Eu tinha uma vaga noção de que ela era um ser que detém grande poder.
No entanto, é verdade que às vezes ela tinha aquele olhar no rosto como se tivesse tudo planejado, ou aquela parte em que demônios de alto escalão, como Ein e Sechs, lhe juraram lealdade absoluta, e o fato de como pediu a uma Deusa para me abençoar. Pensando nesses casos, havia de fato algumas partes indicativas que poderiam ter me feito considerar… Mas ainda assim, nunca pensei que Kuro fosse o Rei do Submundo.
Quero dizer, para efeito de argumentação, por que um dos pináculos do Reino Demoníaco apenas vagaria por aí daquele jeito?
Talvez tenham continuado limpando a mansão durante a noite? Em frente à mansão, que foi limpa tão bem ao ponto em que pensaria que era um prédio novo, a maioria das funcionárias que servem ao Ducado Albert estão reunidas.
Não sei se é por causa daquelas coisas que precisava fazer que mencionou na outra noite ou pelo fato de que estará visitando hoje de qualquer maneira, porém Kuro não apareceu no meu quarto ontem à noite, e isso me está deixando nervoso.
No silêncio do ar, olho para o relógio de bolso na minha mão. No momento em que o ponteiro dos segundos circula e a hora indica que o meio-dia chegou… O ar muda.
— !?
Se tivesse de comparar com alguma coisa, seria como se a atmosfera ao nosso redor tivesse ficado pesada de repente ou algo semelhante… Uma forte pressão começou a pesar no meu corpo.
O cenário à nossa frente ondulou, como se estivéssemos olhando para uma miragem, e em frente ao portão escancarado, Kuro apareceu. Ainda em seu casaco preto enrolado ao corpo, contudo sem o sorriso habitual de sempre em seu rosto, e uma presença diferente do normal.
As pessoas ao redor, incluindo Lilia e eu, espontaneamente nos encontramos curvando nossas cabeças. É como se tudo no espaço ao redor estivesse se prostrando a sua presença, e apenas o som dos passos de Kuro ecoasse no silêncio.
Seu lindo cabelo branco prateado brilhava na luz do sol, e os olhos dourados observavam silenciosamente apenas a sua frente.
Isso é de fato… A marcha de um rei.
Era para ser uma marcha solo sem outros membros a sua volta, no entanto havia uma presença tremenda e uma sensação de intimidação ao redor, como se dezenas de milhares de tropas estivessem avançando.
Foram apenas alguns segundos de caminhada do portão até a porta da frente. Não conseguimos desviar o olhar, não conseguimos falar e nem mesmo respirar enquanto observávamos o Absoluto caminhando cheio de confiança.
Então, Kuro ficou na frente de Lilia, que se manteve numa postura de profunda reverência, e falou em um tom calmo.
— Minhas desculpas por vir em tão pouco tempo. Duquesa Albert.
— Nã-Não precisa se desculpar… Bem-vinda, obrigada por vir. Rei do Submundo Kuromueina.
— Unnn. Sei que é muito repentino, gostaria de conversar com você, então tudo bem se entrarmos?
— Claro. Por favor, entre…
Trocando cumprimentos com Lilia com sua voz calma, mas certamente majestosa, Kuro entrou direto na mansão, guiada por Lilia.
Em vez da pequena sala de recepção, fomos para um salão de recepção bem decorado, e lá dentro, apenas Lilia, Lunamaria, eu, Kusunoki, Yuzuki e algumas servas entraram, e pouco depois, a grande porta se fechou.
Sentindo sua presença avassaladora, tão contrastante de sua atmosfera habitual, até mesmo uma sala grande como essa sentia-se pequena. Olhei para ela, confuso por vê-la agindo de uma forma que nunca tinha visto antes.
Então, quando nossos olhos se encontraram, ela olhou para mim com o sorriso brilhante de sempre no rosto e a pressão que estava pesando sobre mim desapareceu em seguida.
— O que achou disso, Kaito? Meu modo sério! Não sou legal?
— …
Ela acabou de arruinar a imagem majestosa que tinha há pouco. Vou repetir isso duas vezes porque é muito importante, toda sua majestade de uns instantes atrás acabou de ruir.
Gostaria que devolvesse toda a reverência que tive e os pensamentos de como realmente é o Rei do Submundo depois que vi sua “majestade”. Além do mais, mesmo que essa sua cara presunçosa pareça fofa, ainda é meio irritante.
De toda forma, parece que o modo sério de Kuro desapareceu e seu modo normal retornou, pois agora ela está falando comigo com o sorriso brilhante que costumava ter. Lilia, atordoada com sua mudança, recomendou que nos sentássemos. Sentando-se em frente à mesa grande, Kuro olhou para mim e bateu no assento do seu lado.
— Kaito, aqui, aqui.
— Errr… Unnn. Tudo bem.
Ouvi seu pedido para me sentar ao lado e, como não sabia o que fazer, olhei para Lilia, que fez um aceno silencioso com a cabeça.
O que quer dizer que devo concordar com o desejo de Kuro.
Reconhecendo seu gesto, cedi ao pedido de Kuro e me sentei ao seu lado.
Agora, o que devo fazer… O fato de ter voltado a agir como de costume significa que é provável que fique de mau humor se eu falar de forma respeitosa… Nesse caso, acho que seria melhor agir como sempre, hein?
— Kuro é o Rei do Submundo, hein…
— Ahh! Parece ser esse o caso, contudo as pessoas ao meu redor me chamam assim por sua própria conveniência e nunca me apresentei desse jeito.
— Na verdade, de alguma forma, sinto que você não se encaixa na imagem de alguém com um título como esse.
— Ahaha, é verdade!
Ao me ver conversando com Kuro no meu tom de costume, Lilia empalidece, no entanto Kuro não pareceu se incomodar com isso e responde com seu sorriso característico.
E na frente de Kuro, Lunamaria trouxe uma xícara de chá, parecendo estar se sentindo muito nervosa.
— R-Rei do Submundo… Po-Por favor, tome um pouco de chá…
— Obrigada… Arehh?
— !?
Vendo o chá que lhe foi oferecido, Kuro olhou para o rosto de Lunamaria e depois de dizer algumas palavras de agradecimento, inclinou a cabeça.
Vendo-a reagir a algo, Lunamaria pensou que talvez tivesse cometido alguma descortesia, então se apressou em se ajoelhar e tentou se curvar, mas antes que conseguisse, enrijeceu com as palavras que vieram a seguir.
— Você, nós nos conhecemos há cerca de dez anos, não é?
— ???
— Se não me engano… Lunamaria, certo?
— En-Então você… Se lembrou de mim…
Depois de entender as palavras ditas, seus olhos se arregalaram evidenciando sua incredulidade. Enquanto murmurava, ficou evidente o quão atordoada havia ficado.
— Claro que me lembro. Como está sua mãe?
— Si-Sim! Graças ao Rei do Submundo, ela poderia até ser descrita como a personificação da própria saúde!
— Entendo, é bom saber.
— Sim… Tudo foi graças ao Rei do Submundo. Não consigo nem expressar minha gratidão por aquele momento…
Pensando bem, Lilia não disse que Lunamaria conheceu Kuro antes, e naquela época começou a adorá-la no nível de uma fanática?
Lunamaria não achava que seria lembrada depois de se encontrarem apenas uma vez, e parecia estar tomada pelas emoções, juntando as mãos e abaixando a cabeça em agradecimento.
— Não se preocupe. Vejo que cresceu, hein. Fico feliz por podermos nos reencontrar.
— Su-Suas palavras… São desperdiçadas com esta humilde eu.
Com um sorriso radiante, Kuro afagou a cabeça de Lunamaria, enquanto esta foi tomada pelas emoções outra vez e começou a chorar.
Só posso supor pela troca delas que algo deve ter acontecido com a mãe de Lunamaria e Kuro a ajudou com isso.
Em outras palavras, tem uma grande dívida de gratidão, e é por isso que a admira tanto. É uma história muito boa, não é…
E então, depois de continuar e agradecer Kuro várias vezes, ela se levantou e voltou para trás de Lilia, porém no caminho, pude ouvi-la murmurando algo baixinho.
— O Rei do Submundo… Me chamou pelo meu nome… Ela afagou meu cabelo… Para sentir tamanha felicidade… Acho que agora posso morrer em paz…
— …
Unnn. Lunamaria… Não acha que a agulha do seu vetor de afeição já oscilou muito além do sentimento de gratidão? Sua expressão parece de puro êxtase, seu rosto está todo vermelho como uma donzela apaixonada, e seu olhar estava fixo em Kuro já fazia algum tempo…
Deixando essa fanática de lado, a conversa entre Kuro e a dona da casa, Lilia, começou de novo.
Entretanto, Kuro já deixou seu modo sério de lado e voltou ao seu modo habitual, e prosseguiu conversando com Lilia, que está muito nervosa e rígida, com um sorriso brilhante no rosto.
— Duquesa Albert… Posso te chamar de Lilia?
— Hã? Ah, sim. Claro.
— Bom, mais uma vez, prazer em conhecê-la. Sinto muito pela visita repentina hoje. Todavia, você realmente não precisava exagerar em suas boas-vindas, sabe?
— Nã-Não! Em vez disso, minhas desculpas pela má hospitalidade em receber o Rei do Submundo. A culpa foi minha.
— Não, não, sério, não precisa se preocupar tanto. Quer dizer, pode parar de me chamar de Rei do Submundo e só me chamar pelo meu nome?
— Nã-Não, eu não seria tão desrespeitosa para apenas…
Kuro ainda tinha um sorriso no rosto enquanto conversava, parecendo a mesma de sempre, mas o nervosismo estava escrito no rosto de Lilia.
— Ah, essas devem ser as crianças do outro mundo que chegaram junto com Kaito, certo?
— Ah, sim! Eu sou Kusunoki Aoi.
— E-Eu sou Yuzuki Hina.
— Aoi e Hina, hmm. Meu nome é Kuromueina. Prazer em conhecê-las!
Kuro chama Kusunoki e Yuzuki também, e ambas reagem nervosas enquanto abaixavam suas cabeças.
As duas pareciam bastante confusas… Unnn. Consigo entender como se sentem, ela não parece uma pessoa notável, embora seja um dos Seis Reis. Já estou acostumado com esse seu tom usual de conversa, então não chega a me incomodar. Porém, para Lilia e as outras, é como se um rei estivesse falando com elas de repente como se fossem amigos, fazendo-as se sentirem perdidas em como responder.
— Ah, é verdade. Lilia, já deve ter ouvido falar sobre mim do Kaito, porém me desculpe por entrar na mansão sem permissão até agora.
— Ah, e-está tudo bem! Claro, não me importo nem um pouco! Em vez disso, sinto muito por não ter conseguido recebê-la até agora…
— Gostaria de continuar voltando sempre que possível, está tudo bem?
— C-Claro! Se o Rei do Submundo desejar, por favor, visite sempre que quiser!
Ah, Lilia está começando a entrar em pânico. É como se já estivesse farta de tudo.
Especialmente quando Kuro se desculpou por entrar sem permissão agora e abaixou a cabeça, sua pele passou de azul para branca e, por causa do ritmo rápido em que estavam falando, sinto que não conseguiu acompanhar a situação.
Nesse momento, como se para ajudar a Lilia em pânico, bolinhos de chá são servidos.
Há confeitos de cores brilhantes, alguns bolos de aparência artística que claramente parecem ter sido feitos por um confeiteiro de primeira classe.
Olhando para tudo, que teria sido preparado para uma existência que pode ser chamada de convidada de honra, Kuro murmura baixinho em uma voz que só eu que estou ao seu lado posso ouvir.
— Ueeggghh… Parece difícil de comer…
— …
Unnn. Tive a sensação de que era bem diferente da imagem de Kuro, no entanto esses doces luxuosos não faziam o seu gosto.
Puxando pela memória, ela costuma comer bolinhos castellas, e de acordo com o que me disse, gosta de doces que pode comer enquanto caminha. Sendo o caso, penso que prefere doces que são mais comuns.
Minha previsão parecia estar correta, e Kuro acabou dando uma mordida em cada um dos lanches e não tocou em mais nenhum depois, apenas por uma questão de cortesia… Pelo visto não gosta mesmo deles.
Lilia percebeu também que Kuro não gostou dos lanches que lhe foram servidos e suor frio começou a escorrer por seu rosto pálido, deixando-a com uma aparência lamentável.
E, como se estivesse dando o golpe final, uma serva entra na sala sozinha, diz algo a Lunamaria e deixa o cômodo.
— Minha dama, uma mensageira do palácio real com uma carta de Sua Majestade o Rei chegou.
— Ah, o Rei provavelmente quer dizer algumas palavras ao Rei do Submundo… Rei do Submundo, uma carta de Sua Majestade o Rei…
Pelo conteúdo da conversa, o rei deste país… Ou seja, o irmão de Lilia, quer prestar seus respeitos ao Rei do Submundo, Kuro.
No entanto, como ela é uma convidada do Ducado Albert e não veio aqui para ver o rei, ele teve que enviar uma mensageira para pedir permissão.
Lilia entendeu as suas intenções e tentou obter confirmação com a própria pessoa, mas quando Kuro ouviu o que disse… O sorriso em seu rosto desapareceu.
— Unnn? Hmm, Lilia?
— Si-Sim?
— O Rei de Symphonia, que não convidou Kaito para aquela festa noturna, tratando-o como um pária, disse o quê?
— Ah, não, errr…
Ouvindo a resposta, acompanhada da perda do sorriso que tinha em seu rosto há um tempo e tendo uma aura clara e descontente ao seu redor, Lilia começou a suar como uma cachoeira.
— Eu não ouvi bem, então, por que não diz de novo…
— Peço desculpas. Nós tivemos um engano. Luna… Mande-os embora.
— Entendido.
Como se as intenções de Kuro tivessem sido transmitidas ao mínimo detalhe, Lilia se apressa em fingir que o que tinha acabado de dizer não tinha acontecido. Então, deu suas instruções em uma voz que parecia estar imbuída de intenção assassina. Lunamaria, que recebeu seu comando enquanto seus olhos seguiam fixados em Kuro, levantou sua mão e saiu da sala.
— De novo, aquele irmão idiota… Sabia que deveria ter cortado sua cabeça…
Afastando-se de Kuro, cuja atmosfera havia mudado, Lilia segurou sua cabeça entre as mãos e murmurou baixinho em uma voz tomada de intenção assassina… Vejo que você tem se esforçado, hein.
Sua expressão é a de alguém que está prestes a começar a chorar, olhando para mim como se implorasse por ajuda.
Talvez signifique que quer que eu tome alguma atitude que possa restaurar o bom humor de Kuro… Errr, o que devo fazer? Ah, é verdade, tenho aquilo.
— Acabei de lembrar, comprei alguns doces que pensei que você poderia gostar.
— Hã? Kaito me comprou alguma coisa?
Não conseguindo ignorar o lamentável pedido de ajuda da dona da casa, tirei os biscoitos que comprei ontem da minha caixa mágica.
— Ahh! Biscoitos de geleia!
Pelo visto consegui atrair seu interesse e, depois de olhar com interesse os biscoitos que a entreguei, Kuro pegou um e o levou à boca.
— Uwaahh! É muito bom! Kaito, onde o comprou?
— Errr, é de uma confeitaria na rua a oeste da praça da fonte.
— Oeste? Errr, aquela loja ao lado de uma livraria?
— Não, tenho quase certeza de que ao lado dela havia uma padaria…
— Ahh! Aquela loja que fica do outro lado, hein… Uwaahhh, não sabia que vendiam doces tão gostosos lá. Ei, eles também vendem geleia?
— Sim, estão vendendo diferentes tipos de geleias lá.
— Ohh, então vou pegar algumas mais tarde!
Tendo gostado dos biscoitos, Kuro começou a pegar um após o outro com um grande sorriso no rosto.
Vejo que de fato prefere mais desses tipos de doces comuns. O ritmo em que está comendo é nitidamente diferente dos doces de antes.
De qualquer forma, seu humor, que havia ficado um pouco descontente, voltou ao normal e retomou a conversa com Lilia com o sorriso brilhante.
A princípio, Lilia ficou um pouco confusa e nervosa, porém como esperado de Kuro, ela puxou conversa num tom alegre sobre vários tópicos, e aos poucos a rigidez deu lugar a um pequeno sorriso, deixando a conversa entre as duas mais animada.
A conversa divertida continuou, como se as palavras “papo amigável” fossem a definição perfeita e, antes que eu percebesse, o tempo passou voando, chegando a hora de Kuro ir embora.
— Bom, Lilia. Me diverti muito hoje. Obrigada.
— Não, o prazer é meu, Sra, Kuromueina. Por favor, venha nos visitar outra vez.
— Unnn. Ah, da próxima vez, não precisa ser tão exagerada com suas boas-vindas, ok?
— Fufufu, entendi.
Lilia já se sente confortável com a presença de Kuro, chamando-a pelo seu nome em vez de tratá-la pelo seu título de Rei do Submundo.
Não, acho que é melhor dizer que as habilidades sociais de Kuro, ou melhor, seu poder de comunicação é fantástico. Não apenas Lilia, ela também se tornou amiga de Kusunoki e Yuzuki em pouquíssimo tempo.
— Aoi e Hina também, vamos conversar de novo.
— Sim. Sra. Kuromu.
— Sra. Kuromu, conte-nos mais histórias suas da próxima vez.
Respondendo ao chamado, as duas assentiram com sorrisos amigáveis em seus rostos.
A razão pela qual seguiam chamando Kuro pelo seu apelido é porque ainda tem essa forte imagem sua como Rei do Submundo. Se eu soubesse desse fato quando a conheci, teria a chamado dessa forma também… Bem, já me acostumei a chamá-la de Kuro, então não vou mudar agora…
— Lunamaria, o chá preto que serviu estava bem gostoso. Deixe-me beber um pouco de novo, ok?
— Si-Sim! Por favor, venha quando quiser.
A propósito, Lunamaria continua a mesma de sempre. No seu caso, porém, sua simpatia por Kuro tem sido avassaladora desde o começo, então toda vez que trocam algumas palavras, parece estar à beira da felicidade… E, sendo honesto aqui, é bem assustador.
— Ah, é verdade. Quase me esqueci… Lilia, aqui.
— Eh, isso é…?
Depois de trocar adeus com cada uma, Kuro de repente se lembrou de algo enquanto tirava um pedaço de papel do casaco e o entregava.
Lilia recebeu o papel e assentiu uma vez, contudo quando olhou para o conteúdo escrito, seus olhos se arregalaram.
— Já lidei com aqueles que estavam do lado do Reino Demoníaco… Posso deixar aqueles que estão no Reino Humano para você?
— Sim. Por favor, deixe comigo.
— Unnn. Vou deixar com você!
Não entendi o conteúdo, no entanto suponho que seja algo importante devido a expressão séria no rosto de Lilia após ouvir as palavras de Kuro.
Hmmm. Imagino sobre o que estão falando… Agora que Kuro conseguiu conhecer todas, poderá visitar aqui sem preocupações no futuro. Acho que essa deveria ter sido uma ocasião alegre, entretanto como devo dizer, o clima está um pouco complicado.
No geral, acho que nós dois acabamos não conseguindo conversar muito hoje… Será que estou um pouco solitário depois de não conseguir falar com ela?
Se for o caso, é patético da minha parte… Não há como negar que me sinto envergonhado.
Estou ciente que Kuro tem uma personalidade que pode se dar bem com qualquer um, e é provavelmente por essa razão que me dou tão bem com ela. E ainda assim, quando por fim a vi se tornar próxima de Lilia e das outras, foi pouco másculo da minha parte sentir que perdi minha vantagem sobre elas.
Para Kuro, sou apenas um “amigo” e não sou particularmente especial. Talvez seja por causa da minha longa história como solitário que tenho o péssimo hábito de interpretar demais a boa vontade que não estou acostumado a receber.
Sou apenas um bastardo com mal-entendidos… Ugghh, estou começando a me sentir patético pensando assim de mim mesmo. Preciso refletir por um momento e endireitar minha mente.
— Kaito, Kaito.
— Hã? Unnn?
Enquanto pensava, vi Kuro me chamando, e quando me aproximei, ela ficou na ponta dos pés e sussurrou em meu ouvido.
— Obrigada pelos biscoitos, eles me deixaram muito feliz. É solitário não podermos falar tanto como sempre, então vamos a algum lugar, “só nós dois”, da próxima vez.
— Hein?
Depois de dizer essas palavras como doces sussurros murmurando em meu ouvido, Kuro sorriu brilhantemente como uma flor desabrochando, e saiu enquanto acenava com a mão. Eu realmente não consigo vencer ela… No final, suponho que tenha visto através de mim.
Depois de nos despedimos, a mansão que se tornou um tanto agitada, se acalmou e todos nós fizemos uma pausa para tomar chá antes do jantar.
— Ainda assim, Kaito nunca deixa de me surpreender. Jamais teria imaginado que convidaria qualquer um dos Seis Reis para minha mansão.
— Ahaha, não, nós só nos conhecemos por acaso…
— Junto com sua humildade, o “Sr. Kaito” é sem dúvida uma pessoa maravilhosa. Esta Lunamaria agradece aos Deuses pela boa sorte de conhecê-lo.
— …
Ouvindo as palavras de Lilia, ditas com um sorriso irônico no rosto, respondi com um sorriso irônico também, mas… Uma certa pessoa parecia estranha. Há algo diferente na maneira como ela está me chamando, e olhando para aqueles olhos reluzindo… Me sinto assustado por algum motivo…
— Hmm, Lilia… Há algo estranho com Lunamaria… Ou melhor, ela está parecendo assustadora agora…
— Ela deve ter ficado muito feliz depois de conhecer a Sra.. Kuromueina. Dê algum tempo e deve voltar ao normal.
Um interruptor estranho foi ligado por Lunamaria. Está assim desde que Kuro foi embora, e está me adorando como uma louca enquanto conversamos. Como devo dizer, é como se tivesse perdido o controle de si mesma.
Decidi ignorá-la até que voltasse ao normal e dediquei minha atenção à conversa com as outras.
— Mesmo assim, Sra. Kuromu era uma pessoa bem divertida de se conversar, não era? Todos os membros dos Seis Reis são tão amigáveis?
— Não, Sra. Kuromueina… O Rei do Submundo é considerado a mais gentil dos Seis Reis, junto com o Rei do Mundo. Na verdade, foi a primeira vez que tive a oportunidade de falar com ela, porém sua atitude foi muito gentil, como dizem os rumores.
Em resposta às palavras de Kusunoki, Lilia continua explicando.
Embora os Seis Reis sejam agrupados, suas personalidades parecem variar umas das outras… Bom, tenho a sensação de que o Reino Demoníaco não seria muito viável se todos os reis tivessem a mesma personalidade de Kuro.
— Falando dos outros membros dos Seis Reis… Nunca falei com nenhum em pessoa, então só ouvi falar a seu respeito por meio de rumores… Dizem que o Rei do Mundo é uma pessoa gentil e que perdoará você se for um pouco indelicado. Por outro lado, diz-se que ninguém viveu depois de desagradar o Rei da Guerra e o Rei da Morte. Quanto ao Rei Dragão e ao Rei Fantasmagórico, não sei porque não ouvi muitos rumores sobre eles.
Para resumir, o Rei do Submundo… Kuro e o Rei do Mundo são os gentis, o Rei da Guerra e o Rei da Morte são os mal-humorados e quando se trata do Rei Dragão e do Rei Fantasmagórico, Lilia não sabe.1(Nota do Tradutor: Esse autor é dado a meter uma de Kurumada com Cavaleiros do Zodíaco, ou realmente acha que sou analfabeto e precisa repetir tudo pra mim.)
Contudo, o Rei da Guerra e o Rei da Morte… Não apenas seus nomes, até mesmo suas personalidades são muito perigosas. Devem estar de bom humor ou você pode perder sua vida… Soa assustador.
Como se sentisse minha ansiedade, Lilia sorriu ironicamente e falou.
— Be-Bem, é quase impossível falar em pessoa com qualquer um dos Seis Reis… Sim, esta é apenas uma situação excepcional e sem precedentes, mesmo entre as situações sem precedentes…
— No entanto, se for o Miyama, não acha que seria capaz de conhecer os outros Seis Reis também?
— Kaito, está tentando me matar de ansiedade?
— Não, como esperado, é impossível algo assim acontecer…
Ouvindo as palavras que Yuzuki deixou escapar, Lilia empalideceu enquanto murmurava olhando para mim, então respondi balançando com força a cabeça.
Como esperado, não há como encontrar os outros membros dos Seis Reis. Seria diferente se Kuro tivesse me apresentado ou coisa do tipo. Entretanto, pelo menos, agora sei que Kuro é o Rei do Submundo, então posso apenas confirmar de antemão.
Enfim, não importa como Kuro aja, não deveria ser capaz de só me apresentar aos outros membros dos Seis Reis, então não deve haver problemas.
— Tem razão, não é? Você não está mais escondendo nenhuma amizade que teve com outras pessoas ultrajantes, certo? Não conheceu os outros membros dos Seis Reis, certo? Da próxima vez que trouxer um deles para casa, eu vou chorar, sabe?
— Não, sério, os únicos demônios que conheço são as pessoas que me foram apresentadas como a família de Kuro, então vai ficar tudo bem.
— Sé-Sério… Nesse caso, é um alívio.
É como se Lilia já estivesse no limite também, todavia quando se trata dos outros demônios que conheci, além dos demônios que já contei antes, deveriam ser Ein e Sechs, cujas identidades elas não conseguiram ouvir. Falando dos dois, Ein pode ser considerada uma pessoa incrível… Mas já que jurou lealdade a Kuro, não acho que seja um dos Seis Reis, então deve ficar bem.
Ao ouvir minhas palavras, Lilia dá um tapinha no peito e solta um suspiro de alívio.
— De qualquer forma, embora ainda tenha aquela conversa com a Deusa do Tempo, algumas das coisas que pesam nos meus ombros desapareceram até certo ponto. Acho que devo conseguir ter uma boa noite de sono hoje.
— O que está dizendo, minha dama?
— Hã?
Lilia, que está recostada na cadeira como se enfim pudesse se livrar do cansaço no fundo do coração, foi interrompida por Lunamaria, que voltou ao seu estado normal antes que me desse conta.
— Minha dama, não acho que seja esse o caso, mas… Acha que conseguirá descansar um pouco hoje?
— Hã? Quê?
Depois de murmurar essas palavras ameaçadoras, Lunamaria ignorou Lilia, que tinha uma expressão ansiosa no rosto e saiu do cômodo. E um pouco depois, voltou com as duas mãos cheias de algumas coisas que pareciam cartas.
E essas cartas, que podem ser melhor descritas como uma montanha de papéis, foram casualmente colocadas na frente dos olhos de Lilia.
— Estas são as cartas que chegaram do palácio real, de nobres, mercadores e do templo.
— Por quêêêêêê…
— Não parece que… Você se esqueceu disso, apenas não pensou a respeito, contudo… Minha dama. Sua posição social atual é a de uma nobre que “recebeu a sem precedentes bênção da Deusa do Tempo” e, além de tudo, alguém cuja “residência foi visitada pelo Rei do Submundo”, outro evento sem precedentes, lembra? Apenas a capital real sabe dessa informação no momento, todavia tenho certeza de que se tornará um grande rumor nos países vizinhos também.
— …
De fato, assim como Lunamaria disse, Lilia é atualmente a mulher do momento. Não era de se admirar, já que era considerada uma nobre que havia passado por duas situações nunca antes vistas em um curto espaço de tempo e havia construído conexões poderosas tanto com o Reino dos Deuses quanto com o Reino Demoníaco.
— N-No entanto, a Sra. Kuromueina só veio aqui porque conhecia Kaito…
— Embora seja verdade, as pessoas ao redor não pensarão dessa forma. Uma Duquesa com conexões com os seres próximos ao pináculo do Reino dos Deuses e do Reino Demoníaco… Tenho certeza de que haverá muitas pessoas que gostariam de se aproximar de minha dama. Talvez venhamos a receber dezenas de cartas assim nos próximos dias.
— …
A expressão de Lilia foi tomada por desespero.
Há tantas cartas ali que eu chutaria em torno de cem, e pra ser honesto, acho que só olhá-las já seria um grande desafio. Se também tiver de escrever respostas para cada uma, suponho que não teria tempo para dormir direito.
— Chega… Kaito… Eu te odeio…
Lilia, que está me olhando com ódio e com os olhos completamente cheios de lágrimas, se virou e tomou um gole de seu chá preto. De alguma forma, sinto muito, Lilia. No entanto, não há nada que eu possa fazer a respeito.
Tradução: Shuraragi
Revisão: Matface
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