Império Tearmoon

Império Tearmoon – Vol. 02 – Cap. 36 – Verdes São as Ervas Daninhas da Esperança

 

— Ah, V-Vossa Alteza, isto é… — O oficial de meia-idade deu alguns passos para trás, em pânico. — Uh, aquela mulher, veja bem… ela não estava olhando por onde—

— Vou dizer uma última vez. Pegue isso do chão — rosnou Abel antes de dar um passo à frente. — Ou devo entender que as palavras do Segundo Príncipe emasculado não são dignas de seus ouvidos?

— N-Não, claro que não.

O oficial pegou apressadamente os documentos espalhados e os estendeu para Monica. Ele os sacudiu impacientemente algumas vezes e, quando ela os pegou, ele lhe lançou um olhar ressentido. Isso não passou despercebido por Abel.

— Além disso — acrescentou o príncipe —, que fique registrado que, se eu testemunhar qualquer outro desrespeito para com ela, considerarei como uma afronta à minha própria honra.

Ele encarou o oficial de forma incisiva, seus olhos estreitos exalando o mesmo ar ameaçador de uma espada desembainhada no campo de batalha. Era um olhar que podia matar.

Oh, como o príncipe cresceu… Nunca pensei que veria um olhar como aquele nele.

Algo se agitou em Monica enquanto ela observava a expressão no rosto de Abel e, por um momento, ela se retirou para seus pensamentos. Desde que chegara aqui, sua impressão do jovem Segundo Príncipe não fora de todo ruim. Apesar das noções prevalecentes neste reino, ele sempre a tratara bem. Não era apenas ela também. Ele era atencioso não apenas com sua mãe e irmãs, mas também com as criadas que o serviam. Isso mostrava, ela pensava, que o garoto tinha um coração bondoso. Ela passara a vê-lo quase como um irmão mais novo e, com o passar dos dias, ele muitas vezes trazia um sorriso afetuoso ao seu rosto.

No entanto, seria negligente de sua parte negar que também o considerava inadequado para governar. Indeciso e sem disciplina, sua personalidade não lhe deixava outra escolha a não ser supor que ele teria dificuldades para tomar as decisões difíceis tantas vezes exigidas daqueles que detinham o poder. Até agora, isto é…

Em uma situação como esta, o Abel que eu costumava conhecer teria exibido aquele sorriso leviano dele e amenizado as coisas com uma risada. Ele provavelmente me ajudaria, mas definitivamente não repreenderia ninguém. E, no entanto… Ele mudou.

Agora, ela via em Abel um toque do príncipe de sua terra natal, Sion. Tão profunda foi a mudança que ela começou a sentir um vislumbre de esperança. Talvez ele fosse aquele que poderia libertar Remno das amarras de sua brutal misoginia. Ao mesmo tempo, não pôde deixar de se perguntar o que teria provocado essa transformação nele.

— Você está bem?

A voz de Abel a tirou de seus pensamentos, e ela ergueu os olhos para encontrá-lo olhando para ela.

— Ah, minhas desculpas, Vossa Alteza.

— As desculpas são todas minhas. Sei que deve ser terrivelmente difícil para todas vocês trabalharem aqui. Estou ciente da necessidade de mudança, mas, repetidas vezes, descubro que a mudança não vem facilmente.

Ele sorriu ironicamente e passou a mão pelos cabelos.

— Hum, correndo o risco de parecer rude, posso perguntar o que foi que o mudou tanto?

— Hm? Eu mudei? Sério?

— Sim. O senhor cresceu… mais resistente e mais maduro.

— Ahaha, talvez você esteja certa. Acho que é porque não posso me dar ao luxo de fazer papel de bobo na frente dela…

Dela…

Monica conhecia intimamente a pessoa a quem ele se referia. Ela era, é claro, Mia Luna Tearmoon, Princesa de Tearmoon, Grande Sábia do Império e a ruína absoluta da existência de Graham — a garota que pegou a bondade de Abel… e lhe deu dentes.

Longe estava o filhote que era terno, mas deficiente; ele fora substituído por um jovem leão dotado de garra e juba. Quem era essa personagem mística que ela conhecia apenas por rumores e boatos? De repente, ela descobriu dentro de si uma curiosidade crescente sobre a Grande Sábia do Império.

— Que tipo de pessoa é esta Princesa Mia?

— Hmm, boa pergunta…

Abel ponderou silenciosamente sobre isso por um tempo. Então ele ergueu os olhos, fazendo Monica seguir seu olhar, antes de responder com um sorriso envergonhado:

— Ela é… como a lua. Deslumbrante, mas muito além do meu alcance. Sua magnificência é tal que nunca serei seu par, mas ela acredita com todo o coração que um dia, eu serei. Esse é o tipo de pessoa que ela é… Alguém que tem fé em mim e me encoraja a ir mais longe. A fazer melhor.

Suas palavras eram reverentes, seu tom terno e sincero. Então, sua voz mudou.

— É por isso… que preciso corresponder a essa fé. Tenho que ser melhor. Eu preciso. Mas…

Enquanto ele se calava, Monica o olhou mais de perto. Descobriu que seu rosto estava tenso… E de repente lhe ocorreu que ele estava usando armadura.

— Vossa Alteza? O senhor não pode estar…

— Hm? Ah. Sim, estou. As coisas aparentemente estão em um impasse nas linhas de frente. A moral provavelmente está caindo, então me disseram para ir até lá e dar um impulso. Para ser honesto, meu irmão é mais adequado para a tarefa, mas alguém tinha que ir e bater um pedaço de metal no ombro dele, então agora sou eu. — Ele deu de ombros. — Você colhe o que planta, eu acho. Não posso reclamar. Além disso, como membro da família real, preciso cumprir meu dever, para que a monarquia não entre em colapso e o caos engula a terra…

Ele endireitou um pouco as costas, mas sua expressão não se iluminou.

— Há algo que o preocupa? — ela perguntou.

— Hm? Oh, não, na verdade não… É que… — Seu olhar se tornou distante, e ele de repente pareceu muito solitário. — Não acho que ela vá me perdoar por participar da supressão do meu próprio povo.

— Vossa Alteza…

— Estou de partida, então.

Depois de observar Abel partir com sua escolta, Monica foi até seus pássaros mensageiros. Ela soltou um — um corvo branco — carregando a mensagem para sua terra natal. Então ela soltou outro, enviando com ele a verdade. Um corvo negro alçou voo. Não havia garantia de que seu mensageiro de ébano encontraria seu caminho até o destinatário pretendido. Mas mesmo assim…

Se encontrar, então isso significa… que o destino quis assim, certo?

Ela o observou partir, sua forma escura desaparecendo à distância, esvoaçando ao vento, enquanto seguia seu caminho em direção ao seu destino secreto.

Assim, as sementes que uma Mia desavisada semeara com tanto esmero começaram a brotar. Como ervas daninhas, elas se espalharam de um lugar para outro, verdejantes e cheias de esperança.

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Matface

 

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