Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 02 – Pelo Futuro

 

Início do mês 10, ano 1547, Calendário Continental

 

Havia um pequeno domínio nas montanhas do reino. Se tratava do antigo território do rei antecessor, Sir Albert, pai de Liscia. Ele era o pequeno nobre que governava esse domínio, mas um dia, ele conheceu a mãe de Liscia, Lady Elisha.

Na época, a realeza estava envolvida em uma crise de sucessão sobre quem assumiria o trono após a morte do rei anterior. Mesmo agora, sua personalidade era, em termos favoráveis, gentil e sem fome de poder; em termos menos favoráveis, banal e pouco ambicioso. Ele evitou criar inimigos onde não precisava deles. Assim, ao apoiar a jovem Lady Elisha com sua personalidade bem-humorada, Sir Albert de forma não intencional criou uma situação onde era difícil para os outros membros da realeza direcionar seu ódio para ela.

Assim, a crise da sucessão terminou com a eliminação de toda a realeza, exceto por Lady Elisha, com o trono indo para si como única sobrevivente. Em reconhecimento por seu apoio contínuo, Sir Albert teve permissão para se casar com ela, tornando-se rei.

Agora as antigas terras de Sir Albert haviam se tornado parte do domínio da coroa, mas como ele havia escolhido se retirar, essencialmente tornou-se o senhor de lá novamente.

Eu estava agora sobre o domínio de Sir Albert, olhando por trás de Naden em sua forma ryuu.

O cenário era a personificação do campo, de uma forma que fazia parecer que velhas canções folclóricas se encaixariam bem. Havia montanhas, riachos, campos e pastagens, juntamente com casas de fazenda espalhadas.

Para alguém acostumado a lidar com uma carga de trabalho assassina todos os dias na capital, parecia que o tempo passava mais devagar aqui. Não havia lugar melhor para alguém que queria viver uma vida tranquila.

— Se eu deixasse de ser rei, viver em um lugar assim não seria nada mau — ponderei.

— Você é muito jovem para ansiar pelo campo. — A voz exasperada de Naden falou direto em minha mente. — Quero dizer, você ainda nem teve sua coroação. Ou nosso casamento. É uma perda de tempo pensar no que você fará quando desistir. Por um lado, com os tempos como são, não vai ser difícil ter uma aposentadoria fácil? Se houvesse uma mudança repentina na situação no norte, você poderia não chegar à velhice em primeiro lugar, sabe?

Relutantemente eu disse:

— Acho que você tem um ponto.

Naden estava certa. Se a situação no norte; em outras palavras, o Domínio do Lorde Demônio; fosse mudar, não havia como dizer quando este reino poderia ser pego nisso. O Reino estava estável agora, mas se o Domínio do Lorde se expandisse ainda mais, haveria mais refugiados e o caos de quando assumi o trono poderia muito bem retornar.

O lado oeste do continente tinha o Império Gran Caos de Maria defendendo-o, então eu tinha certeza  de que eles ficariam bem, mas não pude deixar de sentir que a União das Nações Orientais no lado leste do continente era apenas uma reunião solta de nações de pequeno e médio porte. Se eles desabassem, isso afetaria nosso país também. Foi por isso que tive de enviar reforços.

Suspirei.

 — Não é fácil se aposentar, hein.

— É assim que é. Além disso… você tem que criar um bom país para as crianças, não? Pai.

— Ahaha…

Pai…huh. Ainda não caiu a ficha, mas, é o que serei, não é?

— Oh, eu quero me apressar e ver Liscia — disse com anseio.

— Você vai dizer isso enquanto estiver nas minhas costas?

— Se tivermos um filho juntos, Naden, tenho certeza que sentirei o mesmo por você.

— Bem, tudo bem então. Eu carrego você até lá, então seja paciente.

— Entendido.

— Essa fala é minha!

Naden torceu o corpo e nadou pelo céu ainda mais rápido, indo contra o vento em direção à mansão de Sir Albert onde Liscia estava.

Hoje foi o dia em que finalmente pude vê-la. Mesmo depois de voltar da República de Turgis, meu tempo livre foi consumido por todo o trabalho acumulado, impedindo-me de ir.

Poder ver Liscia pela primeira vez em muito tempo, me deixou tão feliz, mas… ao mesmo tempo, pesou em mim um pouco.

Tenho que dizer a ela que estamos indo para a União das Nações Orientais, afinal…

Quando pensei que todo meu trabalho estava resolvido, o Império emitiu um pedido para enviar reforços para a União das Nações Orientais. Eu não seria capaz de vê-la novamente por um tempo, e era doloroso saber que iria preocupá-la.

Eu realmente prefiro não preocupar Liscia enquanto ela estiver grávida.

Escolher deliberadamente não contar a ela não era uma opção. Eu iria organizar um exército e não havia como esconder isso. Por isso queria dar uma explicação antes, para minimizar sua ansiedade. Mas ainda pesava em mim.

Me pergunto se é assim que um marido que não pode contar à esposa que está sendo transferido para uma posição em que deverá morar sozinho em outro lugar se sente…

Foi o que pensei enquanto olhava vagamente para o claro céu de outono.

A mansão com telhado azul no alto da colina era propriedade do antigo rei, Sir Albert.

Quando Naden e eu pousamos em frente à entrada, a primeira a nos cumprimentar foi Carla em seu vestido de empregada. Enquanto estávamos em Turgis, ela serviu como assistente pessoal e guarda-costas de Liscia. Havia também pessoas dos Gatos Pretos e da Força de Defesa Nacional enviadas para cá, protegendo Liscia e sua família das sombras, bem como a luz do sol.

Carla parou na nossa frente e fez uma reverência.

— Já faz um tempo, mestre.

— Faz tempo que não nos vemos. — Eu disse facilmente. — Algo mudou com Liscia ou sua família?

— Sim. Madame Hilde diz que Liscia e o bebê estão saudáveis, mas… Bem, seria melhor que você mesmo ouvisse dela.

— Isso faz sentido… Desculpe. Acabei deixando Liscia inteiramente para você.

— Não, não. Liscia é noiva do meu mestre, mas também minha amiga insubstituível. Se eu puder ajudar, nada me fará mais feliz. Além do mais…

— Além do mais…?

Quando a forcei a falar, Carla me deu um sorriso maravilhoso e disse:

— Ao contrário da empregada-chefe, Lady Elisha não me obriga a usar roupas embaraçosas!

— Oh…

Enquanto ela estava no castelo, a sádica empregada-chefe, Serina, estava cuidando “bem” de Carla. Trabalhar sob as ordens de Lady Elisha, que sempre exibia um sorriso gentil, certamente era mais fácil para ela.

— Sabe, há um pedido da equipe de produção do Super-Pratamem dizendo que eles gostariam que você aparecesse como a Srta. Dran novamente em breve… — refleti.

— Argh… S-se você ordena, devo obedecer. — Carla disse com um olhar verdadeiramente descontente em seu rosto.

Ela parecia ter se adaptado à saia curta de seu vestido de empregada (ideia de Serina), mas aparentemente, ainda não conseguia se acostumar com o traje sexy da Srta. Dran (também ideia de Serina).

— Eles aparentemente estão recebendo muitas cartas dizendo: “Tragam de volta a Srta. Dran”. Os remetentes… são em sua maioria homens adultos, pelo que ouvi.

— Esse país inteiro deveria cair em ruínas… — Ela lamentou.

— Não diga isso na frente do rei!

Seus olhos pareciam bem sérios, mas provavelmente seria melhor para Carla se eu apenas risse disso como uma piada. Não era um insulto direto a mim, então seu colar de escrava não respondeu a isso, mas se alguém ouvisse, eu teria que julgá-la por lèse-majesté¹Termo francês cujo significado é de ofensa contra a autoridade soberana., então esperava que ela parasse.

O assunto parecia perigoso, então decidi deixar para lá.

— Vamos direto ao ponto, Carla. Mostre-me onde Liscia está.

—Ah! Certo. Mas primeiro, por que não prestar homenagem ao antigo rei?

Ele está esperando no salão por sua chegada.

— Sim, essa seria a coisa educada a se fazer. Ok então, leve-me para ver Sir Albert primeiro.

— Entendido. Por aqui, por favor.

Carla abriu caminho rumo à mansão, Naden e eu a seguimos. Então, assim que fomos conduzidos ao salão, fomos recebidos por Sir Albert e Lady Elisha.

— Ora, genro — cumprimentou Sir Albert. — Que bom que veio nos ver.

— Você deve ser Naden — disse Lady Elisha, sorrindo. — Você é tão fofa quanto Liscia tem me dito.

Sir Albert pegou minha mão e Lady Elisha a de Naden.

— Já faz um tempo. — Eu disse. — Pai, Mãe. Fico feliz em ver que vocês parecem estar bem como sempre.

— E-eu sou Naden. Prazer em conhecê-los. — Naden estava tensa e arrastava as palavras.

Vendo Naden assim, Lady Elisha riu e abraçou a cabeça de Naden com força em seu amplo seio.

— Whuhwhuh?!

De repente, encontrando-se em um abraço, Naden entrou em pânico e agitou os braços. Ela devia estar se sentindo tímida também.

Elisha gentilmente afagou a cabeça de Naden.

— Minha filha também vai se casar com Sir Souma. Então, Naden, se algo acontecer, por favor, conte comigo como mãe. Estou feliz por ter conseguido outra filha fofa como Tomoe.

— Seu perfume me lembra Lady Tiamat.

Naden passou os braços em volta da cintura de Lady Elisha. Ela foi domesticada em um instante.

Um perfume como o da sagrada mãe dragão…? Era o cheiro da maternidade ou algo assim? Como um ryuu, Naden não tinha parentes. Ruby era a única amiga que ela tinha de sua terra natal também. Se Lady Elisha pudesse ser sua mãe neste país, nada me faria mais feliz. É uma alegria ter alguém que a satisfaça como uma criança afinal.

Enquanto eu observava as duas com um sorriso, Sir Albert começou a falar.

— Genro, nós vamos cuidar da Madame Naden aqui, então, por favor, vá ficar com Liscia. Ela está no terraço do pátio, esperando ansiosamente sua chegada.

— Obrigado. Eu farei isso.

Cumprimentei os dois, então deixei Naden para trás e saí da sala. Com a orientação de Carla, me dirigi ao terraço voltado para o pátio.

No terraço branco, iluminado pelo sol, lá estava uma mesa com chá já preparado e uma mulher solitária sentada nela. A mulher estava de costas para mim e observava as árvores balançarem ao vento de outono.

Quando dei a Carla o sinal indicando que já havia me levado longe o suficiente, ela fez uma reverência, virou-se e voltou para a mansão.

Eu silenciosamente me aproximei da mesa, sentando-me onde eu pudesse dar uma olhada em seu rosto. A mulher se virou para mim e sorriu suavemente.

— Parece que já faz tanto tempo, Souma.

— É, eu sinto que não nos encontramos há uma eternidade. Eu queria ver você, Liscia.

— Hehe! Eu também. — O sorriso de Liscia era como uma flor desabrochando.

Esta era minha noiva, que eu não via há mais de um mês desde que fui para a República de Turgis. Vê-la pela pela primeira vez em tanto tempo, Liscia parecia muito mais adulta que antes.

Enquanto meu coração disparava ao vê-la, abri minha boca, sentindo  que tinha que dizer alguma coisa.

— Seu cabelo… cresceu?

— Sim. Afinal, não cortei recentemente.

O cabelo de Liscia, que ela havia cortado curto ao dar o ultimato a Georg, estava agora na metade do comprimento que tinha quando a conheci.

— Você vai deixá-lo crescer até o comprimento que era antes? — perguntei.

— Ainda estou decidindo. Eu gosto do penteado mais curto agora. Qual você acha que fica melhor em mim, Souma?

— Eu gosto de ambos.

— Nossa, você é tão indeciso.

— Contanto que você não fique careca, ou faça qualquer outra coisa muito radical com seu cabelo, tenho certeza que vou adorar.

— Eu não vou fazer isso com meu cabelo.

Liscia e eu nos olhamos e sorrimos. Demos boas risadas, depois cocei a cabeça com força.

— Por que eu comecei falando sobre seu cabelo? Há uma tonelada de coisas que eu quero perguntar e dizer a você, mas… não consigo encontrar as palavras certas.

— Vá por ordem. — Ela instruiu. — Você tem tempo para relaxar hoje, certo?

— Sim. Isso mesmo… Bem, primeiro… — Voltei a encará-la, inclinando a cabeça para Liscia com sua barriga inchada. — Obrigado por fazer um novo membro da minha família, Liscia.

— Hehe! Você quer dizer nossa família, não é? — disse Liscia, me corrigindo com um sorriso gentil. — Com isso, sou um membro legítimo da sua família agora.

— Pensei em você como família todo esse tempo, mas… sinto isso ainda mais forte agora.

Laços de sangue. Laços de alma. Parecia que colocar isso em palavras as barateavam, mas eu tinha certeza de que havia um vínculo firme entre Liscia e eu agora.

Liscia deu um risinho.

— Então agora Aisha, Juna e Roroa também precisam se tornar parte da família.

— Estão todos esperando essa criança nascer. — Eu disse, colocando minha mão na barriga de Liscia. — Antes, fizemos uma reunião de família e decidimos que quando uma criança nascesse, não importa para quem fosse, nós faríamos com que chamassem todas as rainhas, primárias ou secundárias, de mãe. Então criaremos todos os filhos juntos. Tenho certeza que Aisha e Naden, sendo de raças de vida longa, terão as delas mais tarde do que todas as outras, afinal.

Liscia riu alegremente.

— Então nossos filhos de repente terão cinco mães!

Os filhos cresceriam rodeados de mães, inclusive Liscia, que tinha muita personalidade. Quem iria influenciá-los e como eles cresceriam…? Eu estava um pouco preocupado, mas também ansioso por isso.

A partir daí, nos atualizamos sobre acontecimentos recentes e tivemos uma conversa geral sem objetivo. Liscia falava alegremente de seus dias de descanso aqui.

— Ultimamente, você sabe, tenho aprendido a cozinhar com mamãe.

— Você, Liscia? Por que?

— Eu quero que o bebê possa comer minha comida caseira, é claro. Além disso, você sabe cozinhar, certo? Não seria bom para mim ser menos capaz de cozinhar que o pai deles.

E pensar que Liscia, que passava cada momento livre juntando-se aos guardas para treinamento, levaria a sério o aprendizado de como ser uma noiva adequada… Era comovente, de alguma forma.

— Então? Como estão os resultados até agora? — perguntei.

— Eu assei esses petiscos. — Ela apontou para um grande prato na mesa cheio de bolinhos e biscoitos.

Feito em casa pela Liscia, huh? Eles não pareciam ruins, então provavelmente tinham um gosto bom.

Eu peguei um biscoito e joguei na boca.

— Vamos ver… Nhom.

Houve uma sensação difícil quando um gosto doce se espalhou pela minha boca. Ela colocou muito açúcar. Isso e ela provavelmente bateu a massa o mais forte que pôde. Além disso, a manteiga derreteu totalmente, tornando-os duros quando assado.

Olhei para Liscia, suando muito.

— Errrrm… eu adoraria dizer que estava bom, mas… considerando que você quer alimentar nosso filho com eles… não posso mentir para você.

— Eu sei disso. Posso dizer quando errei pelo menos. — Liscia sorriu ironicamente, mas seu punho estava cerrado. — Isso é o que posso fazer agora. Mas algum dia, tenho certeza de que poderei torná-los mais deliciosos.

— É. — Eu disse, assentindo com a cabeça. — Estarei ansioso por isso.

— É… Mas o negócio é que Carla começou a aprender ao mesmo tempo e está melhorando muito mais rápido. Achei que fôssemos iguais, então estou tendo dificuldade em aceitar isso.

— Bem, quer dizer, Carla tem nela o sangue de Excel.

A mãe de Carla, Accela, era filha de Excel. Ela também era parente de Juna, que era como uma massa ambulante de poder de irmã mais velha, então talvez ela tivesse uma forte habilidade latente para atividades domésticas.

Liscia suspirou.

— Do mesmo modo, mamãe também cozinha bem…

— Talvez você tenha sido muito influenciada por Georg, seu professor no exército?

— Argh… Não posso negar isso.

Continuamos tendo uma conversa sem rumo. Falando sobre nada… Foi incrivelmente divertido.

Então, de repente, Liscia fez uma expressão séria.

— Souma. Você não veio aqui hoje só para me ver, não é?

Meu coração pulou uma batida quando ela acertou em cheio.

— … Você poderia dizer?

— Sim, eu poderia dizer. Este é você. Enquanto conversávamos, parecia que você estava escondendo alguma coisa que era difícil de dizer.

— …

— Você encontrou uma nova candidata para ser rainha? — Liscia me encarou e eu balancei minha cabeça com força.

— Não, não! É só que, bem… Parece que enviaremos tropas para o norte.

— Por “norte” você quer dizer a União das Nações Orientais?

— Sim. Parece que os ataques do Domínio do Lorde Demônio estão aumentando. Se a União das Nações Orientais cair, este país também será afetado. De acordo com nosso pacto com o Império, temos que enviar reforços.

Quando eu perfeitamente retransmiti o conteúdo da minha conversa anterior com o Império, Liscia fez uma cara de preocupada.

— Você vai com as tropas?

— Sim — admiti. — Então… vai demorar um pouco antes que possamos nos ver novamente.

— Por quê? Isso é diferente de quando você estava lutando contra as forças de Amidônia.

Seu tom não me culpava, mas eu sabia que ela não queria que eu fosse.

— Naquela época, você tinha acabado de receber o trono e as tropas não confiariam em você se você não as tivesse liderado. Mas agora, todo mundo te vê como rei. Você não pode deixar isso para um comandante como Sir Ludwin?

— Para me preparar para eventos não antecipados, quero trazer lutadores poderosos como Aisha e Naden. — Eu disse. — É melhor se eu estiver lá para liderá-los. Há também o fato de que quero ver a situação no norte por mim mesmo.

O detalhe sobre Julius só a deixaria preocupada, então provavelmente poderia omiti-lo.

Me levantei e caminhei para trás de Liscia, a abrançando gentilmente.

— Dói não poder estar ao seu lado quando você está prestes a dar à luz, mas hoje, quando te vi com o bebê tão grande em sua barriga, me deu ainda mais certeza de que tinha que ir para o norte. Afinal, quero deixar para meus filhos o melhor país que puder.

— Souma… — Liscia fechou seus olhos enquanto eu a abraçava forte.

Houve um momento de silêncio entre nós, mas eventualmente Liscia pousou levemente a mão em meu braço e sorriu.

— Eu entendo. Mas certifique-se de voltar.

— Sim. Se as coisas ficarem perigosas, volto correndo. Afinal, não posso morrer sem ver o rosto do meu filho.

Ela riu.

— Certifique-se de fazer isso. Estarei esperando por você com essas crianças.

— Sim! — Eu acenei com a cabeça firmemente, mas então fui pego no palavreado que Liscia tinha acabado de dizer. — …Hã? Essas crianças?

Quando repeti essas palavras, Liscia tinha uma expressão vazia no rosto e disse:

— O quê? Hilde não te contou? Estou grávida de gêmeos.

— Hã…? Quueeeeeee?

Que fato chocante! De repente, eu seria pai de gêmeos!

Agora que ela mencionou isso, Liscia parecia terrivelmente grande para onde ela estava na gravidez. Mas ainda assim, gêmeos, hein…

A sensação de que eu precisava voltar para casa em segurança ficou ainda mais forte.