Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 06 – Cap. 08.1 – Epílogo 1: Uma Dança Com Você

 

— Isso é horrível…— murmurei.

Enquanto descíamos, pude ver os estragos resultantes em Dracul após o ataque do cubo misterioso. Estava um caos.

O riacho que ficava perto da caverna de Naden tornou-se cheio e lamacento; os rios transbordaram por toda parte, inundando as planícies.

O clima de Dracul sempre foi controlado pela Madame Tiamat, certamente uma obra de drenagem nunca foi necessária. Dada a força dos dragões, era duvidoso que algum deles tivesse morrido devido à inundação, mas os rios marrons e lamacentos arruinaram o belo cenário.

— Você acha que Líscia e os outros estão bem? — perguntei.

— Estou preocupada, mas se qualquer coisa acontecer, tenho certeza que Ruby voará para cá.

— Depois de tudo, agora tenho certeza de que os dragões podem voar — concordou Aisha. — Nenhuma notícia também é uma boa notícia.

Com Naden e Aisha tentando me animar, fomos para o Castelo de Cristal onde Liscia e os outros nos esperavam. Embora o nível do lago ao redor do Castelo de Cristal tivesse subido e cobrisse uma área mais ampla, não havia nenhum sinal de mudança no próprio castelo. Talvez ele tenha sido projetado para ser uma ilha flutuante.

Chegamos ao chão e, enquanto me sentia aliviado ao ver a integridade do local, Líscia e os outros imediatamente correram em nossa direção.

— Souma! — Líscia me abraçou imediatamente. — Graças a Deus… Você está bem…

— Também estou feliz por vê-la bem — Retribuí o abraço de Líscia e acariciei seus cabelos.

Depois que nos abraçamos por um tempo, Líscia soltou e, com uma cara meio zangada, disse:

— Nossa, você me deixou preocupada, sabia? Vi clarões nas nuvens e depois explosões. Se Halbert e Ruby não tivessem subido lá, estava prestes a colocar uma hélice na gôndola e subido lá eu mesma, okay?

Usar a gôndola?! Isso teria sido muito imprudente.

— E-Eu sinto muito por fazer você se preocupar — disse. — Então, por favor, não faça nada tão perigoso.

— Olha quem fala! — Disse Líscia enquanto puxava minha bochecha.

Ela… meio que tinha razão.

Ainda assim, ela mesma teria vindo atrás de mim… huh. Pensei que Líscia estava agindo mais como uma futura primeira rainha primária, mas ainda se podia ver um pouco de seu lado aventureira em momentos como este. Bem, era isso que Líscia era; eu a amava por isso.

Então, Líscia se afastou e retornou para o lado de Aisha e Naden.

— Estou feliz que vocês duas estão seguras também.

— Claro que estamos! Fiz com que Souma voltasse ileso, como foi confiado a mim! — falou Naden, orgulhosa, estufando seu peito não tão amplo com dignidade.

Aisha, que era muito mais bem dotada, deixou o seu cair com um suspiro de alívio.

— Tudo o que fiz foi destruir bombas, mas é bom ver que as coisas acabaram bem.

Enquanto observava as três, virei-me para Carla, que havia se aproximado, e fiz uma pergunta.

— Houve algum dano aqui na superfície?

— Não. Graças ao Sir Halbert nos alertando sobre o perigo, os dragões foram capazes de interceptar os objetos que caíram, então não houve danos notáveis. Líscia, Madame Kaede e eu estávamos usando arcos encantados para interceptar as coisas. Mas…

Carla desviou os olhos. Parecia que havia algo que ela estava tendo problemas para dizer.

— Algo aconteceu?

— Não… Mas algo está prestes a acontecer, tenho certeza.

Após dizer isso, ela olhou para trás.

Seguindo sua linha de visão, vi Kaede com os braços cruzados e um sorriso imponente, e Hal ajoelhado na frente dela. Ruby estava atrás dele agindo confusa.

Huh? O quê? Parecia que ele estava com problemas.

— Hal, você entende o que você fez? — disse Kaede, olhando para Hal sem deixar de sorrir. — Você montou nas costas de um dragão solteiro, sabia? Você sabe o que isso significa, certo?

— Não, hum… E-Eu não fazia ideia! Não que eles apenas deixassem aqueles que tomariam como maridos em suas costas, ou que não deixar outros homens montá-los fosse um sinal de castidade! — Hal se explicou desesperadamente, suando em baldes.

Oh, agora que ele mencionou isso, Naden disse algo assim. Poderia Hal ter montado Ruby sem saber disso? Isso era como roubar um beijo de uma mulher solteira, ou algo nesse sentido. Não estava errado quando pensei que ele estava com problemas.

— Para referência, o que acontece se ele montá-la sem saber com antecedência? — Perguntei a Naden, que tinha uma expressão preocupada no rosto e coçou a bochecha.

— Hm… Se ele fizer um contrato com ela, não tem problemas, mas se ela tentar fazer um contrato com outra pessoa enquanto ele ainda estiver vivo, ela será vista como ‘fácil’ ou vagabunda. Se ela não conseguir firmar um contrato com Halbert, Ruby pode não conseguir um por mais oitenta anos.

Mesmo que tudo o que eles estivessem fazendo fosse deixar as pessoas cavalgarem em suas costas, os dragões aparentemente tinham um senso de castidade muito severo. Kaede deu de ombros em descrença e disse:

— Mesmo que você não soubesse disso antes, se ouvisse Sua Majestade e Madame Naden quando eles estavam conversando, você saberia disso, não é?

— Não, eu sei que estou errado. Mas, Kaede, naquele momento… Você nunca disse nada para me impedir de montá-la!

— Porque era uma crise — retrucou. — Conhecendo você, tinha minhas dúvidas de que você sabia o que estava fazendo, mas dada a situação, decidi aceitar, sabe. Sim, embora tenhamos ficado noivos noutro dia.

Gulp

Oh, Hal e Kaede estão noivos? Parabéns. Bem, eles eram amigos de infância, afinal, esperava que isso eventualmente acontecesse, então não fiquei surpreso, mas… Se fosse esse o caso, isso não poderia ter acontecido em um momento pior. Kaede suspirou e seus ombros caíram.

— Qual a desculpa agora? Você não sabia? E quanto à Ruby que voou com você? Ela não pode mais comparecer à Cerimônia do Contrato. Se você não se responsabilizar, ela vai ficar sozinha enquanto você estiver vivo, sabe! Você está planejando desperdiçar décadas da vida de uma garota?

— U-Um… Kaede — Ruby arriscou. — Estava pronta para aceitar isso quando…

— Você fique calada, Ruby!

— S-Sim, senhora… — Ruby apressadamente deu um passo para o lado.

— E pensar que ela poderia acabar com a Ruby com um grito… — Naden escolheu um motivo estranho para se impressionar.

Normalmente Kaede era do tipo hesitante, mas quando era hora de se manter firme, nada poderia amedrontá-la. Como quando Hal tentou se juntar a Georg. O fato de geralmente envolver Hal era um sinal de quão profundo era o amor dela por ele

Nesse ponto, Carla sussurrou em meu ouvido:

— Hum, Mestre, está tudo bem em não impedi-los?

— Você acha que qualquer coisa que eu diga vai persuadi-los? — murmurei em resposta. — Mesmo carregado de justificativas, estou tentando formar um contrato com Naden quando já tenho quatro noivas.

— Acho que você tem razão… — Carla se afastou de mim.

Sim… Essa era a reação que deveria ter esperado.

Levantando o dedo ao lado de sua têmpora, Kaede declarou:

— Parece que não tenho escolha, sabe. Por favor, faça o certo por ela.

— Você está bem com isso, Kaede? — Halbert perguntou de forma franca.

— Vou deixar passar desta vez. Preciso pensar no que é melhor para a Casa Magna daqui pra frente. Se minhas intenções são, realmente, pelo crescimento da Casa Magna, firmar um contrato com um dragão como Ruby não é uma coisa ruim. Se você for um cavaleiro dragão, será visto com deferência1Respeito, consideração. Como numa relação com um superior ou uma pessoa mais velha. por inimigos e aliados, e isso deve ser útil para você quando for para a guerra. Posso aceitar isso como um benefício para minha casa.

— Kaede…

— Mas esta é a última vez que quero ver você pegando outras esposas, sem pensar nas consequências!

— Uh, certo… vou guardar isso no peito.

— Muito obrigada, Kaede — Ruby curvou a cabeça para Kaede com alívio.

Pelo visto, Hal não conseguia levantar a cabeça em deferência a ela. Parecia que Kaede conseguiu mostrar sua tolerância como esposa principal, enquanto se colocava acima de Hal e Ruby. Agora Hal nunca seria capaz de responder a ela sobre assuntos domésticos. Igualzinho a mim.

Parando pra pensar, vovô disse uma vez: — O segredo para uma família feliz é ser sábio sobre como você acaba sob o domínio de sua esposa — Até minha avó, que estava sempre sorrindo, tinha criticado meu avô quando ele se comportava mal quando eram mais jovens. Líscia e as outras vão acabar assim eventualmente…? Sinto como se já tivesse visto sinais disso.

— Você está pensando em algo rude, não é? — perguntou Líscia, lançando-me um olhar frio. Ela estava, pelo visto, tentando descobrir algo.

— Oh, não… só estava pensando que deveríamos pedir a Madame Tiamat para resolver o problema com a Ruby… ou algo do tipo — respondi apressadamente.

— Hm… Líscia olhou para mim com desconfiança.

Uh, hora de mudar de assunto.

— Oh, certo. Para onde foram os outros dragões? Carla estava dizendo que eles estavam interceptando alguma coisa no solo.

— Hum? Ah, isso mesmo. As sacerdotisas dos dragões deixaram uma mensagem para você — Líscia bateu palmas como se acabasse de lembrar.

— Uma mensagem?

— ‘Por favor, venha ao salão maior’, disseram. Parece que a Madame Tiamat está esperando por você lá.

— Entendo… Bem, vamos então?

Madame Tiamat estava esperando, hein. Tinha uma montanha de perguntas, mas quantas delas ela responderia?

Entramos no Castelo de Cristal e nos dirigimos para o salão maior.

— Huh?!

No caminho, quando entramos no corredor para o salão maior, havia dragões em forma humana, alinhados em ambos os lados do corredor. Quando nos aproximamos, todos os dragões se ajoelharam e abaixaram a cabeça. Eles eram como camponeses dando as boas-vindas à procissão de um daimyo2Termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras no Japão pré-moderno, que governava a maior parte do país a partir de suas imensas propriedades de terras hereditárias. ‘Dai’ sendo grande e ‘myo’ terra particular..

— O-O quê?! O que está acontecendo?! — exclamou Naden.

— Todos os dragões se reuniram para se curvar a alguém… — sussurrou Ruby.

Quando viram aquela cena, Naden e Ruby expressaram sua surpresa e admiração. Era uma situação familiar para Líscia, Aisha e para mim, já que morávamos em um castelo, mas era uma visão excepcional para o resto do grupo. Estava com medo de perceber que tinha me acostumado com isso em algum momento. Enquanto pensava nisso, uma sacerdotisa dragão apareceu entre os dragões ajoelhados. Ela se curvou diante de nós.

— A Senhorita Tiamat espera por você no salão maior. Rei Souma, princesa Líscia e seus vassalos poderiam me seguir?

Dito isso, a sacerdotisa do dragão caminhou pelo corredor ladeado por dragões ajoelhados. Seguindo suas orientações, chegamos ao salão maior onde, assim como quando cheguei pela primeira vez na Cordilheira do Dragão Estrela, o monumental dragão de prata — Madame Tiamat — nos aguardava. Os membros do grupo que a viram pela primeira vez engoliram a seco em uníssono.

— Uau, ela é enorme… Ai! — gritou Halbert.

— Você tem que ficar quieto, sabe, Hal — sibilou Kaede enquanto pisava no pé de Hal.

Então madame Tiamat abaixou seu pescoço longo e grosso.

Quando viram isso, os olhos de Naden e Ruby se arregalaram.

— Sem chance, a Senhorita Tiamat está se curvando! — exclamou Naden.

— Q-Que grande honra! — disse Ruby.

Oh, então ela estava inclinando a cabeça. Ela era tão grande que não consegui perceber.

Se Madame Tiamat, que os dragões da Cordilheira do Dragão Estrela consideravam uma mãe, e os praticantes da adoração à Mãe Dragão viam como uma deusa, estava inclinando a cabeça em nossa direção, sim, podia entender porque elas estavam chocadas. Madame Tiamat levantou lentamente a cabeça e começou a falar em um tom baixo.

— Primeiro, Rei Souma do Reino Unido de Elfrieden e Amidônia, como representante daqueles que vivem na Cordilheira do Dragão Estrela e como a mãe de todos os dragões, deixe-me dar-lhe meus maiores agradecimentos por seus esforços para resolver a crise que Dracul enfrentava — Madame Tiamat baixou a cabeça novamente. — Além disso, permita-me também agradecer aqueles que o acompanharam em seus esforços. Naden, Ruby, vocês também se saíram bem.

— S-Sim, senhora!

— Você é muito gentil!

Naden e Ruby se ajoelharam e estavam abaixando a cabeça. Dei um passo à frente e falei como representante do grupo:

— Por favor, levante a cabeça. Não consigo imaginar que esse seja um problema que afetaria apenas o seu país. Uma vez que a coisa naquela nuvem causando a tempestade destruísse Dracul, não haveria como prever para onde iria a seguir. Poderia ter prejudicado meu próprio país também. Era natural que cooperasse.

Então, depois de fazer uma pausa para respirar, fui direto ao ponto:

— Diria que isso é o suficiente para nossas gentilezas, como líderes de dois estados, Madame Tiamat. Tenho muito que quero te perguntar.

Tiamat, que levantou a cabeça, assentiu como se concordasse.

— Eu sei. Porém, não há muito que possa dizer.

— Sem problemas. Você só tem que me dizer o que puder, então, por favor, explique.

— …Okay.

Com isso, Madame Tiamat foi engolida pela luz e assumiu a forma de uma mulher vestindo um manto prateado, como da última vez. Fechei os olhos devido à claridade e, quando os abri, havia aparecido uma grande mesa redonda e cadeiras suficientes para todos os presentes.

Madame Tiamat colocou a mão em uma das cadeiras e encorajou o resto de nós a sentar.

— Deve ser difícil conversar olhando para cima. Por favor, sentem-se.

— Você tem um ponto — concordei com a cabeça.

Assim que vi que todos estavam sentados, perguntei à Madame Tiamat:

— Deixe-me ir direto ao ponto. O que foi aquela coisa na nuvem que causou a tempestade?

— Isso é… algo que não tenho autorização para responder.

Eu sabia: a questão da autoridade ia atrapalhar. Mas não podia simplesmente recuar.

— Você pode apenas me dizer o que puder, e se esta… proibição tornar difícil dizer alguma coisa, você pode ser vaga, mas nos dê o máximo de informação que puder.

— Vejamos… Aquela coisa é como eu, uma de Os Antigos.

O-Os Antigos? Antigo… Eles eram algo como deuses, talvez?

— Cada um dos Antigos têm um dever — disse Tiamat. — O meu é o de ‘vigiar’, o ‘de criar’. Normalmente, os Antigos não devem interagir, devendo fazer o máximo possível para evitar influenciar os Novos. No entanto, aquela coisa se libertou de suas amarras e tentou ferir meus filhos. Embora isso seja imperdoável, também mostra o quanto aquela coisa queria…

— E-Espere, espere um segundo —. Parei Madame Tiamat, que estava passando rapidamente por sua história.

Justo, pedi o máximo de informações que poderia dar e disse que poderia ser vaga onde precisava, mas se continuasse sem realmente entendermos, ficaríamos sem ideia sobre o que ela disse.

Talvez eu precisasse questioná-la sobre os detalhes.

Além disso, provavelmente seria melhor ter um Braço Fabricado imbuído com a minha consciência no castelo para fazer anotações, permitindo revisá-las mais tarde. Queria consultar Hakuya também.

— O que são os ‘Antigos’? — perguntei.

— Aqueles com origem diferente dos Novos que vivem neste continente.

— Você é um desses Antigos, Madame Tiamat? E os outros dragões?

— Eu sou a única dos Antigos na Cordilheira do Dragão Estrela.

Parecia que Madame Tiamat realmente era um ser em um nível diferente do resto da raça dos dragões.

— Existem outros Antigos além de você e o cubo? — perguntei.

— Houve uma vez. No entanto, aquela coisa e eu somos os únicos que restam. Os outros Antigos desapareceram com o tempo, tendo seus nomes lembrados apenas como bestas divinas e outras coisas do tipo.

— Você disse bestas divinas?! — Aisha gritou de surpresa. — Na minha terra natal, a Floresta Protegida por Deus, existe uma lenda que diz que uma besta divina está protegendo a floresta.

— Essa seria a floresta dos elfos negros em Friedônia. É verdade, houve uma vez um Antigo que assumiu a forma de um serow3Tipo de bode também conhecido como antílope japonês, o serow japonês habita apenas em ilhas, especificamente, Honshu, Kyushu e Shikoku, no Japão. naquela floresta.

O “uma vez” na resposta de Madame Tiamat fez Aisha segurar a cabeça.

— O que… devo pensar sobre isso? — Ela surtou. — Devo ficar feliz por ter existido? Ou triste por não mais existir?

— B-Bem, não é assim que é a fé? — Perguntei.

— Oh… Devo contar ao meu povo essa verdade? — perguntou hesitante.

— …vamos conversar com Wodan antes de decidirmos algo.

Era um ser que ninguém afirmava ter visto há muito tempo, então mesmo que não existisse agora, isso não levantaria nenhum problema para ele como objeto de adoração. Afinal, os deuses sempre foram algo em que você nunca sabia se eram reais ou não, mas seria bom se fossem. Mas, mesmo assim… Antigos e Novos, certo? Foi o tempo que separou o novo do velho? O fluxo do tempo neste mundo? Se sim… o que isso fazia de mim, que tinha vindo de outro mundo naquela época?

— Não. Você não é nenhum dos dois — disse Madame Tiamat, como em resposta às minhas dúvidas antes mesmo de pedir por respostas.

Oh, certo, Madame Tiamat podia ler minha mente, não é?

— Achava que era humano, como Líscia e os outros — falei.

— Sim, sua raça é certamente humana. No entanto, você não pode ser classificado como um Novo como o resto da raça humana.

— Isso porque fui invocado de outro mundo?

— …não consigo achar possibilidade para responder a isso.

— O cubo disse que era familiar — falei. — E você mesma disse: ‘Você, que tem um cheiro familiar’.

Naquele sonho em que nossas consciências estavam sincronizadas, Madame Tiamat aproximou o nariz do meu peito e me chamou:

— Você, que tem um cheiro familiar.

A princípio, pensei que era porque ela estava me comparando ao primeiro Rei de Elfrieden, que ouvi também ter sido um herói invocado de outro mundo e que formou um contrato com um dragão da Cordilheira do Dragão Estrela.

No entanto, aquele cubo na nuvem também disse que eu era ‘familiar’.

O cubo não possuía conexão alguma com o primeiro herói.

Além disso, Madame Tiamat e o cubo, que me disseram que eram ‘familiares’, também eram Antigos. Eu sou humano, mas não me enquadro na categoria de Novo, e os Antigos me chamavam de familiar. Sendo assim…

— Será que sou uma criatura ‘ainda mais velha’, ou algo assim? —

 perguntei.

— O que você quer dizer? — perguntou Líscia, então decidi explicar minha hipótese.

— Acho que talvez este mundo e o de onde vim estejam no mesmo eixo temporal. Basicamente, isso significaria que este não é um mundo diferente para mim.

— O Souma… não é um herói de outro mundo? — Liscia murmurou com uma expressão de choque no rosto.

Todos pareciam confusos com minha declaração, mas estava mais perplexo do que qualquer um deles. O interior da minha cabeça era um profundo caos. Falei, dando sequência ao raciocínio:

— Se bem me lembro, há muitas conexões aqui com o mundo em que eu estava antes. É bem mais óbvio com nomes. Tomoe e Kaede vêm da língua do meu país de origem, o japonês.

— E-Eles são? — Kaede arregalou os olhos.

Concordei com a cabeça e disse:

— Sim. Kaede era o nome de uma planta que ficava vermelha no outono. As folhas vermelhas ficam bonitas ao sol poente, e muitas vezes as meninas recebiam esse nome.

— Sabia que era um nome comum entre as famílias ligadas à União do Arquipélago do Dragão de Nove Cabeças, mas… Nunca soube que vinha de uma planta.

Eles estavam usando esse nome sem saber disso? Olhei para Madame Tiamat.

— E também… o que mais me chamou a atenção, Madame Tiamat, foi seu nome.

Tiamat ficou em silêncio.

— Apenas sei disso pelos jogos e coisas do tipo, mas Tiamat era o nome de um dragão citado em antigas lendas do meu mundo. E, por mais estranho que pareça, a Mãe Dragão que governa os dragões neste mundo também é chamada de Tiamat. Se o nome é tão único, não vou tratá-lo como algo irrelevante. Você não recebeu o nome de Tiamat por ser a Mãe Dragão?

Madame Tiamat não confirmou nem negou. Ela não devia ter autoridade para tal. Se foi esse o caso, não seria porque minha linha de raciocínio estava correta?

Considere as jóias da superciência das masmorras que Genia estava estudando, por exemplo.

As jóias usadas na Transmissão de Voz da Jóia eram supertecnológicas do ponto de vista de uma sociedade cujo nível se aproximava do fim da idade média, e ainda eram pelos padrões do mundo de onde vim. Mas se este era um mundo com maior recurso tecnológico, havia, pelo menos, alguma explicação para isso.

No entanto, isso apenas levantou mais dúvidas.

Presumindo que os dois estivessem conectados na mesma linha do tempo, o que diabos poderia ter transformado aquele mundo científico em um de espadas e magias? Além disso, havia mais do que apenas humanos aqui. Uma variedade de raças: Homens-fera, elfos, dragonatos e muito mais.

Como todos eles nasceram?

O que exatamente era este mundo, magia, superciência, outras raças, monstros, e demônios…?

Não tinha uma resposta clara para nenhuma. Isso não era bom. O problema ficou complexo demais para ser resolvido dentro de minha pequena e limitada cabeça.

— A resposta para suas perguntas pode ficar clara com o tempo — A voz calma de Madame Tiamat veio até mim enquanto segurava a cabeça confuso. — Não posso contar tudo, mas se você quiser aprender sobre este mundo, tenho certeza de que descobrirá a verdade.

— Isso é… uma profecia? — perguntei.

— Não, isso é um desejo.

— Um desejo? — perguntei, mas Madame Tiamat simplesmente me deu um sorriso suave e solitário.

— Eventualmente, você chegará à verdade e depois irá para o norte, onde aquela criança o aguarda.

Por fim, tudo o que aprendi com essa conversa com Tiamat foi que este mundo pode estar na mesma linha do tempo que o meu. Mesmo após ter pedido por mais, Madame Tiamat não respondeu.

Por óbvio, olhando para o formato do continente, nunca pensaria algo como “Era a Terra o tempo todo!”, mas… quando se tratava daquele cubo e como este mundo surgiu, tinha que imaginar que o de onde vim estava envolvido de alguma forma. Fiquei frustrado, incapaz de encontrar uma explicação clara. Mesmo depois de ser conduzido do salão maior para o que parecia ser uma sala de espera, estava repassando nossa conversa em minha cabeça enquanto descansava no sofá confortável.“Eventualmente, você chegará à verdade e depois irá para o norte, onde aquela criança o aguarda.

Droga, o que ela quis dizer com “a verdade”? Não consegui impedir isso de me incomodar. Se não tivesse um país em meus ombros, teria começado a voar por toda parte, procurando vestígios do antigo mundo.

— Você ainda está se afligindo pelo que Madame Tiamat disse? — perguntou Líscia, apoiando a cabeça em meu ombro.

— …bem, sim. Envolve minha origem, então é difícil impedir tais pensamentos.

— É verdade. Mas, Souma, você é você… E também é o rei — Líscia colocou sua mão sobre a minha. — Como rei, você tem o poder de transformar pessoas. A taxa de alfabetização do povo está aumentando e você reuniu tantos indivíduos inteligentes para trabalhar com você. Então… não tente carregar o fardo sozinho. Não importa quem você é, de onde é ou o que aconteceu com seu mundo, eu te amo.

— Líscia…

— Embora eu esteja dizendo isso com interesses egoístas, pois quero que continue como o rei — Líscia me deu um sorriso malicioso ao dizer isso.

Aisha, que estava sentada do lado oposto de Liscia, se aproximou o suficiente para que nossos ombros se tocassem.

— De fato! Não importa quem você é, senhor, estamos com você!

— Aisha… Obrigado. Às duas.

 Com o encorajamento delas, senti que finalmente poderia relaxar um pouco os ombros.

Enquanto isso, Hal estava sentado no sofá à nossa frente, com uma expressão meio exasperada e admirada.

— Estou surpreso que você consiga ter um humor tão doce e melódico com duas parceiras, Souma.

Kaede estava sentado ao seu lado, agarrada a ele, e, pelo número limitado de assentos, Carla estava sentada no mesmo sofá, sentindo-se um pouco embaraçada. Halbert suspirou, então começou a coçar a cabeça.

— Pra mim… ainda não caiu a ficha que tomarei Ruby como minha noiva. Quero dizer, claro, os casamentos políticos são normais nas classes nobres e de cavaleiros, mas eu já tenho Kaede. Éramos amigos de infância e… bem… queria torná-la minha esposa, eventualmente.

Ele vai se gabar dela? Pensei, mas continuei quieto, ouvindo.

— Mas agora decidi por uma segunda esposa.

— Oh… estou feliz por você, Hal — disse. — Estou feliz que Madame Tiamat tenha aceitado a situação em que você e Ruby se encontram.

Bem no final da conferência anterior, pedi desculpas a Madame Tiamat pelo fato de Hal montar em um dragão solteiro, sendo esse a Ruby. Mesmo que fosse uma vantagem para Dracul, foi algo que meu subordinado fez sem pensar o suficiente, então dei um pedido de desculpas adequado para evitar um incidente diplomático.

Madame Tiamat sorriu para Hal e Ruby.

— Tenho certeza de que esse vínculo também foi o destino — Então se  curvou para Hal também. — Senhor Halbert. Deixo Ruby sob seus cuidados, até o dia de sua morte.

 Quando o ser adorado como Mãe Dragão se curvou para ele, Hal reflexivamente se levantou de sua cadeira e respondeu:

— S-Sim, senhora! — Com uma expressão tensa no rosto.

Rememorando tal acontecimento, sorri maliciosamente e disse:

— A Tiamat se curvou para você. É melhor fazer a Ruby feliz.

— Quanto a isso… — Hal segurou a cabeça entre as mãos. — Nunca pensei que chegaria a isso, então não tenho ideia de como interagir com elas. Devo aceitá-la como um casamento político? Devo amá-las igualmente? Uma vez que começo a pensar em coisas como: “Não seria isso injusto com Kaede?” ou “Não seria injusto com Ruby?” não há fim!

— Você odeia a ideia de se casar com Ruby? — perguntei.

— Se odiasse, não estaria me incomodando tanto!

Hal era, no fundo, um cara simples e devoto, então deve ter sido difícil aceitar a possibilidade de amar duas mulheres. Isso me fez, com cinco noivas, sentir um pouco mal comigo mesmo.

Quando olhei para Kaede, imaginando como se sentia em relação a Hal, ela levou a mão à boca e tremia. Parecia que estava sufocando uma risada. Era engraçado que Hal estivesse moendo seu cérebro inexistente e se preocupando com algo que Kaede já havia aceitado.

Me sentiria mal por Ruby se ela continuasse com aquele olhar deprimido, então decidi tentar animar um pouco o ambiente.

— Hal, sabia que você tem cérebro de ervilha?

— Huh? Sim, estou ciente disso, mas quando diz isso tão diretamente, me deixa irado — Com certeza, ele parecia nervoso.

Suspirei, e disse:

— Pouco raciocínio é semelhante a raciocínio algum. Com seu cérebro, não resultará em nada que preste, então nem perca seu tempo pensando. Além disso, vou esclarecer: embora você esteja indeciso sobre o que fazer, não está deixando Kaede ou Ruby mais felizes.

— Caramba…

— Outrossim, você é mais de fazer do que pensar, certo? Se tem tempo para se preocupar se está faltando com sinceridade, use-o para mostrar às duas alguma da mesma.

— Não me preocupar tanto e demonstrar a elas com minhas ações, huh… você está certo. — Com isso, Hal se levantou, pegando Kaede em seus braços.

— Eek!

— Não é do meu feitio perder tempo pensando nessas coisas — disse ele. — Posso não ter aceitado totalmente ainda, mas farei o que puder para deixar Kaede e Ruby felizes.

Essa foi a cabeça de cima… er, o sincero Hal para vocês. Uma vez que ele decidiu não se preocupar tanto, encontrou sua resolução. Foi muito legal dele tê-la pego em seus braços e dizer uma frase tão apaixonada como essa, enquanto estava sóbrio. O rosto de Kaede estava vermelho brilhante.

— Está bem… então. Por favor, dê o seu melhor, você sabe, Hal…

Com o quão envergonhada estava, parecia que era tudo o que Kaede conseguia dizer.

Haha, parece que o Hal deu o troco nela, pensei e estava sorrindo, mas aí…

— Já que o disse, dê o seu melhor também, Souma — Líscia sorriu.

— Oh! Oh! Senhor! A princesa e eu gostaríamos de sermos carregadas  também! — acrescentou Aisha.

Escutando de ambos os lados, me encolhi.

Então…

Uma sacerdotisa dragão apareceu de repente e nos disse:

— Senhor Souma, senhor Halbert, os preparativos estão completos.

— Souma, este é o grande dia dela, então mantenha a calma, ok? — disse Líscia.

— Vai que é sua, Senhor! — gritou Aisha, me expulsando.

— Você também, Hal — acrescentou Kaede. — Não desonre a Casa de Magna.

— O quê, sem discursos gentis pra mim?!

Kaede também enxotou Hal. Ela era como uma esposa do Período Edo, enxotando seu marido ao bater numa rocha da fornalha, para que as faíscas caíssem em suas costas

Agora, portanto… era hora de ir. Naden e Ruby estavam esperando.

Haviam dois motivos pelos quais vim para a Cordilheira do Dragão Estrela.

O primeiro foi o pedido de Madame Tiamat para ajudar a lidar com a tempestade que cairia sobre a Cordilheira do Dragão Estrela. O outro era formar um contrato de cavaleiro do dragão, unindo Naden, aquela que poderia voar na tempestade, a mim. Em razão disso, fui convidado a participar da Cerimônia de Contrato que foi realizada entre os cavaleiros do dragão do Reino dos Cavaleiros do Dragão Nothung e os dragões da Cordilheira do Dragão Estrela.

No entanto, pelos eventos se desenvolverem tão rapidamente, a ordem ficou totalmente confusa e, pela tempestade ter causado danos à Dracul, com inundações, entre outros acontecimentos, a Cerimônia de Contrato que o Reino de Nothung teria sido convidado, foi cancelada. Mesmo assim, Naden, eu, Ruby e Halbert, já havíamos, essencialmente, firmado os contratos. Foi por isso que uma Cerimônia de Contrato seria realizada hoje, apenas com dois casais.

Quando Hal e eu fomos transportados para o salão maior, Madame Tiamat já se encontrava em sua forma de dragão, e nós estávamos rodeados por dragões em forma humana. A amiga de Naden, Pai, e os ex-lacaios de Ruby, Safira e Esmeralda, estavam lá. Enquanto ainda estávamos nervosos, tendo sido colocados no centro das atenções, Naden e Ruby apareceram usando um vestido preto e vermelho, respectivamente.

Ruby era uma garota bem bonita, mas Naden foi totalmente transformada por Líscia, então ela brilhou com a mesma intensidade. Os vestidos pareciam ter sido entrelaçados com fibra metálica e o contraste entre o preto de Naden e o vermelho de Ruby era impressionante.

Enquanto isso, Hal e eu estávamos em nossas roupas militares habituais. O meu era preto e o de Hal, verde. Elas se aproximaram de nós, se ajoelharam e levaram a mão esquerda ao peito enquanto estendiam a mão direita para nós.

Ruby foi a primeira a falar.

— Meu cavaleiro, meu parceiro. Desejo firmar um contrato de montaria com você.

Hal respirou fundo, e disse:

— Aceito!

Ele pegou a mão dela, colocando-a de pé. Naden me explicou isso mais tarde, mas a ordem em que os contratos foram formados foi decidida pelo status dos que se tornaram cavaleiros. O cavaleiro de classificação mais alta deve ser mantido para o final. Foi por isso que Naden foi a última, mas com apenas dois casais presentes, não parecia tão especial ter essa demora para isso.

Bem, deixando isso de lado, em seguida, Naden foi a próxima a falar.

— Meu rei, meu parceiro. Desejo formar um contrato de montaria com você.

— Eu aceito — Peguei a mão de Naden, colocando-a de pé.

Fiquei surpreso quando ela me chamou de rei, mas estava certa; Não era um cavaleiro, mas sim o rei de uma nação.

Assim que se levantou, Naden e eu apertamos as mãos. Estávamos na pose perfeita para dançar na alta sociedade. No mesmo momento, a música começou a tocar no grande salão. Silenciosa no início, mas logo crescendo, de forma gradual. As sacerdotisas do dragão na frente de Madame Tiamat começaram a tocar instrumentos musicais. Era um ritmo lento, uma melodia relaxada.

— Huh?! — estranhei. — Esta peça…

— O que foi, Souma? — perguntou Naden.

— …Não, não é nada.

Comecei a dar os passos no ritmo da música.

Dancei com Naden, me adequando à melodia. Hal e Ruby começaram a dançar, também.

Enquanto dançávamos, me inclinei e sussurrei no ouvido de Naden:

— Eles sempre usam essa música para a dança da Cerimônia de Contrato?

— Acho que não. Nunca ouvi essa antes.

— Entendo…

Nesse caso, Madame Tiamat pode ter providenciado isso. A peça que eles tocavam era uma que tinha no meu mundo. Era o tema principal de um filme onde uma bela dançava com uma fera. Naden e eu dançamos a famosa peça que tocou durante a cena de dança que foi o ápice do filme.

Ver o rosto de Naden de perto me fez pensar: qual de nós era a bela e qual era a fera? Se você visse isso como um conto de casamento entre humano e animal, porém com um ryuu, isso faria de Naden a fera, mas ela também merecia ser chamada de beldade. A garota na frente dos meus olhos era realmente uma fera graciosa.

 

 

 

— Mas que parceira de dança chique eu tenho… — murmurei.

— Hum? Você disse algo?

— Não, nada. Apenas pensando em quão sortudo sou.

Enquanto estávamos dançando, olhei para Hal e Ruby. Hal não devia estar acostumado com esse tipo de coisa, pois seus movimentos eram um pouco desajeitados, mas Ruby estava fazendo um bom trabalho em conduzi-lo.

— Você realmente sabe dançar, Souma — disse Naden. — Pensei que seria ruim nesse tipo de coisa.

— Eu era, mas me esforcei desesperadamente para aprender e melhorar. Afinal, estava sendo chamado para muitos eventos.

— Ahaha! Você tem uma vida difícil, hein.

— Sim, mais ou menos. Apesar das aulas que você faltou, está indo muito bem, Naden.

— E-Eu só comecei a faltá-las recentemente. Estava praticando como o esperado, antes.

Olhei com carinho para Naden enquanto ela dava desculpas, quando…

— Naden — A voz de Madame Tiamat de repente falou em minha mente.

— Senhorita Tiamat?

Parecia que Naden podia ouvir a voz também.

Oh, sim. Ela estava a chamando, então é claro que podia.

Enquanto continuávamos dançando, a voz gentil de Madame Tiamat ecoava em nossas mentes:

— Naden. Há algo pelo qual preciso pedir desculpas a você.

— Huh? Desculpar-se?

— Quando você estava preocupada com o fato de parecer diferente dos outros dragões, não consegui dizer, ‘você é um ryuu’. O fato de você ter nascido nesta era significava que alguém que sabia do seu valor apareceria. Escondi sua natureza para não atrapalhar aquele encontro, e por isso peço desculpas.

— Não o faça!

Enquanto dançávamos, Naden virou apenas o rosto para Madame Tiamat. A música já havia passado da metade e estava aumentando de intensidade. Nossas emoções desabrocharam junto com a melodia.

Naden gritou, com lágrimas nos olhos:

— Você sempre esteve lá para me encorajar, Senhorita Tiamat! ‘Eventualmente, alguém que sabe do seu valor aparecerá’, você disse! Quando ouvi, fiquei em cima do muro… não, achei impossível disso acontecer… mas eu realmente conheci o Souma!

Rios de lágrimas começaram a se formar no rosto de Naden.

— Então… eu sou grata. Obrigado… Mãe.

Tive a sensação que Madame Tiamat sorriu ao ouvir as palavras de gratidão de Naden.

— Cuide-se, minha filha amada.

A música estava perto de terminar. Segurei Naden, cujo rosto estava encharcado pelas lágrimas, bem perto.

— Naden, eu sei que não sou a pessoa mais confiável, mas vamos trabalhar juntos de agora em diante.

Naden soluçou:

— Sim. Sim!

Aqui, hoje, Naden e eu formamos um contrato de parceria.

 


 

Tradução: moist

Revisão: CastroJr

 

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