Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 10 – Cap. 09.1 – A Cerimônia de Casamento

 

— Sua Majestade Souma Amidonia Elfrieden, rei do Reino Unido de Elfrieden e Amidônia, aparecerá agora — Hakuya declarou em voz alta.

Saí sozinho no tapete vermelho.

Este era o salão de audiências, o lugar onde eu fui originalmente invocado, e também conhecera Aisha, Juna, Hakuya, Tomoe e Poncho.

Este lugar era bastante familiar para mim, mas hoje estava com decorações chamativas.

De cada lado do tapete vermelho que percorria o salão de audiências, ajoelhavam-se generais e burocratas incluindo o Primeiro-Ministro Hakuya, Chamberlain Marx, a Comandante em chefe da Força de Defesa Nacional Excel, o Comandante dos Gatos Pretos Kagetora e o capitão do Hiryuu Castor.

Em frente ao trono no fim desse tapete, o antigo rei, Sir Albert, e a antiga rainha, Lady Elisha.

Essa cena estava sendo transmitida para a nação inteira usando a joia da Transmissão de Voz. (Estava posicionada de forma que Kagetora estivesse fora da tela, é claro.)

Eu absolutamente não podia ser deixado me fazer de bobo. Andei devagar em direção aos dois, como estivesse desfrutando de cada passo. Então, ajoelhando-me quando os alcancei, baixei minha cabeça.

Sir Albert pegou a coroa do lado dele e ficou de pé na minha frente.

— Eu, o 13⁰ rei, Albert Elfrieden, agora realizarei a coroação do 14⁰ rei, Souma A. Elfrieden! Você será rei daqui em diante, confortando as pessoas de dentro, repelindo os inimigos de fora, e fazendo seu país prosperar!

— Sim, senhor.

Ouvindo minha resposta, Sir Albert assentiu e colocou a coroa na minha cabeça.

— Finalmente, pude passar-lhe a coroa — Sir Albert disse num sussurro tão baixo que só eu pudesse ouvir.

Com minha cabeça abaixada, e um sorriso irônico no rosto, respondi: 

— Você ficou com ela para mim por todo esse tempo. Me desculpe.

— Espero que sim. Eu pude dar-lhe o trono, mas era irritante que não podia dar-lhe a coroa até sua coroação. A posição de rei pode ser tão restritiva. A coroação ficava sendo adiada, também. Ter que ficar com a coroa por todo aquele tempo me dava calafrios.

— Entre a gravidez da Liscia e a expedição para a União das Nações Orientais, muito aconteceu.

— Mas isso termina hoje. Conto com você para cuidar de Liscia e do reino, genro.

— Sim, sogro.

Quando Sir Albert se afastou de mim, Lady Elisha se aproximou para cobrir meus ombros com uma excelente capa de veludo.

No meu ouvido, ela sussurrou: 

— Desejo a sua felicidade e a de Liscia, de suas outras rainhas, de Cian, de Kazuha e de quaisquer outras crianças que ainda nascerão. Que você fique bem de saúde para sempre.

— Sim, sogra.

— He he — ela riu. — Venha nos visitar no domínio de Albert. Porém, em vez de ser chamada de vovó, acho que preferia ser chamada de avó, como a Excel.

Quando Lady Elisha disse isso, não pude não sorrir um pouco.

— Ok. Isso é o que vou ensiná-los a fazer.

Quando Lady Elisha se afastou, levantei-me.

Então outra voz me chamou. 

— Vossa Majestade.

Quem saiu andando da fila de servos foi o avô de Roroa, Herman. Ele me fez continência, andou até meu lado e curvou-se.

Os burocratas realizando a cerimônia trouxeram-lhe uma espada numa bainha, trabalhada com adornos brilhantes, e Herman ofereceu-a para mim.

— Essa é a espada preciosa transmitida por gerações de príncipes soberanos de Amidônia. Pedimos que Vossa Majestade proteja o povo de Elfrieden e Amidônia, sem discriminação.

— …Entendi.

 Aceitei a espada e segurei-a no alto. 

— Empenharei-me para ser um rei apoiado por ambos povos.

Era importante que eu herdasse não apenas o nome Elfrieden, mas também o de Amidônia. Era por isso que eu tinha que ser reconhecido como o sucessor legitimo não só do lado Elfriedeniano, mas do lado Amidoniano também. Herman estava me passando essa espada preciosa como forma de mostrar isso.

Ele recuou, e então virei-me para meus servos, que se levantaram.

— Jurem sua lealdade inabalável ao novo rei, sua Majestade Real Souma! — Hakuya entoou, e todos se curvaram para mim em conjunto.

O farfalhar das roupas ecoou pela sala. Foi incrível de se ouvir.

Isso concluía a cerimônia de coroação.

Eu era, tanto de nome como de fato, rei deste país. Não provisório, ou temporário.

Agora serei o Rei Souma A. Elfrieden.

Era esse o momento desse acontecimento.

O órgão de tubos começou a tocar. Daí, as portas para a câmara de audiências abriram bem, e cinco lindas noivas apareceram.

Liscia, Aisha, Juna, Roroa e Naden.

Elas se despediram de suas famílias na porta, e as cinco, de vestidos de noiva, andaram em frente com crianças que estavam todas bem vestidas lhes ajudando.

A ajudante de Liscia era Tomoe. As outras quatro estavam sendo amparadas por crianças do berçário do castelo.

Quando as cinco chegaram mais perto, pararam em frente de mim, ficaram de joelhos e curvaram suas cabeças.

Tomoe curvou-se uma vez antes de se juntar à fila de servos, enquanto as outras crianças saíram correndo.

A cerimônia de casamento agora começaria.

Os sacerdotes da Mãe Dragão vieram, apresentando cinco tiaras e cinco anéis dourados.

Peguei uma dessas tiaras, fiquei de pé diante de Liscia e coloquei a tiara em sua cabeça. 

— Desde já faço de você, minha primeira rainha primária. Vamos desenvolver este país juntos.

— Sim. Estarei com você para sempre.

Quando Liscia levantou-se, ela me olhou direto no olho e estendeu sua mão esquerda. Então, ela acrescentou “E, é claro, Cian e Kazuha estarão, também”, em uma voz que só eu pudesse ouvir.

Eu pus um anel no dedo dela, e daí compartilhamos um beijo leve.

Vendo as pequenas lágrimas se formando nos cantos dos olhos de Liscia, eu quis ignorar o procedimento e abraçá-la, mas dei um jeito de me segurar aos olhos do público.

Fazendo o mesmo com Aisha, Roroa, Juna e Naden em sequência, eu tirei quaisquer adereços de cabeça que elas estivessem usando e troquei-os por tiaras, pus os anéis nos seus dedos e beijei-as.

— Desde já faço de você, minha segunda rainha primária. Vamos proteger esse país juntos.

— Sim! — Aisha declarou. 

Num sussurro, ela acrescentou: 

— É claro, vou continuar a protegê-lo também.

— Desde já faço de você, minha terceira rainha primária — disse a Roroa —, vamos fazer esse país prosperar juntos.

— Sim! Pode deixar comigo, querido!

— Desde já faço de você, minha primeira rainha secundária — disse a Juna —, vamos fazer a cultura deste país florecer juntos.

— Sim. He, he, sim. Vamos fazer um país animado, cheio de canções.

— Desde já faço de você, minha segunda rainha secundária — disse a Naden —, vamos abrir um futuro para esse país juntos.

— Sim. Entendido. Levarei-o a qualquer lugar, Souma.

Quando nos beijamos, cada uma delas me deu algo como a declaração de sua determinação.

Elas não tinham dito nada durante o ensaio geral para a cerimônia, então todas devem ter pensado sobre isso durante a preparação.

A Liscia tinha assumido a liderança nisso? A cerimônia era altamente formal, então fiquei muito feliz de poder perceber como cada uma delas se sentiu durante. Não sei quantas vezes pensara isso antes, mas elas estavam tão maravilhosas que pareciam um desperdício para mim.

Agora éramos marido e mulheres, uma família.

Os sacerdotes partiram. Liscia e eu nos dirigimos aos tronos.

Havia um assento para o rei, e um assento ao lado para uma rainha. Liscia e eu nos sentamos, e as outras quatro ficaram de pé ao nosso lado.

Assim que todos estavam em suas posições, Hakuya retomou seu trabalho como apresentador.

— Pela ocasião da coroação e casamento de Sua Majestade Souma, mensageiros vieram de cada país para dar seus parabéns. Primeiro, a irmã mais nova da Imperatriz Maria Euforia do Império Gran Caos, Madame Trill Euforia.

— Sim, sou eu! 

Aparecendo na entrada, com o cabelo de broca balançando, era Trill, a promotora original do desenvolvimento da broca.

Dessa vez, como embaixadora residente em Friedônia, ela estava aqui para dar parabéns em nome de Maria.

Kuu estava agindo na mesma posição para Sir Gouran da República de Turgis, Ichiha para o Duque Chima do Ducado de Chima, e Yuriga em nome do Rei Fuuga Haan do estado da estepe de Malmkhitan.

Trill e Kuu eram uma coisa, mas Ichiha e Yuriga pareciam estar tensos a respeito do seu papel aqui.

Mas, sabe, embora Yuriga devesse ser a representante de Fuuga, ele provavelmente não estava interessado no fato que eu me tornara rei, ou de que me casara.

Estava provavelmente avançando direto em direção às suas ambições mesmo agora.

 

 

Enquanto isso, no norte de Malmkhitan, Fuuga estava de pé nas margens do Rio Dabicon, que corria de longe no Oeste. A terra além desse rio era chamada de Domínio do Rei Demônio.

Acariciando seu fiel camarada, o tigre voador Durga, ele apontou sua lâmina esmagadora de rochas, Zanganto, para a margem oposta.

— Escutem! Assim que cruzarmos este rio, estaremos no Domínio do Rei Demônio! Aquela é a terra de onde os monstros nos expulsaram, e a terra que a humanidade deve recuperar!

Ele virou de costas para encarar os 20.000 soldados atrás dele.

5.000 eram o orgulho de Malmkhitan, a cavalaria saltadora, montada em temsbocks.

5.000 eram cavalaria pesada, montados em cavalos de guerra maiores e mais forte do que o normal.

Os 10.000 restantes eram soldados de infantaria, um grupo composto de refugiados que tinham sido expulsos de suas terras natais pela expansão do Domínio do Rei Demônio.

Ouvindo que Fuuga tentaria fazer uma investida no Domínio do Rei Demônio, soldados refugiados de toda a União das Nações Orientais reuniram-se abaixo dele.

Fuuga falava para todos eles.

— Esses números aqui são nada mais que pó se comparados à força expedicionária liderada pelo Império outrora. Talvez haja alguns que pensam ser tolice aventurar-se no Domínio do Rei Demônio onde a força expedicionária foi eliminada pelos demônios com esses números. No entanto, eu vi por mim mesmo. Os demônios, que dizem haver eliminado a expedição, não se mostraram, mesmo quando eu fui bastante fundo no Domínio do Rei Demônio. Em suma, os demônios só vivem nas partes mais profundas do Domínio do Rei Demônio! Todo o resto é simplesmente uma zona sem lei, onde monstros correm à solta!

Fuuga virou a mão que estivera acariciando Durga na direção de todos os outros. Ele fechou a num punho, daí trouxe-o para perto de si.

— É por isso que podemos retomá-la! Mesmo que em parte, para começar. Dessa vez, retomaremos a cidade abandonada no Norte, e as cidades menores em torno dela, e começaremos a restaurá-las. Seremos os primeiros do lado da humanidade a recuperar terras do Domínio do Rei Demônio com sucesso!

A paixão nas palavras de Fuuga animou as tropas reunidas.

— Se conseguirmos realizar isso, deixaremos as nações deste continente espantadas, traremos mais apoio, e isso nos permitirá retomar ainda mais terras! Seremos o sino do alvorecer, soando o fim de uma era estagnada!

— SIIIIM! — os soldados rugiram em resposta ao discurso de Fuuga.

A faísca da paixão dele incendiou o exército inteiro num instante.

Fuuga saltou nas costas de Durga, daí apontou Zanganto em direção ao céu do norte e gritou: 

— Agora em frente, vocês bravos guerreiros que se reuniram aqui! Vamos fazer nossos nomes ecoarem pelo continente inteiro!

— UAAAAAU!

Incitados pelo discurso inflamado de Fuuga, os homens avançaram de cabeça no rio.

Enquanto Fuuga encarava-os, um único cavalo de guerra veio para o lado de Fuuga. Ele levava sua esposa, Mutsumi Chima.

Bela, com seus longos cabelos pretos fluindo atrás dela, com o corpo vestindo uma armadura leve, enquanto andava a cavalo com uma espada longa nas costas.

— Um discurso brilhante, Lorde Fuuga — ela disse.

— Já disse. Só Fuuga está bem. Você é minha esposa.

No entanto, Mutsumi sacudiu a cabeça com um sorriso irônico. 

— Eu não posso me dirigir ao comandante dessa força sem o devido respeito. Seria intolerável se fizesse algo que diminuísse o moral que você trabalhou tão duro para aumentar.

— Você está tão dedicada como sempre… mas bem, me desculpe. Acabamos de nos casar e estou começando uma campanha. Recebi uma carta de Yuriga, e aparentemente o Souma está oficialmente se tornando rei no Sul em Friedônia. Quando ouvi isso, não pude ficar parado.

Sim, Souma tinha um senso de urgência sobre lidar com a existência de Fuuga, mas Fuuga era ciente de Souma também.

Porque os dois tinham ciência um do outro, havia um entendimento mútuo, aliado a uma desconexão fundamental, e ambos estavam preparando-se para um confronto que pudesse vir em algum momento no futuro

A existência de Fuuga fazia Souma mais forte, e a existência de Souma fazia Fuuga mais forte. Chamá-los de rivais talvez soaria bem, mas se você considerasse o futuro por vir, era uma relação complicada, e não uma bem vinda.

Mutsumi deu uma risadinha. 

— Não se importe comigo. Não importa onde você vá, Lorde Fuuga, estarei ao seu lado. Então, por favor, siga o caminho que você acredita. Seja à glória ou ao inferno, estarei com você o tempo todo.

Mutsumi trouxe uma mão ao peito e sorriu.

— E por favor, mostre-me o mundo que apenas você pode criar.

— …É! Você terá um lugar na primeira fila! Eu te amo, Mutsumi! 

Fuuga inclinou-se e deu um beijo em sua esposa, e fez Durga sair correndo.

Atrás ele, Mutsumi e os soldados seguiram.

E então, a força militar de Fuuga pisou no Domínio do Rei Demônio.

 

 

— Ah! — exclamei. 

De repente, sentira um arrepio percorrer minha espinha de cima para baixo. Eu não sabia o que era.

Os comentários de parabéns de Trill haviam terminado, e nós estavamos no meio dos comentários muito sérios de Kuu.

— …foi resultado da cooperaçao entre nossos três países. Meu pai Gouran espera que as relações cordiais entre o reino, o Império e a república continuem a…

Enquanto girava minha cabeça para olhar o entorno, Kuu continuou.

— Sendo esse o caso, na esperança da amizade duradoura entre a república, o reino e o Império, gostaríamos de dar os parabéns a Sir Souma pela sua coroação e casamento. Por favor, continue a nos favorecer.

Com seu discurso encerrado, Kuu disse as palavras “Obrigado, mano” e piscou para todos nós. Incluir esse tipo de charme travesso no final era tão como Kuu.

Dei meus agradecimentos, e ele curvou-se deixando o salão de audiências.

Lembrei que Yuriga, como representante de Malmkhitan, era a próxima de acordo com a programação.

Esse casamento era uma cerimônia, então embora tivesse um certo toque, não podia evitar de parecer um pouco rígido. Era em horas como essa que eu sentia inveja dos meus subordinados realizando seus casamentos na cidade-castelo lá embaixo. 

Me pergunto o que Hal e o resto estão fazendo agora…

Enquanto pensava isso, Yuriga entrou na sala, então retornei meu foco ao assunto em questão.

 

 

Ao mesmo tempo, Halbert estava tentando recuperar o fôlego.

— Oh… estou ficando tenso — ele murmurou.

Seu uniforme era a roupa padrão de Halbert, mas agora ele estava vestindo um terno. Seu cabelo bagunçado também estava cuidadosamente feito hoje, e isso lhe deixava meio inquieto.

Ele era o noivo na cerimônia prestes a acontecer, então entendia que era de se esperar, mas não se sentia como si mesmo, e isso lhe deixava nervoso.

— Você tem que aguentar de uma vez, sabe, Hal — Kaede disse a ele.

— Se você não consegue ser bravo e confiante, faz nós ficarmos mal — Ruby concordou.

Ao lado dele estavam Kaede num shiromuku1Vestes de casamento tradicionais de noivas japonesas. Geralmente são brancas em sua maioria, mas podem ter adornos dourados, vermelhos ou pretos. e Ruby num vestido de casamento, ambas com sorrisos irônicos. Seus cabelos amarelos e vermelhos destacavam-se contra as roupas de branco puro.

Essas duas estavam todas arrumadas como noivas hoje, então estavam ainda mais belas que o normal.

De fato, apaixonando-se de novo olhando para elas, Hal tinha ficado incapaz de resistir dar um abraço, apenas para deixá-las aborrecidas que ia bagunçar as roupas delas.

No entanto, a beleza delas também era um elemento que parecia estar encurralando Halbert num canto.

— Se eles pudessem ver essas duas agora, ficariam com inveja. Tenho certeza disso… — Hal murmurou. 

Havia várias pessoas presentes para o casamento deles.

Porque estava acontecendo ao mesmo tempo que a coroação e casamento de Souma, todas as grandes figuras do país, exceto a família da noiva ou noivo, tinham ido ao castelo no em vez disso. No seu lugar, muitos de seus subordinados nas Dracotropas e colegas do seu tempo no Exército Proibido tinham corrido para comparecer ao casamento de Halbert.

Para Halbert, eles eram camaradas e bons amigos.

Entretanto, no exército, onde a razão de gênero era muito inviesada para o lado masculino, a adorável Kaede, uma oficial do estado-maior, fora algo como uma ídolo.

Por causa disso, os antigos companheiros de guerra de Halbert sentiam uma incrível inveja em relação ao homem que era amigo de infância dela, e que agora havia roubado-a deles. Basicamente…

— Como ousa ser o único a conseguir uma esposa fofa, seu desgraçado! — eles estavam gritando em seus corações.

Era mais ou menos assim que era.

Para piorar, sua outra esposa, Ruby, era bela também.

Esse fato apenas jogava mais lenha na fogueira da inveja.

Se qualquer um daqueles homens vissem as mulheres nessas belas roupas de casamento, sua inveja apenas arderia ainda mais.

— Parabéns pelo seu casamento. Agora deixa eu te dar um soco!

Devia ser assim que eles se sentiam.

Os ombros de Halbert caíram de exaustão.

— Os caras ficavam dizendo que, quando viesse a hora de jogar trigo, eles iam me acertar o mais forte que pudessem. Tinham até alguns deles revisando suas formas de jogar.

A prática de jogar trigo era equivalente à prática de jogar arroz em casamentos na Terra.

Quando o noivo e noiva aparecessem, os presentes jogariam trigo, um símbolo de fecundidade (porque um único grão podia produzir muitos outros) neles.

Normalmente, isso era feito como o lançamento de sal durante o sumô, jogando-o suavemente para cima para que se espalhasse, e não de cima para baixo como uma bola de beisebol.

— Eles começaram a murmurar “talvez misturemos um pouco de cascalho…” também — ele resmungou —, embora tenham parado porque seria perigoso se acertasse qualquer outra pessoa.

— Ahaha… — suas futuras esposas riram.

Os homens tinham inveja de Halbert, mas não queriam dar trabalho para Kaede e Ruby.

Mesmo que o marido delas seja Halbert, os homens queriam que elas fossem felizes.

Então, por causa de seus sentimentos masculinos complicados, eles tinham se contentado em jogar o trigo o mais forte que pudessem.

Kaede gentilmente colocou a mão no peito direito de Halbert com um sorriso irônico.

— Eles estão deixando passar só jogando trigo em você o mais forte que podem, então acho que são bons amigos, sabe? Significa que você é tão sortudo que todos estão com inveja.

— Isso mesmo — Ruby acrescentou, colocando a mão no peito esquerdo dele —, se você é um homem, aceite um pouco de ciúmes como o preço a pagar por tomar duas esposas tão bonitas como nós.

Com as duas atacando-o assim, Halbert sorriu ironicamente e disse: 

— Vocês não perdoam. Mas têm razão. Se é assim que eles se sentem, vou mostrar o quão feliz estou, e deixá-los com inveja.

— He he! É isso aí, Hal!

— Certifique-se de nos acompanhar bem, querido.

Kaede e Ruby beijaram as bochechas de Halbert de ambos os lados.

— E-Ei… — Hal protestou.

— He he! Seu rosto está vermelho vivo, Hal.

— Vamos guardar o beijo nos lábios para o evento principal.

O rosto de Halbert parecia que ia derreter, então ele balançou a cabeça.

Kaede riu enquanto observava-o, mas então algo pareceu ocorrer a ela. 

— Pensando bem, Hal, tinha uma mensagem de Sua Majestade Souma para todos que iam se casar dessa vez.

— Do Souma? 

Halbert inclinou a cabeça para o lado. 

Dado que eram governantes e servos, era normal que mensagens viessem, mas ele não entendeu porque seria restrita àqueles que iam se casar.

Sorrindo maliciosamente, Kaede acrescentou: 

— Aparentemente, “Dependendo da situação política no Norte, o país pode ficar bastante atarefado daqui para frente. Portanto, durante o período de calma relativa, tenha certeza de andar logo com ter os bebês”… Era isso que ela dizia.

— Nuwhuh?!

Ouvindo as palavras “andar logo com ter os bebês” da boca de Kaede, Halbert ficou tão surpreso que ele deu um passo para trás involutariamente.

Ruby também deve ter ficado com vergonha, porque suas bochechas coraram.

Enquanto sorria ironicamente da reação deles, Kaede explicou as intenções de Souma:

— Aqueles de nós que vão se casar hoje são vassalos de que Sua Majestade depende especialmente. Ele gostaria de evitar que a gravidez ou nascimentos de crianças coincidam com qualquer evento que o deixe desfalcado.

— C-Certo… — Halbert disse, com a voz falhando um pouco.

Para um homem que estivera no exército, Halbert era muito inocente sobre esse tipo de coisa.

Isso era porque, embora fosse normal que veteranos da academia de oficiais levassem homens mais jovens para lugares onde pudessem ficar com garotas para descontrair, Halbert estivera com Kaede mesmo antigamente, então, preocupado sobre como ela o veria, ele nunca tinha passado por nada disso.

Mesmo quando se separaram, com Halbert juntando-se ao Exército e Kaede ao Exército Proibido, os colegas dele sabiam que tinha uma amiga de infância bonita, então se sequer olhasse para uma mulher lascivamente, eles teriam denunciado para ela.

Naturalmente, os colegas deles não estavam agindo com base em afeto genuíno por Kaede, mas ciúmes de Halbert ter uma amiga de infância bonita.

Como resultado, Hal não tinha experiência alguma se divertindo com mulheres.

Depois dele ser transferido para o Exército Proibido, esteve junto com Kaede de novo, então a situação ficou a mesma de antes na academia.

Esse era o motivo pelo qual, para toda sua rudeza, Halbert era um tanto inocente.

Kaede aproximou-se de Halbert e disse com olhos virados para cima: 

— Vou dar meu melhor para realizar meus deveres como esposa. Então, por favor, Hal.

— E-eu também… Ok? 

Ruby hesitantemente agarrou a manga de Halbert.

Essas duas eram tão fofas que o deixavam grato, envergonhado, e… feliz.

Halbert, com o rosto vermelho vivo, deu tapas nas bochechas para revigorar-se.

Então, tomando a mão das duas, ele andou em direção à porta.

— Ah, que seja! Trigo ou cascalho, que venham! Porra, venham com lanças e flechas também! Se pensam que podem impedir minha felicidade agora, tentem a sorte!

Preenchido por emoção, Halbert não pôde evitar de gritar isso.

 

 

Ao mesmo tempo, numa igreja diferente na capital, o ex-mercador de escravos Ginger Camus e sua ex-escrava Sandria estavam tendo seu casamento.

— Agora, vocês devem fazer seus juramentos, em nome da Mãe Dragão — entoou um sacerdote.

Observados pela professora e equipe de pesquisa da Escola Vocacional de Ginger, onde era o diretor, e pela família de Sandria, que havia sido convidada do Império, os dois estavam prestes a dizer seus votos.

— Ó Ginger — disse o sacerdote — Você aceita Sandria como sua esposa e jura passar suas vidas inteiras juntos, em tempos bons e ruins?

— Aceito — Ginger deu uma resposta firme à pergunta do sacerdote.

Não havia qualquer sinal do Ginger levemente sem força de vontade de costume aqui agora.

Isso foi o resultado de ele decidir: Preciso ser um homem por hoje, ao menos. Se eu não for, vou deixar Sandria desconfortável.

O sacerdote assentiu, daí virou-se para Sandria.

— Ó Sandria. Você aceita Ginger como seu marido e jura passar sua vida inteira juntos, em tempos bons e ruins?

— …Eu juro — Sandria respondeu, tropeçando em suas palavras um pouco.

O motivo de ter levado um momento para as palavras dela sairem não era que estava tensa, mas sim porque estava sobrecarregada de emoção. Isso porque, ao ouvir a parte sobre a vida inteira deles, tudo que acontecera até então corria pela mente dela.

Seu pai sendo enganado e sobrecarregado com uma dívida. Ela vendida para esse país como forma de pagá-la. Conhecendo Ginger, depois dela ter desistido de tudo.

A partir daí, as coisas ficaram cada vez melhores, como quando tempestade cessa, de repente.

Sendo liberta da escravidão. Chegando até esse belo dia onde era agora a esposa de Ginger.

— Agora, sele sua promessa com um beijo — o sacerdote disse.

Os dois viraram-se para ficar de frente um para o outro.

— Lorde Ginger… estou tão feliz — Sandria disse, radiante.

Ginger disse com um sorriso irônico: 

— Sou seu marido agora. Acho que você pode parar com o negócio de Lorde, sabe?

— Mas… Ginger… não, assim não dá. Só fica bem com o título.

— Bem, se é assim que você quer chamar, que seja.

— Você preferiria que eu fosse até o fim e o chamasse de Mestre? — ela perguntou — Você será o mestre da casa, então não parece muito inadequado, certo?

— Isso faz soar como se eu tivesse forçando você a fazer um tipo de atuação, então pare!

Sandria riu de quão seriamente Ginger estava implorando para ela.

Em resposta, Ginger deu um sorriso tímido para ela.

Os ex-excravagista e a escrava.

Ginger sempre estivera em uma posição superior, mas ele também sempre fora aquele sendo manipulado. Essa relação provavelmente não mudaria dali para frente.

Ginger levantou o véu sobre o rosto de Sandria. Eles olharam nos olhos um do outro de perto.

Ginger falou: 

— Mesmo agora, lembro-me dos seus olhos no tempo em que eu ainda era um mercador de escravos.

—Meus… olhos? 

Sandria olhou fixamente para ele. 

— Naquele tempo, você tinha um olhar de “é porque sou uma escrava” nos seus olhos, como se tivesse desistido completamente do futuro. Queria dar-lhe esperança.

— Esperança… para o futuro, você quer dizer? — Sandria perguntou.

— Sim — Ginger disse — Como estou indo? Consegue imaginar um futuro brilhante agora?

Sandria fechou os olhos e meditou por um momento. Abrindo os olhos, sorriu e disse: 

— Há uma casa grande com um quintal grande. Você e eu estamos vivendo lá. Temos dois filhos, um menino e uma menina. Talvez estejamos criando um animal de estimação grande também. Pode ser legal. Ouvi falar que cuidar de animais é bom para a educação das crianças também. Nessa casa, eu acordo cedo para fazer o café da manhã, faço as crianças acordarem-no quando você dorme demais e daí, depois de todos nós comermos o que eu fiz, damos as mãos em família e vamos para a escola juntos. Foi isso que eu imaginei.

A história de Sandria era eloquente. Ginger ficou surpreso com a quantidade de detalhes.

— I-Isso não é meio específico?

— Para mim, é o futuro mais feliz imaginável.

Na ponta dos pés, Sandria deu um beijo nos lábios de Ginger.

Ela já era capaz de imaginar um futuro brilhante.

Ginger aceitou os sentimentos dela feliz.

 

 

Ao mesmo tempo, em mais outra igreja Ludwin e Genia estavam no meio do beijo que selava seus votos em frente ao sacerdote.

Por causa da diferença de altura entre o alto Ludwin e a pequena Genia, ela ficou na ponta dos pés, e ele se inclinou para a frente o máximo que podia para o beijo.

Houve gritos estridentes das mulheres do público.

No meio delas, estavam as suas colegas de pesquisa, Merula a alto elfa e Taru a engenheira da República de Turgis.

— Parabéns, Genia e Sir Ludwin! — Merula chamou.

— Parabéns! — acrescentou Taru.

Elas parabenizaram o casal com aplausos altos.

A propósito, o guardião de Merula, o bispo Souji, estava realizando o casamento no castelo como um representante da Ortodoxia Lunariana. Porque Merula era uma mulher procurada, tendo sido declarada uma bruxa pelo Estado Papal Ortodoxo Lunariano, e não podia ser permitida aparecer na transmissão, ela não podia acompanhá-lo.

Bem, mesmo se ela tivesse ido, provavelmente teria colocado em primeiro lugar o casamento de Genia, sua colega de pesquisa.

Até Trill, que estava presente no casamento como representante do Império Gran Caos, dissera que viria assim que suas responsabilidades como embaixadora fossem concluidas.

Por causa das conexões entre todas as casas envolvidas nesse evento de vários casamentos simultâneos, muitas famílias tiveram que correr de um lado para o outro de uma cerimônia para outra. Embora estivesse causando alguma confusão, o humor festivo ao redor da capital estava tornando até esse caos em um tempo agradável.

No meio dessa atmosfera de celebração, Genia afastou o rosto dela do de Ludwin e deu uma risadinha.

— Eu sabia! Você realmente é grande, Irmãozão Luu. Dificulta beijar.

— Eu sou alto, claro. Mas acho que quão pequena você é tem algo a ver com isso também, sabe?

— Hum… parece que seria bom fazer algumas adições ao meu corpo para ser uma esposa adequada para você. Em termos de altura, e… se for de todo possível, peito. 

Genia riu sarcasticamente de seu físico desapontador.

Ludwin gentilmente pegou Genia nos braços. Genia gritou de surpresa ao ser carregada no colo de repente.

— Uwa?! Irmãozão Luu?! O que é isso de repente?

— Bem, só estava pensando que a diferença de altura facilita fazer coisas como essa.

Tendo dito isso, Ludwin piscou para o sacerdote estupefato.

O sacerdote voltou a seus sentidos e virou para os presentes para dizer:

 — Aqui, um novo marido e mulher nascem. Gostaria de pedir a todos que vão em frente à igreja e celebrem com eles quando saírem pela porta.

Parecia que Ludwin queria deixar a igreja com Genia em seus braços.

O sacerdote, percebendo isso, estava fazendo os presentes deixarem o prédio, embora não fosse o procedimento padrão, esperaria para cumprimentá-los fora. Ele era um sacerdote bastante flexível.

Uma vez que os presentes saíram em fila e apenas três deles permaneciam na igreja, Genia olhou para Ludwin com olhos que estavam, naturalmente, como resultado de sua posição nos braços dele, virados para cima, e perguntou: 

— Têm certeza que quer desconsiderar o protocolo assim?

— É você quem está sempre quebrando os padrões estabelecidos, certo, Genia? Só quero mostrar para todos quão fofa minha esposa é. Deixe-me de vez em quando me soltar também.

O rosto de Genia ficou todo vermelho. 

— Irmãozão Luu, você pode ser meio travesso às vezes, sabia disso?

— Foi você quem incitou. Aliás, eu vou continuar sendo chamado de Irmãozão agora que estamos casados?

— Você sempre será o Irmãozão Luu para mim. Não posso mudar o jeito que o chamo agora.

— Bem, justo. Ok… vamos lá, Genia.

Ludwin começou a andar com Genia em seus braços, e eles passaram pela porta da igreja juntos.

Uma vez que estavam do lado de fora, os presentes estavam de pé de cada lado do tapete, jogando trigo.

Quando Ludwin terminou de andar pelo meio deles, Genia jogou para trás o buquê que estava segurando.

Nesse mundo, também, havia uma superstição que a pessoa que pegasse o buquê seria a próxima noiva. O buquê viajou em um arco alto, em direção das mulheres que esperavam pegá-lo.

Antes que pudesse cair no chão, uma garota deu um pulo alto para pegá-lo.

— Desculpa! — ela gritou.

O buquê estava ainda a dez metros do chão quando foi apanhado.

No meio da multidão perplexa, a garota que pegou o buquê pousou e curvou-se com ar de desculpas para todas ao redor dela. Cada vez que curvava-se, suas orelhas de coelho balançavam.

— Desculpa, desculpa! O jovem mestre ordenou que eu pegasse!

— … O que você está fazendo, Leporina? — Taru soava irritada.

Foi Leporina que pegou o buquê.

Era para ela ter ido ao castelo com Kuu, mas parecia que ele ordenara-a a vir até ali só para fazer isso.

Com um olhar preocupado, Leporina deu o buquê para Taru. 

— Urgh… O jovem mestre disse “A próxima vez será nossa de qualquer jeito, então vamos pegá-lo para nós”. Ah! O jovem mestre virá aqui mais tarde também.

Parecia que Kuu também não podia sair de fininho de uma cerimônia onde era um dos convidados de honra.

Deve ter sido por isso que ele enviara Leporina para pegar o buquê. E ele aparentemente pretendia sair assim que a cerimônia real acabasse.

— Mestre Kuu, francamente… 

Taru aceitou o buquê, embora com um sorriso irônico.

Embora ela reclamasse, estava usando o buquê para esconder a boca, que parecia prestes a explodir num sorriso, então ela não estava inteiramente descontente.

Leporina estava sorrindo também.

Vendo essa interação entre as próximas a noivarem…

— É isso que chamam de “compartilhar a felicidade”? — Ludwin perguntou.

Genia sorriu. 

— Não tenho muita certeza se fomos nós que compartilhamos com eles, ou eles que compartilharam conosco, porém.

Ludwin e Genia ambos riram felizes.

 


 

Tradução: Enzo

Revisão: Merovíngio

 

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