Embora não fosse exatamente um sinal de algum presságio, também não era algo comum no dia a dia. Se havia algo que quebrasse a monotonia da minha rotina, era ver os alunos vestindo o uniforme da escola que eu frequentei, caminhando no trajeto para casa após as aulas da faculdade, sob o sol escaldante do início da tarde.
Eram dois meninos e duas meninas. Talvez fizessem parte do mesmo clube, mas os quatro, andando logo à minha frente, estavam tão absortos em uma conversa animada que chegava a ser deslumbrante para um elitista solitário como eu. Em especial, as duas alunas eram fofas ao ponto de definitivamente serem chamadas de as mais bonitas da classe, e eu senti uma pontada de inveja dos meninos que as acompanhavam.
Como eram dois pares, não seria surpresa se fossem, de fato, dois casais… Queria que normies como esses explodissem.
Sim, era para ser uma caminhada tranquila de volta para casa. Isso até eu parar no sinal vermelho da faixa de pedestres, atrás daquele grupo de quatro. Embora estivesse a alguns passos deles, pisei em algo que parecia um estranho círculo mágico…
Antes que pudesse sequer imaginar o que diabos era aquilo, o cenário ao meu redor ficou borrado com estática, enquanto meus arredores começaram a mudar. O chão, que deveria ser asfalto, havia sido substituído por pedra, e o sol irritantemente quente que batia em mim foi substituído por uma… lâmpada fraca? Espere, o quê?
— Bem-vindo e obrigado por vir, ‘Herói’.
Antes de me perder na situação caótica em que me encontrava, ouvi uma voz melodiosa, tão linda quanto o som de um sino, ecoou em meus ouvidos. Quando olhei para trás, vi uma linda mulher usando um vestido branco sem qualquer mancha, combinado com longos cabelos loiros e olhos azuis deslumbrantes. Do grupo de quatro que eu seguia antes, apenas as duas meninas e um dos meninos estavam lá.
Arehh? O que aconteceu com o outro?
— Entendemos que foi abrupto, porém… Eh?
A bela mulher loira nos observou, exibindo um sorriso encantador que iluminava seu rosto enquanto começava a falar. No entanto, ela interrompeu suas próprias palavras no meio da frase.
E então veio o silêncio… Não éramos apenas eu e os três estudantes do ensino médio que nos sentíamos perdidos naquela situação estranha; a mulher, que parou de falar, e as figuras em vestes ao redor também pareceram congelar, como se o tempo tivesse sido suspenso, o silêncio tomando conta do ambiente.
— H-Hmm, minha dama, estou vendo quatro pessoas aqui…
— Que coincidência, Luna. É exatamente o que eu vejo também…
Como se tivessem finalmente organizado seus pensamentos, uma das figuras em vestes dirigiu-se à mulher loira, que respondeu com um tom ligeiramente perplexo. Infelizmente, minha mente ainda não conseguia acompanhar o que estava acontecendo, não depois que minha rotina pacata foi subitamente golpeada por algo que parecia um Dempsey Roll1Uma provável referência ao movimento usado por Makunouchi Ippo de Hajime no Ippo, que consiste em abaixar suas postura e centro de gravidade, movendo o corpo em um padrão similar a um número oito lateral, permitindo ao usuário lançar uma série de ganchos.. Se eu fosse um computador, o cursor do meu mouse estaria travado em uma ampulheta. Deveria ter investido em um Int*l… Não, espera, o que diabos estou pensando?
Ao desviar o olhar para os três estudantes do ensino médio que compartilhavam daquela situação bizarra, notei que eles pareciam tão atordoados quanto eu, seus rostos exibindo expressões confusas enquanto me encaravam.
— S-Só pode ser isso, certo? Três deles acabaram sendo pegos na ‘invocação’, ou algo desse tipo, não é?
— É-É possível… O que devemos fazer a respeito, minha dama?
— O que devemos fazer, você pergunta? Não é como se eu pudesse simplesmente dizer, ‘Ops, errei, teehee…’, então, por enquanto, que tal explicarmos a situação para todos? Ah, mas antes, precisamos descobrir quem é o herói…
— Teehee… Você diz. Minha dama, acho que já está um pouco velha demais para esse tipo de coisa….
— Por que você está me corrigindo tão calmamente assim?
Não sei por quê, mas essa conversa meio desanimadora está minando qualquer senso de urgência que eu sentia por estar nesta situação desconhecida. As duas garotas do ensino médio pareciam até estar de queixo caído, enquanto o garoto… Espera, por que ele está levantando o punho? Sério? Cerrando os punhos numa hora dessas?
Unnn? Pera aí… Herói? Invocação? Pegos? Essas palavras soam estranhamente familiares, como se tivessem pulado direto para os meus ouvidos. Pense, houve algo assim recentemente que tinha…
— Erhem. Mais uma vez, bem-vindos e obrig…
— Desculpe. Estou tentando pensar aqui, será que você poderia ficar quieta?
— Ah, sim. Peço desculpas.
Ouvi uma voz interrompendo meus pensamentos, então pedi que esperassem um momento e tornei a considerar o assunto. Ah, já sei. Lembrei agora. É igual a uma light novel que li há pouco tempo!
Não invisto tanto a ponto de me declarar um, contudo sou um pouco otaku, ou pelo menos tenho um passatempo que justificaria ser chamado assim.
Sou apenas um otaku meia-boca: adoro jogos, leio um monte de light novels, mas não assisto animes… De qualquer forma, o que quero dizer é que essa situação me remete a uma light novel recente que li. Era uma trama simples sobre um herói invocado para outro mundo para enfrentar o Lorde Demônio. Pensando bem, acho que já vi várias histórias assim.
—H-Hmm…
Ahh, mas, embora todas essas histórias girassem em torno de teletransporte para outro mundo, cada uma tinha suas próprias variações. Enquanto algumas eram uma história simples sobre um herói derrotando o Lorde Demônio, outras tinham abordagens onde a realeza que os invocava era na verdade os inimigos reais. E havia ainda aquelas em que pessoas comuns, taxadas de inúteis ao serem invocadas, acabavam revelando habilidades absurdamente poderosas…
— Errr, com licença.
Dado isso, acho que o que mais precisamos agora é de informação. Embora haja aquela frase ‘a verdade é mais esquisita que a ficção’2“Truth is stranger than fiction” é uma frase usada por Mark Twain no livro “Following the Equator: A Journey Around the World” em 1897., mas eu não posso simplesmente presumir que fui transportado para outro mundo. Está claro que estou em uma situação fora do comum, então, por ora, preciso entender o que está acontecendo… Arehh? Estou esquecendo de algo?
— Errr…
— Eh?
Foi então que a imagem do rosto confuso e ansioso da bela loira finalmente chegou aos meus olhos. Percebi, com um frio na espinha, que estive tão imerso em meus pensamentos que interrompi a mulher à minha frente.
— Eu gostaria de prosseguir com o assunto… Tudo bem?
— S-Sinto muito!!! Tenho esse péssimo hábito de me desconectar do que está ao meu redor quando mergulho fundo nos meus pensamentos…
Diante das palavras confusas dela, abaixei a cabeça num gesto rápido de desculpas. Droga, fiz de novo… Caí nesse mau hábito mais uma vez. Desde pequeno, eu tendo a ignorar completamente o ambiente quando me concentro em algo. Pode-se dizer de forma positiva que sou focado, mas também dá para afirmar que sou meio fechado em mim mesmo.
No fim das contas, errei outra vez. Sinto até que as duas garotas do ensino médio estão me encarando com espanto, enquanto as pessoas de túnica ao redor da bela loira parecem estar rindo baixinho de mim. Já o garoto do ensino médio… Ele está olhando para baixo, pelo jeito resmungando sobre alguma coisa… Ahh, sinto que posso ser amigo desse cara.
— Não, não posso culpá-lo por estar confuso com essa situação repentina. Mais uma vez, a todos de outro mundo, sejam bem-vindos ao ‘Reino Symphonia’.
Exibindo um sorriso gentil para o arrependido eu, a bela mulher ergueu delicadamente a bainha do vestido e fez uma reverência elegante. Então, não sei se devo dizer que é como eu esperava, mas, sim, trata-se de um reino de outro mundo.
— Meu nome é Lilia Albert. Por favor, aceitem minhas sinceras desculpas por invocá-los tão subitamente. Sei que devem estar confusos com tudo isso, e pretendo explicar a situação… Mas, me perdoem a vergonha de pedir isso por minha própria conveniência: antes de prosseguir, seria aceitável se eu perguntasse os nomes de todos?
— Ah, sim. Errr… Eu sou Miyama Kaito.
Para a bela… A pergunta da mulher chamada Lilia, decidi responder primeiro, já que sou o mais velho entre nós. Em romances, há aqueles que se rebelam contra o ambiente e outros que gritam em confusão, mas, na nossa situação atual, o caos e o estranhamento são tão intensos que, de algum modo, consigo responder com calma.
— Eu sou Kusunoki Aoi.
— Yuzuki Hina.
— Mitsunaga Seigi.
Seguindo meu exemplo, os três estudantes do ensino médio também se apresentaram. A propósito, o nome daquele garoto é bem legal. Aliás, o nome daquele garoto é legal. Soa muito como nome de um Herói3Seigi significa Justiça.. Ser chamado Seigié quase como ter nascido predestinado a ser um Herói… Bem, talvez por usar óculos, ele dê a impressão de ser alguém que é da área de humanas.
— Sr. Miyama, Srta. Kusunoki, Srta. Yuzuki, Sr. Mitsunaga, correto? É um prazer conhecê-los. Desculpem-me, mas peço que aguardem por um momento, por favor.
Enquanto falava, Lilia trocou olhares com uma pessoa vestida de forma diferente, que então retirou algo semelhante a uma bola de cristal. Meu corpo ficou tenso, mas os gestos dela sugeriam que algo estava prestes a acontecer.
— Por favor, não se preocupem, não pretendo lhes fazer nenhum mal.
Percebendo minha ansiedade, Lilia tomou a iniciativa de me tranquilizar. Pelo visto, não seria prudente tentar sair dali tão depressa, então permaneci onde estava.
— Parece que Mitsunaga é o herói convocado. Os outros apenas foram arrastados pela invocação.
— Como imaginei.
Então, o verdadeiro herói é mesmo Mitsunaga Seigi. Embora tenha acontecido exatamente como eu previ, o que vem agora? Nessa situação caótica em que nos encontramos, é impressionante como Mitsunaga ainda consegue cerrar o punho discretamente, mesmo após ser declarado herói do nada. Você é incrível, o número um. Por favor, dê o seu melhor para enfrentar seja lá o que estiver te incomodando.
— Bem, você poderia explicar tudo ao Herói ali?
— Sim, vamos fazer isso. Sra. Lilia, por favor, esclareça a situação para os outros.
Após ouvir essa troca de palavras, Lilia nos informou que a explicação para Mitsunaga, o Herói, seria diferente da que receberíamos nós três, por isso seriam feitas separadamente.
— Por favor, espere um minuto. Por que a explicação de Mitsunaga é diferente?
— O que pretendem fazer com ele?
Como era de se esperar, elas vão se opor. Kusunoki e Yuzuki são…
A questão mais importante agora… Lilia, que está tentando acalmar Kusunoki e Yuzuki diante de mim. Quero entender que tipo de pessoa ela é e quais são suas intenções conosco.
Pode ser equivocado basear tudo em tramas de light novels, mas, nesse tipo de história, é comum que a realeza que invoca o Herói tente escravizá-lo e trate os outros com frieza – um dos tropos mais típicos de isekai. Assim, mesmo agora, quando dizem que darão uma explicação separada para Mitsunaga, o Herói, não consigo evitar a suspeita de que possam estar escondendo algo de nós.
— Compreendo que estejam ansiosos, mas juro que não tenho intenção de lhes fazer mal. Sei que essa é uma resposta egoísta da minha parte, mas espero que possam me entender.
Após essas palavras, Lilia fez uma reverência. Ao ver seu pedido de desculpas, que lembrava os costumes do nosso mundo apesar de estarmos em um lugar diferente, Kusunoki e Yuzuki, embora não totalmente convencidas, deixaram de protestar, e Mitsunaga assentiu com calma.
É claro, também concordei.
Tenho certeza de que os outros três já perceberam, mas resistir aqui provavelmente seria inútil. Basta um olhar para notar que o número de pessoas em túnicas ao nosso redor é mais que o dobro de nós. E, se a história de Lilia for verdadeira, estamos em um mundo diferente… Há uma chance real de que este lugar tenha algo como magia.
Mesmo que Mitsunaga, que foi nomeado Herói, possa ter algum poder especial, eu, que apenas fui arrastado para cá, não tenho como saber se possuo algo semelhante. Nesse caso, para garantir minha própria segurança, a única escolha sensata é ouvir o que ela tem a dizer.
Guiados por Lilia, deixamos o que parecia ser um porão mal iluminado e chegamos a um quarto de hóspedes decorado com luxo. Pelo visto, a explicação para o Herói, Mitsunaga, será dada ali, e ele ficou para trás com as pessoas vestidas de branco, que lembravam clérigos. Enquanto isso, as duas meninas e eu fomos conduzidos a uma sala separada…
A sala era bem menor que o quarto de hóspedes anterior, com menos da metade do tamanho, mas ainda assim espaçosa o suficiente. Seu interior evocava o estilo medieval europeu, com grandes mesas e cadeiras retangulares de madeira. Até aquele momento, eu não havia sentido nenhuma vibe de “outro mundo”, então ainda não parecia real que eu tinha sido teletransportado para outro mundo.
— Por favor, sentem-se. Luna, poderia trazer bebidas para nossos três convidados?
— Entendido.
Enquanto nos convidava a sentar, Lilia deu instruções à mulher ao seu lado, vestida com um uniforme de empregada, aparentemente chamada Luna. Ela havia trocado a veste sem que percebêssemos. Como estávamos antes em uma sala mal iluminada e seu rosto ficava escondido pelo capuz, não tinha notado, mas Luna era uma mulher de belos cabelos azul-claros.
Aí está, agora sim parece que estou em um mundo diferente.
Após ver Luna sair da sala com uma reverência, as cadeiras foram gentilmente puxadas. Sentei-me primeiro, de frente para Lilia, um pouco à sua direita, enquanto Kusunoki e Yuzuki se acomodaram a cerca de dois assentos de distância de mim.
Alguns minutos depois, Luna retornou empurrando um carrinho com chá. Após nos servir as xícaras, ela posicionou-se atrás de Lilia. Ao notar isso, Lilia assentiu brevemente e começou a falar em um tom gentil.
— Antes de tudo, gostaria de me desculpar mais uma vez. Lamento profundamente por tê-los invocado repentinamente para um mundo diferente e também por demorar tanto para explicar a situação, devido às circunstâncias do nosso lado.
— Ah, não…
— Bem, o que… Vai acontecer conosco? — Kusunoki foi a primeira a expressar a grande questão que ocupava minha mente. Ela tem longos cabelos pretos brilhantes, é alta e, comparada a mim, parecia bem mais composta. Tenho certeza de que é uma mulher forte – e não estou comparando-a com um covarde como eu.
— Como premissa principal, juro pelo nome do “Ducado Albert” que não permitiremos que nenhum mal aconteça a vocês, incluindo o Sr. Mitsunaga.
— Ducado… Albert?
— Ahh, por favor, me desculpem. Eu deveria ter explicado minha posição antes. Mais uma vez, meu nome é Lilia Albert. No Reino Symphonia, eu ostento o título de Duquesa… Em outras palavras, sou uma nobre.
— A senhorita Lilia é meia-irmã do atual rei e, além do título, é a quarta na linha de sucessão ao trono. Portanto, quando ela faz uma promessa em nome do Ducado, é como se fosse em nome do Reino. Podem confiar nas palavras dela.
Duquesa? Linha de sucessão ao trono? Uma parte de mim já suspeitava, mas ela realmente é alguém de alto escalão.
— A propósito, ela tem 22 anos, o que é incomum para uma Duquesa no Reino Symphonia, já que o costume é se casar entre os 15 e 19 anos.
— Luna? Por que você achou necessário contar isso a eles? Não tem nada a ver com o que estamos discutindo aqui, tem?
— Não, eu só pensei que é quase exagero ainda chamá-la de “senhorita” na sua idade…
— Preciso conversar com você sobre isso mais tarde.
O que está acontecendo aqui? O comportamento e o tom de voz dessa beldade elegante são impecavelmente educados, mas… Há uma aura meio decepcionante pairando ao redor dela… E, além disso, Luna parece ser alguém bem direta e implacável.
— Voltando ao ponto principal, permita-me responder à pergunta da Srta. Kusunoki. Imagino que sua maior preocupação seja se poderão retornar ao seu mundo original. Quanto a isso, podem ficar tranquilos.
— Po-Podemos voltar ao nosso mundo?
Quem perguntou foi Yuzuki, com um leve tremor de medo na voz. Seus cabelos castanhos semicurtos transmitiam a fofura de um pequeno animal. Não sei se foi por causa de Kusunoki segurando sua mão ou pela figura pequena de Yuzuki, mas as duas pareciam ter uma relação típica de senpai-kouhai4Senpai e kohai são termos japoneses que descrevem uma relação hierárquica informal entre pessoas. Senpai significa “veterano” e kohai significa “novato”.. Embora os seios de Yuzuki sejam bem mais… Não, não, o que raios eu estou pensando?
— Sim, é só que… Hmm…
Quando Yuzuki fez a pergunta, Lilia pareceu hesitar em responder. Será que é aquele clichê de sempre? Provavelmente não poderemos voltar para casa a menos que o Lorde Demônio seja derrotado ou algo assim, né?
Se for esse o caso, não posso simplesmente aceitar as palavras de Lilia de coração leve…
— Levará cerca de um ano até que o círculo mágico possa ser usado novamente…
— U-Um ano?
Arehh? Isso é um pouco diferente do que eu imaginava. Kusunoki, que gritou em resposta, ficou visivelmente chocada ao ouvir isso, mas eu me surpreendi por um motivo diferente. Sim, os termos soam meio… leves.
Normalmente, nesse tipo de situação, eu esperava que a única forma de voltarmos para casa fosse derrotando o Lorde Demônio. Ah, talvez isso valha só para Mitsunaga. Se for assim, faz sentido ele estar recebendo uma explicação separada.
Mesmo que os termos sejam leves, ficar fora do nosso mundo original por um ano inteiro não é algo trivial, considerando os impactos que isso poderia ter por lá.
— Mas eu deveria representar meu time na próxima corrida de 5.000 metros na competição que vem…
— Hinazinha, esse não é o problema agora.
Yuzuki é meio avoada? É impressionante que ela consiga se preocupar com atividades do clube num momento como esse.
— Ahh, por favor, não se preocupem. Segundo a “Deusa”, o fluxo do tempo entre nossos mundos é diferente. Quando vocês forem enviados de volta, retornarão ao exato momento em que foram invocados para cá. Seus corpos, que terão amadurecido durante esse ano, também voltarão ao estado de antes da invocação, então não haverá problema algum.
Logo após minhas preocupações terem sido rapidamente dissipadas, uma nova variável desconhecida surgiu: a Deusa.
Errr, em outras palavras, leva um ano para voltarmos ao nosso mundo original. Mas não precisamos nos preocupar com o tempo lá, e mesmo que engordemos de repente aqui, essa Deusa nos devolverá à nossa forma original.
— É claro que garantiremos sua segurança, roupas, comida e moradia enquanto estiverem aqui. Não é nada extraordinário, mas posso assegurar aos três uma vida confortável, sem inconvenientes.
— H-Heh…
— Errr, o-obrigado.
Não sei se dá para dizer que ficamos perplexos ou não, mas as informações que nos foram dadas são tão favoráveis que até Kusunoki e Yuzuki ficaram atônitas. Cheguei ao ponto de agradecê-la sem nem perceber…
Ainda assim, não posso baixar a guarda. Sim, porque a questão envolvendo Mitsunaga ainda não foi esclarecida. Se ele foi invocado como Herói para lutar contra um Lorde Demônio, isso revelará o quão perigoso este mundo pode ser.
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro, Sr. Miyama.
— Errr, sobre o garoto que está recebendo outra explicação em outra sala, Mitsunaga, né? Vocês todos o chamaram de Herói. Imagino que isso signifique que existe algo como um Lorde Demônio aqui, e que ele terá que lutar contra ele, certo?
Reunindo coragem, fiz a pergunta. Este seria o momento decisivo da situação. Dependendo se Lilia responder com honestidade ou não, terei uma pista sobre qual será meu próximo passo. E agora, como ela vai reagir?
Com o coração disparado no peito, aguardei a resposta delas… Só para ver Lilia e Luna inclinarem a cabeça, visivelmente confusas.
— O Lorde Demônio? O Primeiro Herói o derrotou há mil anos.
— Hã? Errr, então os demônios são hostis aos humanos ou algo assim?
— Não, humanos e demônios têm uma relação excelente. O intercâmbio cultural e o comércio estão florescendo.
— E guerras?
— Até onde sei, não há registros de nenhuma nos últimos 800 anos.
— O mundo está cheio de monstros por aí?
— Monstros existem, sim, mas enfrentá-los é tarefa da Guilda dos Aventureiros e da Ordem dos Cavaleiros. Nenhum de vocês, incluindo o Sr. Mitsunaga, precisará lutar.
— …
Arehh? O que está acontecendo com essa conversa? Espera aí. Deixa eu pensar um segundo!
Errr, sem Lorde Demônio? Humanos e demônios se dão bem? Nada de guerras há 800 anos? Tem monstros, mas não é problema nosso?
— Então qual é o propósito de invocar um Herói?
— Mil anos atrás, 1009 anos para ser exata, o Primeiro Herói, que derrotou o Lorde Demônio, tornou-se a ponte que uniu humanos e demônios. Em homenagem a ele e para celebrar um futuro de paz, a cada 10 anos convidamos um Herói do mesmo mundo de origem do Primeiro Herói e realizamos grandes festivais. A propósito, a pessoa responsável por invocar os heróis muda anualmente, e este ano eu fui a escolhida.
— Um festival?
— Sim. Mitsunaga foi convocado para ser a estrela do “Festival dos Heróis”, que acontecerá em um ano. Pedimos que ele recebesse uma explicação separada para informá-lo sobre como participará e como precisará visitar cada país. Claro, respeitaremos sua vontade, então ele pode recusar se quiser.
— Ahh, então recusar é uma opção, hein?
— Sim, houve casos de pessoas que recusaram no passado, e conseguimos substitutos para elas. Quem aceita o papel é tratado com luxo como convidado nacional durante o ano que antecede o festival. Mesmo quem recusa tem sua subsistência garantida e pode voltar para casa após, basicamente, aproveitar um ano de turismo.
— Errr, em outras palavras… O que faremos de agora em diante…
— Sim… Sei que pode estar confuso agora, mas espero que aproveite este mundo, com uma cultura tão diferente da sua. Depois de explorar ao máximo tudo o que ele tem a oferecer — passeios turísticos, intercâmbios culturais, até o grande festival que ocorre uma vez por década —, vocês retornarão em segurança ao seu mundo original.
— …
Queridos mãe e pai… Fui pego numa invocação de herói, mas esse mundo… Estava em paz.
Tradução: Shuraragi
Revisão: Rlc
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