Após dois dias de descanso e recuperação na aldeia, Mia e Sion foram apresentados a um comerciante que se dirigia a um povoado vizinho.
— Cuidem-se por aí, ouviram? — gritou Muzic. Mia acenou de volta para ele enquanto partiam da aldeia.
— Ele tem sido terrivelmente prestativo nestes últimos dias. Queria que pudéssemos retribuí-lo de alguma forma — disse Mia. Ao não receber resposta, ela olhou para Sion, que resmungava baixinho.
— Espero que os outros estejam bem… — Havia uma ponta de preocupação em sua voz. A princípio, Mia franziu a testa, intrigada. Então, ela se lembrou.
Ah, é verdade. Claro…
A razão pela qual estavam ali, em primeiro lugar, fora o ataque à sua carroça por assassinos. Eles não tinham ideia do que acontecera com a carroça depois, nem se Keithwood e Tiona estavam a salvo.
Hm? Espere um minuto. Por que me importa se esses dois estão a salvo?
Eles eram, afinal, dois de seus arqui-inimigos. O bem-estar deles dificilmente parecia digno de sua preocupação. Mas, depois de ponderar um pouco mais, ela reconsiderou. Pensando bem… acho que posso dedicar um momento para rezar pela segurança deles.
Keithwood era provavelmente um amigo querido de Sion. O vínculo deles a lembrava do que ela compartilhava com sua súdita mais leal, Anne.
Hmph, não esperava que houvesse um lado tão humano nele. Que surpreendente.
A sinceridade da amizade deles a tocou, e ela decidiu que estava disposta a engolir a ideia de desejar pela segurança deles.
Além disso, estávamos usando a carroça dos Forkroads, e eu me sentiria péssima pela Chloe se algo acontecesse com ela. Enquanto rezo pelo cocheiro, suponho que posso dedicar um segundo para mencionar os nomes deles também. E mais, meio que devo uma a Keithwood por nos ajudar com os sanduíches, e o mesmo vale para Tiona—
— …porque se encontrarmos aqueles assassinos de novo, terei dificuldade em repeli-los sozinho.
Seus pensamentos foram interrompidos pela segunda metade da frase de Sion.
— Uh… Se importa se eu perguntar quão difícil, exatamente?
— …Pretendo fazer tudo ao meu alcance para tentar garantir que você consiga escapar em segurança. Com alguma sorte, posso até ter sucesso.
Keithwood! Doces luas, Keithwood! Por favor, fique bem! E volte para nós!
Pela segunda vez em sua jornada, Mia enviou uma prece sincera aos céus. Não era tão saudosa quanto a primeira, mas certamente era mais desesperada.
— Devo dizer, no entanto, que este lugar parece bastante pacífico.
Eles vinham seguindo por uma estrada, tendo deixado a floresta para trás, e meio dia se passara sem incidentes. A paisagem era estereotipicamente rural, e os rostos dos passantes eram todos amigáveis e plácidos. Em nenhum momento algo sugeriu que o reino estava prestes a mergulhar no caos.
— Esta área é ótima para nós, comerciantes. Não há bandidos por perto, então é fácil de se locomover.
— …Mas há basicamente uma guerra civil acontecendo, não é?
O comerciante deu de ombros, com desinteresse.
— Não significa muito para nós aqui. Ouvi dizer que há um levante em uma das cidades do Conde Donovan, no entanto. Os rumores são de que a Legião de Diamante foi enviada para esmagá-los.
— A Legião de Diamante? Mas essas são tropas de elite… Não haverá nem mesmo uma luta. Será apenas um massacre — disse Sion, espantado.
— A… Legião de Diamante? O que seria isso?
Ele olhou para a curiosidade inocente no rosto de Mia e fez uma careta.
— É um esquadrão de elite formado sob ordem direta do rei atual.
A Legião de Diamante era uma unidade de infantaria criada por decreto real pelo Rei reinante de Remno. “Será a mais forte unidade de infantaria pesada do mundo, composta apenas por soldados que valem por mil homens cada um!”
Os esforços de recrutamento haviam começado há dez anos. Para atender à exigência do rei, todas as restrições de alistamento anteriores foram suspensas. Qualquer pessoa, independentemente de nascimento, nacionalidade ou mesmo antecedentes criminais, era elegível para se candidatar. Eles procuraram por toda parte por pessoas de imensa estatura e porte largo, trazendo gigantes tanto de dentro quanto de fora do país. Esses homens foram submetidos a rigorosos exames de seleção. Os candidatos aprovados foram então submetidos a um treinamento militar rigoroso para transformá-los em soldados de elite. O resultado de tudo isso foi a criação de um exército aterrorizante de brutamontes musculosos, cada um altamente habilidoso e construído como um tanque.
— Ouvi dizer que os Legionários de Diamante usam armaduras de metal da cabeça aos pés e empunham machados de batalha maciços, que conseguem balançar facilmente com apenas uma mão.
Sion falou com grande seriedade, enquanto Mia ouvia com um fascínio sonhador.
Eles… Eles parecem tão fortes! Nossa!
Em geral, Mia tinha uma impressão positiva de homens grandes. Com base em experiências anteriores — o chefe de cozinha e o vice-capitão de Dion, por exemplo — por algum motivo, ela se dava bem com eles.
Será que consigo recrutar alguns deles para a minha Guarda da Princesa…
— O dano que eles causarão… Pelo sol, as consequências serão inimagináveis.
Os revolucionários ainda eram cidadãos. Eram o próprio povo de Remno, que se levantara porque não aguentava mais o pesado fardo dos impostos impostos a eles. O rei, no entanto, escolhera a supressão. E não apenas isso, mas a supressão pelos meios mais brutais — poder militar violento e avassalador. Era um fato que não agradou a Sion, que sentiu o estômago revirar de raiva do governante de Remno.
Sim, para manter a soberania de um monarca, as rebeliões devem ser reprimidas rápida e severamente. Ele entendia isso. Sim, para minimizar as baixas do exército, subjugar o inimigo em poder e número era necessário. Ele entendia isso também. Mas havia um limite para essas coisas. Tinha que haver.
A Legião de Diamante era uma força militar do mais alto calibre. Eram uma arma de destruição em massa, e esse potencial destrutivo deveria ser direcionado para fora, contra os exércitos treinados de reinos estrangeiros. Além disso, supondo que ele se lembrasse corretamente, esta era a campanha inaugural deles, e a moral sem dúvida estaria alta. Um esquadrão de elite entrando em ação pela primeira vez estaria faminto por glória. E por sangue.
Ele olhou para Mia, perplexo com o sorriso brilhante que ela continuava a mostrar. Como ela podia, sabendo do banho de sangue que estava acontecendo, parecer totalmente despreocupada? Ele não obteve mais nenhuma pista de seu rosto, então, a contragosto, voltou a conversa para o comerciante, que — para grande surpresa de Sion — prontamente lhe deu a resposta.
— Então, quão ruim está a situação? Quanto dano foi feito?
— Nenhum, segundo o que ouvi.
— …O quê?
— Aparentemente, ainda não houve luta de verdade. Quer dizer, eles são a Legião de Diamante, afinal. Diamantes são caros.
Isso foi tudo o que Sion precisou ouvir para juntar todas as peças. Ele imediatamente percebeu o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo, um arrepio paralisante de choque e admiração percorreu sua espinha.
N-Não pode ser… Está me dizendo que Mia já percebeu tudo isso? É por isso que ela estava sorrindo?
A situação, enquanto isso, prosseguia em uma direção que ninguém havia previsto.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
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