Império Tearmoon

Império Tearmoon – Vol. 02 – Cap. 17 – Grande Onda se Aproximando!

 

— Ouvi da Senhorita Tiona que seu filho Cyril é uma criança muito inteligente. Ela me diz que ele se destaca em seus estudos.

Assim que ouviu Mia mencionar o nome de Cyril, o Conde Distante de Rudolvon captou sua intenção.

Então é disso que se trata. A oferta dela é para

Ela provavelmente desejava ver Cyril frequentar a escola e estava disposta a interceder por ele. Como compensação por tomar parte de sua terra, parecia um pouco inadequado…

Mas espere. E se não for apenas qualquer escola? E se…

Após um momento de contemplação, ele perguntou:

— Alteza, perdoe-me se interpretei mal suas intenções, mas estou correto em supor que sua oferta é uma recomendação pessoal para Cyril frequentar a Academia São Noel?

Uma chave para as portas da mais estimada instituição de ensino do continente era de fato um favor extraordinário. Seria mais do que uma reparação suficiente pelo incidente.

Ouvi dizer que ela é amiga da filha do duque, Rafina. Se Tiona mencionou algo nesse sentido, então é certamente possível… Mas…

As rugas em sua testa se aprofundaram, e ele pressionou os lábios. Se essa fosse a proposta dela, então ele teria que recusar. Ele não tinha intenção de enviar seu filho e herdeiro para fora do império. Mia, no entanto, balançou a cabeça.

— Permita-me perdoá-lo então, pois o senhor de fato interpretou mal minhas intenções. Não sou tão tola a ponto de enviar talentos valiosos para reinos estrangeiros.

 

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Desde que recebera a carta, ela vinha pensando nessa ideia. Se Cyril frequentasse São Noel, então a quem seriam creditadas suas realizações? Obviamente, seria à academia. Ou, pior, as pessoas poderiam atribuí-las à visão da “Santa Lady” do principado, Rafina. Poderiam até olhar para a irmã do garoto, Tiona. Quem quer que celebrassem, não seria aquela que meramente intercedeu junto a Rafina para que ele entrasse.

Isso não era bom o suficiente. O que importava para ela era receber o crédito. Ela precisava que as pessoas pensassem que as realizações de Cyril Rudolvon eram todas graças a ela. Para fazer isso, ela precisaria colocá-lo sob seu patrocínio direto. O problema era que ela não podia simplesmente matriculá-lo em uma escola local, porque Tearmoon simplesmente não tinha instalações de ensino à altura de São Noel. Se ela o enviasse para uma escola medíocre, ele talvez nunca desenvolvesse a nova cepa de trigo, o que seria desastroso.

Como, então, ela poderia resolver esse dilema? Depois de muito quebrar a cabeça, ela encontrou uma solução.

— Se o tipo de escola que preciso não existe, então posso simplesmente construir uma!

Assim que a ideia lhe ocorreu, ela se encaixou com um clique satisfatório, como uma peça de quebra-cabeça muito necessária, e de repente, ela viu tudo sob uma luz completamente nova.

— Falando nisso, eles iam construir uma cidade para mim, não iam? Nesse caso…

 

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— O senhor já ouviu falar da Cidade da Princesa, que será construída no Viscondado de Berman?

Sua súbita mudança de assunto pegou o conde distante de surpresa, e levou alguns segundos para ele processar o que ouvira.

— Uh, eu… Oh, sim, claro.

— Estou pensando em construir uma escola lá.

— Uma escola, diz a senhorita?

— Isso mesmo. Não seria terrivelmente excitante se uma escola do calibre de São Noel existisse dentro do império? Juntamente com uma cidade ao redor para apoiá-la? — perguntou Mia, jogando a ideia como se fosse a coisa mais simples do mundo. Então ela lhe mostrou um sorriso com dentes à mostra. — E não seria ainda mais excitante se Cyril por acaso fosse o primeiro aluno a frequentar esta minha escola?

Rudolvon inspirou bruscamente. Seu coração acelerou.

Ao colocar a floresta sob sua jurisdição direta, ela evitou que qualquer conflito eclodisse. Ao permitir que o Visconde Berman construísse uma cidade em seu nome, ela apaziguou sua vaidade.

E no meio de tudo isso, ela ainda pensou em incluir nossos interesses em seus planos? Nós, os Rudolvons?

Estando em um viscondado vizinho, a escola seria perto de casa. Além disso, na floresta próxima viviam os Lulus, com quem tinham relações próximas. Diabos, era mais conveniente do que até mesmo a capital. Em termos de localização, era perfeito. O custo de tal projeto seria enorme, mas seu nome por si só — Cidade da Princesa — deveria ser suficiente para atrair a atenção de muitos outros nobres. Berman quase certamente receberia um grande número de doações em troca de um pedaço da glória. E contanto que Mia estivesse envolvida, ela se certificaria de que o projeto fosse bem-sucedido…

A essa altura, o conde distante desenvolvera uma apreciação pela princesa que cimentou sua confiança nela. Ele abaixou a cabeça respeitosamente.

— Seu cuidado e consideração me humilham. Minha família e eu estamos honrados em ser abençoados por sua boa vontade e, embora tenhamos pouco poder, estamos mais do que dispostos a fazer o que pudermos para ajudar.

— Hmm, nesse caso…

Mia inclinou um pouco a cabeça e olhou para cima, fingindo estar considerando suas opções. Mesmo enquanto murmurava frases como “Vejamos…” e “O que eu preciso…” para ganhar tempo para pensar, ela estava agudamente ciente de uma sensação familiar, mas há muito perdida, de euforia crescendo dentro dela.

Está vindo, eu sei. Sinto no meu íntimo!

Uma grande onda estava chegando, e assim como da última vez, ela ia surfar em sua crista o mais longe que pudesse.

— Sinto-me cativada pelo suprimento de trigo que sua família mantém em estoque.

— Hã? Trigo, diz a senhorita…?

— Sim, e gostaria que o senhor continuasse a estocá-lo. Na verdade, em vez de vendê-lo por um preço baixo, guarde o máximo que puder. Então, quando uma fome ocorrer…

— Oh, bem, se a senhorita desejar nosso trigo em tal situação, certamente não hesitaríamos em fornecê-lo à família imperial. Tem minha palavra—

— Não, não é isso que quero dizer.

Mia o interrompeu. Seus instintos lhe diziam que o que ele estava sugerindo era uma péssima ideia. Esse tipo de arranjo levaria a família imperial e a nobreza central a estocar trigo apenas para si mesmos, deixando o povo comum morrer de fome. No final, as massas furiosas se levantariam em revolução, e sua história novamente chegaria a um fim rápido e com a cabeça decepada.

— Quero que o senhor distribua o trigo diretamente às massas. E quero que mencione meu nome enquanto o faz…

Diante de seu pedido descaradamente vaidoso, o conde distante a encarou, seus olhos cheios de… Não desdém, mas profunda admiração?!

— …Espere, deixe-me ver se entendi corretamente. A senhorita está me pedindo, no caso de eu precisar distribuir meu trigo para a população em geral, para declarar que estou fazendo isso sob as instruções de Vossa Alteza? A senhorita está nos permitindo usar o estandarte de seu nome? — perguntou Rudolvon, incrédulo. Sua voz tremia de emoção. Fazia muito tempo que ele não se comovia a esse ponto.

— Isso mesmo. Grite aos quatro ventos, se assim desejar. Anexe meu nome a cada saco que distribuir.

— …Estou sem palavras, Alteza. A senhorita me deixa maravilhado.

A garota diante dele tinha a mesma idade de sua filha e, no entanto, continha em sua forma pequena uma sabedoria tão tremenda que lhe tirava o fôlego. As terras dos Rudolvons eram vastas, e a maioria de seu povo era de agricultores. Este era um fato bem conhecido e, por causa disso, sempre que colheitas ruins levavam à escassez de alimentos, nobres proeminentes vinham roubar seu trigo. Eles o faziam sob o pretexto de reunir provisões para a família imperial, mas, na realidade, guardavam a comida para si mesmos. Para eles, a fome das massas era irrelevante. Por que diabos dariam comida a plebeus quando corriam o risco de morrer de fome eles mesmos? Entre grande parte da alta nobreza, tal lógica era simplesmente senso comum.

O que confundia o cálculo moral de suas ações era o fato de que a maioria deles não estava tentando sustentar um estilo de vida de excessos. Embora a vida de qualquer nobre parecesse luxuosa para um plebeu, eles não estavam acumulando por desejo de luxo. Por que, então, estavam tão determinados a obter mais trigo? Simples. O motivo era o medo. Ninguém sabia quanto tempo uma fome duraria. Diante do risco de inanição, todo nobre tentaria estocar o máximo de comida possível. Quanto mais tivessem, maior sua reserva. Quanto maior sua reserva, menos se preocupariam. Eles buscavam alívio da ansiedade e, no processo, sobrecarregavam seu povo com um sofrimento de natureza muito mais tangível.

Ainda assim, sofrimento era sofrimento, seja mental ou físico. Pensar apenas em si mesmo podia ser imoral, mas temer a fome era apenas humano. Contanto que enquadrassem suas ações como se protegendo da fome, pouco poderia ser feito para repreendê-los.

Agora imagine que, em tais circunstâncias, em vez de oferecer suas provisões aos nobres que batiam à sua porta, os Rudolvons dessem sua comida às massas de graça. O que seus pares pensariam? Ficariam furiosos. Considerando o pretexto de coletar para a família imperial que tantas vezes empregavam, tal ato poderia até equivaler a traição.

E aí residia a genialidade de Mia. Ela o instruíra a erguer alto seu estandarte — para aplacar as massas famintas sob seu próprio nome. Tudo seria realizado como uma ordem direta da princesa.

— Envergonha-me dizer isto, Alteza, mas sou um homem tímido, e devo perguntar se a senhorita estaria disposta a colocar estas suas instruções por escrito.

— Por escrito? Bem, certamente não me importo. Isso de fato sanará muitas preocupações — disse Mia enquanto um ponto de interrogação figurativo flutuava sobre sua cabeça.

A reação do Conde Distante a desconcertou. Afinal, o que ela estava propondo era essencialmente que os Rudolvons fizessem todo o trabalho e ela levasse todo o crédito. A oferta era tão unilateral que até ela estava um pouco preocupada por ter ido longe demais. Embora mantivesse uma fachada calma, na verdade estava bem nervosa durante toda a conversa, imaginando se um ingresso para o ensino superior seria realmente suficiente para convencer os Rudolvons a concordar com seu plano.

É honestamente um pouco perturbador o quão ansioso ele está para fazer isso. Me pergunto se ele tem algo mais na manga… ela ponderou, desconfiada da estranha disposição do homem em aceitar uma troca tão ruim. Ela o estudou cuidadosamente. Ele está tentando ganhar meu favor? Talvez esteja tentando mostrar o quão leal ele é para que eu o trate melhor no futuro.

Ela desejava o conhecimento de Cyril Rudolvon, mas isso não significava que queria ser amiga do garoto. Ele ainda era um Rudolvon, e ela ainda tinha uma rusga com eles. Ninguém, afinal, simplesmente corta a cabeça de uma garota e espera que ela se esqueça disso.

Tentando me bajular, hein? Já entendi seu jogo, Rudolvon, e não vai funcionar. Hora de eu bater o pé!

Ela soprou um bufo arrogante pelo nariz e ergueu o queixo para o conde distante.

— Só para deixar claro, esta escola não será do tipo que nobres proeminentes costumam frequentar. Cyril é certamente bem-vindo, mas é melhor ele não esperar nenhuma das extravagâncias usuais. Certamente cuidarei para que sua qualidade acadêmica esteja à altura de São Noel, mas será um estabelecimento modesto de resto. Pretendo convidar todos os tipos de estudantes, incluindo plebeus e aqueles da tribo Lulu vizinha.

A implicação — em sua mente, claro — era que ela não estava tão impressionada com o filho dele, e certamente não o estava enviando para alguma instituição acadêmica de prestígio. Para ela, ele e sua família não eram diferentes das massas, e ela ia tratá-los como tal. Todo o discurso visava transmitir uma espécie de vibe de “saiba o seu lugar, seu reles camponês”.

Depois de ouvir o pequeno discurso de Mia, Rudolvon ficou em silêncio. Sua mão tremeu um pouco.

— Entendo… Palavras não podem expressar a profundidade da minha gratidão, Alteza — disse ele, tão sinceramente comovido que lágrimas brotavam em seus olhos.

Até onde ela está disposta a ir para garantir que Cyril possa aprender em um ambiente livre das pressões de lidar com a nobreza central proeminente… E ela ainda vai convidar os Lulus para que possam construir confiança desde tenra idade…

Com toda a honestidade, Rudolvon nunca gostara muito da família imperial. Agora, no entanto…

Talvez… apenas talvez… eu finalmente tenha encontrado a pessoa a quem devo jurar minha lealdade.

Ondas quentes de emoção subiram por seu peito e saíram por seus olhos, escorrendo por suas bochechas em riachos cristalinos de pura e sincera alegria.

Mia o observava com uma espécie de fascínio sinistro — do tipo que muitas vezes se sente quando se sabe que se deve desviar o olhar, mas a perversão em exibição é tão hipnotizante que simplesmente não se consegue.

Doces luas… E-Ele é… uma daquelas pessoas? Do tipo que… quando você é mau com elas ou as machuca, elas se sentem muito bem?

Será que ele… estava gostando de seu desdém? Ela encarou o homem, completamente apavorada com o olhar de prazer em seu rosto.

B-Bem, por outro lado, ele é o pai da Tiona. Acho que não deveria me surpreender…

De qualquer forma, ela conseguira o que viera buscar. Cyril Rudolvon era um negócio fechado, e todo o trigo dos Rudolvons era efetivamente dela para pegar.

Estou tão feliz por tê-los visitado diretamente. Essa foi uma das melhores decisões que já tomei! Pensou ela com um sorriso satisfeito enquanto se recostava em seu assento e apreciava o balanço suave da carruagem que a levava de volta à capital.

E assim, a peça final foi colocada no lugar, preparando o palco para que a corrente do destino fluísse abruptamente em uma nova direção…

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Matface

 

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