Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 10 – Cap. 09.2 – A Cerimônia de Casamento

 

— Ok, pessoal, vamos brindar! Sim.

Enquanto isso, ao redor do mesmo tempo, no jardim da mansão Poncho Ishizuka Panacotta na capital, Poncho estava vestindo um fraque branco enquanto propunha um brinde.

Poncho estava vestido com suas melhores roupas, mas por causa de sua barriga rechonchuda, sua camisa parecia ainda mais esticada que o normal.

Ao lado de Poncho estavam Serina, de rosto tranquilo, e Komain, sorrindo feliz, ambas de vestido.

Eles tinham realizado a cerimônia do casamento de manhã, então Serina e Komain já eram a primeira e segunda esposas de Poncho.

— SAÚDE! OHHHHHHH!! 

Atendendo ao pedido de Poncho, os presentes ergueram suas taças.

Entao, no segundo seguinte, todos tropeçaram uns nos outros na corrida para as mesas cobertas com várias bandejas grandes de comida.

Porque essa era uma festa organizada por Poncho, amplamente respeitado como Lorde Ishizuka, o deus da comida, todos os pratos eram ítens populares do Refeitório Ishizuka, e eles pareciam deliciosos.

Esses pratos Ishizuka que normalmente só os funcionários de noite no castelo podiam comer estavam sendo apresentados num formato de buffet. Não tinha como as pessoas não se aglomerarem em volta.

Mais do que isso, no entanto, Poncho era um nobre em ascenção, e muitos dos comerciantes de quem ele comprava ingredientes no atacado, pessoas do mercado, e membros do público geral tinham sido convidados, também. Então muitos não estavam preocupados com as aparências quando corriam pela comida.

Até cavaleiros e nobres, desesperados para não terem toda a comida roubada, abandonaram sua vergonha para participar do saque dos pratos. É claro que seria um tumulto.

Enquanto essa guerra pela comida se desenrolava, as noivas e noivo foram deixados de lado.

Apesar de todo o barulho, misteriosamente a festa não foi totalmente arruinada.

Após uma inspeção mais detalhada, havia indivíduos movendo-se espertamente em meio aos convidados gulosos.

— Rosbife é duas fatias por pessoa — um servente disse — Se quiser repetir, por favor volte ao fim da fila.

— Madame, gostaria de algo para beber?

— A fila do frango tatsuta acaba aqui.

— Não deve haver brigas nesse dia abençoado. Convidados que não conseguirem respeitar isso serão convidados a se retirar.

Eles estavam todos vestindo uniformes de mordomos ou de empregada clássica.

Eles habilmente dividiam a comida, serviam drinks, organizavam filas e mediavam quando brigas pareciam prováveis de acontecer, tudo no esforço de minimizar o caos.

Seus movimentos eram realmente profissionais. Isso já era de se esperar. Isso era porque eles eram uma família que produzira muitos mordomos e empregadas que serviram pessoas de alto status no castelo.

Enquanto observava-os trabalhando, Poncho limpou seu suor frio com um lenço. 

— I-Isso ficou incrivelmente barulhento, sim. Se a família de Serina não estivesse cuidando das coisas, isso teria sido um desastre.

Os mordomos e empregadas andando pelo local do evento eram todos membros da família de Serina.

Eles deveriam normalmente ter estado aqui como convidados, mas disseram que, por sua natureza, a casa deles era mais qualificada para servir convidados do que ser servida, então pediram para cuidar do serviço na festa.

— Me sinto mal por fazer a família de Madame Serina ajudar, também, sim — Poncho admitiu.

— Não se preocupe — Serina disse — Temos orgulho do nosso trabalho como empregados.

Serina estava tão sem expressão como sempre, mas havia um certo orgulho na forma como ela falava.

— Mesmo que não tivessemos pedido, meu pai e minha mãe teriam desempenhado a função de empregados. Eles estão correndo para todas as mesas alegremente agora.

Do outro lado do olhar de Serina, estava um cavalheiro de uniforme de mordomo, carregando uma bandeja com várias taças em uma mão.

Era o pai de Serina. Normalmente, seria esperado que ele sentasse tranquilamente com os outros parentes como pai de uma das noivas, mas estava se mexendo de um lado para o outro como um peixe na água, realizando os deveres de um empregado.

Observando o pai de Serina, Komain deu um sorriso irônico. 

— Meus pais se foram, mas sempre assumi que um pai choraria de alegria no grande dia de sua filha.

— Nosso trabalho é nossa vida em minha família — Serina disse — Porque fomos educados por gerações para colocar a lealdade à casa do nosso empregador em primeiro lugar, tendemos a colocar nossos sentimentos em segundo, ou terceiro lugar, ao trabalharmos. Até me disseram que sou a membra mais expressiva da família.

Quando Serina disse com um rosto sério que ela era a pessoa mais emocionalmente expressiva em sua família inteira, Komain não soube dizer se era para ser uma piada ou não, então ela congelou.

Poncho, que estava ouvindo também, soltou um riso perturbado e limpou o suor frio novamente. 

— Quando eu fui dar meus cumprimentos ao pai dela antes do casamento, terminou em poucas palavras, sim.

Poncho estava falando da hora em que levara Serina para a casa da família dela para conhecer seus pais antes do casamento.

Embora ele estivesse suando muito…

— P-Por favor me dê sua filha, sim.

… ele conseguira chegar e dizer isso direito.

O pai de Serina apenas ouvira em silêncio.

E quanto à conversa da própria Serina com ele…

— Pai. Vou casar com esse homem.

— Entendido.

Tinha acabado com essas duas falas.

Finalmente, o pai de Serina virara-se para Poncho e dissera:  “Minha filha tem seus defeitos, mas espero que cuide bem dela” e curvara sua cabeça.

Se você incluísse o tempo que Poncho gastara se apresentando, acabara em pouco mais de cinco segundos.

Isso poderia ter sido bom, já que significava que as coisas estavam resolvidas, mas parecia que acabara muito facilmente depois de Poncho se estressar tanto com isso.

Poncho relatou a história para Komain, e ela ficou surpresa. 

— N-não foi um pouco fácil demais?

— Isso é apenas o quanto ele confia na Madame Serina, sim — Poncho disse — Ele deve ter conseguido responder instantaneamente porque sabia que Madame Serina não iria se apaixonar por qualquer homem estranho.

— É porque meu pai sabe que eu jamais cedo quando me decido sobre algo — Serina disse casualmente. Poncho e Komain olharam um para o outro com sorrisos irônicos.

Era difícil de dizer por causa da sua falta de expressão facial, mas os dois tinham ficado tempo o suficiente com ela para saber que estava sentindo vergonha.

Vendo a reação deles, Serina virou a cabeça irritada. 

— Não é como se meu pai simplesmente confiasse no meu olho para homens. Enviei as receitas de fast food que você me ensinou na casa da família, e embora possa não aparecer nos seus rostos, eles ficaram comovidos por quão maravilhosos aqueles pratos eram.

— Ohh. Então Poncho tinha pego eles pelo estômago mesmo antes de ir dar seus cumprimentos, hã? 

Komain bateu sua mão, como se tudo de repente fizesse sentido.

Parecia que Serina e seu pai compartilhavam não apenas um temperamento em comum, mas um gosto por comida em comum também.

Serina silenciosamente ofereceu uma bandeja com vários pratos para Poncho. 

— Venham agora. Se os deixarmos de lado, toda a comida será devorada pelos convidados. Garanti vários pratos para nós também, então vamos comer juntos.

— Q-Quando você fez isso? Estivemos conversando esse tempo inteiro, sim!

— Não, dei uma passadinha lá quando vi uma brecha mais cedo. Trouxe o suficiente para Madame Komain também.

Isso dito, Serina dispôs uma bandeja de comida colorida em frente ao lugar de Komain também.

Fora quando viu uma brecha… de acordo com ela, mas para se mover por aquela enorme multidão, garantir comida, e até arranjá-la de uma forma agradável aos olhos, era uma técnica de fazer até ninjas passarem vergonha. 

Komain olhou para comida a sua frente e suspirou. 

— Serina, você pode ser uma das pessoas mais hábeis do reino…

— Eu só me movo eficientemente — Serina disse — Por favor, olhe para esses braços delicados. Jamais arrastei algo mais pesado que Carla.

— Arrastou?! Não carregou?! E espere, você está tratando Carla como um objeto?!

— Me perdoe. Carla é um bom brin… colega.

— Você acabou de começar a dizer “brinquedo”?!

— A-ahm… Madame Serina? — Poncho perguntou hesitante.

Serina inclinou a cabeça para o lado. 

— Aconteceu alguma coisa?

— Ahm… A respeito das comidas no prato em minha frente…

Komain olhou para o que estava no prato de Poncho.

Os pratos de Komain e Serina tinha rosbife e napolitan, complementados por purê de batata, salada e frutas.

Em contraste, o prato de Poncho estava cheio de patê de fígado, uma comida frita feita com abóbora e nozes, e omelete de enguia, um prato do mundo de Souma.

— Poncho, tem algo errado com a comida? — Komain perguntou.

Era estranho que a comida dele era diferente da delas, mas um comilão como Poncho devia ser capaz de comer esse tanto. Komain não entendeu porque Poncho estava tão perplexo.

No entanto, o rosto de Poncho ficou vermelho vivo e ele olhou para Serina. 

— Madame Serina… está fazendo isso de propósito?

— É Claro — respondeu Serina com indiferença.

Parecia haver um entendimento mútuo entre eles, então Komain fez bico, incomodada por ser excluída.

 — Não me deixem por fora. O que têm esses pratos?

— Oh, ahm, Madame Komain… — Poncho disse hesitante — Os ingredientes usados neles, eles… bem…

Em contraste com Poncho, que parecia ter dificuldade em dizê-lo, Serina foi direta e disse:

 — Dizem que eles aumentam a potência sexual.

Aumentar a potência sexual. Quando ela percebeu o significado dessas palavras, Komain corou tão rápido que você poderia ouvir um pequeno poof! como efeito sonoro.

— Ahm… dizem que fígado, abóbora, nozes e enguia todos eram eficazes em recuperar a energia, sim. Então acreditam que eles aumentam a energia sexual também. — Poncho explicou apesar de sua vergonha.

Parecia que Komain não notara, mas não tinha como Poncho, o Deus da Comida, não notar.

Vendo Poncho e Komain olhando para baixo, com os rostos corados de vergonha, Serina disse: “Somos marido e mulheres agora, sabem?”, num tom irritado. 

— Agora que estamos casados, é somente natural pensar sobre um herdeiro.

— Bem… Sim, você está certa… Sim.

— Sua Majestade disse para aproveitarmos essa chance para fazer filhos, e ele diz que muitos de nossos colegas serão incitados por esse evento a se casarem até o fim do ano — Serina continuou — Eu esperaria que, por volta dessa hora no ano que vem, os altos escalões do reino estejam passando por um baby boom. Se possível, gostaria de ter os meus antes que as parteiras fiquem muito ocupadas. Vou precisar que você trabalhe duro para fazer isso acontecer, querido.

— Q-querido?!

Ouvindo Serina dirigir-se a ele dessa forma, e falando para ele trabalhar duro para fazer um bebê, os olhos de Poncho se arregalaram.

Com olhos que pareciam incapazes de acreditar que ela ainda tinha que fazer isso, Serina olhou para Poncho e disse: 

— Você é meu marido agora, e é assim que vou chamá-lo. Mais importante, por quanto tempo você vai continuar chamando sua esposa de “Madame Serina”?

Poncho entrou um pouco em pânico quando ela chamou a atenção para isso, mas por fim encontrou sua determinação e disse: 

— Senhorita Serina… Senhorita Komain…

— …Suponho que isso terá que servir como meio termo — Serina disse.

Komain deu uma risadinha. 

— Nesse caso, gostaria de chamá-lo de “bem”. Me faz sentir como uma recém-casada. Agora, bem, vou querer um desses. 

Tendo dito isso, Komain pegou um pedaço do patê do prato de Poncho. 

— Acho que… Vou precisar de energia também afinal.

— S-Senhorita Komain?! — ele gritou.

— Hum… eu deveria comer um pouco também, talvez?

— N-Não você também, Senhorita Serina…

Serina pegou uma omelete de enguia. As duas olharam para o Poncho intimidado com sorrisos irônicos, daí deram beijos em ambas as bochechas dele.

— FIQUE FIRME, QUERIDO/BEM.

O doce som dessas palavras era atordoante, e Poncho quase caiu de costas.

 

 

Assim, os seguidores de Souma estavam cada um aproveitando seu dia de casamento.

Na praça da fonte da capital, vários cidadãos estavam assistindo a coroação e a cerimônia de casamento pela Transmissão de Voz da Joia. Ela estava agora chegando aos estágios finais.

A única coisa faltando agora era o discurso de coroação de Souma depois de ser formalmente coroado rei.

Souma levantou-se do trono e andou em frente. A Primeira Rainha Primária Liscia estava de pé ao lado dele, Aisha atrás, e Roroa, Juna e Naden esperavam no fundo.

Souma virou-se para encarar a joia da Transmissão de Voz que tinha sido movida para o tapete vermelho. Em outras palavras, ele virou-se para encarar as pessoas assistindo essa coroação e cerimônia de casamento.

— Por volta de dois anos passaram desde minha chegada a este país — Souma falou em um tom baixo, porém firme — Nesses dois anos, muitas coisas aconteceram, tanto internamente quanto externamente. Numa era de mudanças incrivelmente rápidas, este país também tem mudado. Ao ponto de até o nome oficial ter mudado, tornando-se o “Reino Unido de Elfrieden e Amidonia”, também conhecido como o “Reino de Friedônia”. No meio de tudo isso, fico feliz de poder receber esse dia.

Ele pausou.

— Deste dia em diante, serei formalmente o rei do Reino de Friedônia.

Ele continuou.

Além disso, agora que me casei com Liscia, filha de Albert Elfrieden, ex-rei do Reino de Elfrieden, e Roroa, filha de Gaius Amidônia, o ex-príncipe soberano do Principado de Amidônia, governarei as duas nações como Souma Amidonia Elfrieden. Eu pretendo dar o meu melhor para ser reconhecido como um rei digno tanto pelo povo da Região de Elfrieden quanto o da Região de Amidônia. Entretanto, não importa quão firme seja minha determinação, e não importa quanto eu tente, há limites para o que um homem consegue realizar sozinho. Esse limite também não é particularmente alto.

Ele pausou, e continuou. 

— Não superamos os vários eventos dos últimos dois anos dependendo da minha força apenas. Foi o resultado das rainhas que estavam ao meu lado me apoiando, os vassalos que vocês veem enfileirados aqui, e muitos outros que não puderam estar presentes assim como vocês, as pessoas, todas trabalhando por esses país. Ouvi falar que um programa chamado Heróis Sem Nome tem sido popular com o público, e se vocês o assistirem, verão o que eu quero dizer. O mundo não é feito somente daqueles que fazem os grandes trabalhos chamativos. Sabemos que há heróis sem nome agindo nas sombras. O motivo de eu ter conseguido chegar a esse dia brilhante, aqui, agora, é graças a todos esses heróis sem nome. Esses heróis sem nome… eles são vocês, cada cidadão deste país!

As palavras yuusha e eiyuu ambas significam “herói”. 

Souma tinha sido invocado aqui como um yuusha, mas ele estava referindo-se ao seu povo como na mo naki eiyuu, heróis sem nomes.

Ele pode não ter conseguido ouvir no castelo, mas na praça da fonte, onde as pessoas estavam assistindo a transmissão, havia aplausos altos.

Souma se permitiu uma pausa, daí continuou novamente.

— Me disseram que meu discurso de coroação deveria ser sobre o que quero fazer com esse país como rei. Entretanto, meus sentimentos não mudaram de quando fiz meu discurso do Ano Novo. Isto é, eu quero fazer um “bom país”.

Ele sorriu.

— Vocês podem pensar que esse é um objetivo um tanto comum. Meu companheiro herói invocado, pai da nação, o Primeiro Rei Herói, provavelmente tinha uma visão muito maior do que a minha. Porém, acho que crenças fortes costumam ser deixadas para trás pelos tempos. Por exemplo, se eu abraçasse o sonho de “unir o continente”, eu podia muito bem ganhar o apoio daqueles que compartilharam esse sonho. Nesse mundo caótico, há solo fértil para esse tipo de grande sonho. Nessa situação, que todos achamos apertada, esperamos por uma forma de sair. Mas e quanto à próxima geração? Não é possível que esse grande sonho se tornasse um grilhão para eles?

Ele pausou.

— O rei antes do último adotou uma política de expansionismo, tentando construir um país que pudesse equiparar-se ao Império Gran Caos. É verdade, nosso território se expandiu. Entretanto, se você olhar o resultado, acabou numa guerra civil entre os membros da realeza depois de sua morte, e provocou a intervenção dos países estrangeiros que ele enfurecera. Se os seus sonhos estão surfando a corrente dos tempos, então ao fim dessa era, é a realidade da vida que eles serão abandonados. Então, como vamos criar um país quando jogados pelas correntes da era?! Bem, devemos olhar para a realidade, mudar gradualmente com os tempos, e adaptar.

Ele pausou.

— Não requer que pensemos muito sobre isso. Se você sente que hoje é melhor do que ontem, e que amanhã será melhor que hoje. isso é o suficiente. Isso é algo que esse país já colocou em prática.

Então, Souma abriu bem os braços.

— Olhem para esta Transmissão de Voz da Joia. Esta Transmissão de Voz da Joia, que pode ser vista como vídeo nas grandes cidades e ouvida como áudio mesmo nas menores, tem sido usada para várias coisas desde que assumi o trono. Se vocês sentem que ficou mais fácil viver hoje do que ontem, e amanhã do que hoje, isso significa que não querem voltar a como as coisas eram antes. Eu pergunto a vocês! Poderiam voltar a uma vida sem as canções das loreleis?!

Não

Souma não podia ouvir, mas essa foi a resposta que o povo gritou.

— As donas de casas deste país poderiam secar sua roupa sem a previsão do tempo da Naden?! Os pescadores poderiam levar seus navios para o mar?! Os fazendeiros poderiam escolher quando realizar as colheitas?!

— Não!

— Sem a rede de transporte que instalamos, os comerciantes viajantes poderiam carregar seus bens?! Os donos de loja poderiam encher suas prateleiras?!

— Não!!

— Nas cidades maiores, instalamos sistemas de esgoto e melhoramos a saúde pública! Vocês podiam continuar vivendo aí, se o ar e a água voltassem a ser como eram antes?! Aumentamos o número de médicos! Vocês poderiam viver seguros sem o número de hospitais que temos agora?! Poderiam sentir-se seguros dando à luz?! Criamos novos costumes culinários, comendo coisas que não tínhamos antes! Vocês ficariam bem com a variedade de pratos em suas mesas diminuindo?! A região Elfrieden pobre em metais tem recebido uma oferta estável de metais da região de Amidônia, e a região de Amidônia pobre em comida tem recebido uma oferta estável de comida da região de Elfrieden! Poderiam permitir-se a perder essa relação agora?!

— Absolutamente não!!

Era verdade. As pessoas não tinham interesse algum em voltar ao ontem.

Mesmo que as mudanças de dia-a-dia fossem pequenas, eles por fim perceberiam as muitas ótimas mudanças que ocorreram, e isso mudaria seu entendimento das coisas.

Souma abaixou a mão e falou para o povo animado.

— Dessa forma, conforme os dias passam, por meio de mudanças graduais, construirei um bom país. Junto com minhas rainhas e vassalos. É assim que sou como um rei. É assim que este país é. Agora, eu imploro a todos vocês, deem sua força ao país. Para que, pouco a pouco, possamos trabalhar consistentemente em direção ao nosso futuro magnífico!

Dizendo isso, Souma levantou um punho.

Ao mesmo tempo, Liscia, Aisha, Juna, Roroa, Naden, e a fila de vassalos curvaram-se.

Nesse momento, um aplauso surgiu das pessoas assistindo.

Se você ouvisse com cuidado, poderia ter ouvido pela transmissão também.

As vozes da praça da fonte tinham certamente alcançando o castelo.

E então, Souma e os outros lentamente andaram até a saída.

 

 

Liscia e eu fomos na frente, e fomos ao terraço que dava vista para o pátio do castelo com as outras rainhas.

Olhando para baixo para o pátio de lá, estava cheio de pessoas, pessoas e mais pessoas.

Se eu fosse o vilão de um certo filme de anime famoso, essa seria a cena que poderia ter me feito dizer “As pessoas são como lixo”1Souma está citando uma cena do filme “Akira” (1988). A fala é dita por Joker, um dos membros da gangue do Palhaço (Clown Gang), quando ele despreza a multidão de pessoas comuns na cidade. No contexto da história, essa visão pessimista da sociedade reflete o cenário distópico e caótico de Neo-Tóquio, onde gangues, corrupção e violência dominam a vida cotidiana., mas em minha posição atual, eu não poderia usar essa fala, nem como uma piada.

Quando ficamos de pé perto da beirada e acenamos para as massas abaixo, houve um aplauso estrondoso que pareceu chacoalhar o castelo inteiro.

Isso era de certa forma similar à prática de Ippan Sanga no Japão, onde a Família Imperial apareceria para o público geral da sacada do palácio no começo de cada de ano.

Para ter um vislumbre de mim e minhas rainhas no nosso grande dia, muitos cidadãos, independentemente de seu status, tinham se reunido no pátio. Isso era o mais longe que eles seriam permitidos a virem, é claro, e havia segurança pesada em vigor.

Embora eles pudessem nos ver em carne e osso, eu tinha certeza que parecíamos bem pequenos, então fiquei feliz que tantas pessoas apareceram apesar disso.

— Vossa Majestade, eu trouxe o Príncipe Cian e a Princesa Kazuha.

Virei-me em direção à voz de Carla, e ela estava ali de pé com o antigo casal real. Carla e Lady Elisha estavam cada uma segurando um bebê.

Julgando pela cor das roupas dos bebês, Carla segurava Cian (azul), enquanto Lady Elisha segurava Kazuha (rosa).

Eu ri e disse para a mãe deles: 

— Liscia, você pega a Kazuha.

— Ok.

Liscia pegou Kazuha de Lady Elisha e eu peguei Cian de Carla.

Então, nos aproximamos da beirada novamente. Tomando cuidado para que não caíssem, os seguramos para que as pessoas pudessem ver.

Houve um estrondo de aplausos. 

—Wahhhhhhhhhhhhh!!

— Fwah…! Aah!

Surpreendida pela multidão, Kazuha tentou enfiar o rosto no peito de Liscia e começou a chorar.

Liscia disse “Pronto, pronto”, balançando-a de um lado para o outro para acalmá-la. Kazuha continuou chorando um pouco, mas não levantou a voz.

Ainda assim, vendo a forma como ela não levantava o rosto do peito de Liscia, a grande multidão deve tê-la assustado.

Enquanto isso, quanto a Cian… seu rosto estava congelado.

Era como se ele tivesse sido atingido por magia de petrificação. Sua expressão não mudava enquanto olhava para a multidão.

Cian era tímido, e seu rosto costumava congelar assim quando conhecia uma nova pessoa.

Então, de certa forma, tudo estava como de costume.

Eu tentei cutucar suas pequenas bochechas gordinhas para fazê-las relaxarem, mas seu rosto permaneceu o mesmo, como se estivesse envolvido em uma competição de encarar.

Teimoso…

— É incrível — Naden sussurou, acenando — Todos estão abençoando essas crianças.

Aisha e Juna sorriam gentilmente também.

— Eles são o príncipe e a princesa, afinal — Aisha disse — Quando a família real tem um futuro promissor, isso é algo para o povo ficar feliz também.

— He he, esses dois são provavelmente ainda mais populares do que as loreleis agora — Juna acrescentou.

— Bem! No fim das contas, o povo nos ama — Roroa disse com um sorriso alegre — A Irmãzona Cia é popular com as pessoas na Região de Elfrieden, e eu sou um sucesso com as pessoas na Região de Amidônia. Juna é famosa como a Prima Lorelei, e a Irmãzona Ai e Nadie são bem quistas por causa de toda a exposição que tiveram na Transmissão de Voz da Joia. Tenho certeza que tem alguns ciúmes em relação ao querido agora que ele roubou todas nós para si mesmo.

Então Roroa piscou.

Ela provavelmente estava certa. Eu estava rodeado por todas essas esposas maravilhosas. Teria que aceitar um pouco de inveja de bom grado.

Mas… éramos amados pelo povo, hã?

— Isso me assusta só um pouquinho — sussurrei.

— Souma? 

Liscia inclinou a cabeça para o lado. 

Dei um sorriso irônico e ajustei a forma que segurava Cian.

— Significa que as pessoas aqui, celebrando conosco, estão dispostas a expressar suas emoções a esse ponto. Você poderia dizer que eles facilmente seguem a maré.

Foquei meus olhos na multidão enquanto falei em voz baixa.

— Se eu governar mal e trair as expectativas deles, sua benção tornar-se-á ressentimento, e seu aplauso ridicularização. Eu estava pensando que eles podem condenar nossa família com o mesmo fervor que celebraram minha coroação, nosso casamento e o nascimento de Cian e Kazuha.

Quando eu disse isso, as outras ficaram com olhares pensativos.

Assim como eu havia assumido o grande fardo de governar este país, elas haviam assumido o fardo de tornarem-se suas rainhas, então com certeza tinham seus próprios pensamentos sobre a questão.

Mas…

— Relaxe — Carla murmurou no meu ouvido.

Em um dado momento, ela movera-se para ficar de pé detrás de mim.

— Se você for pelo caminho errado, mestre, eu fui contratada a arriscar minha vida para impedi-lo. Se chegar a esse ponto, eu vou impedi-lo antes que o ressentimento possa voltar-se para a sua família também.

Carla estava sussurrando para que só eu pudesse ouvir. Me fez rir involuntariamente.

— Ahaha… Então, você me matará se eu me perder? Isso é algo de se dizer num dia tão belo desses?

Carla respondeu com irritação:

— É culpa sua por ser tão pessimista nesse belo dia.

— …Você tem razão.

— Sim. Então, por favor, seja um bom rei, para que esse dia jamais chegue.

Com isso dito, Carla suavemente se afastou.

Serina ficava sempre mexendo com ela, mas Carla era uma espada levantada sobre a minha cabeça. Ela era um perigo sempre presente, uma espada dissuasiva que forçava a autorreflexão. Se chegasse uma hora em que eu me perdesse, essa espada cairia.

Por outro lado, ela também era uma garantia de que algo me pararia se eu fosse longe demais.

Em minha posição como rei, esse dissuasor e garantia eram reconfortantes.

— Tudo vai ficar bem, Souma. 

Liscia se aproximou de mim com um sorriso suave.

Vendo isso, as pessoas aplaudiram.

— Demos conta de superar tudo até agora. Daqui em diante, não importa o que aconteça, com essa família, podemos superar qualquer coisa.

Aisha, Juna, Roroa e Naden assentiram em concordância.

Senti como se elas estivessem me dando coragem e disse “Obrigado”, daí virei de volta para o povo e voltei a acenar mais uma vez.

— Mas acho que poderíamos ter mais família.

Ainda de frente para o povo, Liscia continuou a falar. 

— É por isso que, a partir de hoje, você vai dormir nos nossos quartos.

— Ahm… Liscia, isso é… — comecei. 

Ela quis dizer… o que eu pensei que ela quis? 

Que eu não poderia dormir na minha própria cama, ou na cama do escritório de assuntos governamentais por um tempo…?

Ainda sorrindo, Liscia declarou: 

— Já está decidido. A propósito, você ficará no quarto de Aisha esta noite.

— Eu… Eu sei que tenho meus defeitos, mas por favor cuide bem de mim — Aisha disse envergonhada enquanto acenava para o povo.

Parecia que cada uma delas tinha reportado seus planos e situação física atual para uma das servas no começo da semana, e usando essa informação, tinham montado um programa de quem ia dormir comigo quando.

Amanhã era Juna, depois Roroa, Naden, Liscia… e assim por diante.

Aliás, ninguém me perguntara quais eram os meus planos.

— Fique firme, Souma — Liscia disse de forma provocadora.

— …Certo — falei nervoso.

Eu vou me esforçar. E digo isso de várias maneiras.

Foi quando a multidão soltou uma outra rodada de aplausos altos.

Hã? Porque aplaudir agora? Eu estava pensando e então…

— Souma, olhe para aquilo! — Naden apontou diretamente para cima e gritou.

Eu olhei para o céu…

— O Quê?! 

Alto no céu acima, vi uma grande sombra branca voando entre as nuvens.

Aquele pelo que brilhava na luz do dia, e aquelas grandes asas que pareciam rasgar o céu… não havia como confundi-la.

— Senhorita Tiamat?! — Naden gritou, porque essa forma era inconfundivelmente a da Mãe Dragão.

Madame Tiamat, em raras ocasiões, dava um passeio aéreo pelo continente, e adoradores da Mãe Dragão acreditavam que vê-la era um bom presságio.

Liscia e eu também tínhamos visto-a antes.

— Souma, enviamos um convite de casamento para a Madame Tiamat, certo? — Liscia perguntou. 

Eu assenti. 

— É. Por meio da Princesa Sill do Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung. Porém, porque Madame Tiamat não interfere no mundo abaixo, não esperava que ela viesse.

Já que estava me casando com Naden, teria me feito mal não convidar Madame Tiamat, a mãe de todos os dragões, então eu enviara um convite por precaução. Porém, como esperado, não houve resposta alguma.

Eu pus a mão no ombro de Naden enquanto ela encarava o céu atordoada.

— Impossível… É a Senhorita Tiamat… Por quê…? — ela sussurrou.

— Ela não pode intervir em assuntos em terra — eu disse — Mas aposto que ela está preocupada com você e Ruby, já que estão casando com alguém de um país fora o Reino dos Cavaleiros Dragão. É por isso que fez assim. Ela saiu num passeio voando, e “acabou passando pelas duas filhas em seu grande dia”.

— Souma… 

Enquanto lágrimas se acumulavam nos olhos de Naden, dei um tapinha no ombro dela.

— Vamos lá. Porque não dá uma resposta para sua mãe adotiva superprotetora?

Com um soluço, Naden disse: 

— Ok!

Naden acenou para o céu, emitindo um rugido de um ryuu enquanto ainda na forma humana.

Houve um rugido similar da cidade-castelo ao mesmo tempo, então Ruby deve ter percebido também.

Daí, como se houvesse ouvido suas vozes enérgicas, Madame Tiamat soltou seu próprio grito, como o de uma baleia. Sem dúvida ficaria registrado que o grito dela era como uma benção ao país inteiro.

— Foi um bom casamento — Liscia disse.

Concordei com ela do fundo do meu coração.

 


 

Tradução: Enzo

Revisão: Merovíngio

 

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