Tomoe Segurando as Pontas
Isso aconteceu quando Souma e os outros estavam enfrentando a tempestade na Cordilheira do Dragão Estrela.
Tomoe, que havia sido deixada para trás em uma cidade fronteiriça com o Estado Papal Ortodoxo Lunariano —visto que os acompanhar seria muito perigoso —, estava olhando para a Cordilheira do Dragão Estelar ao noroeste enquanto rezava para que todos ficassem bem.
— Irmãozão… Irmãzona — orou. — Pessoal… por favor, voltem em segurança.
Inugami, quem havia recebido a tarefa de protegê-la, estava preocupado. — Irmãzinha…
Hoje, desde que uma grande nuvem negra foi avistada sobre a Cordilheira do Dragão Estrela, Tomoe estava olhando pela janela em sua direção enquanto rezava pela segurança de todos. Já que era a única coisa que podia fazer, então estava fazendo isso com todo o seu coração.
Incapaz aguentar essa visão por mais tempo, Inugami tentou animá-la:
— Está tudo bem. Vossa Majestade e a princesa estão em companhia de Madame Aisha, do Oficial Halbert e da jovem Senhorita Carla; os principais lutadores do nosso reino. Além disso, se considerarmos a Madame Naden, uma dragão, tenho certeza de que eles serão capazes de proteger os dois independentemente do que acontecer.
Inugami disse isso para a encorajar, mas Tomoe olhou para baixo.
— Eu sei disso. Eu sei, mas… me preocupo. Acho que Aisha daria a sua vida pelo Irmãozão, mas isso me deixa com medo de que ela se machuque…
Inugami ficou em silêncio.
Souma havia escolhido pessoas próximas deles para serem seus guarda-costas, então Tomoe devia estar preocupada com o que aconteceria se algum deles sofresse uma lesão fatal. Afinal, é mais fácil pensar no pior quando alguém que você conhece está envolvido.
Seria fácil dizer que tudo ficaria bem, mas… mesmo sendo fácil falar, não seria o suficiente para tranquilizá-la, já que não havia nenhuma prova. É melhor mudar o seu foco.
Inugami colocou a mão no ombro de Tomoe: — Se preocupar tanto não é bom para a sua saúde. Ao invés de pensar em um futuro desagradável, por que não tenta falar sobre o que fará depois disso? Pode conversar comigo.
— O que eu vou fazer depois disso…? — perguntou Tomoe, olhando para cima.
Agora que tinha capturado seu interesse, Inugami continuou com um tom de voz animado: — Sim. Sua Majestade disse que continuaria viajando ao exterior, e também deixou claro que a levaria junto. Qual você acha que vai ser o próximo país que vai visitar?
— Está falando de outro lugar além da Cordilheira do Dragão Estrela, certo?
Tomoe começou a tentar adivinhar o próximo país. Um bom sinal.
— Temos boas relações com o Império, mas ele está muito longe, não é? Então deve ser um dos países vizinhos…
— Bem, quais vizinhos o Reino de Friedônia tem?
— Temos cinco: a União das Nações Orientais, a República de Turgis, o Estado Mercenário de Zem, o Estado Papal Ortodoxo Lunariano e a União do Dragão de Nove Cabeças, do outro lado do mar.
Graças às lições do Hakuya, agora ela era capaz de dizer esses nomes com tanta facilidade que era difícil a ver como uma criança.
— Quais desses parecem lugares que você não iria? — indagou Inugami.
— Acho que, com o problema envolvendo a travessia do mar, além da disputa pelos direitos de pesca, provavelmente não será a União do Dragão de Nove Cabeças. Ela fica na direção contrária da cidade em que estamos hospedados, também. Além disso, o Estado Papal Ortodoxo Lunariano tentou transformar o Irmãozão em um rei santo recentemente, então não acho que ele gostaria de ir para lá.
— Tenho que concordar — assentiu Inugami. — Além desses, a União das Nações Orientais é um conjunto de Estados pequenos e médios, então as negociações para Sua Majestade visitar cada um deles seriam difíceis. Sem mencionar que boa parte dos pedidos de casamento que estão inundando o castelo vêm desses países, então ele provavelmente hesitaria em visitá-los.
— Então… vai ser a República de Turgis ou o Estado Mercenário de Zem? — disse Tomoe.
Embora houvessem ocorrido alguns problemas com Zem e sua eterna neutralidade durante a guerra com Amidônia, não era um país abertamente hostil. Quanto à República, não estava totalmente claro se ela era hostil ou não.
Tomoe perguntou: — O que sabe sobre Zem e a república, Senhor Inugami?
— Como a república é um país fechado, sei que suas cinco principais raças controlam o país por meio de um conselho, mas… só isso. No entanto, ouvi algumas coisas sobre Zem dos mercenários.
Embora tenha sido encerrado após o trono ser passado ao Souma, o Reino Elfrieden já teve um contrato de mercenários com Zem. Por isso, mercenários Zeminianos já estiveram no reino.
— Aparentemente, é uma meritocracia… Ou melhor, parece que a força é o que manda lá.
— A-A força? — gaguejou Tomoe.
— Sim. Parece que até mesmo o direito de governar pode ser reivindicado por habilidades marciais. O país se reúne uma vez por ano para realizar um grande torneio de artes marciais, onde é feito tudo possível para conceder um desejo ao vencedor. Se ele desejar ser rei, terá direito a desafiar o atual e, se conseguir vencer, assumirá seu lugar. Por esse motivo, o rei de Zem é sempre o guerreiro mais poderoso do país.
— Hmm, isso funciona? Alguém ser o rei só porque é forte…
— Os burocratas que lidam com os assuntos internos são independentes do rei, então provavelmente dá tudo certo. O rei só é responsável pela área militar. Dessa forma, mesmo que ele somente seja talentoso em combates, deve ser capaz de assumir o posto. Também parece que os cidadãos acham isso reconfortante. Seu país não vai atacar os outros, já que afirma ser neutro. Além disso, se eles forem atacados por outro país, terão o rei mais forte possível para defendê-los. É como se fosse um amuleto, eu acho.”
— Uau… Realmente têm muitas maneiras de administrar um país. — Tomoe suspirou, impressionada, e sorriu. — Há tantos países diferentes no mundo. Será que era isso o que meu professor quis dizer quando falou para expandir meus horizontes?
— Talvez.
— Quero aprender mais sobre os outros países. Assim, acho que vou conseguir amar ainda mais o país que o Irmãozão e os outros governam.
— Heh… Te acompanharei até onde quiser, Irmãzinha.
Após isso, Inugami acariciou a cabeça de Tomoe, e…
— Ah! Eu sinto muito!
Ele retirou a mão rapidamente. Ao vê-la tão entusiasmada, fez carinho na sua cabeça sem pensar, mas fazer isso com a irmã adotiva de seu soberano obviamente não era adequado.
Tomoe estava com um olhar vazio em seu rosto, mas rapidamente balançou a cabeça quando viu Inugami se curvando para ela. — Ah, não! Não se preocupe com isso! Eu não me incomodei!
— Mas…
— Erm… isso me lembrou um pouco do papai. Me trouxe boas lembranças.
O pai de Tomoe havia falecido logo após o nascimento de seu irmão mais novo. Devia ser por isso que Inugami, que era de uma raça semelhante, havia a lembrado dele.
Ela pegou a mão de Inugami.
— Então… eu quero que você continue me ensinando, me elogiando e me fazendo cafuné.
— Irmãzinha… Tudo bem.
Após Tomoe fazer o pedido com um olhar pidão, Inugami não conseguiu negar.
Aliás, Inugami não era o único membro dos Gatos Pretos presente. Seus companheiros falavam da expressão indescritível que fez nesse momento por um bom tempo, sempre que bebiam.
Naden e a Capital Real
Meu nome é Naden Delal.
Eu sou uma ryuu negra da Cordilheira do Dragão Estrela. Recentemente, formei um contrato dracônico com Souma, o Rei de Friedônia, e, então, vim para esse país para me tornar sua noiva.
No entanto, veja, mesmo que seja um contrato dracônico, Souma é um rei e eu, uma ryuu, então meio que somos uma exceção à regra.
Agora, na noite em que retornamos ao Castelo Parnam, Souma me chamou ao escritório de assuntos governamentais.
— Ei, Naden, eles te ensinaram sobre como se comportar como uma senhorita na Cordilheira do Dragão Estrela, certo?
— Sim — falei. — A Senhorita Tiamat me ensinou tudo que precisaria saber para me tornar a esposa de um cavaleiro.
— Tendo em vista o quão bem você dança, o nível da educação na Cordilheira do Dragão Estrela deve ser bem alto. Acho que você não precisa de nenhuma aula para se tornar uma rainha secundária.
De acordo com Souma, diferente da rainha primária, uma rainha secundária desiste do direito de seus filhos herdarem o trono em troca de não ser restringida pelas leis e etiquetas rígidas. Aparentemente, se apoiar a rainha primária em público e manter certo nível de etiqueta, não terá problemas.
Uma mulher poderia se tornar rainha secundária independentemente de sua classe social. Além disso, também poderia sair do castelo com certa liberdade, desde que informasse onde estaria indo. Devido a isso, muitas mulheres almejavam se tornar rainhas secundárias.
Souma coçou a bochecha e disse:
— Bem, mesmo se tornando uma rainha secundária, ainda pertencerá à realeza, então normalmente precisaria sair junto de um guarda, mas… duvido que tantas coisas possam ser perigosas para uma ryuu. Se estiver transformada, ninguém vai conseguir encostar um dedo em você. Além disso, se realmente houver algum risco, você pode facilmente voar para longe.
— Acho que você está certo, mas… o que quer dizer? — Não tinha certeza do motivo de ele estar focando tanto nisso.
Souma sorriu, sem graça, e respondeu:
— Eu irei para a República de Turgis em breve, mas você não pode nos acompanhar, já que faz muito frio lá, não é, Naden? Por isso, a sua agenda vai estar vazia enquanto eu não estiver aqui.
Ele estava certo: ryuus, dragões e dragonatos não suportam bem o frio. Se fosse contra o meu instinto e o acompanhasse em um local tão frio como Turgis, minha saúde poderia ser prejudicada e eu causaria problemas para Souma.
Por isso, eu não poderia acompanhá-lo em sua jornada até a República de Turgis. Não ser capaz de ajudar era frustrante.
— Não faça essa cara. — Souma se levantou da cadeira e acariciou minha cabeça. — Tenho um pedido para você. É algo que só você pode fazer. Quero conversar com você sobre isso assim que voltarmos da república.
— Souma…
— É por isso que… bom, queria dizer que seria legal você andar pela capital até ficar satisfeita, enquanto isso. A segurança dentro da capital é boa, afinal. Eu gosto do modo como você é livre e desinibida; não quero te aprisionar no castelo — Souma sorriu. — Então, pode andar pela cidade livremente. Era isso o que eu queria dizer.
— Souma… Obrigada.
Ele estava pensando nas minhas necessidades. Eu era grata por isso.
— Ha ha… — Ele riu. – Ah, também cuide da Liscia por mim.
— Sim, ela parecia estar meio mal.
Ela tinha dito que era por causa da exaustão, mas eu ainda estava um pouco preocupada.
— Entendido. Vou cuidar da Liscia — Bati em meu peito com uma mão para prometer isso.
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— Mesmo que ele tenha dito que podia ir e vir livremente…
Alguns dias após Souma e os outros irem para a República de Turgis, me dirigi a cidade do castelo
E Liscia, que estava se sentindo mal, não se recuperou completamente ainda, mas está estável; sem febre e com apetite. No entanto, por precaução será pegando leve por enquanto, deixando o seu corpo relaxar um pouco. Um bom médico vai vê-la amanhã, então não há nada que eu possa fazer.
Sendo esse o caso, eu vim para a cidade, mas eu não tinha ideia do que fazer. Este era um solo desconhecido para mim, afinal. Conseguiria ver o castelo de qualquer canto da cidade, então não havia como eu perder, mas onde eu estava indo? Enquanto eu pensava nisso….
— Hum…
De repente, eu senti um puxão na minha saia. Quando eu olhei para baixo, havia uma pequena garota da altura da minha cintura, chorando e agarrando a renda da minha saia.
— Hm, quem é você? Não, o que houve?
— Eu vim aqui… com meu amigo, mas… eu não sei o caminho de volta… — A menininha me disse entre soluços
Carambolas, ela se perdeu.
Eu agachei até chegar à mesma altura que ela, acariciando sua cabeça.
— É…hm, você veio com seu amigo, certo? Onde estavam indo?
— Para… a praça… com a fonte….
A praça com a fonte, é? Lembro-me de ver algo assim quando voava. Talvez, ao invés de deixar com os guardas, seria mais rápido simplesmente levar ela para lá eu mesma. Então peguei a pequena garota em meus braços.
— Quê?
— Tá tudo bem. Eu te levo lá.
Eu pulei usando uma parede como apoio, e então pousei em um telhado laranja. Mesmo na minha forma humana, eu poderia fazer algo assim. Eu então avancei sobre os telhados em direção a praça.
— V-você é tão rápida… — A garotinha que eu levava piscou em surpresa — Mas ser carregada dessa forma… é meio assustador. Você pode me levar nas costas…?
— Não dá
— Por que não?
— Porque o único que pode montar nas minhas costas é meu marido — Disse provocativamente. A garotinha me deu um olhar vazio
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Uma vez que vi a garota na praça da fonte onde seu amigo estava, acabei brincando com eles também. Já estava coberta de lama quando voltei pro castelo.
Quando ela ouviu sobre isso, fui convocada por Liscia, que me deu um sermão
— Naden… você brincou demais — repreendeu.
— Sim.
Talvez uns quinze minutos tenham se passado desde que me fizeram sentar em frente à cama onde Liscia estava sentada.
Tenha mais consciência sobre como as pessoas te veem. Mesmo que você seja uma rainha secundária, mostre mais entendimento de sua posição, e, sério, uma mulher deveria estar toda coberta de lama, pra começar? Levando em conta a palestra que eu recebi, ela me parecia bem saudável.
— Naden — Liscia disse e olhou diretamente para mim.
E-eu ia ouvir mais? Estava tensa, já esperando isso, mas Liscia me deu um sorriso.
— Você já pegou um gosto por esse país?
Eu sorri e dei uma resposta firme.
— Sim
Poncho Vira um Governador
Isso aconteceu pouco antes de Souma partir para a Cordilheira do Dragão Estrela.
Neste dia, Souma convocou Poncho, o Ministro da Agricultura e Silvicultura do Reino de Friedônia, para o escritório de assuntos governamentais.
Quando Poncho entrou na sala, Souma estava sentado em sua cadeira e, por algum motivo, a criada chefe Serina estava de pé no canto da sala.
A presença de Serina, que estava com um olhar calmo em seu rosto, pareceu chamar sua atenção, mas Poncho se dirigiu primeiro ao rei provisório.
— E-Eu vim a seu pedido, sim.
— É bom ter você aqui — respondeu Souma. — Tenho um trabalho para você.
— Um trabalho?
Souma desenrolou um mapa do país em cima da mesa. — Você sabe que construímos a nova cidade, Venetinova, para ser o ponto principal de distribuição de bens, certo? Levando em conta a importância da cidade, decidi criar o novo posto de “governador” para a administrá-la, ao invés de um magistrado. Pretendo confiar o cargo ao Weist, que se destacou durante a guerra, mas parece que ele está ocupado com os procedimentos para mudar seu domínio. Por isso, preciso de outra pessoa para servir como governador em seu lugar por enquanto. Quero que seja responsável por isso, Poncho.
— Eu?! Administrando uma cidade tão importante?!
— Justamente por ser uma cidade importante. Além disso, a cidade acolheu um grande número de ex-refugiados como cidadãos. Se eu cometesse o erro de deixar isso para um nobre orgulhoso, haveria o risco de que ele causasse atritos desnecessários. Quero alguém com uma personalidade suave e que tenha um bom apoio da população.
— M-Mas… eu não tenho experiência… — Poncho parecia incerto.
No entanto, Souma sorriu ironicamente e o deu seu selo de aprovação. — Deve dar tudo certo. Pedi à Serina para que fosse sua assistente, além de que Komain, que era a antiga vice-líder dos refugiados, também está em Venetinova. Você a conhece, certo?
— S-Sim… Sim. Nos encontramos várias vezes enquanto eu distribuía as doações de comida…
Komain era a jovem que havia sido a vice-líder do campo de refugiados. Ela foi quem reuniu os ex-refugiados que tinham escolhido deixar de lado suas terras natais para se tornar cidadãos do reino. Ela nunca foi tímida, mesmo quando lidava com homens, o que a tornou popular. Com a sua ajuda, os cidadãos aceitariam Poncho facilmente.
— Você pode pedir ajuda às duas enquanto trabalha — explicou Souma. — Estou contando com você.
Após o rei provisório lhe dizer isso, Poncho não conseguiu dizer que não queria. — S-Sim. Entendido. Contarei com seu apoio também, Madame Serina.
— Como foi uma ordem do meu mestre, parece que não tenho escolha — constatou Serina, com um olhar composto no rosto. Logo em seguida, se curvou. — Vou apoiá-lo da melhor maneira possível.
O fato é que, quando Souma disse “Quero que seja a assistente de Poncho em Venetinova” à Serina, ela aceitou imediatamente. Aparentemente, não queria ficar sem comer a comida de Poncho enquanto ele estava longe do castelo. Sabendo disso, Souma somente conseguia sorrir ironicamente.
— Bom, faça o seu melhor. Ah, também acho que as suas propostas de casamento que vêm ao castelo vão começar a ir para aquela cidade, então boa sorte com todas elas.
— P-Perdão? — A repentina menção às propostas de casamento fez os olhos de Poncho esbugalharem e sua voz soar engraçada. — V-Vieram propostas para mim?
— Sim. Bom, você sabe que um dos motivos de eu viajar ao exterior foi para conseguir uma desculpa para recusar todos os pedidos de conhecer jovens mulheres interessadas no casamento que estão inundando o castelo, certo? Acontece que tivemos uma certa quantidade do mesmo tipo de pedido para você. Pelo bem do castelo, gostaria que você também fosse para outro lugar.
— E-Então a razão pela qual fui escolhido para ser magistrado de Venetinova também foi…
— Também foi por isso. Fiz Serina lhe prestar assistência, então se esforce.
Ao escutar isso, Poncho somente ficou parado, como se estivesse atordoado.
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Alguns dias depois, no escritório da mansão do governador de Venetinova…
— Enfim, vou fazer uma lista dos refugiados que se juntaram a nós — disse Komain.
— Por favor, sim.
Poncho observou a garota, que antes era a vice-líder dos refugiados, sair da sala com os papéis em mãos. Essa era a última coisa que precisava aprovar hoje, como governador.
— Seus deveres governamentais do dia foram finalizados, mas ainda há coisas que precisam ser feitas — anunciou Serina, sua assistente..
Poncho, que entendeu o que Serina quis dizer, perguntou hesitante: — Então, quantas serão hoje? Sim?
— Cinco pessoas. Um número relativamente baixo. — Serina respondeu de forma direta, fazendo com que Poncho ficasse cabisbaixo.
Sempre que terminava seus deveres, tinha que conhecer possíveis candidatas ao casamento. Aparentemente, as filhas de nobres e mercadores poderosos que queriam se casar com ele já estavam na sala de espera. Era um dia de trabalho normal, então foram apenas cinco, mas ele era inundado com tantas candidatas em seus dias de folga que tinham que formar uma fila.
Esse era o homem reverenciado como Lorde Ishizuka, o Deus da Comida, para você. Poncho era tão popular que não conseguia descansar nem nos dias de folga. Se casasse com uma delas logo, as coisas poderiam se acalmar um pouco, mas, infelizmente, nenhuma proposta se concretizou, mesmo com tantas delas.
— Sinto muito por fazer você passar por isso também, Madame Serina — disse ele.
— Esta é uma ordem do meu mestre, então não deixe isso te incomodar.
Serina havia acompanhado Poncho em todas essas reuniões matrimoniais, já que Souma havia pedido para que ficasse de olho nele e garantisse que não se apaixonasse por nenhuma mulher de uma Casa que tivesse segundas intenções.
Serina falou com um olhar tranquilo em seu rosto, enquanto Poncho mostrava sua gratidão a ela.
— Realmente sou grato a você, madame Serina, sim.
— Falar é fácil. — Serina se virou. Em seguida, olhou para Poncho com o canto de seu olho. — Gostaria que provasse com ações.
— Entendi, sim. — Com um sorriso sem graça, Poncho tirou algo da gaveta de sua mesa. Ao colocar aquela coisa longa e preta em sua mesa, Serina olhou atentamente.
— Isso é… algas marinhas?
— Esta é uma cidade litorânea, afinal. Consegui adquirir kombu de boa qualidade. Hoje à noite, vou usar o caldo disso e ovos para fazer um prato chamado “chawanmushi” que Sua Majestade me ensinou, sim.
— Chawanmushi… Que tipo de prato será esse? — Seu tom de voz estava tranquilo, mas havia um brilho nos olhos de Serina, o que deixava claro que estava interessada.
— Me disseram que é macio como um pudim, mas tem um sabor tão profundo quanto o mar.
— Ooh… Vamos tirar essas reuniões do caminho logo, Sir Poncho.
Serina segurou o braço de Poncho com um olhar animado no rosto. Com ela, cuja cabeça claramente estava cheia de chawanmushi, apressando-o, Poncho saiu do escritório com um sorriso tenso.
A propósito, por conta da ansiedade de Serina, a dificuldade das reuniões de Poncho com possíveis parceiras estava prestes a aumentar, mas… isso é uma história para outra hora.
(Continua no volume 7.)
Juna e Roroa Exigem Respostas
Isso aconteceu na noite em que eu retornei temporariamente da Cordilheira do Dragão Estrela para verificar se deveria formar um contrato de cavaleiro-dragão com Naden, visto que seria, basicamente, um noivado.
Depois de apresentá-la para Liscia, Juna e Roroa, que tinham ficado no reino, Liscia a levou para algum lugar. Por algum motivo, ela disse que tomariam um banho juntas. Depois, fui arrastado por Roroa e Juna, cada um segurando um braço e levando ao quarto de Roroa.
O quarto dela estava cheio de coisinhas de menina.
Fui colocado em uma das cadeiras de lá e Roroa se sentou em minha frente em uma pequena mesa. Juna foi com um grande sorriso para o lado dela.
O-O que é isso…? Do jeito que as coisas estavam indo, eu estava para ser interrogado ou algo do tipo?
— Vamos lá querido, Desembucha. — Roroa juntou suas mãos dobradas em frente de sua boca enquanto dizia isso.
— D-Desembuchar… o que, exatamente? — perguntei hesitantemente.
— Tudo sobre Naden, obviamente. Só se passou um mês e meio desde que você foi para a Cordilheira do Dragão Estrela, sabe? No entanto, o que a deixou tão apaixonada por você em tão pouco tempo?
— Isso também chamou minha atenção. Ah, aqui está. Tome um chá. — disse Juna enquanto servia uma xícara de chá preto, o qual ela havia preparado em algum momento. — Eu senti que ela tinha um forte desejo de se casar com você. Vocês só se conheceram recentemente, não é? O que aconteceu de tão especial nesse meio tempo?
— Especial? Eu só estava fazendo minhas coisas normalmente mesmo…
— Nos conte mais sobre isso.
Certo.
Ambas me pressionaram, então desisti e as contei tudo sobre Naden.
Falei sobre como ela era a única ryuu em meio a vários dragões e que parecia estar isolada por ser diferente daqueles ao seu redor.
Também discorri sobre como eu, por um acaso, sabia o que os ryuus eram e que, quando falei que ela era uma, parecia como se um grande peso tinha sido removido de seus ombros.
Como nós assistimos uma Transmissão Imperial de Voz da Joia no quarto dela, lemos novelas de romance e ficamos sem fazer nada por um tempo.
Sobre tê-la ajudado quando um dragão vermelho chamado Ruby começou uma briga com ela.
E também como pude ensiná-la a voar…
Assim por diante. Elas ficaram me fazendo perguntas e questionando sobre cada pequeno detalhe sobre o tempo que passamos juntos.
Após ouvir tudo o que eu tinha para falar, as bochechas de Roroa estavam em um tom brilhante de vermelho. — O que foi esse encontro romântico? Querido, você é praticamente um príncipe em um cavalo branco.
— Mas eu não estava montado em nenhum cavalo branco. — falou. — Um dragão me levou para a Cordilheira do Dragão Estrela em sua boca.
— Quem liga se você foi realmente montado em um! Você apareceu na frente de uma jovem donzela em perigo e resolveu seus problemas de forma rápida. Isso é mais do que qualquer garota pode pedir!
Espera, realmente foi a Roroa quem disse que foi um encontro artificial? Se bem que realmente parecia que estávamos dançando na palma da mão da Dragão Mãe.
— Eu concordo com a Roroa.
Até tu, Juna?
— Após ouvir a sua história, senti que entendi como você se tornou uma pessoa especial para Naden. Eu diria que você já é uma pessoa que ela não vive sem. Deve ser por isso que quer tanto ficar com você.
— Foi tudo tão dramático desde que vocês se encontraram — Roroa estava concordando; acenando com a cabeça.
Mas não.
— Se estamos falando sobre como nos encontramos, a forma como encontrei vocês também não foi bem dramática? — questonei — Juna, você era uma espiã mandada por Excel, e Roroa veio até a mim com seu país atrás, não? Caramba, você até estava embrulhada em um carpete e me surpreendeu com um dun-da-da-dun.
— Eu coordeno o que eu faço. Estou com inveja de Nadie, que teve um encontro dramático sem ter que fazer nada senão ser ela mesma.
— Isso mesmo — disse Juna. — Me encontrar com você como uma espiã deixou uma má impressão também…
Roroa se levantou da cadeira e virou-se para não olhar para mim, enquanto Juna parecia um pouco rejeitada. As atitudes individuais de cada uma… era muito fofa, de alguma maneira.
Eu me levantei da minha cadeira e abracei as duas ao mesmo tempo.
— Sem vocês duas, tenho certeza de que não estaríamos aqui fazendo nada disso. Juna, você me ajudou a formar laços com Excel. Roroa, você amaciou os corações das pessoas do principado. Claro, o mesmo se aplica para os meus encontros com Liscia e Aisha. Não importa como nos encontramos, se qualquer uma de vocês não estivesse aqui, eu não teria um presente tão bom quanto esse que temos agora.
— Senhor…
— Querido…
Mostrei um grande sorriso a Roroa e Juna.
— Foi graças a vocês que eu estou conseguindo ser rei de alguma maneira. Sou muito grato.
— Hee hee! Você é muito gentil. — Juna deu uma risadinha.
— Ha ha ha! Se você diz, eu definitivamente não vou reclamar.
As duas sorriram. E eu ainda estava vivo…
— Mas ainda assim, querido. Eu acho que você deve mostrar mais gratidão. — disse Roroa, de forma direta e reta.
Hã? Mostrar?
Roroa agarrou meu braço e começou a balançar pra lá e prá cá. — Então, sendo assim, o Querido vai dormir na minha cama hoje.
— Ro-roroa?! — As pupilas de Juna se dilataram.
— Como funciona essa lógica?! — Exclamei.
— Não posso deixar você encostar um dedo em mim ainda, por causa de toda aquela coisa de sucessão, mas se você mantiver as mãos para si, tudo vai ficar bem, né? Eu ouvi dizer que você já dormiu ao lado da Irmãzona Cia e da Irmãzona Ai, porque você não dorme comigo e Juna também?
— Oh, se isso for tudo… vou pegar os travesseiros. — Juna, aparentemente satisfeita com aquela explicação, deixou o quarto.
Já foi tudo decidido?
— Ha ha ha! Vou ter doces sonhos hoje a noite. — Roroa riu entredentes.
— Ok… Entendi — falei.
E, então, naquela noite, nós três dormimos juntos,
Roroa foi mais fogosa do que o necessário, e o cheiro maravilhoso de Juna me deixou um pouco zonzo, mas me senti cansado de me mover, então rapidamente adormeci.
Agora, sobre o que sonhei… foi meio vergonhoso, então prefiro não dizer.
Ruby Vai Para a Casa da Família do Hal
Eu me chamo Ruby. Sou um dragão que recentemente formou um pacto cavaleiro-dragão com Halbert, um oficial do Reino de Friedonia.
Não é muito comum um dragão da Cordilheira do Dragão Estelar matrimoniar em nenhum outro país que não seja em Nothung, o Reino dos Cavaleiros Dracônicos, mas se for para falar de exceções, fico muito atrás daquela garota que se casou com o rei.
Por agora, eu vim visitar a casa de Hal, a Casa dos Magna, mas-
— Seu grande imbecil! — Um homem de repente berrou.
— Gwah!
No momento em que a porta da mansão abriu, Hal foi enviado voando para longe. Na minha frente restou apenas um senhor, muito elegante, que se parecia bastante com Hal. Ele estava com o punho estendido, tinha uma barba vermelha e um corpo musculoso;parecia muito com um guerreiro experiente.
— Owww, o que você está fazendo assim do nada, pai? — Hal retrucou enquanto massageava a própria bochecha
Então quer dizer que o senhor elegante é, na verdade, pai do Hal?
Seu pai, Glaive — como me disseram depois —, apontou seu punho cerrado em direção de Hal.
— Eu li todos os relatórios, Hal. Sobre tudo o que fez na Cordilheira. Reconheço que há momentos de crises em que você foi vital para solucionar. Dito isso, você não se sente mal pela Kaede? Vocês eram noivos! E o mesmo vale para essa garota também. Suas ações sem sentido decidiram o futuro dela em seu lugar!
― Guh!
Hal ficou desestabilizado com a fala de seu pai, mas mesmo assim não deu nenhuma resposta. Me pareceu que ele estava pensando em algo, mas… era terrível, ter que ver Hal ser castigado por ter formado o contrato comigo.
— Pare isso! Eu que sou a culpada! — Eu rapidamente me coloquei entre eles. — Eu me meti entre eles porque eu queria ser capaz de fazer algo. Hal e Kaede apenas aceitaram! Então, por favor, me puna no lugar deles!
Quando eu supliquei para ele dessa forma, Glaive hesitou. Foi como se estivesse surpreso por algo que ele não imaginava que poderia ocorrer.
Por que a reação dele foi assim? Não era para ele estar irritado sobre nosso contrato?
Houve um silêncio constrangedor após minha fala, mas então-
— Ok, tudo bem. Você, venha aqui comigo, mocinha.
Houve um puxão repentino em meu braço, me movendo para longe deles. Quando eu virei, havia uma moça com um olhar gentil em seu rosto. A moça então soltou meu braço e pousou essa mesma mão, em meus lábios
— Não interrompa. É assim que eles conversam entre si.
— C-conversam? — gaguejei. — Tem certeza?
Me pareceu mais que Hal tomou uma surra de verdade!
A moça então colocou sua outra mão na bochecha enquanto fazia um sorriso complexo.
— Olhe, homens podem ser bem idiotas. Quando ouviu queseu filho tinha se tornado um cavaleiro dracônico, o primeiro desde a era do primeiro herói-rei, ele ficou todo feliz dizendo “Huh, então aquele idiota agora é um cavaleiro dracônico?”
— É assim que ele diz como está feliz?!
— Você tem razão, mas se ele fosse agir de forma alegre, isso não seria injusto com Kaede e os outros membros da Casa Foxia? Ninguém vai culpar Hal dado como a situação ocorreu, e é por isso que ele está ficando nervoso no lugar deles.
— Q-Que relação estranha de pai e filho… — Eu disse de forma exasperada, e a moça me deu uma risada.
— Eles são sua família agora. A propósito, muito prazer, mocinha, me chamo Elba, sou a mãe de Halbert.
— V-V-Você é a mãe dele?!
— Oh meu Deus, como você é fofa. Seu cabelo vermelho se parece muito com o deles. Vai ser como se eu tivesse uma filha de verdade tendo você conosco — disse Senhorita Elba com um sorriso acolhedor. Foi muito reconfortante ver como parecia ser uma pessoa calorosa.
Enquanto isso, agora que a Senhorita Elba disse seus pensamentos em alto e bom som, o Senhor Glaive ficou vermelho de vergonha.
— Seu moleque sortudo! — exclamou Glaive, enquanto batia no próprio filho.
— Gwah…! Pare! Eu não vou aceitar que você me bata por isso, seu canalha!
Oh, essa vez Hal revidou.
— Ngh! Kaede não era o bastante pra você, então você vai lá e seduz outra boa garota como essa?!
—Urgh… Eu não seduzi ninguém!
Os dois estavam tendo uma luta desorganiza e brusca, mas, de algum modo, pareciam estar cheios de vitalidade. Talvez a Senhorita Elba esteja certa e esta é apenas a forma como eles, os Magnas, se comunicam.
A propósito, a comunicação terminou com uma vitória para o Senhor Glaive. Isso era porque Hal provavelmente ainda se sentia culpado, pois seus golpes eram hesitantes, como se estivesse se segurando.
Enquanto arrastava seu filho ensanguentado, o Senhor Glaive disse para a Senhorita Elba:
— Me perdoe, querida. Nós estamos indo nos desculpar com a Casa Foxia.
Ela sorriu.
— Voltem logo.
Glaive partiu tranquilamente enquanto arrastava Hal. Senhorita Elba assistia suas idas como um sorriso gentil em seu rosto. Quando lhe perguntei sobre isso, ela me disse que Hal já havia desrespeitado o rei anteriormente e essa foi sua punição: ir até o castelo para um pedido de desculpas. Talvez agora seja uma tradição da Casa Magna buscar perdão dessa forma.
Será que eu consigo viver nesta Casa…?
Enquanto me preocupava com isso…
— Eu tinha dito isso a Kaede também, mas o mais importante na vida de casado é “se adaptar”, tudo bem? — disse Senhorita Elba.
— Eu vou dar o meu melhor, Se… Mãe Elba
Tudo o que eu poderia fazer era aceitar.
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Alguns dias depois, Hal e Kaede acompanharam o rei para o sul da República de Turgis.
Contudo,acabei ficando para trás, cuidado da Casa Magna. Dragões e Ryuus são fracos contra o frio, então eu provavelmente só seria um estorvo caso fosse para as terras frígidas da República.
E por enquanto eu estava aproveitando a família que eu nunca tive.
— O que você está achando, Pai Glaive? — perguntei sobre minha massagem.
— E-ungh… Nada… mal.
Glaive tinha uma cara meio fria e suas palavras eram curtas, mas suas orelhas estavam ficando vermelhas, então eu poderia facilmente dizer que ele estava com vergonha. Pensou que ele era alguém sério e vaidoso, mas ele tinha um lado muito fofo também.
— Ruby, querido, eu vou fazer o jantar — disse Senhorita Elba. — Você pode me ajudar, Ruby?
— Sim, Mãe Elba.
E eu com prazer fui à cozinha.
O “E Se” Mais Conhecido Como Elemento Narrativo Descartado
*Nota: Esta história não tem nada a ver com a história principal. Me desculpe.
— Realmente há muitos deles… — disse Liscia. — Muito mais do que esperávamos.
— Isso mostra o quão sério o principado está.
De cima das muralhas de Altomura, Liscia e eu podíamos ver as forças do Principado de Amidônia avançando em nossa direção. Os 30.000 soldados do exército do principado, que marchavam para Elfrieden a fim de se aproveitar da discórdia entre mim e os três duques, estavam vindo do sul em direção à Altomura, uma região fértil e produtora de grãos.
Tínhamos acabado de derrubar os três duques, e o Exército Proibido, nossa principal força, estava no meio da absorção do Exército do Ducado de Carmine para ser reorganizada como a Força de Defesa Nacional. A recém-formada Força de Defesa Nacional não viria para cá. Ao invés disso, iria lançar um contra-ataque ao norte e tomaria a capital do principado, Van.
Por isso, Altomura tinha apenas a guarnição local de quinhentos soldados e uma força de dois mil fuzileiros navais sob o comando da Almirante da Marinha, Excel. Tínhamos que parar a força do principado de 30.000 com apenas 2.500 soldados e ganhar tempo até que a força principal pudesse começar o seu contra-ataque.
— Vai ser uma batalha difícil — declarou Liscia.
— Nós já sabíamos disso. É por isso que trouxemos aquilo, não é?
Nos viramos para olhar para a prata brilhante e metálica de um enorme dragão mecânico. Seu nome era Dramecha, criado pelo orgulho do nosso reino, a super cientista Gênia Maxwell. Possuía uma armadura resistente a canhões e com um Tipo 10 embutido, o qual refletia ataques mágicos, mas não tinha nenhuma função que o fizesse se mover. Antes era um elefante branco, com nenhuma função além de ser um possível espantalho gigante. No entanto, com a minha habilidade, Poltergeists Vivos, fui capaz de movê-lo.
— Vossa Majestade, as coisas estão prontas do meu lado — anunciou Aisha.
— Os fuzileiros navais estão prontos para partir a qualquer momento — acrescentou Juna.
Aisha, a melhor guerreira do reino, e Juna, a cantora que também era comandante dos fuzileiros navais, vieram conosco. Esse foi o relatório de ambas. Se enviássemos o Dramecha, com certeza conseguiríamos gerar confusão nas tropas do principado. Nesse tempo, Aisha e os fuzileiros navais sairiam pelo portão dos fundos e, depois, dariam uma grande volta para cortar as rotas de suprimento do inimigo pela retaguarda.
Assenti com a cabeça para as duas.
— Tudo bem. Então vamos começar.
— Sim, senhor!
Após ver Aisha e Juna partirem, tentei entrar na “cabine” do Dramecha. Nesse momento, de repente…
— Souma! — Liscia gritou meu nome, o que me fez parar.
Quando me virei para olhar, Liscia se jogou em mim e me abraçou.
— L-Liscia?
Depois que a segurei, cambaleando levemente, Liscia disse com uma voz tensa:
— Hm, olha… Eu sinto muito por te envolver em uma batalha como essa.
Havia lágrimas em seus olhos. Seu olhar enquanto lacrimejava estava repleto de culpa por ter me arrancado da minha terra natal, e ainda me fazer lutar em nome desse país. Ela deve ter aguentado isso esse tempo todo.
Não queria que Liscia me olhasse assim, então coloquei a mão em cima de sua cabeça.
— Não me olhe assim. Eu sou o rei agora, então há coisas que devo fazer.
Liscia continuou preocupada.
— Mas, se alguma coisa acontecer com você, eu… Eek!
Eu a abracei com força. Enquanto abraçava o seu corpo que, apesar de toda a sua força, era bastante delicado, eu acariciei gentilmente a sua nuca.
— Está tudo bem. Eu e o Dramecha não vamos perder.
— Souma…
— Espere por mim. Vou botar eles pra correr e voltarei para o seu lado logo em seguida.
— Tudo bem…!
Soltei Liscia e entrei na cabine. Então, quando me sentei em meu banco, coloquei minhas mãos nas laterais da saleta e transferi uma de minhas consciências para o Dramecha.
No próximo instante, Dramecha começou a se mover e soltou um rugido mecânico, como se tivesse uma consciência própria.
Ok… Vamos, Dramecha.
— Aqui é o Souma Kazuya no Dramecha, partindo.
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— Espera… quê?
Ao abrir meus olhos, estava no escritório de assuntos governamentais em Parnam.
Havia uma montanha de papelada para analisar em minha frente. É… o de sempre.
Aparentemente, eu havia cochilado enquanto trabalhava. Tive a impressão de que tinha tido um sonho bem realista e longo, mas… não consegui me lembrar dos detalhes.
Bom, sonhos são assim mesmo.
Quando me espreguicei, Liscia, que estava analisando a papelada comigo, me olhou com um olhar confuso no rosto.
— Está tudo bem? Pode ir descansar, se estiver cansado, sabia?
Liscia estava preocupada com o meu bem-estar, mas eu a respondi com um sorriso forçado:
— Não, não é nada demais. Eu só tive um sonho estranho enquanto cochilava.
Explicação: É assim que a história seria se todos os limites tivessem sido removidos e as habilidades de Souma, as funções do Dramecha e as reações dos países vizinhos a ambos fossem abordadas. Nos estágios iniciais da escrita de Herói Realista, pensei em deixar as habilidades de Souma correrem soltas, mas parecia mais difícil fazer esse trabalho se destacar dos outros dessa maneira, além de que também parecia ser o contrário do que os leitores queriam, então descartei a ideia.
Liscia se Recuperando
Eu sou a Liscia Elfrieden, candidata a se tornar a Primeira Rainha de Souma.
Todos nós voltamos para o reino ontem, após resolvermos a questão da Cordilheira do Dragão Estrela, porém eu devo ter ficado exausta por causa do movimento que fiz, já que fiquei mal. Estava sentindo tontura e letargia afetando todo o meu corpo desde que havia desembarcado da gôndola. Além disso, estava com um pouco menos de apetite do que o normal.
Como provavelmente era só um resfriado, eu estava descansando para me recuperar em minha própria cama. Sempre havia pessoas correndo ao redor do castelo, mas hoje estava quieto. Tinha certeza de que estavam tentando não fazer muito barulho ao redor desta sala porque não estava me sentindo bem.
— É como se… o tempo tivesse parado — murmurei.
Os dias passaram extremamente rápido desde que Souma havia chegado, então talvez fizesse um tempo desde que tivesse me sentido tão calma. Ele sempre tinha algum tipo de trabalho para fazer, então fazia um bom tempo desde a última vez que eu não precisava fazer nada, já que sempre o ajudava. Era bom poder relaxar, mas…
— Estou entediada…
Sempre me juntava aos guardas do castelo em seu treinamento com Aisha quando tinha tempo livre, mas não podia fazer isso na minha condição. Bom, pensei em ler um livro, mas tudo que tinha nesta sala eram manuais sobre táticas e estratégias militares. Se lesse isso agora, com certeza perderia meu almoço. Dói admitir, mas eu tinha um quarto sem graça. A única coisa feminina nesta sala era uma boneca que Souma havia feito como parte de seu hobby, então me senti muito patética. (O poder feminino de Souma era muito grande.)
Enquanto estava sentada, sem nada para fazer, ouvi uma batida na porta.
— Entre — gritei. Em seguida, Roroa entrou com Aisha, que carregava um objeto grande e coberto.
— E aí, Irmãzona Cia. Como você está?
— Com licença… Ufa. — Aisha colocou o objeto no chão.
Eu pisquei. — Estou melhorando, mas… o que é aquilo?
Roroa riu de forma travessa.
— Imaginei que você estivesse entediada, então pegamos isso emprestado do Querido. Né, Irmãzona Ai?
— Isso mesmo. Tcharam.
Aisha puxou o pano e revelou um receptor simples da Transmissão de Voz da Joia. Quando Roroa apertou o botão, a transmissão estava bem no meio de um programa de canto.
— Pedi para uma das unidades da família real ajustar para receber transmissões públicas — explicou Roroa, com um olhar presunçoso e confiante. — Isso deve ajudar a acabar com o tédio enquanto não pode sair, não acha?
— Não tem problema eu usá-lo? Não temos tantos receptores simples…
— Recebemos permissão de Sua Alteza. Não havia planos de usá-lo em um futuro próximo, então ele disse que está tudo bem — comentou Aisha.
Se tinham obtido permissão, acho que não havia nenhum problema…
— Obrigada.
— Ha ha ha! — Roroa riu. — Relaxa.
— Fique bem logo — acrescentou Aisha.
Elas estavam com medo de que ficar muito tempo pudesse me incomodar, então saíram da sala rapidamente. Após ser deixada sozinha, me distraí assistindo a um programa de música. Normalmente, eu era quem estava na produção dessas coisas, então nunca tinha relaxado e assistido dessa maneira antes. Contudo… foi surpreendentemente bom.
Enquanto pensava nisso, escutei outra batida na porta.
— Entre — gritei. Desta vez, Juna e Naden entraram.
— Com licença — disse Juna.
— Estamos entrando.
Ambas, pelo que vi, estavam com os braços cheios de livros. Elas os carregaram e deixaram ao lado da minha cama. Pelas capas e pelos títulos, aparentemente eram crônicas de aventura e romance.
— Por que trouxeram esses livros? — perguntei.
— Eles são meus. Trouxe eles da Cordilheira do Dragão Estrela — disse Naden, estufando o peito com orgulho.
Juna sorriu ironicamente e acrescentou: — Ouvimos da Senhorita Roroa que você estava entediada, então Naden trouxe seus livros para te emprestar.
— Ouvi dizer que você só tem livros militares. Todos esses livros são ótimos.
Parecia que Juna e Naden, como Roroa e Aisha, tinham vindo com algo para amenizar o meu tédio. Eu sorri e agradeci.
— Obrigada.
— Por favor, cuide-se — me respondeu Juna.
— Se precisar de alguma coisa, pode nos chamar — comunicou Naden.
As duas saíram da sala. Acenei para elas conforme, relutantemente, fechavam a porta enquanto segurava um dos livros que trouxeram. Estava muito grata pela gentileza de todos.
— Ngh… — murmurei.
Aparentemente, acabei dormindo enquanto segurava o livro de Naden em algum momento.
Quando acordei, o sol já havia se posto. No entanto, ainda estava claro dentro da sala porque as lanternas estavam acesas. Provavelmente uma das empregadas tinha feito isso por mim enquanto estava dormindo.
Ao me sentar, ouvi uma batida na porta.
— Como você está, Liscia?
Quem entrou depois da batida foi Souma. Em suas mãos, estava segurando uma bandeja com uma panela pequena. Além dele, Carla vinha logo atrás, carregando um prato de sopa e muito mais.
— Me disseram que você estava sem apetite, mas achei que deveria comer alguma coisa, pelo menos — disse Souma. — Mandei os funcionários da cozinha fazerem isso.
Após dizer isso, Souma levantou a tampa da panela para me mostrar o que havia dentro.
— Tcharam. A receita especial da vovó para gripes: “Tamatama Udon”.
— Tamatama Udon?
— É só ferver cebolas no caldo até ficarem macias e, depois, adicionar macarrão udon, como os que Poncho fez para mim. Assim que for fervido ao ponto de ficar macio e fácil de digerir, é só colocar um ovo. Também tem gengibre nele, então vai te aquecer, além de ser altamente nutritivo.
O vapor saiu do caldo da sopa bem diante dos meus olhos. Eu ainda não tinha muito apetite, mas parecia estar com fome. Isso me deu muita vontade de comer.
— Obrigada. Vou querer um pouco — falei.
— Só coma o quanto aguentar, ok? Tenho certeza de que Aisha vai comer o restante.
— Hehe! Talvez eu coma tudo e deixe a Aisha triste… Nossa, isso está bom.
Souma e Carla sorriram enquanto viam eu comer o udon. Eu estava conseguindo sentir a bondade de todos…
É um segredo, mas eu pensei sabe, isso não é tão ruim, de vez em quando.
Contudo, não podia deixar todo mundo preocupado comigo para sempre. Souma e os outros iriam para a República, mas aparentava que Hilde, a médica, viria em breve. Iria pedir para que ela fizesse um exame minucioso em mim.
O antigo casal real aproveita a vida tranquila
O Reino de Friedonia tinha um território nas montanhas que estava sob controle direto da família real. Este era o território pessoal do antigo rei, Albert, em seus dias como nobre. Agora, no entanto, servia como local de descanso para o antigo casal real.
Era um pasto, e as pessoas de lá trabalhavam nos campos e em celeiros durante seus dias. E apesar de que eles pudessem apenas ouvir, apreciavam a Joia de Transmissão de Voz com suas músicas e outros programas enquanto bebiam a noite. Ficava no interior, mas as pessoas eram pacíficas e essa era uma área surpreendentemente fácil de se viver.
— La, la, la. — Albert Cantou
Neste lugar tranquilo, no moinho de Albert, o antigo rei estava podando as árvores de seu jardim enquanto cantarolava. Albert era lembrado pelas pessoas como um bom homem e um rei medíocre, mas havia um talento em que era excelente: horticultura.
Albert era especialmente bom aparando os galhos das árvores ou fazendo lindas flores desabrocharem. Isso porque, em seus dias como nobre empobrecido, fez o jardim para o moinho ele mesmo. Desde então tem sido seu hobby em privado e suas habilidades rapidamente melhoraram. A verdade era que, mesmo se casando com Elisha e se juntando a família real, ainda ajudava a manter os jardins interiores do castelo.
Em particular, Albert era habilidoso em podar as árvores ao ponto de seus galhos terem formatos de animais. As folhas e os galhos que agora eram podados se pareciam com um cisne limpando suas asas. Ainda há alguns detalhes para se trabalhar, mas já era um trabalho cuja qualidade dava a sensação de que estava vivo. Então…
Você poderia ter um descanso e se juntar a mim para um chá? — Sua esposa o chamou.
A antiga rainha, Elisha, estava no terraço ao lado do jardim, enquanto a empregada estava ao seu lado com o chá preparado.
Albert limpou o suor das sobrancelhas e retrucou com um sorriso.
— Oh, Elisha, eu logo estarei ai.
E então, os dois aproveitaram em silêncio o chá no terraço. O entardecer chegou lentamente para eles. Elisha aproveitou o momento, observando o jardim enquanto tomava sua chávena.
— O número de flores e animais certamente cresceram. É como se vivesse em um livro de fantasia!
— A-ahaha… talvez eu tenha me deixado levar também após os elogios do nosso genro — admitiu Albert, com um sorriso embaraçado.
As habilidades de horticultura de Albert eram maravilhosas, e o atual rei provisório, Souma, as tratou como especiais. Devido a isso, Souma pagou pelos custos da jardinagem de Albert do seu próprio bolso. Ele construiu uma estufa nos jardins, e sempre que encontrava flores incomuns, as enviava para Albert verificar se poderiam ser cultivadas no país. Graças a isso, o jardim agora era repleto de árvores com formato animal e flores das mais diversas cores.
Quando viu quão tímido Albert ficou, Elisha riu.
— Qual é o problema? O jardim é muito popular, afinal.
Havia um recente rastro de pegadas. Parece que as crianças da vila vizinha vieram brincar.
— Reeei, Rainhaaa, Ooi!
— Oláááá!
As crianças os saudaram com sorrisos perfeitos.
— Rainha, rainha — Uma das crianças disse. — Podemos explorar o jardim de novo?
— Hee hee!
Após terem suas aprovações, as crianças comemoraram alto.
— Eba!
Em seguida, jogaram as mãos para o ar e começaram a correr pelo jardim.
O lugar, que transbordava de flores multicoloridas e árvores em formatos de animais, era um lugar atraente para as crianças explorarem, e elas frequentemente vinham para brincar. Albert e Elisha não se importaram, mas os pais das crianças, cientes de seu status, eram bastante humildes sobre isso, sempre os presenteando com vegetais frescos como um símbolo de apreciação por deixarem seus filhos brincarem.
— É bom para mim vê-los tão energéticos, mas não somos mais rei e rainha, ou qualquer outra coisa desse tipo — disse Albert, se sentindo perturbado enquanto mexia em seu bigode.
— Oh, qual o problema? Deixe nos chamarem do que quiserem.
— Eu entendo o que você quer dizer, mas isso me faz sentir que estou sendo injusto com nosso genro e com Liscia, que trabalham duro no castelo.
Aqueles dois não se importavam nem um pouco.
Dito isso, Elisha olhou para as crianças brincando no jardim.
— Em pensar que poderíamos gastar nossos dias em paz como agora… nunca imaginei isso.
— De fato. A primeira metade de nossas vidas foi bastante difícil, afinal.
Os dois haviam dado suporte um ao outro para sobrepujar na guerra de sucessão após a morte do rei anterior a Albert. Naquele momento, eles provavelmente não imaginavam que uma vida pacífica como essa viria.
Sorrindo, Elisha colocou sua mão em cima da de Albert.
— Mas é por isso que estou feliz que escolhi você. Por causa do meu eu desse mundo ter te escolhido, nós agora podemos viver nossos dias em paz dessa forma.
— Elisha… Foi seu poder que me possibilitou confiar o trono ao nosso genro. Graças a isso eu sou capaz de ter uma vida calma e brincar por aí com jardinagem, assim como gastar meu tempo com aqueles que amo.
— Eu te amo, Al.
— Eu te amo também, Elisha.
A empregada poderia apenas sorrir enquanto assistia os pombinhos de meia idade transbordando afetos de amor.
Então outra empregada veio ao encontro dos dois e entregou uma carta a Albert.
— Mestre Albert, uma carta de Liscia destinada a vocês dois.
De Liscia, ela está bem?
Aceitando a carta, os dois a olharam completamente. E então…
— Oh, querida.
— Oh meu Deus, meu Deus — exclamou Elisha.
O conteúdo fez os dois sorrirem em satisfação.
Tradução: 白竜, Sincronize e Jeagles
Revisão: B.Lotus
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