Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 10 – Cap. 08 – Antes da cerimônia

 

— Dawoo.

— Aayee.

Vozes fofas de pequenas bocas.

— Ahh… Eles são tão fofos! — exclamei.

— Eles certamente são — Carla concordou.

Sorrimos enquanto observávamos os bebês se mexendo no seu berço.

Ambos Cian e Kazuha tinham cerca de quatro meses de idade, com os pescoços firmemente no lugar, eles podiam brincar de bruços também agora.

Talvez por serem gêmeos, era difícil diferenciá-los, mas em termos de personalidade, eles estavam se tornando pessoas bem diferentes.

Cian tendia a sonhar acordado e não costuma chorar.

Ele era um menino quieto que não causava confusão, mas ficava bastante travado quando apresentado a uma nova situação. Isso aparentemente era um sinal de timidez, e quando um rosto desconhecido vinha para perto dele, o seu enrijecia e desviava o olhar. Mesmo se tentassem dar a volta por sua frente, ele viraria a cabeça e desviaria o olhar novamente.

Quando seus olhos se abriram pela primeira vez, recusou-se a olhar para Aisha ou para mim por um tempo.

Não era mais o caso, mas os únicos para quem ele sorrira desde o início foram Liscia, Lady Elisha, e talvez Carla. Isso fez eu me sentir meio solitário, como pai.

Enquanto isso, Kazuha era cheia de energia, sempre sorrindo, e sempre chorando.

Não protestava quando alguém a segurava, e ficava chorando independentemente de quem cantasse uma canção de ninar para ela. Do momento em que fosse deitada, balançava os braços e pernas energicamente. Ela jamais se acalmava.

Por se mexer tanto, ela dava tapas acidentais em Cian, que estava a seu lado, então consideramos separar os dois por um tempo para que ele pudesse descansar um pouco, mas quando tentamos movê-la para outra cama, ela fez um escândalo.

Talvez por serem gêmeos, Kazuha sentia-se mais à vontade quando sua outra metade, Cian, estava perto.

Embora ainda desse tapas em Cian de vez em quando.

Aguente firme, irmão mais velho.

Enquanto olhava aqueles gêmeos adoráveis, sussurrei: 

— Francamente… Porque meus filhos são tão fofos?

— Mestre. você é um pai amoroso demais. Está repetindo-se. 

Carla soava irritada, mas fofos eles eram, então o que eu podia fazer?

Ah! Kazuha estava batendo palmas e sorrindo de novo.

Cian estava olhando Kazuha, e talvez tenha perdido o equilíbrio, porque ele caiu.

Ah, céus! Quão fofos eles eram?

Eu poderia assistir isso para sempre.

— Desculpe-me por interrompê-lo quando está tão feliz, mestre, mas você tem tempo a perder aqui? — perguntou Carla — Este é um dia importante para você, não é?

Isso me puxou de volta para a realidade, e eu soltei um suspiro.

…Bem, sim. As garotas demoram mais para se arrumarem, é claro, então elas já estão ficando prontas. Vou ter que buscá-las logo.

Tão logo eu disse isso, houve uma batida na porta.

Com um simples cumprimento, o Primeiro-Ministro Hakuya entrou. 

— Vossa Majestade. Já era hora de você começar a preparar-se.

— Eu sei. 

Eu dei de ombros irritado e então pus a mão no ombro de Carla 

— Ok, Carla. Conto com você para cuidar de Cian e Kazuha por um tempo.

— Sim senhor — Carla fez continência —, deixe comigo.

— Ayee! 

Kazuha imitou-a levantando as duas mãos acima da cabeça numa posição de banzai.

Essa foi uma resposta atrevida?

Enquanto isso, Cian me olhava sem expressão, como se dissesse “Você está indo a algum lugar?”

Se ele podia ficar tão relaxado num grande dia como este, seria grande quando crescesse…

Espera, não posso ficar agindo como um pai amoroso para sempre.

Bati na minha cabeça para entrar num novo estado de espírito, e então segui Hakuya para fora do quarto, deixando as crianças para trás.

“1º Dia, 4º Mês, 1.548º Ano, Calendário Continental”

Hoje, debaixo de céus azuis límpidos, realizaríamos a minha coroação como Rei de Friedônia, assim como meu casamento com Liscia e as outras.

Eu, que ficara chamando-me de rei atuante e provisório, iria formalmente ascender ao trono como rei, e também me tornaria o marido de Liscia e das outras.

Elas seriam, de hoje em diante, não minhas noivas, mas minhas rainhas primárias e secundárias.

Já éramos uma família, no entanto, então parecia meio tarde para tudo isso.

Para nós, nosso grande dia tornar-se-ia um festival do tipo que as pessoas deste país poderiam ver apenas uma vez em suas vidas. 

Havia uma quantidade de pessoas sem precedentes reunidas aqui em Parnam hoje para ver a coroação e casamento.

Quando as pessoas se reuniam, isso revigorava os comerciantes, e havia bancas e artistas de rua animando a cidade.

Dece, o guerreiro, e seu grupo estavam lá nessa cidade festiva também.

— Ufa, as coisas ficaram tão interessantes, que não tem comparação com nenhum festival comum — ele comentou com os membros do seu grupo.

— Bem, isso era de se esperar — Febral o sacerdote respondeu. — Se o novo rei está formalmente ascendendo ao trono e se casando, isso é algo que o país inteiro deve se reunir para celebrar. Para uma celebração na capital, isso não é exagerado.

Augus, o lutador, deu um gole da garrafa de vinho que comprara numa banca próxima e riu ruidosamente. 

— Não vamos nos preocupar com os detalhes. Somos aventureiros, viajando de país a país. Não importa o que o país está celebrando contanto que haja boa comida e boa bebida, não é?

— Este país certamente tem boa comida — Julia, a beldade quieta, disse — A ordem pública é boa também, então realmente nos acomodamos.

Febral deu de ombros em resposta.

Augus chamou Juno, a ladra, que estava andando à frente do grupo, com um espeto de carne em uma das mãos:

— Ei, Juno! Você concorda, certo?

— Hum? Eu? 

 Juno pôs uma mão na cintura e estufou o magro peito. 

— Estou celebrando a coroação e o casamento do rei, como eu devia.

— Hã? Por quê? — Augus perguntou.

— Como assim, “por quê”? E o que te importa? Posso celebrar por quem eu quiser.

Juno desviou o olhar irritada.

Seus camaradas não sabiam que quem controlava Sr. Musashibo era o rei deste país. Eles não sabiam que Juno estivera encontrando com aquele rei e suas rainhas em festas de chá noturno de tarde, também.

Ele acaba de derrotar monstros no Norte, e assim que voltar, tem uma cerimônia de coroação? Ele deve estar ocupado. 

Ignorando seus camaradas perplexos, Juno levantou seu espeto em direção ao céu azul. Parabéns, senhor… não, Sua Majestade! Virei brincar de novo em breve, então não vá me tratar mal só porque está casado agora!

Enquanto ela pensava isso, uma salva de tiros de canhão foi disparada, e os pássaros levantaram voo.

— Parece que as coisas realmente ficaram animadas — comentei.

Olhando a cidade do castelo de cima de um certo quarto no Castelo de Parnam, era possível dizer que a cidade estava lotada mesmo dessa distância.

Não, mas de verdade, os últimos poucos dias foram bem movimentados.

Os preparativos para definir o lugar e posicionar o pessoal deram muito trabalho.

Isso era porque, graças ao plano de Roroa de ter casamentos pela cidade inteira, os servos chave que poderíamos normalmente ter usado estavam indisponíveis porque preparavam seus próprios casamentos.

Os membros chave que se casariam no mesmo dia que nós eram Ludwin, o comandante da Guarda Real, com Genia a ultra-cientista; Halbert, o comandante das Dracotropas, com a Oficial de Estado-Maior Kaede e Ruby a dragão vermelha; Ginger, o diretor da Escola Vocacional de Ginger, com sua secretária-criada Sandria e Poncho, o Ministro da Agricultura e Silvicultura, com a Criada Chefe Serina e Komain, anterior segunda em comando do grupo de refugiados. Todos eles eram rostos que representavam este país.

Em particular, a inabilidade de usar Ludwin, que fora encarregado da segurança da capital como comandante do Exército Proibido, e Serina, que estava encarregada de administrar as criadas do castelo, deixou um grande buraco.

Tinha levado muito esforço só para estabelecer a linha de comando para o dia do evento.

Tínhamos conseguido que vários membros veteranos enviassem pessoal hábil para ajudar: Excel, comandante em chefe da Força de Defesa Nacional; Owen, o general aposentado e Herman.

O Primeiro-Ministro Hakuya, que era popular com as mulheres, mas permanecia solteiro, daria direções no dia do evento, mas tudo seria desordem até lá.

Eu ingenuamente pensara que organizar os dois eventos simultaneamente cortaria custos, mas teria que pensar sobre as coisas um pouco mais cautelosamente no futuro.

— Pois bem…

Tendo terminado de me trocar com a ajuda das criadas, estava de pé em frente a um espelho de corpo inteiro.

— Hahaha… Parecendo bem branco hoje, hã? — disse sem motivo enquanto me olhava no espelho.

O design da roupa em si era extravagante, fazendo uso de bordados de fio de ouro. Tirando o fraque, não era muito diferente do meu uniforme militar preto costumeiro, mas no todo, era bem branco.

Durante a cerimônia, eu usaria uma capa, como o antigo rei Sir Albert, por cima de tudo.

Quando vi quão majestoso eu parecia, isso fez minhas bochechas contraírem só um pouquinho.

— Ha ha ha… Se eu me visto com tanto branco, isso esconde meu coração negro — murmurei.

— Ei, Isso não é verdade! — Tomoe protestou. — Você está muito legal, Irmãozão.

— Sério? Acho que a roupa o subjuga, sabe? — Yuriga devolveu.

…Recebi dois comentários que eram diretamente opostos.

— Parece muito que está sendo forçado a usá-la — Yuriga continuou —, ele não está à altura dela.

— Murgh, Isso não é verdade! O Irmãozão está ótimo nessas roupas.

— Meu irmão Fuuga ficaria mais elegante.

Ichiha também estava no quarto, tentando fazê-las se acalmarem e pararem de discutir.

— Ei, ei, vocês não deveriam brigar num dia feliz como hoje.

— HUMF. 

Tomoe e Yuriga ambas desviaram o olhar irritadas.

Minha nossa. As três crianças estavam fazendo suas travessuras hoje também, hein?

Os três estavam muito bem vestidos, no entanto.

Isso era porque Tomoe compareceria à cerimônia como minha irmãzinha, enquanto Yuriga e Ichiha estariam lá como convidados de Malmkhitan e do Ducado de Chima, respectivamente.

No caso de Yuriga e Ichiha em particular, eles estavam agindo como enviados de Fuuga e o Duque de Chima, respectivamente, e iriam dizer cada um algumas palavras de parabenização durante a cerimônia de coroação.

— Urgh… Tenho que falar em frente a um grande número de pessoas, não tenho? — Ichiha, o mais novo dos três, disse nervoso — Estou ficando todo tenso.

Ele tremia só de pensar.

Tomoe pegou a mão de Ichiha e escreveu o kanji de “humano” na palma da mão dele.

— Escute, Ichiha. O Irmãozão me disse antes que, em horas como essas, você escreve o caractere de ” humano” na sua palma assim e então finge que vai comê-lo, ok?

— Humano? É assim que você lê isso?

— É lido desse jeito no mundo do Irmãozão.

Yuriga, que estava ao lado ouvindo, franziu a testa.

— Você quer dizer humano no sentido de humanidade? Ou no sentido da raça humana? Celestiais como eu seriam incluídos nos “humanos” que vocês estão escrevendo e comendo?

Ela realmente estava focando nos detalhes ali. Era apenas um feitiço para acalmar, então não acho que tinha qualquer necessidade de pensar tão profundamente a respeito disso.

Com um sorriso, Tomoe disse: 

— Oh? Será que você está ficando tensa, Yuriga?

— Nwah?! 

O rosto de Yuriga ficou vermelho e ela beliscou as bochechas de Tomoe. 

— Porque você é uma pirralha tão atrevida?!

— Se você está irritada, ‘isho’ significa que estou certa?

— Cala a boca, cala a boca!

— Para você está ‘eshticando-as’.

— Ahm, Yuriga, não era hora de você soltar? — Ichiha perguntou nervoso — Tomoe, você também. Não provoque Yuriga tanto assim.

Essas três crianças certamente faziam uma confusão. Eles eram realmente agitados.

Espera. O povo de Yuriga era chamado de celestiais? Senti como se tivesse perdido isso até agora, então me surpreendi.

Então houve uma batida na porta, e uma criada entrou, curvando-se.

— Sua Majestade, a princesa e as outras estão preparadas, pode vir.

Já era hora, hã?

Eu disse às três crianças: 

— Bem, vocês três. Conto com vocês na cerimônia.

— Sim, Irmãozão!

— Conte comigo. Eu cuido disso.

— F-farei o meu melhor.

Tendo ouvido as três respostas deles, fui ver Liscia e as outras.

 

Liscia e as outras estavam sendo vestidas no grande salão do castelo numa área dividida por telas.

Porque isso tinha se tornado um grande evento, estávamos perpetuamente com pouco pessoal, e isso permitiu que as criadas e a equipe de maquiagem e vestuário fossem e voltassem de uma à outra.

Quando dei uma espiada dentro, estava tão cheia de coisas que me lembrou dos bastidores num evento do clube de teatro, mas se elas tinham terminado de se preparar, a sala provavelmente havia sido liberada um pouco.

Antes de dirigir-me ao grande salão onde Liscia e as outras estavam esperando, fui em direção a outro quarto perto.

Bati na porta e então entrei. Nessa sala havia várias pessoas sentadas em volta de uma longa mesa conversando: os pais de Liscia, o ex-rei Sir Albert e a ex-rainha Lady Elisha; o pai de Aisha, Sir Wodan; o avô de Roroa, o velho general Herman; e finalmente a avó de Juna, Excel.

Basicamente, aqui era onde as famílias das noivas estavam reunidas.

Em uma ponta da mesa, do lado de Excel, um homem e mulher de cabelos azuis estavam sentados parecendo bem pequenos.

Esses eram os pais de Juna. Pelo que eu ouvi falar, eles eram comerciantes que operavam o principal café de cantoras Lorelei lá na Cidade Lagoon. Eu iria casar-me com a filha deles, Juna, então precisaram ser convidados por via de regra, mas mesmo que eles fossem relacionados a Excel, estar num quarto com o ex-casal real, generais e nobres devia ser difícil para eles.

Talvez eu tenha que mostrar mais consideração aqui.

Enquanto pensava nisso…

Sir Albert me notou. Ele levantou-se e abriu os braços, então deu um tapinha nos bíceps superiores. 

— Ah, meu genro! Você parece tão másculo que eu mal o reconheci.

Os outros levantaram-se também, me olhando com rostos tranquilos.

Abaixei a minha cabeça profundamente para eles. 

— Pais, mães e família. Obrigado por terem vindo hoje.

— Não, não — Wodan balançou a cabeça.

— Eu estou muito feliz de ter vivido para ver esse dia maravilhoso. Quando vi Aisha de vestido mais cedo, ela me lembrou de sua falecida mãe. O motivo pelo qual aquela glutona bruta ficou tão linda deve ter sido conhecer você. Isso a fez querer ser mais feminina. Queria que minha esposa pudesse ter visto — ele finalizou triste.

Parece que a mãe de Aisha morrera numa pandemia quando ela ainda era pequena. Mesmo as raças de vida longa podiam se envolver em acidentes, e morrer de doenças sérias. Se não fossem cuidadosos, era inteiramente possível que vivessem vidas mais curtas que humanos.

Tomando cuidado para lembrar disso, pensei sobre as pessoas que não pude convidar aqui.

– É… Queria que a vovó e o vovô pudessem ver também — eu disse — Gostaria que eles vissem a forma como eu “fiz uma família”, como o vovô me disse naquele dia.

— He he — Excel riu com uma expressão relaxada — Tenho certeza de que eles estão observando-o juntos. Os mortos vivem nas memórias dos vivos, afinal. Você consegue facilmente imaginar essas pessoas preciosas nas suas memórias observando-o, certo?

Essas palavras devem ter vindo do fato de ela ter vivido quinhentos anos, experienciando muitos encontros e despedidas.

Era verdade. Se eu imaginasse o que o vovô pensaria se pudesse me ver agora… Podia vê-lo sorrindo.

Sir Wodan tinha o mesmo tipo de sorriso. 

— Sim. Acho que minha esposa está feliz.

— Me pergunto que rostos minha família faria — Herman balbuciou, com braços cruzados.

Se era a família de Roroa, isso significava Julius… e Gaius VIII.

Julius era uma coisa; tínhamos lutado juntos no Reino de Lastania. Mas lembrando o rosto demoníaco de Gaius, tremi. Lutamos até a morte numa guerra, então ele devia ter me odiado.

De repente, comecei a suar frio. 

— Aposto que ele está me olhando com raiva a partir de agora.

Herman soltou uma risadinha. 

— Heh, bem, você vai ficar bem. Contanto que a minha garotinha esteja com ele do outro lado, isto é.

— Sua garotinha… Você quer dizer a mãe de Roroa? — perguntei.

A mãe de Roroa tinha falecido quando ela ainda era pequena.

— A mãe dela era muito como ela: animada, alegre e enérgica. Se Sir Gaius tivesse mantido aquele rosto amargo durante o dia do casamento da filha, ela teria dado um tapa na cabeça dele. Você é quem salvou Sir Julius da crise dele também, afinal.

Tentei imaginar a cena de uma mãe que se parecia com Roroa dando um tapa na cabeça de Gaius.

— A ideia de que Gaius foi batido assim… não consigo ver — admiti. 

— Só posso dizer isso agora, e você talvez não acredite, mas Sir Gaius não foi sempre tão teimoso. 

Herman estreitou os olhos, como se pensasse em memórias queridas. 

— Ele herdou um rancor contra o reino, mas quando minha filha estava lá, isso nunca era tudo o que existia para ele. A personalidade da minha filha alegrava o castelo e apoiava Sir Gaius. Mas quando ela faleceu, Sir Gaius só tinha vingança. Me recordando agora, só mostra quão importante ela era para ele.

Fiquei em silêncio.

Ele perdera a mulher que amava e só lhe restava a vingança… hã. Ouvir isso realmente mudou minha impressão de Gaius.

— A razão pela qual se dava tão mal com Roroa era porque ele não podia aguentar vê-la se tornando mais como a mãe dela a cada dia. É o que penso, atualmente. 

Herman riu de uma maneira modesta. 

— Ha ha… mas me perdoe. Eu não deveria estar dizendo isso em frente a pessoas do reino.

— Não… Obrigado por me dizer. Eu balancei a cabeça. 

Diferentemente do barulhento Owen, Herman era sempre muito quieto. Se ele estava falando tão apaixonadamente sobre isso, devia haver algo nisso que ele sentia que devia transmitir a mim.

— Roroa jamais falaria sobre esse tipo de coisa — continuei.

— Ela puxou isso da mãe — Herman me contou. — Você pensaria que ela seria boa em deixar as pessoas a mimarem, mas a verdade é que é teimosa e indisposta a mostrar fraqueza.

— Você tem razão…

— Estou deixando você, o homem tomando-a como esposa, saber sobre Sir Gaius, porque espero que aprenda uma lição com ele. 

Herman me olhou bem nos olhos. 

— Quando você se casar com minha neta, também se tornará rei. Como rei, estou certo de que colocará o país em primeiro lugar. Porque acredita que vai proteger suas esposas e os filhos que aos quais elas darão à luz. Porque valoriza a “família”, você a colocará em segundo ou terceiro lugar, para o próprio bem dela.

Eu não tinha palavras. Esse era exatamente o tipo de problema em que poderia cair.

— Quando isso acontecer, quero que se lembre de Sir Gaius — Herman disse — Enquanto os puser em segundo ou terceiro lugar, antes que note, essa família pode ter sumido. Tudo que restará é um país sem aqueles importantes para você. Poderia permanecer um bom rei assim?

— …Não tenho confiança de que poderia. 

Se eu fosse honesto, não acho que era possível. Mas em minha posição, eu não podia sair e dizer isso. Se um rei mostrasse fraqueza, o povo ficaria apreensivo, e deixaria de segui-lo.

Herman assentiu 

— Não posso culpá-lo por isso. Então, quero que olhe para sua família como olha para seu reino e proteja-a como o protegeria. Se o rei constrói uma família pacífica, isso é bom para esta nação também.

— Sim. Obrigado pela lição.

Construir uma família uma família pacífica é pelo bem da nação. Permita-me gravar esse sentimento em meu coração.

Curvei a cabeça para Herman, comunicando meus cumprimentos pelo ex-casal principesco de Amidônia.

Então Herman curvou-se para mim. 

— Falei por muito tempo, mas no fim, há só uma coisa que eu queria dizer. Por favor, faça a minha neta feliz. Isso é tudo. Para que, quando eu tiver partido… aquela garota possa continuar tão animada e alegre quanto está agora.

— Sim, cuidarei disso, vovô.

Os outros pais observaram essa interação entre mim e Herman com olhos gentis.

Exceto por dois pares de olhos, que pareciam ter congelado de tensão. Nem é preciso dizer que eles pertenciam aos pais de Juna.

Andei até eles e me curvei com um sorriso irônico. 

— Sinto muito. Coloquei-os em uma situação estranha.

— Ah! Não… estamos bem cientes de quão fora do lugar estamos aqui — o pai de Juna disse apressadamente, dando uma olhada pelo quarto.

Deve ter sido difícil relaxar com figuras importantes do reino inteiro, incluindo o antigo casal real, aqui.

Esse homem era o filho de Excel, um sujeito bonito de meia idade com cabelo azul.

A raça dele era humana, então parecia mais velho que Excel, mas devia ter sido bem bonitão na sua juventude. Ao lado dele, a mãe de Juna era tão bonita quanto você esperaria que uma descendente de loreleis fosse.

Mesmo assim, esses dois pareciam relativamente simples comparados a sua companhia atual.

— Porque eu quis casar-me com as rainhas primárias e secundárias ao mesmo tempo, fiz vocês dois passarem por muitos apertos — eu disse. 

— Ah, não. Juna parece feliz, e isso é bom o suficiente para nós — o pai dela disse rapidamente.

— Isso mesmo — concordou a mãe dela — Por favor cuide dela, até que a morte os separe.

Essas eram bençãos comuns de pessoas comuns. Elas me deixaram mais feliz que qualquer coisa.

Os pais de Juna era pessoas maravilhosas. Embora ela se parecesse com Excel, sua boa natureza e gentileza devia ter sido influência deles.

Seu pai, em particular, era um homem tão decente que eu não pude acreditar que era filho de Excel.

— …Você está pensando em algo desagradável de novo, não está? — Excel exigiu suspeitando.

— Não, de modo algum…

Excel estreitou os olhos para mim, e eu desviei o olhar.

É claro que uma veterana como Excel seria perspicaz.

Então, Lady Elisha, que estivera observando nossa interação, de repente gargalhou.

— He he he! Ora, ora, genro. Não passe o tempo inteiro conosco; vá ficar com Liscia e as outras. Tenho certeza que estão esperando-o ansiosamente.

Ah! Era verdade.

— Sim, sogra. Bem, todos vocês. Vejo vocês mais tarde.

Curvei-me para os pais e família uma última vez e então deixei o quarto.

 

O grande salão onde Liscia e o resto estavam esperando era bem do lado da sala de espera onde as famílias delas estavam.

Havia guardas de pé de ambos os lados das grandes portas e eles bateram continência para mim quando me aproximei.

Fiquei em frente a essas portas, peguei na maçaneta e… então congelei.

Do outro lado da porta, estavam Liscia e as outras de roupas de noiva. No momento que pensei nisso, meu corpo se recusou a mexer. Se eu abrisse essa porta, nossa relação mudaria. De noivos a casados, de regente a rei, de candidata a rainha.

A verdade era que eu sentia que Liscia, que se tornara mãe, já havia mudado. Tendo ganho Cian e Kazuha, que eram mais importantes que sua própria vida, ela estava ainda mais estável que antes, e não seria abalada facilmente.

Mas e quanto a mim? Cian e Kazuha também eram mais importantes que a minha vida. Mas se me perguntasse se eu tinha mudado, eu não tinha tanta certeza.

Em meu antigo mundo, eu ouvira falar que os valores de mulheres mudavam quando davam à luz, mas homens jamais deixavam de ser crianças.

Era possível que eu crescesse de uma forma que fosse equivalente à forma como Liscia e as outras sem dúvida cresceriam?

Quando pensei isso, hesitei em abrir a porta.

Olhando para mim de pé sem me mexer, como se o tempo tivesse parado, o guarda mais novo apressadamente falou comigo:

— Ahn, Vossa Majestade? Aconteceu alguma…

— Shh. Se toca — O guarda de meia idade do outro lado pôs um dedo nos lábios e silenciou o mais jovem.

Então, com um olhar sábio, o guarda de meia idade assentiu para mim.

Porque, no período caótico depois que assumi o trono pela primeira vez, eu falara com todos no castelo para usá-lo o máximo que podia, e tinha ficado comendo com os guardas e as criadas no refeitório, alguns deles facilmente puxariam conversa comigo. Essa tendência era especialmente forte com os guardas de meia-idade e as criadas velhinhas.

Eles eram educados, é claro, e não o fariam quando alguém que gostava de falar sobre a dignidade da minha posição estava por perto. Mas esse homem era um desses guardas de meia-idade.

— Você deve estar meio inquieto, certo? — o guarda de meia-idade perguntou 

— Eu consigo entender. Esse é um caminho pelo qual todo homem que decide ter uma família passa, afinal.

— É assim que funciona? — perguntei.

— Sim. Passei por isso quando casei com minha esposa. Apesar de que, dito isso, você já se preparou para isso faz tempo, certo, senhor? A única coisa parando-o agora é sentimentalismo.

— Sentimentalismo…?

Sentimentalismo. Ser sentimental. Ele tinha razão. 

Era desnecessário dizer que a minha relação com Liscia e cada uma das outras mudaria ao longo do tempo. Não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso, e eu havia aceitado isso fazia tempo.

Eu só podia dizer que a razão pela qual hesitava em avançar era que eu estava preso em sentimentalismo. Era uma perda de tempo pensar a respeito, você poderia dizer.

Como um sorriso amarelo, pus minha mão no ombro do guarda de meia-idade. 

— Você tem jeito com as palavras. Não é como se ficar indeciso agora fosse mudar alguma coisa.

— Sim. Além disso, se você enrolar por tanto tempo, suas lindas esposas vão ficar irritadas, sabe? 

Ele sorriu. 

Assim que ele disse isso, houve um grito de trás da porta.

— Souma! Você está aí, não está?! Vai logo, decida-se e entre aqui!

— S-Sim!

Ergui-me rígido como uma tábua com o som da voz de Liscia e então apressadamente abri a porta e entrei. Os guardas imediatamente fecharam as portas às minhas costas.

O vislumbre que tive do guarda de meia-idade logo antes das portas se fecharem completamente, com um olhar no seu rosto como, elas vão estimulá-lo rapidinho, me irritou.

Mas quando me virei…

A imagem de Liscia, Aisha, Juna, Roroa e Naden, todas com vestidos de noiva, me atingiu com um choque tão forte que chacoalhou meu cérebro.

Primeiro, tinha a Liscia. Ela estava com o cabelo para baixo hoje. Usava um longo e puro vestido cuja cor principal era o branco, mas um forro rosa aparecia ligeiramente da bainha. A faixa na cintura dela era da mesma cor que seu uniforme militar, dando uma beleza dignificada que era tanto bela quanto fiel a quem ela era como pessoa. Parecia adequada para representar todas as rainhas.

O vestido puro branco de Aisha tinha um grande contraste com sua pele marrom. Os laços em sua cabeça também eram brancos, e isso refletia a sua inocência. Eu tinha uma forte impressão de Aisha como guerreira, mas ela tinha uma boa figura, e estava muito atraente para mim como mulher hoje.

Por cima do seu vestido branco, Juna usava um ramalhete azul e faixa que tinham a mesma cor de seu lindo cabelo. O vestido tinha um leve matiz azul também, refletindo sua nobreza, que era como a lua refletida na água, e sua gentileza envolvente.

O vestido de Roroa também tinha como base a cor branca, mas a bainha e a faixa brilhavam com um leve amarelo-limão para combinar com sua alegria e juventude. O vestido exalava o mesmo charme e alegria que ela mesma, e embora tivesse uma saia longa, parecia que ia correr por aí com ela a qualquer momento.

O vestido de Naden era um pouco mais curto comparado com os outros. Ela era a única com uma cauda, então isso provavelmente fora uma decisão para que não parecesse estranha. A parte da frente chegava aos joelhos, mas eu pensei que era uma adorável representação da flexibilidade e espíritos livres dela.

Cinco mulheres diferentes, cinco vestidos diferentes. Todos eles lindos, todos eles adequados à pessoa vestindo-os.

Elas pareciam tão brilhantes em suas roupas de casamento que eu só olhei fixamente, em transe, por um tempo.

Enquanto estava ali parado de pé sem palavras, Liscia perguntou timidamente: 

— Você não vai dizer nada?

— C-Certo… Vocês estão lindas. Todas vocês. Me deixaram sem palavras.

Eu gaguejava por algum motivo, mas todas sorriram.

— E-eu também? — Aisha perguntou — Sou mais alta que todas as outras, mas ainda assim tudo bem?

— He he he, ah, Aisha — Juna deu uma risadinha — Você é magra, mas formosa. Eu acho você bem bonita.

— Formosa… Não sei muito bem como me sentir com a Irmãzona falando sobre isso — Roroa queixou-se. — E você, Nadie?

— Eu queria ter seios. Desesperadamente.

— Não façam bico num dia tão feliz — Liscia tentou acalmá-las. — Aliás, acho que as duas estão adoráveis e maravilhosas com seus vestidos.

 Eu concordava totalmente com ela.

Roroa e Naden estavam ainda mais belas do que o normal hoje, mas de uma forma pura, parecendo princesas de verdade.

É claro, Aisha e Juna, com sua sensualidade feminina estavam maravilhosas também, e Liscia, que tinha as melhores partes de ambos os lados, era maravilhosa em sua graça.

— Hahh… — Olhando para essas cinco senhoritas adoráveis, soltei um suspiro.

— O que houve, Sua Majestade? Eu fiz algo que o ofendeu? — Juna perguntou com preocupação.

— Poderia não suspirar na nossa frente? — Naden falou com rispidez num tom espinhoso.

Rapidamente balancei minha cabeça. Obviamente não tinha nada de errado com elas, e eu não tinha como ficar insatisfeito.

— É só que… Eu tenho noivas tão lindas, então quando penso que não podemos ter um casamento normal… Bem, eu fico bem desapontado.

— Ah, eu fui e planejei essa coisa toda, e até eu acho isso um pouco — Roroa concordou comigo.

Os casamentos neste mundo não eram significativamente diferentes dos casamentos estilo-ocidental na Terra.

Numa igreja, o noivo e noiva juravam seu amor diante de um padre ou pastor.

Esse era o tipo de cerimônia que Ludwin e Hal provavelmente teriam.

O tipo de casamento onde, embora a cerimônia tivesse o sentido de juntar duas famílias, era um tempo doce em que as noivas e noivos só tinham olhos uns para os outros.

Porém, nossa cerimônia de casamento era diferente.

Seria amplamente classificada como um casamento, mas como o casamento de um rei, não poderia ser devotada apenas às noivas e ao noivo. O principal objetivo era apresentar as rainhas para o povo e deixar claro o ranking entre elas.

A coroação e o casamento seriam, é claro, transmitidos pela Transmissão de Voz da Joia, e todas as pessoas do país poderiam vê-las.

Nosso povo não seria o único assistindo a cerimônia, também.

Ela seria transmitida pelas joias que usávamos para conferências com o Império Gran Caos e a República de Turgis, então a Imperatriz Maria e Sir Gouran, o chefe da república, estariam assistindo também.

Numa cerimônia de casamento assistida por tantas pessoas dentro de fora do país, nós precisaríamos ficar em alerta constantemente, e não teria espaço para que as noivas e o noivo aproveitassem o tempo sozinhos.

— Pode ser desapontador, de fato. 

Aisha cruzou os braços e parecia valente, apesar de estar num vestido de casamento.

Juna pôs um dedo nos lábios e fez “Hmmm?” inquisitiva. 

— Mas é o sonho de qualquer garota ter um casamento grande e chamativo num lugar como o castelo, não é? Somos nós que devemos ser invejadas, certamente.

— Ahaha! Esse tipo de inveja é bem comum, certo? — Naden sorriu com nostalgia.

Ela devia estar se lembrando do seu tempo da Cordilheira do Dragão Estelar. Naden tivera um complexo a respeito de Ruby, que era um dragão normal, enquanto Ruby sentira inveja de Naden, que era um ryuu incomum.

Dizem que a grama do vizinho é sempre mais verde.

Roroa sorriu maliciosamente. 

— Hum. Então, o que você está dizendo é que, se vendermos pacotes de casamento no castelo, teremos lucro. Mesmo que esteja fora do alcance da plebe, os nobres pagariam bastante dinheiro para… Ai!

Liscia retrucou com um leve golpe de corte na cabeça. 

— Roroa, não ligue tudo a fazer dinheiro.

Roroa riu: 

— Nyahah!

— Francamente — Liscia disse, colocando as mãos na cintura, mas ela parecia mais gentil do que irritada. — Não importa a forma que assuma, contanto que estejamos felizes, não é bom o suficiente?

Todos nós balançamos a cabeça concordando.

—  É. Agora mesmo, estou feliz — eu disse.

— He he, então vamos ouvir uma palavra sua, como chefe da família — Liscia disse provocando.

Cocei minha bochecha. 

— Chefe da casa…? Que casa é essa, afinal?

O fato era que, mesmo que casássemos, não teríamos apenas um único sobrenome.

Isso era porque o sobrenome da mãe mudava baseado na posição na qual seus filhos estariam.

Eu estava herdando os nomes tanto da Casa de Elfrieden quanto da Casa de Amidônia, então me tornaria “Souma A. Elfrieden”.

Liscia e Roroa passariam seus nomes para seus filhos, então elas permaneceriam como “Liscia Elfrieden” e “Roroa Amidônia”

Porque ela estava se tornando uma rainha primária com direito de sucessão, talvez teria sido melhor Roroa assumir o nome Elfrieden, mas estávamos mantendo uma separação clara para agitar o menos possível o povo de ambos os países.

Os filhos de Liscia, Cian e Kazuha, levavam o nome Elfrieden.

Se os dois países continuassem conciliados, poderia ser possível estabelecer uma Casa de Friedônia no futuro, mas isso dependeria de como as coisas fossem daqui para frente.

A segunda rainha primária, Aisha, tornar-se-ia “Aisha U. (Udgard) Elfrieden”.

O nome Udgard estava sendo mantido para promover a harmonia com os elfos negros, que tinham apenas acabado de começar a fazer contato com o mundo exterior.

Quanto a Juna e Naden, cujos filhos não teriam direito de sucessão algum, depois de discutirmos, decidimos que elas iam assumir o sobrenome “Souma” e tornarem-se “Juna Souma” e “Naden Delal Souma”.

Naden não tinha sobrenome.

Delal era parte do nome dela, assim como era com seu amigo, Pai Long. Por causa disso, ela precisava de um novo sobrenome, então decidi que ela usasse meu sobrenome, Souma.

Ele tornara-se meu nome próprio agora, mas Souma originalmente era meu sobrenome.

Depois disso, Juna pedira para usar o nome Souma também.

Porque os filhos das rainhas secundárias costumavam herdar a família da mãe, muitos deles mantinham os sobrenomes originais, mas o pai de Juna, o homem que parecia gentil demais para ser filho de Excel, me dissera: “Não quero reclamar laços excessivos à família real!” e “O nome da minha mãe já faz eu me destacar demais. Só de pensar em mais um pouco disso faz meu estômago doer.”

No fim, Juna estava assumindo o recém-estabelecido sobrenome Souma, e se eles quisessem que os filhos herdassem a Casa de Doma, eles teriam que ser adotados por ela depois.

Dado isso tudo, nossos nomes eram todos diferentes, então do que deveríamos chamar nossa casa quando estivéssemos todos juntos?

Enquanto pensava sobre isso, Liscia deu de ombros. 

— É um nome que vamos usar entre nós, então porque não a família Souma? É o sobrenome de nosso marido, afinal.

Liscia disse isso com um sorriso, e ninguém se opôs, então estava decidido.

Bem, então continuando…

— Ahm… Me pediram para dizer algo, mas não sei o que dizer, assim de repente… — comecei. 

— Porque você não tenta dizer o que der na telha, querido?

— …Ok. Bom, então… Hoje, neste dia, nos tornaremos uma família. Espero que continuemos apoiando uns aos outros, como fizemos antes, ainda mais no futuro. Vamos rir, chorar, algumas vezes brigar, enquanto passamos tempo juntos.

Abracei Aisha e Naden primeiro.

— Aisha. Vou viver quanto tempo conseguir, então quero que você viva comigo.

— Sim.

Aisha acenou com a cabeça firmemente

— Vamos viver juntos por quanto pudermos.

— Naden, você também. Pode ser apenas por um tempo curto na sua longa vida, mas me dê seu tempo.

— Humf — ela bufou — É meio cedo para tornar isso uma memória. Agora é quando começaremos a fazer memórias, não quando recordaremos elas.

Soltei as duas e então abracei Roroa e Juna em seguida.

— Vamos construir um lar onde os sorrisos não acabam, Roroa.

— Mesmo quando chorarmos, estarei sorrindo!

— Não importa qual crítica eu receba do povo por isso… Juna, vou fazê-la minha.

— Sim, para sempre — ela sorriu.

Então, finalmente, abracei Liscia.

— Dois anos atrás, eu estava dizendo que ia jogar fora a coroa, e desfazer nosso noivado também.

— Dois anos atrás, eu invadi o quarto do meu pai, irritada que ele me prometera sem me consultar.

— Não vou mais soltar — disse a ela — Nem você, nem o reino onde Cian e Kazuha vivem.

— Eu também não vou deixá-lo ir. Nem embora deste mundo, nem para longe de mim.

Enquanto sentiamos o calor um do outro assim, houve uma batida na porta.

Parecia que o tempo tinha parado.

Eu soltei Liscia. Então, olhando cada uma delas, eu disse: 

— Tudo bem… vamos, pessoal.

— OKAY!

Nos tornaríamos o rei e as rainhas deste país.