Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Pról. – Os Falcões e Lobos das Planícies ao Norte

 

O Domínio do Lorde Demônio se espalha pelo norte do continente de Landia.

Esta era a terra que a humanidade havia perdido quando, de repente, uma enorme quantidade de monstros apareceu. Agora, as criaturas vagavam livremente por ela, e havia rumores de que demônios e o Lorde Demônio se escondiam profundamente lá dentro. No entanto, tais boatos não passavam de suposições, e seria justo dizer que a situação real dentro dela naquele momento era completamente desconhecida.

Mesmo que seja conhecido como o Domínio do Lorde Demônio, não havia uma fronteira bem definida.

Após a miserável derrota das forças combinadas da humanidade lideradas pelo Império Gran Caos, toda a área onde as pessoas haviam abandonado seus lares por não conseguirem repelir os monstros invasores passou a ser chamada de Domínio do Lorde Demônio.

Atualmente, devido à expansão inicial e rápida do Domínio,  a concentração de monstros agora estava dispersa o suficiente para que os diversos países pudessem lidar com eles, e assim a expansão havia se estabilizado.

Para os países que faziam fronteira com o Domínio, lutar com monstros era uma tarefa diária.

Apesar da expansão estar agora suprimida, as batalhas entre humanos e monstros ao norte eram travadas quase todos os dias.

Havia momentos em que as criaturas atacavam sozinhas, e havia momentos em que grupos de cerca de dez delas atacavam ao mesmo tempo.

Em raras ocasiões, enxames de mais de cem monstros atacavam, e nesses casos, uma única nação pequena da União das Nações Orientais não seria capaz de lidar sozinha e teria que coordenar-se com países vizinhos para enfrentar a situação.

Em um destes países que faz fronteira com o Domínio, o pequeno Reino de Lastania, que pertencia à União das Nações Orientais, travava uma batalha perto dela.

Isso não acontecia com frequência nos últimos anos, mas cerca de vinte monstros acabavam de aparecer perto do Reino de Lastania. Eles não eram todos do mesmo tipo, pertencendo a diferentes raças. Variavam de ogros e goblins zumbificados e em decomposição a criaturas bizarras que desafiavam qualquer explicação, como uma serpente alada e uma pantera-negra de duas cabeças.

O que os monstros tinham em comum era o brilho nos olhos famintos com os quais encaravam sua presa.

O Reino de Lastania, com sua população de vinte mil habitantes, possuía apenas cerca de quinhentos soldados treinados, e apenas cem deles poderiam ser mobilizados imediatamente, portanto, não era um número fácil de lidar de forma alguma. Se fosse necessário, o próprio povo teria que empunhar armas. No momento, ainda não se mostrou necessário.

— Defendam! Defendam! — Um soldado gritou.

— Em formação! Se deixarmos qualquer lacuna entre nós, eles vão entrar!

No campo de batalha, soldados estavam contendo um feroz ataque de goblins zumbis.

As criaturas descartaram qualquer tipo de tática em favor de apenas avançarem. Eles os mantinham afastados usando escudos e cravando lanças através dos espaços, eliminando-os um por um.

Dentre aqueles soldados escudeiros havia um que vestia armadura e carregava um grande escudo, gritando para os restantes.

— Arqueiros, mirem em qualquer coisa que voe primeiro! Se deixarmos mesmo que um passar, nossas famílias vão ser comidas vivas!

As palavras eram de bravura, mas o tom era alto. O portador do grande escudo era uma mulher.

Ela tinha vinte e três anos de idade. Possuía 1,80 de altura e era um tanto musculosa, mas seu rosto mantinha um toque de feminilidade.

Essa era Lauren, que apesar de jovem, era a capitã das tropas do Reino de Lastania.

Mesmo sua patente sendo de capitã, por mais que seja pouco o número de tropas com o qual tinha começado, ela estava comandando todos eles sozinha.

Sob ordem de Lauren, uma unidade estava equipada com bestas, lançavam rajadas que choviam sobre as cobras voadoras que estavam tentando passar por cima, abatendo todas elas.

Então veio um grito dos escudeiros.

— Capitã! Um ogro!

Quando ela olhou, um único ogro, com mais de três metros de altura, sua pele em decomposição como a de um morto-vivo, estava avançado na direção dos escudeiros junto aos goblins zumbis. Apodrecido ou não, ainda é um ogro. Com uma força esmagadora, mandando quatro soldados voando de uma vez.

— Urgh! — Lauren exalou. — Se agrupem e parem o avanço dele! Não deixem aquela coisa entrar na cidade.

Quando Lauren deu a ordem, ela levantou o grande escudo e ficou na frente do ogro zumbi.

— Capitã! Nós vamos ajudar! — Um soldado chamou.

— Reservas, se agrupem ao redor da capitã!

Os oito soldados escudeiros, incluindo Lauren, bloquearam o ogro, sendo finalmente capazes de impedir que continuasse. Embora seu avanço os tivessem empurrado para trás, o ogro foi contido na hora certa.

— Lanceiros e Arqueiros, finalizem enquanto o seguramos aqui! — ordenou Lauren.

— Sim senhora! Arqueiros, fogo!

— Morra, aberração!

Flechas e lanças se fincaram na pele apodrecida do ogro zumbi.

No entanto, mesmo com incontáveis perfurações em seu corpo, ele não morreu. Com cada balanço dos braços largos, um soldado e outro foram sendo enviados para longe. Outro soldado imediatamente vinha completar a lacuna nas defesas, mas a formação já estava em caos.

— Raaaaaaaaaar! — A pantera de duas cabeças rugiu.

— Woaah! Gagh!

Tecendo entre as lacunas, uma pantera de duas cabeças rompeu os escudeiros e mordeu a cabeça de um dos arqueiros de ambos os lados rasgando-a em duas direções. O arqueiro caiu, coberto de seu próprio sangue fresco.

Com a presa caída, o monstro de duas cabeças olhou para as costas expostas de Lauren e os escudeiros que estavam segurando o ogro zumbi.

— Droga! Atrás de nós…

— Grrrr! A pantera tentou atacar Lauren por trás.

— Não vou deixar! — Alguém pulou entre a capitã e o monstro.

Era um homem musculoso vestindo roupas iguais às de um norte-americano nativo e tinha uma lâmina kukri  em cada mão. Ele estava protegendo Lauren. O homem bloqueou as presas do monstro com a kukri em sua mão direita. Então, segurando sua outra kukri na mão esquerda, apunhalou o topo de uma das cabeças da criatura.

 

 

 

Para finalizar, ele esfaqueou a outra cabeça na garganta.

A Pantera caiu no chão com um baque.

Uma vez confirmado que o inimigo estava completamente neutralizado, o homem pegou suas lâminas e correu para Lauren.

— Você está bem, Madame Lauren!?

— Sir Jirukoma! Você veio! — O rosto de Lauren se iluminou ao ver quem veio para ajudar… mas o tom sério logo retornou. Ela manteve sua guarda alta contra o ogro zumbi que estava segurando quando perguntou. — Se você está aqui, então também é um voluntário?

— Sim. Mas, eu vim na frente. Teremos que segurar por mais um tempo…

Enquanto Jirukoma ainda falava, os monstros do outro lado repentinamente começaram a rugir.

Um grupo de cerca de cinquenta pessoas se juntaram à briga, mirando os inimigos por trás.

Dentro daquele grupo, um jovem rapaz liderava enquanto montava em um cavalo. Este homem, que tinha um ar de nobreza sobre ele, olhou para o campo de batalha com ansiedade em seus olhos e então ordenou o grupo de homens.

— Estes monstros estúpidos veem somente o que está na frente deles. Ataquem por trás e nas laterais e os neutralizem rapidamente.

O nome do jovem era Julius Amidônia. Ele já foi uma vez o Príncipe de Amidônia.

A tropa que ele liderava agora era composta de refugiados procurando retornar a suas terras natais, as quais agora eram parte do Domínio do Lorde Demônio.

Normalmente, as tropas voluntárias deveriam ser comandadas por seu líder, Jirukoma, mas ele preferiu lutar como um lobo solitário. Na maior parte das situações, ele deixava o comando para Julius, que era um general visitante no Reino de Lastania.

— De fato. O comando de Sir Julius é tão apto como sempre. Posso sentir isso apenas observando — disse Lauren, sentindo-se impressionada.

— Você está certa. — Jirukoma concordou. — Quando ele está comandando as tropas, é até mesmo mais capaz do que eu. Por isso ele sempre reclama, dizendo: “Por que eu sempre tenho que limpar sua bagunça?”.

— Sir Julius é muito capaz, hmm… Eu posso ver o porque você acabou confiando nele.

Enquanto os dois conversavam, Julius e a tropa voluntária avançaram colocando os monstros em desordem. Não perdendo a oportunidade agora que a pressão havia abaixado, os escudeiros se moveram, abatendo o ogro zumbi e outros monstros.

Os lanceiros enfiaram suas armas no ogro caído, o apunhalando várias vezes. Os arqueiros disparavam suas flechas a distância, e quando o corpo finalmente virou uma almofada de lanças e flechas, o ogro zumbi parou de se mover.

Assim que confirmaram que seu inimigo estava morto, os soldados elevaram suas vozes.

— E-Está morto! Matamos ele!

— Nós levamos o grandalhão!

— Yeaaaaahhhh!!!

Matar um poderoso inimigo elevou a moral dos soldados.

Enquanto tomavam um tempo, Julius cavalgou até eles em seu cavalo.

— Jirukoma! Você empurrou as tropas para mim e avançou sozinho de novo! Supostamente era para você ser o líder desta tropa voluntária! E você, Madame Lauren! Deveria ser impensável para um capitão sair das linhas de frente! Se qualquer coisa acontecesse a você, quem iria manter os soldados desse país unidos!?

No momento que ele chegou, Julius começou a falar tudo o que pensava.

Jirukoma e Lauren escutavam com sorrisos irônicos em seus rostos.

Serem repreendidos por Julius tinha se tornado algo regular após as batalhas. Os dois continuavam agindo sozinhos, não importa o quanto eram repreendidos, mas Julius continuou fazendo isso mesmo sabendo que era sem sentido.

Nenhum dos três aprendiam suas lições.

— Deixando isso de lado, o problema com pessoas como vocês é… — Julius insistiu.

O cortando no meio da fala, Lauren disse:

— Então, agora que os monstros foram neutralizados, vamos voltar. Certo, pessoal, estamos caindo fora! — Ela bateu suas mãos.

— Ei, eu não terminei…

— Vamos, vamos, Julius — disse Jirukoma. — Nós podemos escutar o que você tem a nos dizer no caminho de volta, então vamos indo por agora. As pessoas estão ansiosas por nosso retorno, sabia?

— Hmph.

Sendo acalmado por Jirukoma, Julius olhou para longe, insatisfeito.

No entanto ele não disse mais nada, então deve ter aceitado.

Vendo o jeito que Julius estava agindo, Jirokuma e Lauren se entreolharam, e então caíram na risada.

— Jirukoma — disse Julius. — O que você acha dos ataques recentes?

No caminho de volta ao castelo junto aos soldados, Jirukoma estava caminhando ao lado de Julius que estava montado no cavalo. Ele poderia montar um cavalo também, mas preferia caminhar pois seu estilo era lutar no chão, e servia como treinamento.

Ouvindo a questão, Jirukoma aproximou sua cabeça ao lado de Julius.

— Tem algo que tenha chamado sua atenção?

— Houve um aumento tanto nos números de monstros quanto na frequência de ataques ultimamente. Se o número crescer ainda mais, os soldados não serão mais capazes de lidar com eles sozinhos.

— Se você estiver certo… — Lauren disse séria. — As pessoas terão que ir para a luta.

Apesar de ser chamado de Reino, Lastania não era maior que um domínio nobre de porte médio em Elfrieden ou Amidônia. A população era por volta de vinte mil habitantes, e isso naturalmente incluía não combatentes como mulheres, crianças e idosos. Mesmo se houvesse recrutamento forçado, na melhor das hipóteses somente cinco mil deles poderiam lutar. Julius segurava seu queixo com um olhar pensativo.

— Mesmo se pudéssemos obter os números, uma força reunida aleatoriamente não seria de muito uso em batalha. Mesmo com os soldados voluntários adicionados aos seus números, este país tem pouco menos de seiscentos soldados. Se os monstros aumentarem mais que isso, é inevitável que vamos continuar lutando, mas se exceder mil deles… temo que será o fim desse país.

Julius tinha um olhar sério em seu rosto. Ele provavelmente não estava exagerando.

Para dissipar a atmosfera opressiva, Jirukoma deliberadamente escolheu ser otimista.

— A União das Nações Orientais foi formada para prevenir isso, certo? Então eles podem coordenar uma resposta quando surgir uma situação onde um país de pequeno ou médio tamanho não puder lidar sozinho. Além disso, se chegar a isso, as Forças Unidas não viriam ajudar ?

As Forças Unidas que Jirukoma se referia era uma abreviação para as Forças Unidas das Nações Orientais, um batalhão criado com tropas recrutadas de cada membro da União. No caso de pequenos países, isto era 10% das suas forças armadas, e em caso de países de porte médio, era 30%

Se um membro da União fosse ameaçado pelo Domínio do Lorde Demônio ou por outro país, as Forças Unidas seriam enviadas.

No entanto, Julius balançou sua cabeça.

— É verdade… se este país fosse o único a ser invadido, nós poderíamos contar com as Forças Unidas para virem em reforço. Mas me baseando nas informações que reuni de comerciantes viajantes, ele não é o único que tem visto o aumento de ataques de monstros.

— Você é um general visitante, não é? — Jirukoma perguntou. — Eles até mesmo fazem você lidar com a inteligência?

— Não há mais ninguém que possa fazer, então que escolha eu tenho? Experimentei em primeira mão o terror que pode acontecer quando você é negligente sobre reunir informações. — Julius disse, franzindo a testa.

Seu conhecimento sobre a importância de reunir informação veio da sua vivência em interpretar erroneamente a situação política dentro do Reino de Elfrieden, despachando tropas facilmente, e então sofrendo uma derrota importante.

Julius chacoalhou sua cabeça e continuou:

— Do que os comerciantes me disseram, os ataques de monstros aumentaram em praticamente todos os países da fronteira com o Domínio do Lorde Demônio. Se existe uma grande ofensiva de monstros através de uma extensa área na fronteira, mesmo as Forças Unidas seriam incapazes de lidar. Além disso, as Forças Unidas vão ajudar primeiro países que contribuíram com o maior número de tropas, tenho certeza disso.

Pelo fato da Força ser composta de tropas contribuintes de cada país, era de alguma forma, inevitável que aqueles que mais ajudassem teriam prioridade. Se os países com o maior número de tropas estivessem em problemas, as Forças Unidas poderiam colapsar completamente, e ajudar outros países não iria aumentar a moral.

Isso era o porque um pequeno país como o Reino de Lastania pode estar no fim da lista.

— Urgh… — Jirukoma gemeu. — Então que tal pedir ao Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung para providenciar reforços? Lastania tem uma aliança com eles, certo?

Diziam que o Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung, que tem muitos Cavaleiros Dragão a seu serviço, eram teoricamente capazes de enfrentar o Império Gran Caos mesmo em um cenário de guerra defensiva. O Reino dos Cavaleiros Dragão vem sendo aliado do Reino de Lastania a muito tempo, mesmo antes da fundação da União das Nações Orientais.

A aliança permaneceu até mesmo após a ascensão do Reino de Lastonia à União das Nações Orientais, e agora o país servia como o ponto de contato do Reino dos Cavaleiros Dragão com a União.

Não era exagero dizer que este país, o qual parecia tão pequeno e insignificante que poderia ser levado pelos ventos, ainda existia graças à aliança.

Mas Julius balançou sua cabeça.

— Eu disse a você que o aumento dos ataques de monstros tinha afetado todos países com fronteira ao longo do Domínio do Lorde Demônio, não disse? O Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung também faz fronteira com ele. Eles também devem estar sofrendo esse aumento de ataques.

— Você quer dizer que talvez eles estejam tão ocupados com os próprios problemas que não serão capazes de enviar nada para nós? — Jirukoma perguntou chocado.

Se acontecer o pior do pior, eles iriam ter que lutar apenas com a força do país. Essa realidade deixou Jirukoma com um humor pesado.

Julius suspirou levemente.

— Em tempos como esse, desejava ter os dez mil soldados que um dia comandei.

Desde a morte de seu pai, Gaius VIII, Julius tinha sido o príncipe soberano de Amidônia até ser forçado a sair do país por sua irmã, Roroa. Durante esse tempo que ele serviu como príncipe, Julius tinha estes números sob seu comando.

— Se eu ainda tivesse aquelas tropas, não teria que me preocupar sobre isso… — murmurou.

— Mas durante o tempo quando você estava liderando aqueles soldados, você não pensou por um segundo em um país pequeno como esse, não é?

— Você está certo. — Julius mostrou uma expressão triste por um momento, e então deu uma risada amarga. — Honestamente… há tantas coisas que você somente entende o valor uma vez que as perde.

— Mas há também muitas vezes que você pensa que perdeu algo, quando na verdade não perdeu. — Jirukoma disse, enquanto Julius ria zombando de si mesmo. — Nós fomos forçados a deixar nossas terras natais como refugiados, mas elas não foram perdidas para sempre. No entanto elas agora são parte do Domínio do Lorde Demônio, as montanhas e rios nos quais crescemos ainda estão naquelas terras. Vale o mesmo para nossas famílias também, mesmo que eu tenha tomado um caminho separado de minha irmã, ela ainda está viva e bem no Reino.

Na última carta de Komain, ela dizia: “Achei alguém que eu possa servir!” Que de alguma forma parecia excitada, então Jirukoma estava mais que um pouco preocupado com ela.

— Minha terra natal e minha família… hein. — Julius murmurou.

Para Julius, o Principado de Amidônia era sua terra natal, e sua única família era sua irmã mais nova, Roroa. Suas últimas memórias eram poucas, mas elas não sumiram nem desapareceram completamente.

Ele ouviu que o Principado de Amidônia estava agora incorporado ao Reino de Elfrieden e Roroa era a noiva do Rei Souma de Elfrieden, mas…  ambas as nações ainda existiam.

— Você está certo… Se chegar a isso, suponho que teria que me curvar para minha irmã. — Ele disse. — Será humilhante, mas se isso nos der reforços, meu auto respeito é um pequeno preço a se pagar.

Para encorajar Julius, que estava sorrindo levianamente, Jirukoma deu um tapa em suas costas.

— Ow! O que foi isso ?

— Eu só te conheço pelo jeito que tem sido neste país. Não importa que tipo de pessoa você foi no passado.

Julius estava quieto.

— Mas como está agora, você não parece tão desagradável. — Jirukoma foi adiante.

— Quando nos encontramos pela primeira vez, você tinha os olhos de alguém perdido, procurando por respostas, mas agora você parece cheio de vida para mim.

Ouvindo Jirukoma avaliar ele daquela maneira, Julius deixou sair um “Hmph”, e desviou o olhar.

— A casa de Amidônia é uma casa de guerreiros. Eu devo ter recuperado meu eu verdadeiro enquanto lutava contra esses monstros.

— Hmm… É realmente isso mesmo?

— O que você está tentando dizer ?

— Talvez isso foi influência de mais alguém, não acha? Olha, parece que tem alguém esperando pelo seu retorno.

Jirukoma direcionou a atenção do mau humorado Julius para o portão do castelo.

Em frente, havia uma charmosa jovem usando um vestido levemente colorido, semelhante a um dirndl  tirolês na altura do joelho, que estava acenando para Julius. Sua vestimenta era comum, mas uma olhada mais de perto, uma linda tiara pousava no topo de sua cabeça.

A amável garota tinha um curto e delicado cabelo, com um rosto que retia os traços da juventude.

— Lorde Julius! Eu estava orando para que voltasse são e salvo!

A garota balançava suas mãos como se estivesse expressando alegria enquanto chamava por ele.

Naquele momento, os soldados sorriram pretensiosamente, e seus olhares de inveja focaram em Julius. Esta jovem era a princesa de Lastania, Tia Lastania.

Quando ela chamou por ele na frente de todos os soldados, Julius segurou a cabeça com as mãos.

— Princesa Tia… Por que está no portão do castelo? É perigoso.

— Talvez seja devido ao quando ela sentiu sua falta. Vamos, não a deixe esperando.

Jirukoma deu um forte tapa na traseira do cavalo que Julius montava. O animal repentinamente começou a correr e quase fez Julius cair, então por um momento, ele pareceu lançar um olhar vingativo para Jirukoma. Mas rapidamente continua seu caminho até a Princesa.

— Aqueles dois fazem um casal muito fofo, não acha ?

Quando Jirukoma se virou para a voz vinda por trás dele, Lauren estava de pé sorrindo.

— E também, Sir Julius é da realeza, então não há o que reclamar de sua linhagem. — Ela continuou. — Mais que isso, Princesa Tia é muito apegada a ele, então o rei pretende tomar ele como o noivo dela.

— Julius diz que ele não está pronto para uma família ainda, no entanto.

— Oh, a princesa não tem chances então? — Lauren perguntou.

— Não, eu acho que é questão de determinação. Julius parecia ter sido salvo pela alegria da princesa, então se ele resolvesse viver aqui até os últimos dias de sua vida, tais dias poderiam passar voando.

Os dois assistiam enquanto Julius alcançava a princesa e imediatamente a repreendia sobre alguma coisa. Princesa Tia cobria seus ouvidos como se dissesse : “eu não posso ouvir nadinha!” e olhou para longe com um rosto rabugento. Eles pareciam como um casal de irmãos.

Frustrado, Julius pegou a princesa e a colocou no cavalo junto dele. Dali, os dois cavalgaram até o castelo.

A princesa Tia estava confortavelmente acomodada na frente de Julius e encostou suas costas nele com um sorriso sutil.

Jirukoma e Lauren observavam os dois, dando sorrisinhos.

— Eles se dão bem mesmo, não é? — Lauren perguntou.

— Haha! Você não poderia estar mais certa.

— …U-Um…Sir Jirukoma. — Lauren se aventurou. — Ambos somos solteiros, então você se juntaria a mim para beber hoje a noite em celebração a nossa vitória?

— Não posso pedir mais. Vamos encher a cara!

— Okay!

Com isso dito, os dois passaram pelo portão. E, sendo bem acompanhado por Lauren a noite, Jirukoma foi alvo de olhares invejosos de todos os soldados solteiros.


 

Tradução: Hide

Revisão: Pride

 

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