Império Tearmoon – Vol. 03 – Cap. 01 – A Grande Sábia do Império e Suas Férias de Primavera de Elegância

 

A titular Grande Sábia do Império, Mia Luna Tearmoon, estava atualmente desfrutando de suas férias de primavera da maneira mais elegante. Em seu quarto no dormitório feminino da Academia São Noel, ela estava elegantemente esparramada em sua enorme cama. De vez em quando, ela rolava elegantemente de um lado para o outro, indo até a beirada. Então, como se para exibir seu tamanho puro, ela rolava — novamente, elegantemente — de volta na outra direção. Para variar um pouco, ela ocasionalmente se girava e rolava — repita comigo, elegantemente — no sentido do comprimento, em vez de lado a lado. Às vezes, ela até abraçava seu travesseiro e o rolava com ela.

— Ahh! Estou tão entediada — queixou-se ela enquanto passava o tempo elegantemente.

Elegantemente era, claro, um eufemismo para “como uma degenerada preguiçosa”.

Não era para ser assim. Ela pretendia passar suas férias de primavera no império, entregando-se a todos os tipos de atividades divertidas até o início das aulas. As circunstâncias, no entanto, a confinaram à São Noel. Após partir em segurança do Reino de Remno, em vez de parar em casa, ela fora direto para São Noel, onde permaneceu até as férias de inverno. Isso se revelou uma péssima ideia. Sua ausência prolongada do império significou que, quando ela de fato retornou, foi recebida por um Imperador de olhos lacrimejantes e excessivamente propenso a abraços.

— Ohhh! Mia! Minha querida filha Mia! Que diabos você andou fazendo por aí?! E por que não voltou para casa mais cedo?!

Depois de agredir completamente seu espaço pessoal, ele lhe infligiu um castigo cruel e incomum por sua imprudência. Era o tipo de penalidade profundamente humilhante que desferia um golpe devastador em seu orgulho. Especificamente…

— Até o próximo inverno, você deve me chamar de Papai. Nenhuma outra forma de tratamento será permitida.

Cruel e incomum, de fato.

— V-Você não pode! I-Isso é— Mas, Pai!

— Papai, eu disse! Papai! Não vou responder a mais nada!

A luz desapareceu dos olhos de Mia enquanto ela observava seu querido pai virar o rosto com um hmph emburrado. Por um longo tempo, ela ficou ali como uma boneca de cerâmica, sua expressão desprovida de vida. Eventualmente, as implicações completas de sua situação a atingiram, e ela pressionou os dedos nas têmporas.

Ugh, sinto uma dor de cabeça chegando.

Mais tarde, ela descobriu que as coisas só pioraram depois que ela obedeceu ao decreto dele. Exuberante por sua querida filha finalmente chamá-lo de “Papai”, o Imperador começou a visitá-la com frequência crescente, o que ela achou profundamente irritante. Mia, veja bem, estava naquela idade em que não se dava muito bem com os pais — sua vida anterior não obstante.

Quanto aos outros que foram implicados no incidente de Remno, todos saíram ilesos. Nenhuma acusação foi feita contra Ludwig, Dion, Tiona ou Anne. Em vez disso, eles foram elogiados por tentarem ao máximo proteger a Mia furiosa enquanto ela os arrastava em sua aventura louca. Pelo menos, foi assim que ela decidiu enquadrar o envolvimento deles. Qualquer coisa remotamente próxima da verdade terminaria com suas cabeças rolando, então ela não tinha muita escolha. Ainda assim, ela não podia deixar de se sentir um pouco irritada pelo fato de ser a única a sofrer uma penalidade.

Após umas férias de inverno completamente desagradáveis, Mia voltou para a escola determinada a ficar longe de casa até que o decreto se tornasse nulo e sem efeito. Quando a primavera chegou, ela permaneceu deliberadamente em São Noel para evitar outra viagem ao império.

O que pareceu ótimo por dois dias inteiros antes que o tédio começasse a se instalar.

— Ahhh, estou terrivelmente entediada. Não há nada para fazer. Chloe não está aqui. Abel também não está aqui…

Os amigos com quem ela costumava passar o tempo estavam todos ausentes da academia. Rafina ainda estava aqui, claro, mas ela não era exatamente esse tipo de amiga; enquanto Mia estava disposta a comparecer a qualquer reunião para a qual Rafina a convidasse, ela não sentia vontade de procurar a garota de outra forma. Como resultado, suas atividades limitavam-se a passear com Anne pela cidade da ilha, provando os vários doces oferecidos, cavalgadas ocasionais e overdoses de sono.

Em outras palavras, ela vivia a vida de uma vadia autoindulgente.

— Senhorita…

Anne entrou no quarto e, ao testemunhar a visão terrível de sua senhora flagrantemente indolente, respondeu com… nem decepção nem nojo. Em vez disso, ela olhou para Mia com uma expressão terna, como se estivesse olhando para uma irmãzinha adorável.

Ultimamente, Anne chegara a uma conclusão — Mia não gostava particularmente de estudar. Tendo-a ajudado a estudar para as finais há poucos dias, Anne vira em primeira mão o quanto ela tinha que se esforçar para aprender o material. Ela observara Mia, com lágrimas de frustração nos olhos, rabiscando desesperadamente notas enquanto vasculhava os livros didáticos. No final, ela foi recompensada por seus esforços, ficando entre os vinte melhores de sua série. Para referência, havia apenas cerca de oitenta alunos em sua série, mas ainda assim, estar no primeiro quarto era uma conquista brilhante para Mia que teria sido totalmente impensável na linha do tempo anterior. A causa de seu desespero foi, é claro, o culpado clássico — a procrastinação. Depois de negligenciar o estudo adequado até que as finais estivessem sobre ela, ela se esforçou ao máximo e agora estava totalmente esgotada. A letargia de rebote em exibição lembrou Anne de suas irmãs mais novas, e ela não pôde deixar de sorrir com carinho ao ver a cena.

Vejo que estudar para provas realmente não é o forte de Mia.

Apesar dessa nova descoberta, o respeito de Anne por Mia não vacilou nem um pouco. Na verdade…

Ela mal é mais velha que minhas irmãzinhas… mas esses ombros pequenos dela estão sobrecarregados com tanta responsabilidade…

…Sua reverência por Mia apenas se aprofundou. Havia algo comovente no conhecimento de que a sabedoria de sua querida senhora não era um dom natural, mas o resultado de um esforço honesto, e ela foi tomada por uma onda de emoção.

É por isso que… eu tenho que me certificar de fazer tudo o que posso para apoiá-la.

Silenciosamente, ela fez sua resolução para o novo ano letivo.

Quando ela puder relaxar, preciso ajudá-la a relaxar, e quando for hora de se recompor, preciso ser dura com ela. Ela é o tipo de pessoa que entenderá, desde que eu me explique adequadamente, então preciso pensar em coisas que posso fazer para aliviar sua carga.

Sem o conhecimento de Mia, sua dama de companhia estava prestes a se tornar sua gerente também.

Visto que eram as férias de primavera, Anne tinha toda a intenção de deixar Mia relaxar à vontade, mas isso não serviria para hoje.

— Senhorita — disse ela ao se aproximar da cama.

Uma das pálpebras de Mia se ergueu lentamente em um reconhecimento preguiçoso.

— Mmmmm… Anne. Bom momento… Você se importaria de se sentar e cantar uma canção de ninar para—

— Minhas mais profundas desculpas, senhorita, mas talvez queira reconsiderar sua soneca. A Senhorita Rafina a convidou para sua festa do chá da tarde.

— Nossa? Senhorita Rafina? Mas eu não acabei de ir a uma ontem—

— De acordo com o convite, o Príncipe Abel chegará hoje, então ela esperava que você se juntasse a eles pela tarde.

— Minha nossa! É mesmo? — O outro olho de Mia se abriu também, e sua expressão se iluminou imediatamente. Ela se sentou na cama, e sua voz perdeu seu tom sonolento. — Pensei que ele voltaria mais tarde. Oh, será que ele ouviu que estou na academia, então voltou mais cedo por minha causa?

Anne observou com carinho enquanto Mia se transformava da preguiçosa roladora de cama na princesa capaz que ela conhecia e amava.

— Anne, escolha um vestido para mim! Não há tempo a perder!

A Grande Sábia do Império retornara em toda a sua glória imponente — do pescoço para cima, pelo menos. O resto dela estava vestido com um pijama amassado que sofrera abuso significativo.