Fui Pego em Uma Invocação de Herói, Mas Esse Mundo Está em Paz

Fui Pego em Uma Invocação de Herói, Mas Esse Mundo Está em Paz – Vol. 01 – Cap. 03 – Intervalo: Miyama Kaito… Mudando um Coração Covarde e Indeciso!

 

Você já foi infeliz na vida? Se me perguntar, a única resposta que posso dar é “não sei”.

Quando começou? Comecei a me sentir mais confortável com alegria e tristeza me atingindo ao mesmo tempo do que apenas sendo feliz… Não penso no que teria acontecido se tivesse feito isso ou aquilo, e comecei a descartar esses eventos do passado como algo inevitável…

Não sou rico, nem sou pobre. Nasci em uma família comum e tive uma infância não tão incomum. Lembro-me de brincar muito ao ar livre quando estava no ensino fundamental e, mesmo que não possa dizer que tinha muitos amigos, ainda tive algumas pessoas que pude chamar assim.

Se quiser resumir minha vida, uma folha de papel A4 seria o suficiente. É o quão mundano, plano e imutável minha vida é… A única coisa relevante que aconteceu comigo foi que meus pais morreram de repente quando eu tinha 12 anos, eu acho?

Não é como naqueles dramas de TV em que seus pais sofrem de uma doença incurável nem se envolvem em um grande incidente. Há centenas de milhares de acidentes de trânsito por ano apenas no Japão, e eles apenas acabaram se envolvendo em um deles…

Estávamos voltando de uma viagem em família quando ocorreu um engavetamento na via expressa por onde estávamos passando. Nosso pequeno carro de família ficou imprensado entre um carro grande e um caminhão, e foi esmagado entre os dois. Meus pais se foram em um instante, enquanto eu sobrevivi milagrosamente com apenas um ferimento leve, uma laceração da orelha ao pescoço.

Naquele infeliz acidente, tendo sobrevivido por um milagre… Acho que significa que tive sorte. Tive sorte e sobrevivi, enquanto meus pais tiveram azar e morreram.

É assim que as pessoas vivem e morrem no final. Há pessoas que morrem jovens, não importa como cuidem de sua saúde, enquanto há algumas pessoas que vivem bastante, mesmo quando estão fumando pilhas de cigarros ou bebendo como se fossem um peixe.

Nunca pensei que a morte dos meus pais fosse irracional, nem pensei em mim como algum tipo de personagem trágico. Na verdade, os parentes que me acolheram foram bons comigo e não havia nada a reclamar sobre minha vida diária.

No entanto, comecei a pensar sobre isso com frequência. Pensava que a boa e a má sorte são como dois lados da mesma moeda… Nem sempre se tem sorte em sua vida. Também não existe uma vida cheia apenas de infortúnios. Se for afortunado o suficiente, uma quantidade apropriada de infortúnio também cairia sobre você…

Não há moeda que continue mostrando apenas um lado. Se tive a sorte de sobreviver, um dia tirarei o outro lado dessa moeda milagrosa? Ou talvez, a morte dos meus pais tenha sido na verdade o outro lado dessa moeda?

O que aconteceu quando comecei a pensar dessa forma? Acho que escapei no começo.

Tenho certeza de que os riajuus1É uma gíria composta por “リアル” (riaru), que significa “real”, e “充実” (juujitsu), que significa “plenitude” ou “satisfação”. Juntas, estas palavras formam um termo que descreve alguém que tem uma vida real plena e satisfatória, geralmente em contraste com aqueles que passam muito tempo no mundo virtual. devem ser pessoas felizes que podem criar uma ampla gama de relacionamentos com amigos, amantes e familiares. Se esse fosse o caso, eles teriam que estar preparados para a mesma quantidade de infelicidade que aconteceria em suas vidas.

Uma vida com apenas felicidade é assustadora. É difícil se sentir seguro quando não há um conjunto de eventos bons e ruins.

Portanto, fugi. Voltei minha atenção para jogos e livros e me deleitei com minha sensação temporária de realização.

Na faculdade, aprendi a me encaixar no meu ambiente. Aprendi a arte de ser insípido, naturalmente distante e sozinho. Não preciso de uma vida dramática. Me senti confortável com os dias sendo monótonos e imutáveis, contente em ser um ator coadjuvante.

Então, quando cheguei ao outro mundo, fiquei aliviado por não ser o Herói, nem ter algum tipo de poder especial. Achei que poderia ser uma pessoa comum aqui também, e tudo ficaria bem…

Sim, todas essas vezes… Tenho tentado dar desculpas para mim mesmo.

“Eu amava meus pais. Eu realmente amava minha gentil mãe e meu pai maravilhoso.”

Não.

“Fiquei tão feliz em fazer essa viagem com minha família. Acreditava que teríamos mais momentos como esse no futuro.”

Eu não pensei nisso.

“Eu gritei, culpando Deus, me perguntando por que fui o único que sobreviveu, por que não me deixou morrer com meus pais, que tanto amava.”

Não é isso.

“Estou com medo. Tudo o que consigo pensar é que se conhecer alguém, me dar bem com essa pessoa e for feliz, tenho medo de perder tudo de novo.”

Não é isso também.

“Não quero ficar sozinho. Quero um amigo. Quero ter uma amante. Tenho inveja daqueles que têm uma família. Contudo, estou com muito medo de me aproximar dos outros, então continuei fugindo, desesperadamente dando desculpas para mim mesmo para ficar sozinho.

Eu não pensava assim.

“Tenho medo de perdê-los. Tenho medo de ganhar o que quero. No entanto, não posso desistir e, portanto, adquiri o hábito de manter distância dos outros. Mantive uma distância segura deles, certificando-me de dizer apenas as coisas apropriadas, para que as pessoas não me odiassem, nem gostassem de mim.”

Não, você está enganado.

“Meu coração ficou preso no acidente daquele dia, e fui deixado como uma criança, agachado e tremendo no lugar… Não importa quem seja, quero amá-los. Entretanto, não consigo me aproximar. Então, por favor, estenda sua mão, ajude-me a pegar os pedaços quebrados do que costumava ser meu coração, pois nem eu mesmo me conheço mais.”

Não, você está errado, não é isso!

“Eu tinha grandes esperanças. Quando descobri que fui pego na invocação do Herói, pensei que também poderia ser especial, e se fosse alguém especial, alguém estenderia sua mão e me ajudaria… Mas no final, embora esteja em outro mundo, não sou especial. Sou apenas um solitário sem amigos e conhecidos, e ainda estando em um mundo diferente, nunca serei capaz de mudar a mim mesmo…”

“A verdade é… Estou com medo. Um mundo que não entendo, minhas circunstâncias e pessoas que não conheço… Porém é por isso que fiquei calmo. Tinha que me comportar e desesperadamente reprimir minha ansiedade. Se pensassem que sou um adulto patético, Kusunoki ou Yuzuki poderiam desistir de mim. Se elas pensassem que sou um pé no saco, Lilia e Lunamaria poderiam me abandonar.”

“Também estou fazendo o meu melhor! Continuo mentindo para mim mesmo, ainda que esteja tentando tanto luzir bem para os outros! Por que, oh por que? Por que é que só eu já tive coisas ruins acontecendo comigo? Nunca pedi para viver em uma residência que supostamente é proibida para homens! Nunca disse nada sobre querer sair no primeiro dia em que cheguei a um mundo diferente! Nunca quis ser convocado pela amada irmã do rei, Lilia!”

“Só queria que alguém estivesse ao meu lado… Só queria que alguém afirmasse que não tem problema ser indeciso… Só queria alguém que estendesse uma mão cheia de afeição para mim…”

Este talvez tenha sido um grito que sempre esteve em meu coração o tempo todo. Ninguém percebe, e nem eu o conheço bem. Esses meus desejos egocêntricos que parecem egoísmo de criança.

Antes que percebesse, eu mesmo a criei. Uma parede no meu coração, alta o suficiente para me esconder. Uma gaiola para esconder minha fraqueza, um escudo para proteger meu eu covarde…

— Olha, não te disse antes? Que se estivesse em uma situação difícil, posso te ajudar.

Ninguém deveria ter notado. Não tinha como ser notado. Sim, foi o que pensei…

— É por isso que está tudo bem se sentir vazio por agora.

No entanto, antes de me dar conta, ela apareceu.

— Vou ensiná-lo! Coisas que não sabe, paisagens que nunca viu, este mundo em si!

Adentrando nas profundezas do meu coração como se fosse simples, como se dissesse que nunca houve uma parede no meu coração desde o começo.

— Onde você… é o protagonista desta história!

E então, como se fosse óbvio, estendeu sua mão para o eu encolhido.

— Hmm, não vou gostar se você parar de falar como sempre.

Ser empurrado às vezes como um amigo faz…

— Acho muito legal que uma criança possa fazer isso com naturalidade.

E às vezes, me encorajando como uma amante faz…

— Está tudo bem. Estarei aqui ao seu lado…

E às vezes, ela era como uma mãe para mim, me dedicando as palavras que mais queria ouvir.

É como se pudesse dizer que sabe tudo sobre mim. Ela é barulhenta, calorosa, inocente e gentil… Sempre me mostrando o sorriso que mais almejo.

Abraçando meus pensamentos indecisos, ela pegou os cacos quebrados do meu coração e gentilmente os empurrou de volta para o meu corpo.

Ah, entendi… Então é assim. Enfim, posso ter descoberto. A coisa que queria… A coisa que sempre estive procurando…

Minha consciência aos poucos desperta do meu sono agradável. Assim que abri meus olhos, o que vi foi um par de olhos gentis me encarando.

— Kuro?

— Bom dia, Kaito.

— Bom dia… Há quanto tempo estou dormindo?

— Uma hora ou mais?

— Entendo.

Lentamente me sento. É estranho, me sinto leve, como se algo que pesasse sobre meu corpo tivesse desaparecido.

— Você parece meio revigorado, hein.

— Ahh, sim. Bom, como devo dizer…

Honestamente não tinha uma resposta para o que queria fazer nem o que queria que acontecesse.

Só tinha o pensamento na minha cabeça de que deveria parar de me agachar no lugar.

— Acho que quero fazer o meu melhor em várias coisas outra vez.

— Entendo… Estarei torcendo por você. Faça o seu melhor, Kaito!

— Sim, obrigado.

Ainda não sei muito sobre este mundo e sobre mim mesmo… Mas as circunstâncias enfim mudaram. Já está na hora de começar a andar também.

Sim, vamos começar com a autodescoberta ou como quer que chamem. Estou um pouco nervoso e com medo, porém penso que ficará tudo bem. Pois recebi a coragem de começar a andar. Assim como Kuro disse, vamos começar de novo aqui, neste mundo.

O livro que eu mesmo havia fechado. A história daquele chamado Miyama Kaito…

 


 

Tradução: Shuraragi

Revisão: Pride

 

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