Império Tearmoon

Império Tearmoon – Vol. 01 – Cap. 52 – Princesa Mia… Sente o seu coração agitar!

Dois dias antes do torneio de esgrima, Mia fez uma visita para Abel a fim de explicar seus planos. Ela o encontrou quando ele estava indo para a margem do lago praticar um pouco com sua espada, então decidiram ir juntos.

— Entendo. Lancheiras caseiras, huh… — Ele disse enquanto caminhavam.

Lancheiras assim normalmente eram pedidas em lojas especializadas. Mia, no entanto, estava se oferecendo para fazê-las pessoalmente com suas amigas, nenhuma tendo qualquer experiência. Isso deveria ter parecido uma proposta assustadora. Porém…

Eu acho que minha culinária talvez seja muito boa.

…Mia escondia o tipo de desilusões que faria uma veia de Keithwood estourar. No entanto, ela pelo menos tinha o senso comum de reconhecer que sua culinária não era páreo para o trabalho profissional de uma loja. Portanto, pensando que já prevenir danos a faria bem se as coisas saírem errado, ela veio abaixar as expectativas de Abel.

— Peço imensas desculpas, Principe Abel. Eu sei que, normalmente, eu deveria estar comprando de uma loja da mais alta qualidade…

Em outras palavras, não fique muito chateado se não ficar tão gostoso.

— Está tudo bem. Não me importo. Na verdade, fico até feliz.

— Feliz? Por quê?

— Me lembra das lancheiras que minha mãe fazia para mim de tempos em tempos.

A posição social das mulheres, sejam elas nobres ou plebeias, no Reino de Remno era bastante baixa. Isso fazia, porém, que elas tivessem bem mais em comum com pessoas fora da nobreza, geralmente fazendo algumas tarefas servis que seriam feitas por servos em outros países. Diferente de outros reinos, não era raro que uma mulher nobre em Remno cozinhasse para seu marido e filhos.

— Mesmo que talvez não fossem tão saborosas como as refeições preparadas pelo chef de cozinha, minha mãe e irmãs colocavam seus corações quando as preparavam, e só isso já as tornavam especiais.

Então, ele se virou para Mia e, com um sorriso gentil, disse que estava ansioso para a sua lancheira. Isso a pegou desprevenida, e ela percebeu que a barra de qualidade de sua lancheira acabara de subir.

Uh oh, eu não sabia que o Príncipe Abel estava comendo marmitas caseiras esse tempo todo! Agora eu não posso falar para ele que talvez a minha não fique gostosa porque é caseira… Hm, isso pede uma mudança de planos. Talvez eu deva fazer algo mais complicado…

Antes que Mia tivesse tempo de trabalhar no que com certeza seria uma ideia ruim, o litoral apareceu.

— Uau…

O lago se estendia diante seus olhos contra um fundo de azul ininterrupto. Raios de sol, como glitter dourado, dançavam através de sua superfície imaculada enquanto ondas gentis escovavam ritmicamente na linda areia branca. Não havia quase ninguém ali. Era prístino, quieto e totalmente de tirar o fôlego.

— Não tinha ideia de que um lugar tão lindo existisse…

Mesmo na linha do tempo anterior, ela nunca havia estado aqui.

— Fico contente que gostou. É um bom lugar. — Abel disse. Então, em um movimento suave, ele desceu para a praia, se virou, e ofereceu sua mão. — Aqui. Cuidado onde pisa.

O gesto era cortês e elegante, e o modo com que ele fez pareceu tão natural. Naquele momento, ele parecia o cavalheiro perfeito, e Mia sentiu seu coração agitar levemente.

Re-Relaxa. Isso não é nada demais. É o que esperamos dos garotos.

Ela pegou a mão dele. Tinha uma firmeza áspera em sua palma que a surpreendeu. Novamente, seu coração se agitou.

Ahh, e pensar que eu teria a chance de caminhar em uma linda margem de um lago com um cavalheiro ao meu lado…

Quando estava naquela masmorra, ela nunca teria imaginado que tal coisa seria possível. E agora, era mais que possível; estava acontecendo. Ela estava vivendo isso. Um profundo sentimento de felicidade a preencheu. Lentamente, ela respirou fundo e olhou ao redor, tentando aproveitar toda a vista, sons e cheiros desse momento idílico.

— Tem uma coisa, na verdade, que eu acho uma pena… — Disse Abel em uma voz suave.

Mia se virou com um olhar confuso.

— Hm? E o que seria?

— O fato de que eu não serei o único que vou conseguir uma lancheira sua… — Ele disse com um sorriso brincalhão.

Sua confissão repentina fez o coração dela agitar ferozmente.

Q-Qu-Qual o problema dele?! Você não pode só sair falando isso! Você… Você só não pode!

Na sufocante escuridão daquelas noites sem lua quando a solidão na masmorra era quase palpável, ela forçava sua mente para longe do gelado chão e da fome em seu estômago, imaginando vez após vez que estivesse em outro lugar. Ela sonhava com cenas dela aproveitando um passeio junto ao litoral com o homem de seus sonhos… e se entregava em visões vazias de seus doces nadas…

E agora ela estava bem no meio de uma! Quando ela não estava pronta para isso.

E-Eu preciso me acalmar! Okay, respira fundo. Respira… Fundo… Respira. Fundo. Respira fundo, respira fundo, respira fundo…

Sua mente agitada falhou em seguir suas próprias instruções, e sua respiração se transformou em suspiros em pânico. Abel parou e olhou para a cara vermelha dela com preocupação, o que só fez com que ela ficasse mais vermelha.

— Hm? Você está bem? Parece um pouco cansada.

— O que? Oh. Eu, é, talvez. Talvez eu esteja.

Abel a levou para uma parte da praia onde algumas árvores faziam sombra. Então ele prontamente tirou seu casaco e o colocou na areia.

— Aqui, sente-se e descanse um pouco. Você pode assistir, mas vai ser bem chato. Assim que se sentir melhor, pode ir se quiser.

Depois de ajudar Mia a se sentar, ele começou a praticar metodicamente seus balanços com a espada.

— Nossa, que diligente você é. Você está levando isso bem a sério, não é mesmo?

Ela se lembrou da firmeza da palma dele. Era uma prova da quantidade de tempo que ele dedicava praticando esgrima.

— Haha, mais desesperado do que sério, eu diria. Acho que gastei mais tempo com espadas no mês passado do que em toda minha vida, agora tem alguém com quem quero lutar… E estou disposto a fazer o que for preciso para vencer. — Ele pausou, como se lembrasse de algo. Então disse: — O que me lembra, sobre a lancheira… Sabe como eu disse que era uma pena? De certa forma, estou feliz por isso também.

— …Huh?

— Desse jeito é justo. De outra forma, quando eu vencer o Príncipe Sion, talvez as pessoas diriam que foi apenas por que ele não conseguiu comer sua lancheira caseira.

Com isso, ele voltou a praticar, mas não antes de mostrar a ela um sorriso brilhante cheio de confiança e determinação. Isso deixou Mia deslumbrada, e um bom tempo se passou até que a flamejante sensação em seus pulmões a lembrassem de respirar.

 


 

Tradução: Viny

Revisão: Matface

 

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