Império Tearmoon

Império Tearmoon – Vol. 02 – Cap. 39 – O Melhor do Império Contra a Lança de Adamantina

 

A Lança de Adamantina era um nome que descrevia simultaneamente a arma e seu portador. Bernardo ergueu seu armamento de escolha — uma fera robusta de puro aço da ponta à haste, que soldados normais teriam dificuldade até para levantar — com uma facilidade assustadora e avançou.

— Pela sua insolência, você morrerá pela minha lança!

Como uma estampida de um homem só, ele trovejou em direção a Dion com a força e a ferocidade de uma linha inteira de cavalaria. Seu ímpeto, somado à potência de sua estocada, impulsionou a lança para a frente a uma velocidade apavorante.

Ker-ching!

Um pesado clangor metálico reverberou pelo ar. No instante seguinte, suas silhuetas se separaram novamente, e Bernardo parou atrás de Dion. Nenhum dos dois se moveu para quebrar o silêncio que se instalou.

Finalmente, Dion falou, com o braço ainda estendido pelo movimento de sua espada.

— Entendo. Uma estocada mortal, de fato… Impressionante. Tenho uma pergunta, no entanto… — Ele se virou com um sorriso e apontou com a espada. — Por que você ainda está segurando essa coisa? Vai tentar me espancar até a morte com ela?

Como se fosse um sinal, a ponta metálica de uma lança assobiou ao cair do céu e se cravar no chão. A cena não gerou muita reação dos soldados que observavam. Afinal, era uma visão comum no campo de batalha uma lança perder sua ponta. Então, alguém ofegou. O som foi ecoado por alguns outros. Logo, uma onda de comoção começou a se espalhar pela audiência, à medida que chegavam a uma conclusão surpreendente: a lança de Bernardo era uma barra de aço maciça. A única maneira de separar sua ponta era…

— Cortando através de aço. Um feito impressionante. Parece que estou diante de um adversário competente.

Bernardo também se virou e examinou a seção transversal lisa como um espelho da haste de sua lança. Durante a fração de segundo em que se chocaram, Dion havia brandido sua espada com uma velocidade ofuscante, fatiando a grossa haste de aço.

— Bem, a gente tende a caprichar quando tem uma plateia, certo? Especialmente quando essa plateia é a sua senhora real. Mas e você? O que vai fazer com esse seu, sabe… graveto?

— Hmph. Obviamente… Vou espancar você até a morte com ele. — Bernardo girou sua lança, agora transformada em bastão, com habilidade perita e sorriu. Em suas mãos, a arma de haste decapitada continuava sendo uma arma mortal, pois ainda tinha peso mais do que suficiente para esmagar crânios e estilhaçar ossos. Ele não parecia nem um pouco perturbado pela alteração inesperada em sua arma. Na verdade, ele parecia positivamente empolgado. Desta vez, foi a vez de Dion elogiar seu oponente.

— Bahaha, você é uma figura. Acho que gostei de você. É bom saber que Remno tem sua cota de bastardos malucos. Se importa se eu perguntar seu nome?

— Bernardo Virgil, Capitão dos Cavaleiros da Segunda Companhia.

— Ah, caramba. A famosa Lança de Adamantina. Legal, legal. Vejo que faz jus ao seu nome. Remno tem uns pesos-pesados de verdade a seu serviço.

— Posso saber seu nome também, Sir Cavaleiro?

— Dion Alaia. Não quero me gabar, mas me considero o cavaleiro mais forte do império. — Ele fez uma pausa. — Hm, quer saber? Acho que quero me gabar, sim.

Essa tirada foi recebida com um bufo.

— Hah. Se o senhor é o melhor do império, então Tearmoon representa pouca ameaça.

— …Palavras fortes, Lança de Adamantina. É melhor que consiga sustentá-las, ou vai se arrepender de verdade. — Dion puxou sua outra espada do chão e novamente assumiu sua postura de empunhadura dupla.

— Arrependimento? Não há lugar para sentimentos tão fracos no código do lanceiro. Nós seguimos três princípios: avançar, perfurar e romper. — Bernardo preparou sua lança sem ponta, pronto para cravar sua extremidade, embora cega, direto no peito de seu oponente. Todos os espectadores prenderam a respiração enquanto os dois guerreiros incomparáveis trocavam olhares mortais. Assim que o ar começou a engrossar com uma tensão letal, uma voz ousada e ressonante quebrou o silêncio asfixiante.

— Chega! Saibam que estão na presença de Sua Alteza, a Princesa Mia!

De repente, Ludwig estava ao lado dela.

— É a vontade dela que toda a luta cesse imediatamente! Ambos, abaixem suas armas!

Dion lançou-lhe um olhar antes de soltar um suspiro bem conspícuo de resignação relutante e cravar ambas as espadas no chão. Em seguida, ele lançou um olhar questionador para Bernardo, que estalou a língua e abaixou sua “lança” com uma careta.

Bernardo havia entrado na briga por duas razões. A primeira era óbvia: um homem de identidade desconhecida estava segurando uma espada a uma distância de ataque de Abel, e essa era uma situação que precisava ser resolvida imediatamente. Embora o homem não demonstrasse intenção de ferir o príncipe, isso não significava que Bernardo poderia ficar parado, de braços cruzados. A segunda e mais importante razão era tomar o controle da situação — ter o poder. Infelizmente, com sua arma agora abaixada, ele não era mais o centro das atenções, e todos os olhos naturalmente se voltaram para a figura que agora ocupava o centro do palco. A bola estava com Mia; ela tinha o poder.

— …Eh?

O que era a última coisa que ela esperava. Afinal, ela não era a única Alteza presente. Abel era um príncipe, embora o segundo na linha de sucessão, e Sion era seu igual. Nada nela deveria se destacar. No entanto, a reputação de Bernardo como um cavaleiro feroz tornara o desempenho dominante de Dion contra ele ainda mais incrível. E então, vê-lo — o homem que se proclamara o melhor do império e tinha talento para provar — embainhar obedientemente sua espada assim que o nome de Mia foi mencionado… Era uma prova inegável de sua autoridade.

Através de uma hábil demonstração de manipulação social, Ludwig a colocara firmemente no topo da hierarquia de poder percebida. Convencido de que o palco estava montado, ele se virou para ela e, com uma mistura de orgulho e expectativa, passou-lhe o bastão proverbial.

Ela realmente não queria aquele bastão. Suas pernas ainda não tinham se firmado, e seu rosto era uma bagunça chorosa.

Hã? O quê? Por que todo mundo está olhando para mim?

Tendo se tornado o foco de todos os olhares dos soldados, seu coração de galinha tremeu, e ela quase grasnou de terror. A única coisa que a impediu foi a presença reconfortante de seus leais vassalos. Com um olhar suplicante, ela se virou para Anne. Sua primeira e mais fiel súdita prontamente assentiu, enxugou as lágrimas de Mia, limpou seu rosto, ajeitou seu cabelo e assentiu novamente.

— Não se preocupe. Estamos bem atrás de você.

Foi então que Mia percebeu que seu destino estava selado.

Ahh… Entendi. Não tem como escapar disso, não é?

Sem outra escolha, ela se preparou e se virou para os soldados, seus olhos umedecidos pelas lágrimas e a pele limpa pelo banho conferindo-lhe uma aura de beleza etérea.

Mais tarde, quando Elise publicou suas “As Crônicas da Santa Mia”, os leitores encontrariam um trecho citando um soldado que esteve presente durante esse confronto. A passagem dizia o seguinte:

“Quando ela apareceu, foi [como se a própria deusa da lua] estivesse [descendo sobre o campo de batalha].”

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Matface

 

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