Claaang!
O grito áspero de lâmina contra lâmina ecoou pela segunda vez desde o início da luta. Com esse som, veio uma mudança no ímpeto que pareceu apenas uma alteração sutil para os espectadores.
Para os lutadores no ringue, era como a noite e o dia.
— Então, finalmente parou de se segurar, hein? — observou Abel, fazendo uma careta com a sensação do choque. Ou melhor, a ausência dela. Teria sido melhor se sua espada tivesse sido rebatida de volta para ele. Em vez disso, seu golpe encontrara pouca resistência, seu ímpeto tendo sido perfeitamente aparado para o lado. Ele quase caiu, mas conseguiu manter o equilíbrio fincando os calcanhares com força no chão.
— Sabe, não tenho certeza de como posso fazer você acreditar em mim nisso, mas tenho me esforçado ao máximo o tempo todo. — Sion observou Abel em silêncio por alguns segundos antes de seus lábios se curvarem em divertimento.
— Devo dizer, saber pode ser metade da batalha, mas realmente é só metade. Tive uma dificuldade danada para aparar aquele golpe, mesmo sabendo exatamente de onde ele viria. Aquele seu golpe de cima para baixo é realmente impressionante — disse ele com um sorriso enquanto afrouxava o aperto na espada e retornava à sua postura mais baixa. — Em respeito à pura força do seu golpe, permita-me oferecer um conselho amigável, Príncipe Abel. Se você tentar o mesmo movimento em mim mais uma vez… então esta luta terminará imediatamente com a sua derrota.
O sorriso de Sion mudou; agora mostrava os dentes. Abel instintivamente soube que o príncipe de Sunkland não estava brincando.
— É o que você diz. Nesse caso, só há uma coisa a fazer.
Abel ergueu a espada bem alto sobre a cabeça. A mesma posição, o mesmo ângulo, o mesmíssimo ataque. Ele não mudou nada, apresentando ousadamente a Sion a mesma agressividade total da primeira postura do estilo Remno de antes.
— Devo interpretar isso como uma rendição? — Uma sombra de franzido apareceu na testa de Sion. Em resposta, Abel riu. Não era a risada da rendição.
— O quê? Rendição? Não, Príncipe Sion. É assim que eu venço.
— É mesmo? Justo. Vejo que não lhe dei o devido respeito. Permita-me corrigir minha afronta, Abel Remno, derrotando-o com o melhor da minha esgrima.
Se Abel tivesse ouvido Sion e mudado sua abordagem, certamente teria perdido. Nenhum ataque seu poderia esperar penetrar a intrincada defesa da esgrima magistral de Sion. Não importava, ele não vacilou. Permaneceu na mesma postura e se preparou para desferir o ataque em que mais confiava. Brilhando em seus olhos não estava uma aceitação resignada da derrota, mas uma fome feroz pela vitória. Ele manteve a mesma postura não por desespero, mas por determinação. Era uma declaração. Este não seria o mesmo ataque. Ele golpearia mais forte, mais rápido e com ainda mais força do que antes.
Sion reconheceu o desafio silencioso. Ele agora via Abel não como um mero oponente, mas como um rival respeitado — alguém que havia apostado corajosamente todas as suas fichas em seu único caminho para a vitória. Era apenas apropriado, então, que Sion correspondesse a essa determinação. Não haveria contenção. Os dois se aproximaram lentamente um do outro, parando pouco antes da distância de ataque. Começara a chover forte, mas apesar das grossas gotas de chuva batendo em seus rostos e corpos, nenhum deles piscou. Abel estava em um estado de intensa concentração, totalmente focado em desferir seu ataque mais poderoso em Sion. Era, portanto, compreensível que ele esquecesse o contexto desta situação.
Isso não era uma batalha, muito menos um duelo até a morte. Era uma partida amistosa entre estudantes, destinada à diversão e ao entretenimento. Como começara a chover, e certamente não havia necessidade de os competidores arriscarem doenças ou ferimentos, naturalmente…
— É isso! Ambos os competidores, espadas para baixo! — O árbitro encerrou a partida.
— O quê?!
Abel olhou em volta, meio atordoado, sem saber o que acabara de acontecer.
— Como eu esperava. Bem, suponho que seja isso.
Sion embainhou a espada e deu de ombros. Aparentemente, ele estava plenamente ciente dessa possibilidade e não ficou nem um pouco surpreso com a decisão do árbitro.
— Tenho toda a intenção de terminar esta luta… mas a primeira oportunidade provavelmente será neste inverno, durante o próximo torneio de esgrima — disse ele com um sorriso. — O que me diz, Príncipe Abel? Tenho sua palavra de que cruzaremos espadas novamente? — Sion estendeu a mão.
— Pode apostar que sim.
E desta vez, Abel a pegou.
E assim, a partida final do torneio terminou com um firme aperto de mão.
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— Príncipe Abel!
Mia correu até Abel assim que ele desceu da arena. Ela olhou para seu campeão, que chegara a um triz de derrotar seu arqui-inimigo, e o bombardeou com elogios e frustração vicária.
— Isso foi incrível! Mas oooh, você chegou tão perto! Só mais um pouquinho, e— Hnnngh!
— Hã? Oh, uh, obrigado, Princesa Mia — gaguejou um Abel perplexo. — Mas, hum, se tivéssemos continuado, eu provavelmente teria—
— Isso deve ser uma maldição! — Completamente alheia à reação dele, ela continuou resmungando. — Tem que ser. Aposto que alguém desejou chuva ou algo assim – algum idiota mesquinho por aí que não queria ver você ganhar! Você estava tão perto! Hnnngh! Interferir em uma partida honrosa como esta… Imperdoável! É jogar sujo, isso sim!
…Retornemos rapidamente à linha do tempo anterior por um momento. Para constar, depois de terminar seu almoço muito solitário, Mia passou o resto do dia enfurnada em seu quarto, sentindo muita pena de si mesma. Durante esse tempo, ela por acaso ouviu dizer que Sion estava perto de ganhar o torneio. Então ela se sentou e rezou com todo o coração para que chovesse, e quando uma chuva repentina forçou o encerramento prematuro do torneio, ela gritou em triunfo.
Em outras palavras, ela havia se esquecido completamente de que o “idiota mesquinho” que havia ‘jogado sujo” não fora ninguém menos que ela mesma.
Assim, o primeiro torneio de esgrima do ano foi concluído mais cedo devido à chuva, e os dois príncipes trocaram promessas de uma revanche. O que não sabiam, no entanto, era que sua chance viria muito antes do que pensavam e sob circunstâncias que nenhum deles poderia ter previsto. Aconteceria não dentro de uma arena, mas em um campo de batalha, ambos arriscando suas vidas…
Mas essa é uma história para depois.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
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