Monica Buendia.
Esse era o nome da criada que assassinara o Príncipe Abel na linha do tempo anterior. Como o príncipe tinha fama de ser um playboy extraordinário, muitos imaginaram que fora um crime passional, mas os detalhes do incidente nunca foram esclarecidos e acabariam se perdendo na história.
Vamos nadar de volta no fluxo do tempo para o dia seguinte à queda de Mia no rio.
Monica caminhava por um corredor no castelo real de Remno. Eventualmente, ela parou em frente ao escritório de um funcionário do governo e bateu na porta com um ritmo particular. Alguns segundos depois, a porta se abriu silenciosamente.
— Mestre Graham.
— Ah, é você, Monica…
O homem gesticulou para que ela entrasse, sem fazer nenhuma tentativa de esconder seu mau humor. Monica sempre achara que ele tinha um rosto meio ranzinza, mas hoje estava ainda mais ranzinza que o normal.
— Maldita Legião de Diamante… — murmurou Graham. — O que diabos há de errado com eles? Por que ainda não fizeram nada? Aquela maldita Grande Sábia… Não me diga que isso é obra dela de novo…
Ele falou com o tom paranoico de um completo maluco da conspiração. Depois de resmungar consigo mesmo por mais um tempo, ele finalmente olhou para Monica.
— E? O que você quer?
— Recebi isto esta manhã.
Ela estendeu a mão para revelar um pequeno pedaço de papiro dobrado. Graham o arrancou de sua mão com uma carranca e o abriu.
— Princesa Mia e Príncipe Sion… Augh, droga, eles estão…
Ele fez uma careta depois de ler e soltou um suspiro frustrado antes de entregar a Monica outro pedaço de papiro.
— Envie isto de volta para casa.
— Imediatamente.
Ela o pegou e começou a decifrar seu conteúdo. Seu trabalho era pegar mensagens criptografadas e transcrevê-las em código para pássaros mensageiros. No entanto, depois que ela terminou de ler a carta de Graham, franziu a testa.
— Com licença, mas o senhor tem certeza de que isto está certo?
— Como assim?
— Esta é uma informação falsa que arrastará nossa pátria para uma guerra. Está realmente tudo bem eu enviar isto?
— Hmph. Que preocupação adequada para vocês, Corvos Negros. Continuem vagando nas sombras como os bisbilhoteiros que são, contentes em simplesmente observar. Ao contrário de vocês, no entanto, eu sou um Corvo Branco, e devo agir. Enquanto o trabalho de vocês termina com a informação, o meu começa com ela. Devo usá-la — armá-la — para a glória de nossa pátria. A guerra de informações é nossa razão de ser, e nós, Corvos Brancos, somos a vanguarda.
Monica manteve os olhos na carta, mas mordeu o lábio com força.
Os Corvos do Vento era a unidade de inteligência do Reino de Sunkland. Estabelecida muitas gerações atrás por um rei do passado, sua principal missão era enviar agentes disfarçados para nações vizinhas e garantir que a informação fluísse de volta para a pátria. A inteligência que forneciam era vital para informar as decisões diplomáticas e militares de Sunkland. Durante a maior parte de sua história, operou em segredo, coletando informações e reportando de volta. Poderia, portanto, argumentar-se que os Corvos do Vento era uma organização passiva.
A mudança veio na forma de um homem chamado Jem, que defendia uma abordagem mais agressiva à inteligência que lançaria as bases para um projeto expansionista. Eles não mais simplesmente trariam de volta a informação. Fariam uso ativo dela para enfraquecer outros reinos, semear a discórdia entre seus povos e expandir as fronteiras de Sunkland em nome da justiça. Para realizar este projeto, uma equipe especial foi formada dentro dos Corvos do Vento e recebeu o nome de “Corvos Brancos”. Eles eram os mensageiros de marfim que anunciariam a glória justa de Sunkland por todo o continente.
— Confio que entende que o trabalho de nós, Corvos Brancos, é da maior importância. Nossa missão deve ser priorizada acima de tudo.
— …Sim, eu entendo. — Monica assentiu, mas isso não tornou o reconhecimento mais fácil de engolir.
Depois de deixar o escritório de Graham, Monica soltou um suspiro suave.
O que eu estou fazendo, afinal…
Ela era nativa de Sunkland e sentia um grande orgulho de sua pátria. A dedicação inabalável de sua realeza à justiça e à equidade, e a vigilância constante de seu governo contra a fraude e a corrupção a faziam feliz em chamar o reino de lar. Para ela, Sunkland era um farol de glória e virtude.
E, no entanto, as coisas que estamos fazendo… Estes atos… Não são manchas no bom nome de Sunkland?
Gavinhas de dúvida começaram a envolver seu coração, e sua respiração acelerou. Justo quando o pânico estava prestes a se instalar, alguém esbarrou nela, mandando tanto ela quanto seus documentos pelos ares. Ela caiu com força nos joelhos e percebeu, chocada, que o pedaço crítico de papiro estava no chão, à vista de todos. O conteúdo estava criptografado, mas ainda era imprudente expô-lo a olhos não certificados. Ela se apressou para recuperá-lo, mas, assim que estendeu a mão em direção à página, uma bota desceu sobre ela com um baque.
— Ah…
Ela ergueu os olhos e encontrou um par de dentes em um sorriso zombeteiro. Pertencia a um funcionário de meia-idade.
— Mova-se, mulher. Não fique aí sentada. Você está no caminho — disse o homem, desdenhoso.
A missão de Monica era coletar informações como uma criada real. Em Remno, as mulheres eram menosprezadas, e a língua dos funcionários de alto escalão podia ser chocantemente solta perto delas. Presumivelmente, eles assumiam que as mulheres simplesmente não tinham a capacidade de compreender o significado de qualquer coisa que ouvissem. Portanto, este desdém… este desprezo humilhante que ela sofria era, em última análise, para sua vantagem. Ela deveria estar feliz por ser tratada desta forma.
Infelizmente, a mente não pode se esconder do que o coração sabe. Sofrer no cumprimento do dever… ainda era sofrer. Cada encontro desses lascava sua alma. Cada vez mais, ela se via assaltada por ondas de amargo nojo sempre que testemunhava suas colegas criadas sendo submetidas à degradação por homens. Às vezes, mal conseguia se impedir de vomitar.
Este reino miserável… talvez seja justo que seja varrido do mapa.
Mesmo que um rio de sangue tivesse que ser derramado, não valeria a pena trocar esta profunda injustiça por um futuro mais justo sob o domínio de Sunkland? O pensamento se arrastou da parte mais sombria de seu coração e invadiu sua mente. Justo quando estava prestes a criar raízes, no entanto, a voz de um garoto soou em seu ouvido.
— Pegue. Isso. Do. Chão.
Um traço de soprano juvenil ainda persistia em seu timbre, mas seu tom firme denotava uma vontade inabalável. Ela se virou rapidamente.
— Não me fiz claro? Eu disse para pegar isso do chão. E peça desculpas a ela — ordenou Abel Remno, Segundo Príncipe do reino que levava seu nome.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
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