Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 06.1 – Socorro

Sou Halbert Magna, 19 anos.

Sou o filho mais velho da família Magna, bem conhecido nas forças terrestres do Reino Elfrieden. Eu mesmo costumava fazer parte delas, mas depois que algumas coisas aconteceram, fui forçado a me transferir para o Exército Proibido.

Para piorar a situação, meu comandante era a minha amiga de infância, a maga de terra Kaede Raposia, que gostava de terminar suas frases com “sabe”. Parando para pensar, eu agora tinha que receber ordens dela… Desejei que fosse tudo só uma piada.

Além disso, o que eu estava fazendo? Neste momento, ao invés de uma espada, estava balançando uma ferramenta de entrincheiramento (uma pá de gume redondo que também pode ser usada em combate corpo a corpo).

Chegaram ordens de marcha para o Exército Proibido e, quando cheguei ao local, fui encarregado de empilhar terra, escavar, despejar um líquido pegajoso (?), reforçar as laterais com cascalho e, em seguida, plantar mudas em qualquer um dos lados. Depois, acendia os postes de luz cheios de musgo claro, aqueles que são comuns na capital, que absorvem luz durante o dia e são fosforescentes à noite, repetindo essas mesmas tarefas sem parar.

Resumindo, estava trabalhando em uma obra rodoviária.

O verão havia acabado, mas o sol ainda estava quente e eu estava cavando terra e amontoando-a sem parar.

— Por que… o Exército Proibido… tem que fazer… obras rodoviárias?

— Você aí. Pare de tagarelar e comece a trabalhar, anda.

Enxugando o suor da testa, olhei para ver Kaede em pé em cima de um andaime simples, batendo na grade com o megafone enquanto dava ordens. Ela devia estar se sentindo muito mal com o calor. Suas orelhas de raposa, sua marca registrada, tinham caído como as orelhas de um cachorro.

— Ei, Kaede, isso é mesmo…? — Comecei a falar.

— Você não pode fazer isso! — protestou ela. — Hal, você é meu subordinado, sabe. Você deve se dirigir a mim apropriadamente como a encarregada local.

— Encarregada, isso é realmente um trabalho para o Exército Proibido…?

— Este é o tipo de trabalho que o Exército Proibido faz agora, sabe — respondeu ela.

— Com certeza poderíamos deixar essas coisas para os trabalhadores da construção.

— Não há o suficiente deles, sabe. Isso faz parte de um plano para uma rede de estradas por todo o reino, sabe. Também contratamos os desempregados da capital, ouvi dizer, mas ainda estamos com tão pouca mão de obra que eu pediria ajuda até a um gato guerreiro.

Mesmo assim, é normal fazer com que os militares cuidem desse tipo de trabalho?, pensei.

— Além disso, não podemos deixar os trabalhadores da construção civil sozinhos por aqui, sabe — disse ela. — Afinal, quanto mais longe ficamos dos assentamentos, mais poderosas se tornam as criaturas selvagens. E se contratássemos aventureiros para protegê-los, custaria uma fortuna.

— Então, no final, somos apenas mão de obra barata, é isso…? — perguntei.

— Se já entendeu, então comece a trabalhar, anda logo — disse ela.

— Você é uma maga da terra. Não poderia cuidar disso usando magia?

— Não posso gastar a minha magia aqui, sabe — disse ela. — Hal, você vai cavar os túneis nas montanhas no meu lugar?

Fiquei em silêncio.

Voltei ao meu trabalho de cavar e empilhar.

Isso ao menos é melhor do que ser forçado a cavar um túnel sem usar magia, pensei. Que tipo de pena antiquada a trabalhos forçados é esta…?

Chegou o meio-dia. Voltamos para o acampamento e tivemos um intervalo de duas horas.

Comíamos dentro das barracas, comíamos ou íamos para camas simples (não passavam de macas com um pouco de peles) para tirar um cochilo da tarde. Pelo visto, aquele rei encorajava bastante os cochilos depois do almoço. E havia algo nisso que melhorava a eficiência no trabalho.

Portanto, o trabalho no Exército Proibido vinha literalmente com “três refeições e uma soneca”, mas… uma vez que as pessoas descobrissem que tipo de trabalho estava envolvido, não havia como ficarem com inveja da gente.

De qualquer forma, eu não conseguiria passar a tarde se não comesse, então engoli a marmita que haviam me oferecido.

A marmita do dia era pão recheado com carne e vegetais. Uma delícia.

A carne estava levemente temperada, o que parecia ajudar a aliviar o meu cansaço. Parecia se tratar de um prato inventado por aquele rei, um chamado shogayaki1O shogayaki é um prato da culinária japonesa, comum nas casas do Japão, à base de porco e gengibre. É feito com gengibre frito com shoyu e mais alguma carne frita, comumente usados carne de porco, frango ou carne bovina. Ele consiste em fritar a carne e o gengibre e misturar os temperos.. Era um menu em testes que usava os temperos que o rei mandava os lobos místicos prepararem para ele – “missô”, “molho de soja” e “mirin”.

No Exército Proibido, muitas vezes recebíamos estes menus experimentais do rei. As refeições eram uma das poucas coisas que me deixavam feliz por ter sido forçado a me transferir para ele. As refeições que recebíamos nas forças terrestres priorizavam a quantidade em vez da qualidade. O tipo de coisa que se imaginaria com as palavras “Comida de Macho”. Para ser sincero, comer desse novo menu uma única vez foi o suficiente para me convencer de que eu não queria voltar para onde estava antes.

— Aquele rei… Apesar dos pesares, tenho que reconhecer que ele tem o dom para a cozinha — admiti.

— São realmente deliciosas, sabe — falou Kaede. — Os pratos que o nosso rei inventa.

Em algum momento, ela se sentou ao meu lado e estava comendo do mesmo menu.

— Além disso, é incrível que possamos comer vegetais frescos todos os dias, sabe — continuou. — Eles vêm da aldeia mais próxima daqui, que é ligada a uma estrada que leva ao castelo. O motivo pelo qual as estradas são ótimas é que facilitam a manutenção das linhas de abastecimento, sabe.

— As estradas que estamos construindo já estão sendo úteis, hein? — comentei.

— Com essa capacidade de transporte, dá quase para falar que a crise alimentar já está resolvida, sabe. Podemos mover alimentos das áreas em que ele sobra para as áreas em que falta. Seremos capazes de transportar alimentos que antes não podíamos, só porque eles não duravam tempo o bastante.

— Ele está fazendo essas coisas porque sabe disso tudo…? — perguntei. — Aquele rei, digo.

— Ele é um homem incrível, sabe. E as previsões dele são quase assustadoras.

Bem, eu achava Kaede incrível por também ser capaz de entender isso tudo. Ela podia ser meio bobinha em algumas coisas, mas tinha algumas especificações básicas muito altas. E também sabia usar magia e era esperta. Provavelmente era por isso que foi escolhida pelo próprio rei.

Como seu amigo de infância, isso me frustrou um pouco…

Também preciso dar o meu melhor…

— Bem, agora que você já comeu, vai tirar uma soneca, Hal? — perguntou ela.

— Bem… Estou cansado. Acho que vou.

— Nesse caso, pode descansar a cabeça no meu colo, sabe — disse ela.

— Bwuh! — Cuspi o meu chá.

Todo mundo de repente começou a olhar na nossa direção. Mais da metade dos olhares eram de homens que com certeza queriam me matar.

Bem, embora eu seja suspeito ao falar, por ser amigo dela, Kaede é fofa. Não é nada demais, mas sua silhueta não é ruim, e aquelas orelhas e cauda de raposa realmente trabalham a seu favor. Não era de se surpreender que fosse tratada como uma ídolo pelo Exército Proibido.

O rei me disse para servir a ela para que os homens não desprezassem Kaede, mas, honestamente, acho que com um pedido dela, esses caras alegremente correriam em direção à morte. Era por isso que havia tanta intenção assassina dirigida a mim, por ser tão próximo dela.

Eu tossi em desespero.

— O que você está falando?!

— As pessoas estavam falando sobre quando a princesa fez isso para o rei, esses tempos atrás, no parque, sabe — disse ela.

— Fico surpreso que puderam fazer isso em um lugar onde tantas pessoas pudessem ver… — Bem, eles estão noivos e tal, então talvez não seja tão estranho, acrescentei para mim mesmo. É bem melhor do que não se dar bem.

— As pessoas estão dizendo que no próximo ano já teremos um herdeiro real. Porém, talvez por o rei ser de outro mundo, as apostas a respeito do nome do herdeiro não estão sendo nada práticas.

— Você está falando muito sobre algo que não é da sua conta… — disse uma voz.

Kaede gritou.

Quando me virei para olhar na direção da voz repentina, vi o rei Souma, suspirando e encolhendo os ombros, e a Princesa Liscia, com o rosto em um tom vermelho forte, parada na entrada da tenda.

— Ei, vocês dois. Como estão? — perguntou o Rei Souma, dirigindo-se casualmente a nós dois.

— Estou cheia de energia, sabe — respondeu Kaede.

— Vossa Majestade, vejo que você e a princesa continuam como sempre.

— Sim, não mudamos muito, mudamos Liscia? — perguntou o Rei Souma.

— É verdade. Isso me faz desejar que você mostre um pouco mais de consciência a respeito da sua posição como rei.

O Rei Souma e a princesa sentaram-se à nossa mesa, como se isso fosse perfeitamente natural para eles, e começaram a bater um papo amigável com Kaede.

Hein? Como é? O que está havendo?

O Rei Souma e a princesa estavam sentados diante de mim e de Kaede, enquanto a elfa negra que andava com eles esperava na porta de entrada do refeitório. Já que me senti melhor sabendo que aquela mulher de cabelo azul não estava por perto, isso provavelmente era uma evidência de que eu tinha ficado traumatizado pela experiência que tive da última vez.

Então o Rei Souma direcionou a conversa para mim.

— Halbert, você também se acostumou com as coisas do Exército Proibido?

— Sim, senhor! Nenhum problema!

— Tão formal… — murmurou ele. — Para onde foi o espírito que você tinha antes?

— Peço desculpas pelo meu comportamento daquela vez! — Falei na mesma hora. — Fui terrivelmente rude com você, Vossa Majestade…

— Ordens do Rei: não seja tão tenso e formal. Além disso, nada mais dessas coisas de “Vossa Majestade”. Souma já serve.

— Não, mas…

— “Hal”, você não me ouviu? Isso foi uma ordem.

— Eu… Entendo… Souma…

— Ótimo. Eu estava pensando que gostaria de ter um cara da minha idade para conversar casualmente — disse o Rei… disse Souma, parecendo satisfeito.

Mas que diabos, cara? Sério? pensei. Bem, se ele quer mesmo, tá bom. De qualquer forma, nem respeito muito a sua autoridade.

— Então… por que você está aqui, Souma? — perguntei.

— Para uma inspeção, isso é tudo. Quero ver como o trabalho rodoviário está progredindo.

— Você não precisa nos dizer para levar o nosso trabalho a sério. Já estamos fazendo isso — falei.

 

— Parece que sim. Peguei a estrada para vir até aqui.

— É melhor que esteja grato — falei. — Estamos acabando com as nossas colunas para fazer isso.

— E eu os recompenso com boa comida e um bom salário, não é? Vocês estão recebendo suficiente compensação.

Logo me acostumei a falar casualmente com ele. De qualquer forma, desde o começo, Souma nunca se sentiu um rei.

Quando ele viu que tínhamos acabado de comer, levantou-se.

— Pois bem, vocês dois, por que não se juntam a mim para a inspeção rodoviária? Eu gostaria de explicar como funciona a construção de estradas para Liscia.

O quê? Kaede não é boa o suficiente para fazer isso sozinha…? — perguntei. — Ela é a responsável daqui.

— Veja bem, quero mostrar qual é o trabalho real ao se fazer uma estrada — explicou ele. — Além disso, é em momentos assim que você deve fazer o que seus superiores querem e aproveitar a chance para formar conexões. Isso pode ser útil no futuro, sabe?

— De que vai me servir isso? — questionei.

— Bem… atualmente estamos estudando como fazer udon de gelin instantâneo — disse ele. — Basta adicionar água e, a qualquer hora, em qualquer lugar, mesmo no campo, você poderá desfrutar do gelin de udon. Posso conseguir fazer que algumas amostras cheguem à sua unidade…

— Por aqui, majestade. Vou te mostrar os arredores. — Levantei e bati continência para Souma.

Udon de gelin instantâneo. Agora sim estávamos falando a mesma língua. Eu não ia deixar que essa chance de adicionar alguma variedade à nossa limitada seleção de rações de campo escapasse.

A princesa e Kaede pareciam estar se divertindo com a minha repentina mudança de atitude, mas não deixei que isso me incomodasse. Afinal, comida era a minha prioridade número um.

Nós cinco – eu, Kaede, Souma, a princesa e a guarda elfa negra – chegamos a um trecho da estrada que estava sendo pavimentado. Lá, Souma me pediu para demonstrar os procedimentos de trabalho para todos.

Primeiro, empilhei terra para criar as laterais da estrada.

— Depois que ele empilha a terra dos dois lados, colocamos aquela coisa pegajosa ali no meio — disse Souma, explicando a construção da estrada para a princesa.

— O que é aquela coisa pegajosa? — perguntou ela.

— Concreto romano… É uma mistura de cinza vulcânica e cal. Isso vai endurecer com o passar do tempo. Também possui uma viscosidade única, por isso não é fácil de quebrar. Se você ver como é duro… Bem, se olhar bem ali, acho que vai entender.

Depois de dizer isso, Souma apontou para um lagarto gigante que era maior do que muitos edifícios. O lagarto gigante estava rebocando vários vagões de contêineres atrás dele. Os vagões estavam cheios de materiais de construção e provisões para os soldados.

O lagarto gigante, rinossauro.

Também conhecido como o grande lagarto chifrudo, este lagarto superdesenvolvido era distinto pelas duas enormes presas que cresciam em cima de seu nariz. (Se Souma estivesse descrevendo isso, poderia ter descrito como, “Pegue um rinoceronte, adicione um dragão de Komodo, divida por dois e multiplique o tamanho por dez.”) Eles eram onívoros e gentis, tornando-se facilmente apegados às pessoas, então eram usados em grandes cidades para transportar grandes volumes de carga, assim como estava sendo feito. Quando eles ficavam furiosos, tinham uma arrancada imparável, então eu tinha ouvido falar que também estavam sendo usados para assaltar castelos.

— Isso é tão duro que, mesmo que o rinossauro bata na superfície com toda a velocidade, não vai nem rachar — explicou Souma.

— Isso é incrível — disse a princesa. — É tão duro assim?

— Na verdade, não, só é flexível nas partes necessárias, então acaba distribuindo a força que pode vir a ser aplicada. No mundo de onde vim, existiam edifícios feitos com esse concreto há mais de 2.000 anos e que ainda continuavam de pé.

2.000 anos? Quatro vezes mais do que a existência deste país?, pensei. Uau, isso é incrível.

— Seguindo em frente, os postes que ele está instalando dos dois lados da estrada são iguais aos da capital. Existem muitas criaturas selvagens, então duvido que as pessoas vão se mover com muita frequência durante a noite, mas com isso, caso precisem, não se perderão. Quanto às árvores que ele está plantando à beira da estrada, elas são “árvores de proteção” da Floresta Protegida por Deus.

— Árvores de proteção? — perguntou a princesa.

— Aisha, você explica.

— Sim, senhor! Essas árvores de proteção emitem constantes ondas que os monstros e animais selvagens não gostam. Provavelmente fazem isso para evitar que os javalis gigantes as comam. Na Floresta Protegida por Deus, plantamos essas árvores de proteção por todo o redor de nossas aldeias para evitar incursões de monstros e animais.

— Entendo — devaneou a princesa. — Elas são como uma barreira, hein.

Ao ouvir a resposta da princesa, o Rei Souma acenou com a cabeça, satisfeito.

— Isso é o que eu chamo de conhecimento local. De qualquer forma, se plantássemos muitas delas, não há como dizer o que aconteceria com o ecossistema. Portanto, em vez de formar um bloqueio, deixaremos um número razoável de lacunas para que possamos apenas desencorajar a aproximação.

— Por que? Não seria melhor o completo afastamento? — perguntou a princesa.

— Veja bem, Liscia. Se os lobos cinzentos e ursos vermelhos, que mudam seus locais de caça sazonalmente, não puderem migrar por causa da estrada, então eles ficarão onde estão, ficarão sem presas e começarão a atacar o gado e as casas, o que você faria? Ou então, o que aconteceria se macacos e javalis gigantes, que podem ficar sempre no mesmo lugar, descessem às aldeias para destruir os campos e, com isso, espalhassem sanguessugas que costumam existir só nas montanhas além das aldeias… E se isso acontecesse?

— Entendi que não deveríamos fazer isso de forma alguma, mas por que os seus exemplos são tão específicos?! — perguntou ela.

— Porque lidar com animais perigosos é um problema que todos os órgãos autônomos locais devem enfrentar — disse Souma, com uma expressão de cansaço no rosto.

O que é um “órgão autônomo local”?, pensei.

Ao contrário de mim, Kaede pareceu entender e ficou profundamente impressionada.

— Nooossa… Você já pensou nisso tudo. Eu não deveria ter esperado menos do nosso rei, sabe — disse ela.

— Hmm. Bem, tudo que fiz foi trazer um monte de conhecimento do mundo em que eu estava antes — disse Souma.

Os olhos de Kaede brilharam e Souma corou um pouco ao olhar para ela.

Enquanto observava aqueles dois, a princesa parecia um pouco irritada.

— Um, Princesa? — perguntou a elfa negra.

— O quê? — demandou a princesa.

— Essa expressão que está no seu rosto é assustadora.

— É-é mesmo? Bem, você não é ninguém para falar sobre isso, é…?

— Hein?

Então, naquele momento…

— Não!

Soou um grito repentino… Imaginando o que era, me virei para olhar na direção daquilo e vi a elfa negra olhando para uma carta, seu rosto distorcido pela emoção. Havia um pássaro branco empoleirado em seu ombro trêmulo.

Era um mensageiro kui?

Usando o instinto de retorno de um kui e a habilidade de captar as ondas emitidas por seu mestre a longa distância, era possível se comunicar entre um indivíduo e um local fixo. Com exceção da Transmissão de Voz da Joia, que parecia quase uma trapaça, esse era o método de comunicação mais rápido. Então, isso significava que alguém a contatou?

— O que foi, Aisha? — perguntou Souma.

A elfa negra falou com os lábios trêmulos:

— Acabei de receber uma mensagem da Floresta Protegida por Deus informando que houve um grande deslizamento de terra!

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Rlc

 


 

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