento… Shaji acabou de saber que uma bruxa do Reino de Coração de Lobo está doente. Então é normal que a Associação Presas de Sangue, que representa o Reino de Coração de Lobo, fosse visitá-la, não é?

— Você está certa, minha Lady. — Celeste colocou o capuz. — Além disso, se algo acontecer a Annie, Tilly e Camilla ainda suspeitariam de nós mesmo se não estivéssemos lá.

Ao abrir a porta, o vento forte misturado com gotas de chuva soprou no local. Depois de colocar uma capa de chuva, Heidi saiu em meio à tempestade.

Ela estava determinada a fazer isso.

Assim que as três chegaram na entrada do palácio, Camilla Dary as viu.

— O que vocês…

— Nós ouvimos de Shaji que uma bruxa do Reino de Coração de Lobo chegou aqui. — Heidi Morgan deu de ombros. — Ouvimos também que ela está muito doente, então viemos visitá-la.

— Annie está em sono profundo por causa da habilidade de Della. É melhor deixá-la sozinha.

— É que o nome dela não nos é estranho, então viemos dar uma olhada. Achamos que ela é uma das bruxas que fazia parte de nosso grupo, mas que se perdeu de nós quando fugimos da Ilha Arquiduque.

— Bem… — Após um momento de hesitação, Camilla disse: — Tudo bem, entrem.

Heidi já estava ficando de saco cheio com tanta conversa. Essa bruxa comum se atrevia a tratar este lugar como seu próprio território e ainda se considerava a Chefe Adjunta de Ilha Adormecida. Essa mulher era apenas a cachorrinha de Tilly. Se ela não tivesse dito “Entrem” no final, Heidi a teria ensinado uma boa lição.

Em Ilha Adormecida, a maioria das moradas havia sido construída por Lotus, que as levantava diretamente do subsolo, então não havia muitas construções com mais de um andar pela ilha. O palácio de Tilly também não era exceção.

Após andarem por um longo corredor, elas logo chegaram à porta de um quarto. Camilla se inclinou na direção delas e disse baixinho:

— Ela está no quarto.

— Humrum. — Heidi entrou no quarto e, logo em seguida, balançou a cabeça para dar o sinal a Celeste.

Após examinar cuidadosamente a garota, que estava deitada na cama com os olhos fechados, Celeste assentiu com a cabeça levemente.

— Então, quem a mandou pra cá? — Heidi se aproximou de Camilla e sussurrou para ela. À primeira vista, parecia que ela não queria falar muito alto para não acordar Annie, mas ela só fez isso para bloquear a visão de Camilla e dar a oportunidade para Noite implantar a Semente da Morte Pacífica no corpo de Annie.

Ao invés de respondê-la, Camilla mostrou uma expressão estranha no rosto.

— Por que vocês estão tentando matá-la?

Heidi ficou estupefata. Antes que ela pudesse reagir, Noite gritou atrás dela:

— Essa bruxa é falsa!

Ao virar o rosto, Heidi viu que a garota que há pouco estava deitada dormindo havia desaparecido, e na cama agora só havia uma espécie de esfera negra feita de poder mágico suspensa no ar, que era a Semente da Morte Pacífica de Noite.

— Semente da Morte Pacífica? Você realmente é traiçoeira, Heidi. — Camilla balançou a cabeça. — Eu pensava que você fosse apenas uma porta-voz que representava a vontade das bruxas combatentes, nunca esperava que na verdade fosse uma assassina psicopata.

— Cale a boca! — A fúria de Heidi ficou fora de controle. Ela invocou seu poder mágico e foi para cima de Camilla. Mas assim que estava prestes a encostar em Camilla, o corpo da mesma se transformou em névoa.

Agora Heidi sabia o que estava acontecendo.

— Sombra, saia agora mesmo! — Ela rangeu os dentes.

Sons de passos corridos vieram do corredor. A bruxa escondida estava tentando fugir do local.

— Celeste, vá pegar ela!

— Sim. — Celeste saiu do quarto, puxou ar pelo nariz e, pela boca, soprou várias correntes de chamas vermelhas. Essas chamas vermelhas rastejaram-se pelas paredes e começaram a perseguir o alvo, como se tivessem consciência. Elas queimaram janelas e portas pelo caminho.

— Ahhhhhh! — Um grito veio de longe.

Noite disse apressadamente:

— Minha Lady, precisamos sair daqui o mais breve possível! Elas mentiram pra senhora. Tudo isso aqui é uma armadilha!

— Vamos escapar pela janela. — O grito de Sombra fez Heidi se sentir um pouco melhor, mas ela sabia que não podia permanecer ali por muito tempo. Ela só não conseguia entender como Tilly sabia do que havia acontecido na Associação Presas de Sangue anos atrás.

Assim que pisaram fora do palácio, as três de repente pararam.

De pé e parada no meio da forte chuva, havia uma mulher de cabelos negros. Seus olhos brilhavam como estrelas douradas, e até mesmo essa forte tempestade não era capaz de ocultar tamanho brilho. As três imediatamente sentiram medo mesmo ao saberem que essa mulher estava com as mãos vazias.

Era a Extraordinária Cinzas.

Normalmente, ela estaria com Tilly Wimbledon.

Ao olhar para o outro lado, Heidi viu duas pessoas familiares na entrada do palácio: Andrea e Sombra. Sombra estava olhando para as três com uma expressão de zombaria e escárnio no rosto, e ela também parecia estar bastante relaxada. Aparentemente, o grito de antes havia sido falso.

Se as duas estavam aqui, isso significava que Tilly não havia saído da ilha.

Heidi ficou absolutamente perdida após descobrir a verdade.

— Não se incomode em explicar, eu posso poupar sua vida se você se entregar. — Cinzas disse palavra por palavra.

Ninguém achou que ela estava blefando. Sendo uma Extraordinária, ela era a inimiga natural de todas as bruxas, contanto que usasse uma Pedra da Retaliação Divina. Se não fosse pela presença de Cinzas, Heidi já teria concretizado seus planos há muito tempo.

Mas ainda havia um jeito de elas escaparem.

O jeito seria ameaçar Cinzas após capturar suas duas parceiras, Sombra e Andrea.

Sem hesitar, Heidi agarrou Noite pelo braço e correu em direção à entrada do palácio.

— Celeste, tente atrasar Cinzas!

Cinzas provavelmente estava usando uma Pedra da Retaliação Divina, então o poder mágico de Celeste seria inútil nesta batalha. Como uma bruxa combatente, adagas e bestas seriam as melhores armas que ela poderia usar quando seu poder mágico não pudesse ser exercido. Celeste puxou sua adaga e avançou em direção a Cinzas.

Noite rapidamente entendeu as intenções de Heidi e invocou sua Semente da Simbiose.

Uma ameaça seria inútil se não estivesse acompanhada do elemento medo. Heidi já havia se decidido em matar uma delas e então usar a outra como refém. A que ela iria matar, claro, seria Sombra, que a havia irritado várias vezes hoje.

Mas ela logo ficou chocada ao ver Andrea segurando uma coisa estranha de ferro na mão calmamente.

O que é isso?

Então ela ouviu um barulho bem alto e ficou atordoada. Suas pernas começaram a ficar fracas.