Liberte Aquela Bruxa

Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 339 – Assassinos

 

Depois que Vader tirou sua velha jaqueta cheia de remendos e vestiu seu novo uniforme, ele sentiu que todo o seu corpo se aqueceu imediatamente.

Feito de couro grosso com forro de algodão, o uniforme podia manter as pessoas aquecidas e ainda deixá-las confortáveis. Somente esses materiais usados ​​poderiam custar até algumas peças de prata.

Embora fosse semelhante ao uniforme da Prefeitura, as cores eram muito diferentes. A camisa e a calça eram pretas com rendas brancas listradas nos ombros, gola e punhos, o que era bem marcante à primeira vista. Ao ficarem de pé e em fila com o novo uniforme, as 15 pessoas não puderam deixar de estufar o peito um pouco mais que o habitual.

— Nada mal! — Carter disse com um sorriso de satisfação — Agora, me sigam.

A neve ainda caía naquele momento. Foi a primeira vez que Vader presenciou a neve cair sem parar desde o outono. Ocasionalmente nevava em Valência, mas normalmente cessaria dentro de um ou dois dias. As pessoas encontravam as crianças frequentemente fazendo bonecos de neve ou jogando bolas de neve umas nas outras na rua. É por isso que havia um ditado em Valência que dizia: neve em abundância, festa das crianças. No entanto, era extremamente inconveniente para os adultos, pois a neve deixava os sapatos úmidos e embolorados. Além disso, era difícil caminhar na rua cheia de neve e lama, diminuindo o ritmo de compra e venda, impactando diretamente no comércio. O pior de tudo era que, ocasionalmente, alguns telhados desmoronavam sob a pressão da neve pesada.

O pelotão de patrulha de Valência nunca iria sair nas ruas com um tempo desses. Em vez disso, eles provavelmente encontrariam uma taverna para se sentar ao redor da lareira e flertar com as empregadas enquanto bebiam cerveja quente.

No entanto, em Vila Fronteiriça a situação era completamente diferente.

Todos os dias, as ruas eram limpas e a neve era varrida para os cantos, o que era um trabalho de longo prazo oferecido pela Prefeitura. Embora os trabalhadores fossem mal pagos, podiam ganhar dinheiro rápido, já que podiam receber seus salários diariamente ou mensalmente.

Havia muitos habitantes indo e vindo nas ruas, uns usando chapéus de palha, outros com capa, mas todos estavam ocupados com suas próprias tarefas. Se não fosse a neve, a cena seria exatamente como no verão.

Se Vader não tivesse testemunhado com seus próprios olhos, ele jamais teria acreditado que uma vilazinha na fronteira do reino aparentasse ser mais movimentada que Valência. Se Valência não tivesse uma igreja alta e uma torre com sinos, ele até mesmo poderia confundir os locais.

Logo, o grupo de pessoas chegou ao lado do cais. Havia mais de dez veleiros ancorados no Rio Vermelho. Haviam centenas de pessoas ali.

Essa cena parece bem familiar… Ah, é mesmo. — Vader logo se lembrou, pois era exatamente a cena da primeira vez em que ele pisou os pés nesta vila com os outros refugiados da Região Leste.

— Permissão para falar! Essas pessoas são…

— Refugiados da Região Sul e Norte. Para garantir que eles possam passar o inverno sem problemas, Sua Alteza enviou pessoas para trazê-los a Vila Fronteiriça. O trabalho de vocês é ajudar a Prefeitura a manter a ordem, pedir a essas pessoas que façam fila e, em seguida, colocá-las em quarentena e depois registrá-las. Atualmente, o número de policiais é bastante limitado, por isso que os soldados do Primeiro Exército irão ajudar vocês. Mas, no futuro, vocês terão que fazer isso de forma independente!

— Sim!

Não parecia uma tarefa difícil para Vader, pois certa vez ele havia organizado os refugiados em fila para receber mingau. Vader caminhou em direção ao ponto de verificação e começou a gritar bem alto para que todos pudessem ouvir suas instruções claramente e se aproximassem ordeiramente.

— Qual é o seu nome? De onde você vem? Possui alguma experiência? Sabe ler e escrever?

Todos os refugiados que passaram pelo ponto de verificação foram interrogados pelos funcionários da Prefeitura, e suas respostas foram registradas rapidamente. Vader sabia que essas eram apenas estatísticas preliminares. Haveria mais auditorias e verificações depois que todos se acomodassem, e aqueles com habilidades teriam prioridade na moradia dentro da vila e poderiam viver no centro da cidade. Ele conhecia bem o processo porque havia experimentado pessoalmente uma vez.

De repente, ele ouviu um burburinho atrás de si. Vader virou-se e viu um homem com um robe longo e delicado entrando na área da doca sob a proteção dos guardas. O cabelo grisalho indicava sua identidade: Sua Alteza Real Roland Wimbledon, o Lorde local. Ao lado dele estavam algumas pessoas vestidas com roupas finas e esmero. Provavelmente eram chefes da Prefeitura.

Vader não esperava que Sua Alteza viesse visitar os refugiados enquanto a neve ainda caía. Poucos grandes nobres estavam dispostos a deixar suas camas quentes na estação fria, especialmente quando os criados podiam fazer tudo por eles.

— Meu nome é Mane. Eu sou das terras do Norte. E… sou bom em… bom nos campos. Não sei ler.

— Campos? Agricultura. — Um funcionário da Prefeitura marcou a caixa correspondente na folha de registro e disse — Certo, passe.

Naquele momento, Vader notou que o homem rapidamente olhou para a direção em que o Príncipe estava de pé enquanto passava pelo posto de controle. Seus olhos não expressavam respeito, o que era totalmente diferente dos civis comuns.

— Espere! — Vader disse como um reflexo.

— Qua-qual é o problema?

— Você é um fazendeiro? Você pode me dizer em que mês do inverno deve-se plantar trigo?

O funcionário da Prefeitura olhou para Vader com um olhar impaciente e disse:

— É apenas um registro simples, e eu não tenho tempo para julgar se estão dizendo a verdade. Sir Carter não lhe explicou o procedimento? Tudo o que você precisa fazer é me ajudar a manter a ordem.

Ouvindo o que o funcionário disse, o homem ficou quieto imediatamente.

Mas que idiota! — Vader franziu a testa e continuou, ignorando o que o oficial disse.

— Você não fala como um nortenho. Você tem o sotaque de alguém da Região Central do Reino. De qual cidade do norte você está vindo? Estou muito familiarizado com essa área.

Mane hesitou, mas ele não respondeu à pergunta.

— Além disso, suas roupas não conferem. Mesmo se você tivesse sorte o suficiente para não congelar até a morte no Norte com essa roupa, seus dedos já deveriam estar congelados. A temperatura lá fica abaixo de zero durante todo o ano, você deve saber muito bem. — Vader agarrou a mão direita de Mane e virou — E as suas luvas? Não me diga que você jogou fora porque percebeu que quando chegou estava um pouco mais quente?

Neste momento, até mesmo o funcionário percebeu que algo estava estranho. Um refugiado pode mentir sobre seus conhecimentos para obter um tratamento melhor, mas mentir sobre sua cidade natal era obviamente estranho.

— De onde você realmente é?

Rangendo os dentes, Mane de repente tirou uma pílula vermelha do peito, enfiou-a na boca e gritou:

— Saiam do meu caminho!

Vader instantaneamente sentiu o pulso de Mane ficar quente. Ele, como um reflexo, tentou jogar Mane no chão, apenas para descobrir que Mane permaneceu imóvel, mesmo após ele ter usado todas as suas forças. Depois disso, Mane agarrou o braço de Vader e o jogou para longe.

Vader caiu com um baque no chão, sentindo uma dor ardente em suas costas.

Droga, as feridas abriram! — Ele cuspiu, balançou a cabeça ainda meio zonzo e levantou-se, apenas para descobrir que Mane tinha sumido.

Outros quatro ou cinco refugiados avançaram, saindo do meio da multidão. Seus movimentos eram tão ágeis quanto os das bestas demoníacas do lado de fora da muralha da vila. Eles pularam rapidamente sobre as grades temporárias que a Prefeitura tinha posto e correram diretamente na direção do Príncipe.

Era óbvio quem era o alvo desse grupo de pessoas. Eles vieram atacar os oficiais do alto escalão e o Lorde de Vila Fronteiriça.

Considerando a força estranha de Mane, Vader quase podia imaginar a cena em que os guardas do Príncipe seriam estraçalhados no local, e até mesmo o próprio Príncipe talvez não sobrevivesse.

No entanto, nada disso aconteceu.

Ele logo ouviu uma série de sons altos, os mesmos sons que ele ouvia quando os soldados lutavam contra as bestas demoníacas na muralha.

Uma fumaça branca apareceu na frente do Príncipe.

O sangue espirrou da cabeça de Mane em meio à fumaça.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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