— Ufa… Tenho que admitir, depois de tudo isso, estou me sentindo um pouco cansada.
Com apenas alguns dias restantes das férias de verão, Mia voltou para seu quarto tarde da noite. Ela se jogou na cama, sem nem se dar ao trabalho de tirar o vestido. Era o tipo de comportamento que lhe renderia uma boa bronca de Anne, mas entre o decoro e a exaustão, a última acabou vencendo.
Depois de concluir suas conversas com o Conde Distante de Rudolvon, ela partiu em uma excursão turbulenta pelo império. Inspirada por seu sucesso com a questão do trigo, decidiu resolver o máximo de coisas possível antes de partir para a escola. Começando com uma inspeção presencial do novo hospital nas favelas, ela então viajou para armazéns para examinar as reservas de alimentos antes de embarcar em uma jornada ambiciosa na qual circulou todo o império, encontrando-se com nobre após nobre para divulgar a instituição que planejava construir.
— Ugh…
Momentos depois de atingir a cama, uma exaustão profunda começou a se espalhar por seu corpo. Exigiu um esforço considerável, mas ela resistiu ao seu abraço suave e ergueu o pescoço.
— Isso me lembra… Já faz um tempo que não verifico…
Ela soltou um suspiro profundo antes de se levantar lentamente e se arrastar em direção à escrivaninha luxuosamente projetada em seu quarto. Guardado cuidadosamente no fundo de uma gaveta estava um diário ensanguentado… que servia como um guia indispensável para Mia. A última vez que o abrira fora no início do verão. Ao pegá-lo nas mãos, sua boca formou um sorriso cansado.
— …Depois de tudo isso, se isto ainda me apontar direto para a guilhotina, então talvez eu chore um pouco.
Ela abriu a capa com cuidado e folheou as páginas até chegar àquela em questão…
— …Hã?!
…Apenas para soltar um grito de alarme. Ela ficou boquiaberta com a página que descrevia sua execução, enquanto as letras se desfaziam como fios soltos antes de derreterem no nada. Simultaneamente, as manchas vermelhas que cobriam a página desvaneceram. Ela esfregou os olhos e olhou novamente, apenas para descobrir uma página em branco, imaculadamente branca e completamente intocada.
— O-O que, pelas luas?! O que acabou de aconte— Ah!
Em seu choque, ela deixou o livro escapar de sua mão. Ela o pegou pouco antes de cair, atrapalhando-se algumas vezes antes de conseguir um aperto firme, apenas para ele começar a emitir um brilho tênue da cor do luar. Ela observou, incrédula, enquanto o diário se desintegrava em minúsculas partículas de luz. Em pouco tempo, ele havia desaparecido completamente.
— Como… Ele…
Por um longo tempo, ela ficou ali, olhando fixamente para as mãos vazias, completamente incapaz de processar o que acabara de acontecer.
— O-Qual o significado disto?! Por que meu diário simplesmente…
Em um acesso de pânico, ela correu pelo quarto, procurando por toda parte por seu livro desaparecido. Ela ficava mais agitada a cada segundo que passava. Afinal, o diário fora seu guia. Era uma bússola cruel, mas crucial para suas ações, traçando o caminho que a levava à guilhotina. Sem ele, como ela descobriria quais rotas evitar?
— …Hm?
Ela congelou quando uma constatação a atingiu. Aquele diário fora escrito por seu eu futuro, e detalhava os eventos que levariam à sua morte sangrenta na guilhotina. Enquanto aquele futuro existisse, também existiria o diário.
— O que também significa… Enquanto o diário existir, ainda estou destinada a morrer na guilhotina. Então… Hum… Se o diário se foi, então isso significa…
Lentamente, ela processou a lógica, passo a passo laborioso até formar um fio claro e ininterrupto que a guiou pelo labirinto de sua confusão. Ela o seguiu até o fim, onde chegou a uma conclusão.
— Isso significa… que o futuro onde eu morro na guilhotina… também se foi?
Ela falou em um sussurro quase silencioso, articulando as palavras como se não pudesse acreditar no que sua própria voz estava dizendo.
— Eu… consegui? Sério? Eu… consegui! Finalmente! Eu consegui!
Ela ergueu o punho e socou vigorosamente o ar em uma celebração alta, apaixonada e totalmente não principesca de pura e desenfreada alegria. Ela começou a dançar, girando jubilantemente pelo quarto repetidamente, parando apenas quando seu cansaço superou sua excitação.
— Oh, já sei! — disse ela depois de se acalmar um pouco. — Devo escrever para o Príncipe Abel!
Ela bateu as mãos com entusiasmo e sorriu.
Realisticamente, era improvável que ele conseguisse responder a tempo, considerando o pouco que restava do verão. Além disso, assim que as aulas começassem, ela poderia simplesmente falar com ele pessoalmente. Isso não mudava o fato de que ela queria contar a alguém o quão feliz estava se sentindo. Ela precisava extravasar, e precisava fazer isso agora mesmo. Quanto a quem ela mais desejava extravasar… Bem… Não era uma pergunta difícil.
— Eu me pergunto como você tem estado, Príncipe Abel. Quer dizer, sei que nos veremos assim que as aulas começarem, mas isso parece terrivelmente distante agora.
As engrenagens do destino continuaram a girar, mas uma delas se deslocou, mudando lentamente o movimento de todas as suas pares.
Enquanto Mia fazia um alvoroço em seu quarto, quatro homens trocavam sussurros em uma taverna subterrânea.
— Parece que o império vai realmente conseguir superar isso.
— Tentei incitar um bando de nobres, mas as coisas não estão indo bem.
— Aquele novato no Ministério da Lua Dourada… Ludwig, era ele? Ele é bom. E tem sido uma brilhante pedrinha em nossos planos…
— Pensei que uma fome seria suficiente para acabar com eles, mas estão se preparando demais…
— Ouvi dizer que a Princesa Mia e o Príncipe Sion estão em termos amigáveis. Devemos entender isso como um fracasso de nossos esforços para colocá-los um contra o outro.
— Hmph, a “Grande Sábia do Império”, hein… A garota intrometida…
— Não se culpe. Nunca seria fácil. O Príncipe Sion já é ruim o suficiente, com ele sendo um gênio e tudo mais, mas a Rafina de Belluga também não é brincadeira.
— De qualquer forma, nosso objetivo final permanece o mesmo, mas estou suspendendo os planos para o império. Estamos mudando de alvo…
…Mia nunca recebeu uma resposta de Abel.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
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